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China
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[ P R O L O G O ]
O mundo sempre é repleto de novidades, certamente Pokégea não é uma delas, sabe-se que partes de alguns lugares se unificaram se tornando um lugar propriamente inovador - como a atual região, Pokégea conseguiu reunir pedaços de elementos importantes para a construção de uma nova história... E o que aconteceu com o restante? Será mesmo que explodiu? Acabou de vez? Humanos são seres desafiadores, quando menos se espera deles, mais os obrigam a desenvolver suas capacidades, são como formigas, conseguem sobreviver em qualquer superfície, e estou aqui para provar que Pokémons, sim, Pokémons, são como qualquer outro humano, pensam, raciocinam, seguem seus instintos, matar ou morrer.
A todo tempo são descobertos novas variantes de Pokémon que se desenvolveram conforme suas necessidades, não é atoa que alguns sofrem modificações tipáticas ao ponto de se tornarem completamente diferente de sua forma original, mas traços pequenos podiam ser notados, era um caso a ser aprimorado, o mundo pedia por novos cientistas, que dessem suas vidas atribuindo elas as suas pesquisas, faltava gana, ousadia... Havia muito disto, talvez estivessem feitas por pessoas erradas por debaixo dos tapetes?
Afinal, histórias são só histórias? Quando são contadas a nós quando crianças nunca mais são esquecidas, sabe porquê? A resposta é simples, quando somos crianças temos uma imaginação inabalável, acaba se tornando uma parte de nós, carregamos a moral da história conosco, tudo isto para que tornássemos pessoas melhores, nas nossas melhores versões.
Aqui verão contos enigmáticos e de primeira impressão um tanto confusos, mas o intuito é despertar sua imaginação, com personagens criados por mim, um destrinchar mais apurado do Grande Cataclisma, onde aparecerão treinadores já conhecidos por vocês - digo de passagem -, contos focados não só em personagens comuns como também em Pokémons, instigando cada vez mais novas histórias narrativas, e, explorando gêneros adversos, buscando cada vez mais a melhoria na qualidade dos mesmos, e já adiantando, os contos se passam mesmo universo que o fórum, e quem sabe não aparece novas Bulbas Forms por aqui? ou até mesmo uma nova trama/eventos oficiais para o fórum? rs. Tudo vai depender... Lembrando que cada conto são antológicos, ou seja, são histórias independentes, podendo ter ou não uma continuação.
Boa leitura!
Links importantes:O mundo sempre é repleto de novidades, certamente Pokégea não é uma delas, sabe-se que partes de alguns lugares se unificaram se tornando um lugar propriamente inovador - como a atual região, Pokégea conseguiu reunir pedaços de elementos importantes para a construção de uma nova história... E o que aconteceu com o restante? Será mesmo que explodiu? Acabou de vez? Humanos são seres desafiadores, quando menos se espera deles, mais os obrigam a desenvolver suas capacidades, são como formigas, conseguem sobreviver em qualquer superfície, e estou aqui para provar que Pokémons, sim, Pokémons, são como qualquer outro humano, pensam, raciocinam, seguem seus instintos, matar ou morrer.
A todo tempo são descobertos novas variantes de Pokémon que se desenvolveram conforme suas necessidades, não é atoa que alguns sofrem modificações tipáticas ao ponto de se tornarem completamente diferente de sua forma original, mas traços pequenos podiam ser notados, era um caso a ser aprimorado, o mundo pedia por novos cientistas, que dessem suas vidas atribuindo elas as suas pesquisas, faltava gana, ousadia... Havia muito disto, talvez estivessem feitas por pessoas erradas por debaixo dos tapetes?
Afinal, histórias são só histórias? Quando são contadas a nós quando crianças nunca mais são esquecidas, sabe porquê? A resposta é simples, quando somos crianças temos uma imaginação inabalável, acaba se tornando uma parte de nós, carregamos a moral da história conosco, tudo isto para que tornássemos pessoas melhores, nas nossas melhores versões.
Aqui verão contos enigmáticos e de primeira impressão um tanto confusos, mas o intuito é despertar sua imaginação, com personagens criados por mim, um destrinchar mais apurado do Grande Cataclisma, onde aparecerão treinadores já conhecidos por vocês - digo de passagem -, contos focados não só em personagens comuns como também em Pokémons, instigando cada vez mais novas histórias narrativas, e, explorando gêneros adversos, buscando cada vez mais a melhoria na qualidade dos mesmos, e já adiantando, os contos se passam mesmo universo que o fórum, e quem sabe não aparece novas Bulbas Forms por aqui? ou até mesmo uma nova trama/eventos oficiais para o fórum? rs. Tudo vai depender... Lembrando que cada conto são antológicos, ou seja, são histórias independentes, podendo ter ou não uma continuação.
Boa leitura!
— Holis Migran: primeira aparição do homem do chapéu preto.
— BOX: Otto.
— TOT: A Rainha Vermelha.
— Outra Persona! Furwogverse.
Última edição por China em Ter Set 14, 2021 9:56 pm, editado 9 vez(es) (Motivo da edição : China)
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< Azalea Town, 5 year before Grande Cataclisma >
Azalea possuía uma vegetação um pouco densa em suas extremidades, onde espécies comuns de Pokémons que faziam dela seu habitat, não era um lugar tão atrativo como as grandes cidades cheias de tecnologias caras, porém entregava tranquilidade, afinal uma cidade que tinha Slowpoke como um simbolo e uma referência era algo a ser esperado mas até quando? de um tempo pra cá, os números que fãs de Combees cresciam gradualmente, muitos questionavam a importância de Slowpoke comparado ao Pokémon que produzia mel, o líquido açucarado era o carro chefe da cidade e era com ela que a economia era estável, não faltava emprego nos campos...
