A luta finalmente havia chegado ao clímax final. Biskka fazia questão de demonstrar um poderio desproporcional à força dos Pokemon do seu adversário estendendo a luta mais do que seria necessário. Talvez quisesse mostrar que não é prudente colocar uma garotinha de doze anos para chefiar um ginásio. Piers possuía um Galarian Linoone formidável, era verdade, sendo capaz de atacar Gabite antes mesmo que este pudesse utilizar seu movimento, contudo ainda não havia no Pokemon sombrio a força suficiente para derrotar o dragão a sua frente, ainda que fizesse Gabite pender para trás. Galarian Linoone também não saia ileso do rápido confronto, uma vez que as espessas escamas de Gabite também lhe transferiria algum dano.

— Heh, ele é rápido.  — Biskka sorriu.

Seus Pokemon novamente abalavam as estruturas do lugar, levantando pedras, pedregulhos e rochas por toda a arena num combinado de Earthquake, nocauteando Stunky e deixando Galarian Linoone em maus lençóis. Contundo, também houve um efeito colateral... Gabite também foi atingido pela estratégia kamikaze de Biskka, ainda que todos estivessem de acordo, inclusive a própria Pokemon que caia na arena. Biskka nada falou, apenas retornou a sua Pokemon para quase no mesmo instante lançar uma nova Pokebola para o alto que logo liberaria seu Lucario envolto ao brilho azul típico da Pokebola.

— Aura Sphere!  — Ainda no ar, Lucario recolhia suas mãos para o lado do seu corpo juntando-as para acumular uma esfera de energia azul-celeste que logo seria lançada contra Galarian Linoone. Provavelmente havia uma explosão e mais poeira seria levantada, logo Lucario pousaria ficando ao lado do seu companheiro, Gyarados.
A treinadora iria esperar o resultado das suas investidas.

Os ânimos haviam se acalmado, a treinadora finalmente conseguira a vitória que tanto almejava e o resultado do seu esforço foi ver Piers jogar-lhe uma pequena chave preta, tida como símbolo de boa fé e boas vindas em Spikemuth. Agora Biskka poderia ir e vir tranquilamente. Ou pelo menos era assim que imaginava. Ou pelo menos era assim que imaginava. A falar de Piers foi tão fria quanto o próprio em sua essência, tendo como resposta da treinadora apenas seu olhar de olhos semicerrados que deixava transparecer que não havia gostado do comentário, mas fazer mais o quê àquela altura do campeonato? Igualmente como ele fizera; ela deu as costas e saiu pelo lado oposto.
O ginásio estava deserto, havia sido evacuado devido a batalha, tendo Piers como mentor desta ação. Mas havia algo estranho... Sirenes? De novo? Ainda naquela semana havia sido presa acusada de participar – com razão – de batalhas clandestinas e agora novamente? Não teve outra. Assim que pisou fora do edifício foi abordada ferozmente e, até mesmo, com um pouco de excesso pelas autoridades, quando menos notou havia sido imobilizada por um Manectric que fazia correr uma fina corrente elétrica pelo corpo de Biskka que retorceu um pouco seu rosto devido a uma fina dor. Neste momento, por conta de sua ligação Aura com seus Pokemon, Lucario saia da sua Pokebola de forma voluntária uma vez que havia entendido que sua mestra estava em possíveis apuros. Ele posicionou-se em frente à Biskka a fim de protegê-la, ficando entre ela e a Policial e seu Pokemon elétrico, seu olhar era fixo, sua testa franzia e seus dentes estavam amostra, assim como sua posição parcialmente defensiva, indicando que estava pronto para um eventual embate.
— Espere, Lucario! — Alertou Biskka antes mesmo que o Pokemon pudesse reagir a qualquer coisa. — Vamos ver o que é isso... — Ela parecia pacífica, completamente diferente da treinadora que ainda a pouco tentava a todo custo demolir uma construção usando seus Pokemon. Lucario permaneceu ao seu lado, ainda que mais calmo, continuava em alerta e de olhos fixos para toda a movimentação. À medida que a policial falava, os olhos da treinadora iam se arregalando e em seu rosto um semblante de total surpresa ia se formando. De fato, ela não fazia ideia do tamanho do estrago que havia feito lá dentro, assim sendo, tanto Biskka, quanto Lucario e os policias foram para dentro do ginásio ficando frente a frente com o que ainda cedo foi uma arena de batalhas Pokemon. Reduzido a um amontoado de pedras e rochas, assim com as diversas fissuras pelas laterais das paredes, além de reboco e poeira que vez ou outra caia do teto.