Numa casa regular, feita unicamente de madeira uma família simples vivia por lá, uma mãe, um pai e um filho, todos eles se apressavam pois estavam atrasados para o festival de mel que aconteceria naquela manhã, o mais animado era o garoto - chamado Mitchell Hayes - um tanto ingênuo e levado por sentimentos momentâneos - já estava quase pronto, faltava só uma coisa, seu chapéu de palha... — Weedy! — gritou chamando seu companheiro... — Já está quase na hora... — tentava acelerar as coisas.
Sua mãe era a primeira a aparecer, havia trocado de roupa e arrumado seu cabelo, seu vestido longo florido era lindo, bem colorido com algumas estampas nos ombros, de um tecido levemente caído nada tão agarrado. Depois apareceu seu pai com uma camisa cheia de botões de uma cor chamativa - laranja - e de listras pretas, suas sandálias eram engraçadas, o menino ria delas por acha-las estranhas demais. Só faltava seu companheiro aparecer, já fazia um tempinho que havia chamado ele e nada dele aparecer, era esquisito, ao notar isso, seus pais começaram a procura-lo em todos os cantos da residência enquanto Mitchell ia para os quartos, jogava lençol e fronhas no chão, voltava a chamar a criatura e nada...
O menino decidiu procura-lo fora de casa, dando de cara com o inseto. — Ai está você. — aliviado por ter o encontrado, o garoto pegou Weedle e o colocou em seu ombro, o inseto se esfregava no pescoço da criança amenizando sua preocupação, seus pais encontravam com os dois do lado de fora e bobos admirava-os, ficavam felizes pela amizade que o garoto tinha com o Pokémon.
— Ótimo, estamos todos prontos... Não vejo a hora de experimentar as amostras grátis de mel, hahaha!! — dizia seu pai que não escondeu por muito tempo suas reais pretensões pelo festival mostrando-se bem humorado, os dois se acabavam de rir enquanto o pai de Mitchell acariciava o rostinho de Weedle, ele era completamente carinhoso e amável, todos achavam seu jeito fofo.
As piadas do seu pai eram tão sem graças mas tão sem graça que faziam todos rirem, ele não tinha talento nenhum em contar piadas mas suas caretas eram engraçadas, sua animação era contagiante... Enquanto isso, a família não percebeu que uma Combee os seguia a metros atrás, ela não tinha interesse algum por eles, e sim no pequeno Weedle... Mal sabiam que o inseto venenoso estava de papo furado com a abelha, tal qual foi o motivo de seu atraso.
Chegando no festival eram recebidos por uma moça gentil que segurava uma bandeja cheias de pães com coberturas do delicioso mel - que estava brilhoso e um aroma conquistador exalava deles, parecia apetitosos, nenhum deles resistiram ao prato especial e acabavam por pega-los.
— Ahhh! Não sabia que precisava disso até comer, a textura é tão macia e cremosa. — seu pai elogiava demasiadamente o pão, deixando a mulher um pouco envergonhada. — Não ligue pra ele. — mais envergonhada estava sua esposa que puxou-lhe pela orelha.
As Combees trabalhavam em plena harmonia, traziam alegoria e enchiam os moradores e turistas de orgulho, o menino não tirava seus olhos das abelhas, ficava impressionado com a sincronia que as mesmas tinham, pareciam peças de um quebra-cabeça, qualquer combinações que faziam as pessoas aplaudiam e assobiavam, eram performances a todo momento. — Olha mãe, aquelas ali em cima! — apontava o garoto chamando a atenção dela, as Combees fazia movimentos circulares como tivessem dançando em pleno ar.
Havia um espaço reservado no centro do lugar contendo uma escultura feita inteiramente de mel de uma Vespiqueen, ela era maior que as demais. — Ra-rainha... Ver-me-lha... — a criança lia a placa que estava localizada ao lado da escultura e não entendia direito o que significava. Quando se faz uma escultura certamente o homenageado está morto ou incapaz porém a Vespiqueen seria eternamente grata a cidade, como a cidade é grata ela, uma acolheu a outra...
— E o que aconteceu com ela? — inocentemente Mitchell foi o primeiro a perguntar, seus pais ficaram se olhando por terem sido pegos de surpresa, mantiveram quietos, a moça que trabalhava lá parecia ter uma resposta adequada a dar para a criança. — Ela está descansando agora, ficará tudo bem com ela... — dizia para não acabar com o clima alegre, sua preocupação maior era com a criança, por alguns segundos o silêncio se instalou... — E que tal sorvetes de mel? já volto. — mudando de assunto repentinamente, seu pai correu para comprar os sorvetes do famoso mel real.
Weedle notou a presença da Combee de antes e se agitou no ombro da criança, Mitchell não sabia o porque do inseto ter ficado agoniado literalmente do nada, não tinha como saber pois aquele lugar era cheio de Combees... — Que raios te mordeu, Weedy? — proferiu o garoto, tomando cuidado para o inseto não cair de seu ombro. O Combee saia de sua vista e logo deprimiu-se, por não ter sido notado por ela.
Weedle de Mitchell era diferente dos outros, as pessoas que o viam achavam que estava sujo por ter uma coloração mais escura, porém era shiny, as vezes até Mitchell esquecia desse lado, a diferença era mínima, talvez só experts conseguiriam decifrar essa característica tão rara. Weedle foi encontrado caído perto da casa de sua mãe, sentia fome e cansaço, o que chamou sua atenção foi o aroma do almoço que a mulher fazia no momento, desde que ela ofereceu comida a criaturinha sempre voltou na hora do rango, até que a família decidiu adota-lo, quem gostou mesmo foi Mitchell que se tornou seu amigo inseparável, haviam muitas histórias juntos, eram fofos e ingênuos, descongelam qualquer coração até os mais insensíveis.
Todos eles se deliciavam com o sorvete de creme coberto por uma camada fina de mel cristalizado, ao comer essa camada podia se sentir uma textura gelada e crocante além de derreter na boca em seguida. — Isso está muito bom, o que acharam? — perguntou Mirgan - pai do garoto - que por sua cara parecia ter adorado a combinação.
No lugar, havia estruturas bem elaboradas, como fontes, chafariz, doces moldados e esculpidos, bebidas, e é claro, todos com um toque de mel em suas composições, Slowpokes nem apareciam no evento, não se sabia o motivo, se era algo pessoal ou se era por respeito que tinham com as rivais, Slowpokes eram bastante comunicativos uns com os outros, e possivelmente não gostavam das abelhas por perto, era o que se esperar de uma espécie que foi aclamada por tantos anos serem substituídas aos poucos.
— Mãe!! mãe!! eu posso conhecer a Vespiqueen?? ela deve ser demais! — dizia o garoto empolgado em conhecer a rainha das abelhas, nunca tinha visto um Pokémon dessa categoria de perto, seria emocionante ao garoto. — Você já conheceu querido, ela é igualzinha a da fonte... — respondeu a mãe toda manhosa, não queria decepcionar o garoto...
O menino ainda assim, não entendeu muito, se preocupou mais em terminar seu sorvete antes que derrete-se, seus pais encontravam-se com pessoas que Mitchell não conhecia, não sabia se era vizinhos ou amigos de longa data, a moça se aproximou do garoto... — Uau, esse menino cresceu! — se espantou. — Te segurei no colo quando era um bebê. Com quantos está agora? — perguntou a mulher. — 15. — rapidamente a respondeu não entendendo de absolutamente nada...
Mitchell era deixado um pouco de lado, seus pais estavam empolgados com o assunto da conversa, era quase uma eternidade para o garoto em ter que esperar seus pais terminarem de conversar. Um grupo de crianças chamou a atenção de Mitchell, eles estavam agitadas e prontos para se divertirem - alguns garotos carregavam sacos em suas costas, o menino não pensou duas vezes em deixar a companhia de seus pais para se juntar ao grupo de crianças, Mitchell era tão ingênuo que nem se importou de perguntar a uma das crianças para onde iriam mas mal sabia o pequeno, que aquelas crianças estariam indo para uma área onde as Combees produziam o mel real para atacar os insetos com pedras que haviam colhido, era o que tinha no saco.
Mesmo sem entender as piadas, cantaroladas e brincadeiras durante a caminhada, Mitchell sempre estava rindo e achando graça das bobagens que eram ditas, muitas delas sem noção.
Agora que já estavam numa mata mais fechada, onde era possível escutar sons provindos de Pokémons que moravam por lá, Mitchell se desdobrou, via a natureza da forma que ela era, afinal, nunca esteve num lugar tão próspero e na presença de tantas outras criaturas, Weedle estava sim com ele, contudo, escondido dentro do chapéu de palha que Mitchell usava, passando despercebido por todos. Crianças são crianças e, nenhuma delas pensou no pior ou no perigo que estavam correndo ao saírem sozinhas.
Um dos legados deixados pela Rainha Vermelha era a proibição de caças de insetos locais, escravidão de Pokémons produtores de mel e o desflorestamento já que precisavam das árvores delas como meio de proteção e criação das primeiras colmeias. Já tinham alguns quilômetros percorridos pelo grupo de crianças, em passos demorados conseguiram finalmente chegar aonde queriam: no coração da colmeia, e lá repararam uma colmeia gigante, ficavam ainda mais empolgados e outros boquiabertos, os sacos de pedras eram despejados no chão, deixando cada um livre para atirar onde quisessem. — É hora da diversão!! — gritou um dos meninos pegando a primeira pedra e atirando numa colmeia menor logo a baixo da árvore...
A pedra atingiu em cheio, causava uma pequena abertura na colmeia, parte das crianças comemoraram e riram, tal ato chamou a atenção de Combees que estavam por perto que ao verem outros atirando pedras emitiu um sinal que só Combees conseguiam sentir, um alerta de perigo, não era uma emergência a elas pelo fato do número de crianças serem insignificantes comparado ao número de abelhas presentes, a situação conseguia se resolver facilmente.
Combees se reuniam formando um paredão na frente dos garotos, impedindo que jogassem mais pedras, porém isso não abalou a decisão do garotinho ruivo que parecia estar movido pelo ódio. — Slowpokes são melhores que vocês! — gritou jogando uma pedra maior no paredão de Combees... Graças ao paredão formado, as colmeias não corriam risco de serem apedrejadas, sobretudo, as Combees que eram acertadas pelas pedras ficavam bem feridas, aqueles garotos sabiam sua desvantagem e usava contra os insetos voadores...
— Temos que parar! Isso não é divertido. — manifestou Mitchell ao perceber a verdadeira intenção daquele grupo de crianças.