— Ih rapa... Fiz uma bagunça, né?! — Biskka ria-se sem graça com a mão cintura enquanto a outra coçava o nariz. A policial não parecia compartilhar do mesmo senso de humor da menina que era repreendida, recebendo uma série de recomendações e instruções de como deveria fazer para consertar aquilo tudo. A treinadora, por outro lado, emburreceu-se, mas aceitou os termos... Não queria ter problemas com a lei, não era o estilo dela, preferiria ser livre para viajar por aí sem.
— Tá, tá, tá, eu faço isso aí, mas preciso ir no Centro antes, meus Pokemon estão machucados. — O pedido da moça não deveria ser problema, afinal de contas fora escoltada por dois cadetes a maior parte do tempo. Entre recuperar a saúde dos seus Pokemon, comprar alguns salgadinhos e mais uma garrafa de vinho logo após secar a primeira, passou-se cerca de duas horas.
O prazo era curto, por isso resolveu que iria trabalhar madrugada a dentro uma vez que tinha alguns ajudantes disponíveis e todo o material necessário, almejando terminar o quanto antes para poder sair da cidade sem maiores problemas.
— Bem, não parece que houve danos externos... — Dizia um senhorzinho de óculos, com chapéu de construção e uma prancheta na mão que examinava a parte exterior do prédio enquanto era acompanhado por Biskka. — Em compensação, o interior está bem danificado, um adendo especial para a arena que está completamente destruída. — A voz do senhor era um pouco rouca e fraca, porém exalava confiança e sabedoria de anos de experiência. Talvez já não fosse tão útil com trabalhos braçais, mas com certeza seria um mentor e tanto!
— Então vamos começar! — A menina parecia animada em trabalhar em plena madrugada, mal parecia que ela já havia tomado uma garrafa inteira de vinho. Além do mais velho, haviam mais dois ajudantes que estavam para auxiliar, ainda assim preferiu chamar seus Pokemon para fora das Pokebolas, claro que sempre vigiada pelos cadetes da polícia, o que não era exatamente um problema. Antes mesmo que o Mestre de Obras, aquele senhorzinho, pudesse dar orientações, Biskka no auge da sua juventude achou que seria muito mais simples utilizar seus Pokemon e assim seria mesmo! Ela chamou Gyarados, o gigante dos mares, que seria essencial para a próxima etapa.
— Lucario, reduza essas pedras a pó usando Rock Smash! — Prontamente o Lucario de Biskka avançou contra o amontoado de pedras, rochas e pedregulhos usando seus punhos e pés para diminuir o seu tamanho cada vez mais até resumir tudo em pedaços menores. — Certo, certo. Agora, Gyarados, limpe todo esse excesso! — Como uma mangueira gigante, Gyarados empurrava todo o excesso de terra, pedras e afins para fora do estádio. Era bem verdade que fazia lama nos cantos, mas nada como mais água não resolvesse. Rapidamente, alguns ajudantes e o Nidoking de Biskka, começaram a correr de um lado para o outro com carrinhos de mão carregados do mesmo material que ainda há pouco fora varrido pelo Pokemon. O senhorzinho se impressionou com a praticidade de tudo aquilo, mesmo tendo muito trabalho pela frente. Agora, um caminhão-betoneira adentrava de ré pelo portão principal do ginásio para logo se posicionar como deveria ser. — Agora um pouco de trabalho humano, huhuhuh — Brincou o idoso. A ideia ali era preencher todas as fendas no chão com mais concreto a fim de dar uma nova vida à arena; e assim foi feito. À medida que o caminhão despejava o concreto pastoso no chão, Gyarados trava de espalhá-lo por toda a arena utilizando sua gigantesca cauda como uma pá e assim ficaram por algum tempo... Biskka fazia o seu papel recebendo as ordens do Mestre de Obras e as passando para seu Pokemon conforme fosse, desta maneira a assertividade seria maior e o resultado sairia mais rápido. — Isso deve demorar, vamos tentar soldar as vigas danificadas.
Isso era fácil de resolver: Uma placa de metal seria erguida até a altura desejada, Gabite seguraria grandes pregos de aço em sua boca e cuspiria em direção às marcas dos ajudantes, afinal eles saberiam exatamente onde deveria pregar. Lucario também faria a parte dele, utilizando de sua força e habilidades de lutador, socaria os pregos com força suficiente para finca-los, unindo as vigas fissuradas e placas de metal num só item.