— Cala a boca, garoto! — tomava frente o mesmo garoto ruivo que com toda força que tinha, empurrava Mitchell que caia no chão perplexo com a reação agressiva e ignorante. Com a queda, seu chapéu acabava por sair de sua cabeça e, sem entender nada, Weedle era quase obrigado a sair de dentro dele... — Olha que estamos fazendo, estamos destruindo o trabalho delas. — voltou a falar Mitchell, tentando mudar a opinião do outro garoto.
— São graças a elas que essa cidade ainda está de pé- — caia no choro ao ver que estava sendo ignorado pelas demais crianças, que não paravam de atirar pedras, mas não estava adiantando...
— Quero ver essas abelhinhas não saírem do nosso caminho agora... — com um sorriso maléfico o menino pegou do seu bolso uma Pokébola que continha um Pokémon, sabia que era proibido crianças menores de quinze anos terem Pokémon para treinar ou usa-los para seus fins, a Pokébola se abriu se mostrando um Charmander aparentemente forte. — Esse Charmander é do meu pai, rsrs. Mate elas com Flamethower! — sem pensar nas consequências ordenou a criatura de fogo, que respondeu seu comando liberando uma rajada de fogo poderosa pra cima do paredão de Combees que era facilmente desfeita devido a proporção do golpe, umas caiam inconscientes e outras queimadas. — Agora outro Flamethrower pra acabar de vez com essa colmeia gigante!
Charmander encheu o peito de ar e novamente atiçava uma rajada poderosa de fogo que atingia a colmeia mais grande do lugar, algumas Combees se colocavam no caminho mas era tudo em vão, acabavam sendo dizimadas pelo golpe de Charmander... — PAREM!!! — gritou desesperadamente o garoto...
A colmeia se desprendia da árvore e se esparramava pelo chão, desperdiçando uma quantidade absurda de mel e principalmente o trabalho duro das Combees, era imperdoável. Consumida por fogo, era o fim daquela colmeia, todo trabalho jogado fora, as chamas se alastraram entrando em contato com a vegetação seca do lugar e com o vento não demorou muito para se espalhar e, incendiar o lugar, primeiramente subia uma fumaça escura...
De dentro do festival de mel, os pais de Mitchell notaram a pequena fumaça escura ganhando proporção e quando se deram conta, seu filho já não estava mais lá. — Mitchell? MITCHELL!!!!!! — berrou sua mãe completamente afobada, desestruturou-se, caindo de joelhos no chão, sentia um grande aberto no coração e, coração de mãe por incrível que pareça, são intuitivos, pressentimentos ruins rondava a cabeça da mulher, ela era ajudada pelo marido que tentava a acalmar, a mãe de Mitchell não podia passar por fortes emoções.
*BOOOOOOOOM!!!
O barulho de uma explosão assustou todos que estavam no festival, compulsoriamente, entraram em pânico/gritaria no mesmo instante, onde correram apressadamente para a direção contrária, só queriam sair sã a salvos de lá, deixando aquelas para trás, e a mãe de Mitchell era uma delas, não se moveu desde que viu a fumaça preta saindo da mata fechada, o barulho da explosão foi outro gatilho que despertou uma taquicardia severa, suas mãos tremiam mais que tudo. — Calma, amor... Nosso filho está bem... Não aconteceu nada com ele. — dizia seu marido pegando em sua mão. — Não... Eu sinto que ele está lá, em perigo precisando da minha ajuda. — respondeu ficando ainda mais nervosa.
Era muito difícil saber o motivo real da explosão, os corpos das crianças haviam sido atirados metros para trás, podiam estar todas mortas, inclusive Mitchell, sua inocência pode ter custado a sua vida... A mesma Combee de antes, do início da história tinha um espirito de liderança incrível, conseguia mandar sinais para outros insetos ao redor e com uma estratégia traçada era papel deles protegerem seu habitat e preserva-lo custe o que custar.
Aquilo saiu do controle ao extremo, as chamas se espalhavam rapidamente, era uma estação altamente seca, pelo visto, não contaram com esse fator.
Combee dava seu máximo, ao menos conseguia retardar um pouco o avanço das chamas, mas já tinha alcançado uma grande área, a fumaça estava altamente toxica e, podiam terminar de matar as crianças, era muitas coisas para atentar-se, infelizmente levava tempo para que os guardas do festival entrasse na mata pois tinham que avaliar a segurança do local antes de atuar, para que fosse remediado um agravo ainda maior.
Muitas Combees iam de um lugar ao outro, faziam paredões ainda maiores para impedir o avanço das chamas de ambos os lados da mata, era difícil controlar, precisavam de ajuda antes que fosse tarde demais, o cenário um tanto dramático onde era possível fracassar em todos os aspectos, sem uma Rainha, tudo ficava mais complicado.
— Ai... Que dor... — despertado pela dor, Mitchell dava os primeiros sinais de vida, caído perto de um foco de chamas o menino estava coberto de terra e escoriações pelo rosto, ao tentar se levantar flexionou seus braços e nesse momento a dor exacerbou - tinha algo errado - além de sentir algo estranho grudado no seu braço esquerdo, quando olhou para ele, havia um galho de árvore que atravessava-o fora a fora. — Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! — o garoto abriu o berreiro...
O grito de Mitchell servia para outras crianças acordarem, retomando suas consciências, infelizmente nem todas despertaram, as que acordaram tossiam excessivamente graças a fumaça que era nociva a saúde. A consciência de Mitchell voltava aos poucos e depois de gritar, olhou para o fogo a sua frente e viu as chamas se moldarem, se transformavam em silhuetas de criaturas desconhecidas por ele, as criaturas marchavam como uma tropa de soldados e do outro lado, seus inimigos, os humanos propriamente, não aqueles bons que cuidavam dos Pokémon, e sim dos malfeitores, gente que não se importava com o bem estar de absolutamente nada, de nenhum tipo de vida, eles de qualquer forma queriam ferir as criaturas que em conjunto tinham uma força inigualável, eram os mesmos tipos de humanos que causaram a morte de Vespiqueen, Mitchell olhou para as silhuetas mais atentamente e descobriu que uma delas haviam ferrões.
O fogo mostrou ao garoto uma história ocultada por muitos e, com certeza seria inesquecível essa memória, tentava desvendar algo a mais porém o fogo se alterou quando uma gota de água caiu sobre ele, desfazendo por completo a encenação, o menino sentiu por fim gotas de chuva que aos poucos ganhou intensidade. Com a presença da chuva, a fumaça que até então se dissipava gradualmente, contudo, as chamas ainda permaneciam queimando a vegetação seca...
— ... Slow... Poke... — era possível ouvir os sons dos Pokémon chegando lentamente para ajudar a combater o fogo.
Slowpokes apareciam por toda parte, foram os responsáveis por invocar a chuva para que a fumaça diminuísse, a Combee havia os chamado para ajudar a reduzir os danos ambientais, eles usavam o Water Gun em conjunto para apagar os focos de chamas que estavam distantes... Os guardas adentravam ao lugar com equipamentos de seguranças e com kits de primeiros socorros, não demorou tanto para que um dos homens encontrasse o corpo do garoto e notasse seus ferimentos, Mitchell perdeu uma quantidade de sangue não tão significante assim, porém sua pele estava pálida, era sério. — Ei garoto... Ei, não feche os olhos, qual é seu nome? — perguntou o homem avaliando suas pupilas com uma lanterna. — Mitchell... — disse com certa dificuldade...
O homem tentava de várias maneiras mover Mitchell mas o garoto voltava a berrar de dor, e ao mesmo tempo, não era recomendado tirar o galho da árvore do seu braço pois o garoto podia perder muito sangue ou inutilizar o membro, dependeria do tempo que levasse até o hospital mais próximo, por ser uma criança o homem chamava reforços, não queria nem pensar nessas opções, o socorrista então colocou o colar cervical no garoto no intuito de evitar lesão em sua coluna vertebral. — Vou fazer um torniquete para que não haja sangramento futuramente, tudo bem? — o homem pegava um pano resistente e colocava acima do ferimento e o enfaixava para diminuir o fluxo sanguíneo do braço de Mitchell para que o sangramento visivelmente diminuísse através do torniquete...
— Os outros estão por ali! — bradou o homem para os outros guardas, apontando para a direção onde estavam as outras crianças, voltando sua atenção exclusivamente ao garoto. — A ajuda já está a caminho, aguente firme...
O quadro de Mitchell piorava a cada minuto que se passava, enquanto o cenário a sua volta melhorava graças a união de ambas espécies de Pokémon que conseguiam apagar o fogo próximo das crianças, mesmo assim, ainda tinha partes a serem apagadas, era um trabalho que consistia em perseverança, brasas mal apagadas eram um perigo.
Uma equipe médica especializada em trauma chegava no lugar, com cuidado colocavam Mitchell numa maca delicadamente, ele parecia estar perdendo a consciência... — Weedy, Weedy... — sussurrou ao ponto de ninguém da equipe ter o escutado.
Mitchell não via seu Pokémon desde que foi empurrado e como seu chapéu caiu no chão, Weedle podia estar em qualquer lugar com medo ou assustado, a maior preocupação do garoto era com o bem estar do inseto, temia que estivesse bem ferido ou pior, morto, depois disso o garoto apagou. Cientificamente falando, quando uma pessoa entra para uma cirurgia com preocupado e ansioso, tem uma chance dos casos clínicos piorarem até porque expõe o individuo ao estresse não só físico como emocional na mesa de cirurgia, os riscos de infecções aumentam e a probabilidade da morte também.
Enquanto Slowpokes e Combees controlavam as chamas, as equipes se concentravam em cuidar das crianças feridas, o garoto ruivo na qual tinha provocado o incêndio estava bem, com leves escoriações mas bem, quem estava a beira da morte era Charmander que foi quem absorveu todo o impacto da explosão pois estava a frente do menino, ele chorava ao lado do Pokémon que posteriormente era levado para o hospital as pressas...
Era traumas, queimaduras, ferimentos superficiais, nada mais.
[...]
Os pais de Mitchell esperavam receosos pelo término da cirurgia, aguardam juntamente de outras famílias na sala de espera, quem estava mais nervoso sem necessidade nenhuma era o pai do garoto ruivo - Akkuda Tonedo -, seu filho passava por uma cirurgia simples com riscos menores. — Não vem ninguém para nos dar noticiais, não é possível... — andava de um lado para o outro até que perdeu a paciência e deu um soco na parede, deixando os outros familiares ainda mais assustados.
Passou-se umas duas horas até que os médicos do pronto socorro chegaram com as boas noticiais, nenhuma das crianças com ferimentos superficiais corriam perigo de vida, seus responsáveis já tinham a permissão para vê-las e leva-las para casa em seguida, enquanto os outros permaneciam na esperança...
Mirgan conversava com a mãe de uma garota que também estava em cirurgia... — De acordo com os guardas e policiais, o fogo veio através de um golpe usado pelo Charmander do garoto ruivo. — comentou ele, espalhando a notícia do responsável por isso.
— Meu filho fez isso? — desacreditado perguntou Akkuda ao ouvir a conversa.
— Ele é seu filho? e como ele tem um Charmander? — trazendo duas perguntas ao rapaz, o pai de Mitchell tentava saber mais sobre o caso. — Sim ele é meu filho. E, não é dele, o Charmander é meu, ele deve ter encontrado a Pokébola em algum lugar do armário. — respondeu o homem perplexo pelo descuido que teve...
— Então você é o verdadeiro culpado disso tudo? a minha filha está na cirurgia e ela pode nunca mais andar graças a você... — se levantou do banco um homem negro e alto - Tippson - e se aproximou de Akkuda... — Seu desgraçado! Você vai pagar! — pegando nas dobras de sua camiseta ele agarrou com todas as forças e arrastou o homem para o canto, jogava-o contra a parede...
— Quer brigar, valentão? — dizia Akkuda fechando os punhos se preparava para o pior...
Os cabelos vermelhos de Akkuda eram como do filho, tirando as entradas - normal pela idade -, era baixo comparado ao outro homem além de estar acima do peso, sua barriga era abundantemente grande assim como seus braços, nunca seguiu dietas, e exercícios físicos eram praticados raramente...
— Cai pra cima, carvão!
O homem não caiu em sua provocação racista e concentrou-se em acabar com ele, desferiu o primeiro soco no nariz do homem ruivo que ignorou completamente a dor e respondeu com outro soco no rosto do cara, deixando as coisas quites.
— Olha que vocês estão fazendo num hospital! — gritou uma das esposas agonizada com o momento estressante.
Tippson segurou no pescoço de Akkuda com toda força que tinha e o apertou, impedindo-o de respirar, o ruivo estava sendo asfixiado aos poucos... — Racistinha de merda... — sussurrou Tippson encarando seus olhos...
— Ei! Ei! Parem com issso! — surgia os guardas do hospital para separar a briga, para a sorte de Akkuda que seria morto se dependesse do homem.
Tippson cuspiu na cara nojenta do homem ruivo com o maior desprezo.
— Venha querida, vamos esperar em outro lugar... Antes que eu acabe com esse babaca. — acompanhado de sua esposa saíram da sala sem delongas...
Os pais de Mitchell se encaravam com os olhos arregalados, um decifrava o olhar do outro, era tantos anos casados. O silêncio ficou pairando pelos corredores por horas depois disso...
< Na sala de cirurgia 04 - Mitchell Hayes. >
— Como estão os sinais vitais?
— Por enquanto estão estáveis, doutor.
— Coloquem mais duas bolsas de sangue -O, ele perdeu muito sangue, vamos!
Por perder sangue no decorrer das horas o menino necessitava de mais durante a cirurgia, porém o médico não percebeu que Mitchell havia outro ferimento grave, a equipe informou danos somente no braço esquerdo, ao tentar reparar os nervos do braço do garoto os monitores apitavam mostrando que o menino necessitava ainda mais de sangue, estava tendo uma hemorragia que os médicos estranhavam, não saia sangue nenhum do corpo da criança...
— Descubram o abdômen do garoto.
Em sua barriga, havia um hematoma gigante, a hemorragia estava acontecendo internamente, grave demais para os médicos tratarem, os sinais vitais do garoto começavam a dar alterações e os batimentos estavam a cair drasticamente, Mitchell lutava pela vida enquanto os médicos faziam de tudo, agiam com destreza e agilidade, seria uma lástima perde-lo para um erro não visto... — Vamos garoto...
*______ Piiiiii*
— Ele entrou em parada, doutor.
— Administre uma ampola de adrenalina.
Eram realizados as compressões torácicas, manualmente que ia irrigando o corpo do garoto com o sangue oxigenado. A equipe aproximava o carrinho de parada cardiorrespiratória, onde o médico era responsável por chocar Mitchell, todos se afastavam da mesa ao pedido e o choque era aplicado.
— Ele não voltou, doutor.
— Injete outra ampola de adrenalina!
— Carregue em 200!
— Se afastem...
Uma correria tremenda embora estivessem fazendo o protocolo perfeitamente bem.
Escuro, frio, arrepios... Todos os funcionários daquela sala pareciam ter sumido inexplicavelmente dando a vinda de um bater de asas divinamente suaves, o menino ouviu-as, infelizmente não conseguiu se mover da mesa cirúrgica mas conseguia sentir a presença da rainha, ela se movia com elegância e contudo, soberana. — Vespiqueen... É você? — sonolento Mitchell coçava os olhos com os dedos, chamando a Pokémon acreditando que a veria pela primeira vez...
— Olá, Mitchell... Hoje cedo, quando enfrentou aquelas crianças você foi corajoso, tenho que reconhecer. — pausadamente a abelha rainha circulava o corpo do garoto, não queria o assusta-lo então evitava um olhar direto. — Esse não foi o legado que deixei quando parti, espero que possa lembrar daqui por diante a verdadeira razão pela qual lutei minha vida toda... Antes de partir, acabei deixando um ovo escondido atrás da casa dos seus pais, a última Combee da linhagem real. Quero que saiba que não precisa ter medo, as coisas acontecem quando tem que acontecer, saiba que sua família te ama, nunca deixaram de estar do seu lado, levantar e seguir em frente é um ato de nobreza, é necessário reconhecer o erro para que o erro do amanhã seja evitado hoje e, que esse foi o seu primeiro desafio de muitos que estão por vir, quero que fique forte, por você, por sua família, pelos Pokémon e pelas pessoas que ama, a vida é vivida somente uma vez e gostaria que honrasse meu legado. Confio plenamente em você... — finalizou o discurso sumindo na escuridão fria.
* Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.... — era o som do monitor que nenhum médico gostava de ouvir, significava uma perda inesperada, que mexia com o psicológico de qualquer pessoa ali dentro daquela sala, uma criança que tinha uma vida inteira pela frente, com um futuro brilhante, que deixaria uma família que o ainda o ama sem chão, sem estrutura para se levantar.
— Hora do óbito: 16 horas e 34 minutos.
O médico saiu apressadamente da cirurgia e se dirigiu a sala de espera onde estava a família de Mitchell, de roupas privativas sujas de sangue e com uma cara e olhar autoexplicativos - abatidos, a mãe foi a primeira a cair no choro. — Fizemos tudo que podemos, me desculpem...
< Em algum lugar da mata... >
Weedle encarava o céu como pressentisse o imprevisível, não tinha rumo, não estava junto de seu parceiro, mas sabia que havia sido acolhido por criaturas que conheciam muito bem da sua dor por terem passado por algo similar, a criaturinha adentrava a mata entristecida se juntando a Pokémons desconhecidos.
Azalea possuía uma vegetação um pouco densa em suas extremidades, onde espécies comuns de Pokémons que faziam dela seu habitat, não era um lugar tão atrativo como as grandes cidades cheias de tecnologias caras, porém entregava tranquilidade, afinal uma cidade que tinha Slowpoke como um simbolo e uma referência era algo a ser esperado mas até quando? de um tempo pra cá, os números que fãs de Combees cresciam gradualmente, muitos questionavam a importância de Slowpoke comparado ao Pokémon que produzia mel, o líquido açucarado era o carro chefe da cidade e era com ela que a economia era estável, não faltava emprego nos campos...
Numa casa regular, feita unicamente de madeira uma família simples vivia por lá, uma mãe, um pai e um filho, todos eles se apressavam pois estavam atrasados para o festival de mel que aconteceria naquela manhã, o mais animado era o garoto - chamado Mitchell Hayes - um tanto ingênuo e levado por sentimentos momentâneos - já estava quase pronto, faltava só uma coisa, seu chapéu de palha... — Weedy! — gritou chamando seu companheiro... — Já está quase na hora... — tentava acelerar as coisas.
Sua mãe era a primeira a aparecer, havia trocado de roupa e arrumado seu cabelo, seu vestido longo florido era lindo, bem colorido com algumas estampas nos ombros, de um tecido levemente caído nada tão agarrado. Depois apareceu seu pai com uma camisa cheia de botões de uma cor chamativa - laranja - e de listras pretas, suas sandálias eram engraçadas, o menino ria delas por acha-las estranhas demais. Só faltava seu companheiro aparecer, já fazia um tempinho que havia chamado ele e nada dele aparecer, era esquisito, ao notar isso, seus pais começaram a procura-lo em todos os cantos da residência enquanto Mitchell ia para os quartos, jogava lençol e fronhas no chão, voltava a chamar a criatura e nada...
O menino decidiu procura-lo fora de casa, dando de cara com o inseto. — Ai está você. — aliviado por ter o encontrado, o garoto pegou Weedle e o colocou em seu ombro, o inseto se esfregava no pescoço da criança amenizando sua preocupação, seus pais encontravam com os dois do lado de fora e bobos admirava-os, ficavam felizes pela amizade que o garoto tinha com o Pokémon.
— Ótimo, estamos todos prontos... Não vejo a hora de experimentar as amostras grátis de mel, hahaha!! — dizia seu pai que não escondeu por muito tempo suas reais pretensões pelo festival mostrando-se bem humorado, os dois se acabavam de rir enquanto o pai de Mitchell acariciava o rostinho de Weedle, ele era completamente carinhoso e amável, todos achavam seu jeito fofo.
As piadas do seu pai eram tão sem graças mas tão sem graça que faziam todos rirem, ele não tinha talento nenhum em contar piadas mas suas caretas eram engraçadas, sua animação era contagiante... Enquanto isso, a família não percebeu que uma Combee os seguia a metros atrás, ela não tinha interesse algum por eles, e sim no pequeno Weedle... Mal sabiam que o inseto venenoso estava de papo furado com a abelha, tal qual foi o motivo de seu atraso.
Chegando no festival eram recebidos por uma moça gentil que segurava uma bandeja cheias de pães com coberturas do delicioso mel - que estava brilhoso e um aroma conquistador exalava deles, parecia apetitosos, nenhum deles resistiram ao prato especial e acabavam por pega-los.
— Ahhh! Não sabia que precisava disso até comer, a textura é tão macia e cremosa. — seu pai elogiava demasiadamente o pão, deixando a mulher um pouco envergonhada. — Não ligue pra ele. — mais envergonhada estava sua esposa que puxou-lhe pela orelha.
As Combees trabalhavam em plena harmonia, traziam alegoria e enchiam os moradores e turistas de orgulho, o menino não tirava seus olhos das abelhas, ficava impressionado com a sincronia que as mesmas tinham, pareciam peças de um quebra-cabeça, qualquer combinações que faziam as pessoas aplaudiam e assobiavam, eram performances a todo momento. — Olha mãe, aquelas ali em cima! — apontava o garoto chamando a atenção dela, as Combees fazia movimentos circulares como tivessem dançando em pleno ar.
Havia um espaço reservado no centro do lugar contendo uma escultura feita inteiramente de mel de uma Vespiqueen, ela era maior que as demais. — Ra-rainha... Ver-me-lha... — a criança lia a placa que estava localizada ao lado da escultura e não entendia direito o que significava. Quando se faz uma escultura certamente o homenageado está morto ou incapaz porém a Vespiqueen seria eternamente grata a cidade, como a cidade é grata ela, uma acolheu a outra...
— E o que aconteceu com ela? — inocentemente Mitchell foi o primeiro a perguntar, seus pais ficaram se olhando por terem sido pegos de surpresa, mantiveram quietos, a moça que trabalhava lá parecia ter uma resposta adequada a dar para a criança. — Ela está descansando agora, ficará tudo bem com ela... — dizia para não acabar com o clima alegre, sua preocupação maior era com a criança, por alguns segundos o silêncio se instalou... — E que tal sorvetes de mel? já volto. — mudando de assunto repentinamente, seu pai correu para comprar os sorvetes do famoso mel real.
Weedle notou a presença da Combee de antes e se agitou no ombro da criança, Mitchell não sabia o porque do inseto ter ficado agoniado literalmente do nada, não tinha como saber pois aquele lugar era cheio de Combees... — Que raios te mordeu, Weedy? — proferiu o garoto, tomando cuidado para o inseto não cair de seu ombro. O Combee saia de sua vista e logo deprimiu-se, por não ter sido notado por ela.
Weedle de Mitchell era diferente dos outros, as pessoas que o viam achavam que estava sujo por ter uma coloração mais escura, porém era shiny, as vezes até Mitchell esquecia desse lado, a diferença era mínima, talvez só experts conseguiriam decifrar essa característica tão rara. Weedle foi encontrado caído perto da casa de sua mãe, sentia fome e cansaço, o que chamou sua atenção foi o aroma do almoço que a mulher fazia no momento, desde que ela ofereceu comida a criaturinha sempre voltou na hora do rango, até que a família decidiu adota-lo, quem gostou mesmo foi Mitchell que se tornou seu amigo inseparável, haviam muitas histórias juntos, eram fofos e ingênuos, descongelam qualquer coração até os mais insensíveis.
Todos eles se deliciavam com o sorvete de creme coberto por uma camada fina de mel cristalizado, ao comer essa camada podia se sentir uma textura gelada e crocante além de derreter na boca em seguida. — Isso está muito bom, o que acharam? — perguntou Mirgan - pai do garoto - que por sua cara parecia ter adorado a combinação.
No lugar, havia estruturas bem elaboradas, como fontes, chafariz, doces moldados e esculpidos, bebidas, e é claro, todos com um toque de mel em suas composições, Slowpokes nem apareciam no evento, não se sabia o motivo, se era algo pessoal ou se era por respeito que tinham com as rivais, Slowpokes eram bastante comunicativos uns com os outros, e possivelmente não gostavam das abelhas por perto, era o que se esperar de uma espécie que foi aclamada por tantos anos serem substituídas aos poucos.
— Mãe!! mãe!! eu posso conhecer a Vespiqueen?? ela deve ser demais! — dizia o garoto empolgado em conhecer a rainha das abelhas, nunca tinha visto um Pokémon dessa categoria de perto, seria emocionante ao garoto. — Você já conheceu querido, ela é igualzinha a da fonte... — respondeu a mãe toda manhosa, não queria decepcionar o garoto...
O menino ainda assim, não entendeu muito, se preocupou mais em terminar seu sorvete antes que derrete-se, seus pais encontravam-se com pessoas que Mitchell não conhecia, não sabia se era vizinhos ou amigos de longa data, a moça se aproximou do garoto... — Uau, esse menino cresceu! — se espantou. — Te segurei no colo quando era um bebê. Com quantos está agora? — perguntou a mulher. — 15. — rapidamente a respondeu não entendendo de absolutamente nada...
Mitchell era deixado um pouco de lado, seus pais estavam empolgados com o assunto da conversa, era quase uma eternidade para o garoto em ter que esperar seus pais terminarem de conversar. Um grupo de crianças chamou a atenção de Mitchell, eles estavam agitadas e prontos para se divertirem - alguns garotos carregavam sacos em suas costas, o menino não pensou duas vezes em deixar a companhia de seus pais para se juntar ao grupo de crianças, Mitchell era tão ingênuo que nem se importou de perguntar a uma das crianças para onde iriam mas mal sabia o pequeno, que aquelas crianças estariam indo para uma área onde as Combees produziam o mel real para atacar os insetos com pedras que haviam colhido, era o que tinha no saco.
Mesmo sem entender as piadas, cantaroladas e brincadeiras durante a caminhada, Mitchell sempre estava rindo e achando graça das bobagens que eram ditas, muitas delas sem noção.
Agora que já estavam numa mata mais fechada, onde era possível escutar sons provindos de Pokémons que moravam por lá, Mitchell se desdobrou, via a natureza da forma que ela era, afinal, nunca esteve num lugar tão próspero e na presença de tantas outras criaturas, Weedle estava sim com ele, contudo, escondido dentro do chapéu de palha que Mitchell usava, passando despercebido por todos. Crianças são crianças e, nenhuma delas pensou no pior ou no perigo que estavam correndo ao saírem sozinhas.
Um dos legados deixados pela Rainha Vermelha era a proibição de caças de insetos locais, escravidão de Pokémons produtores de mel e o desflorestamento já que precisavam das árvores delas como meio de proteção e criação das primeiras colmeias. Já tinham alguns quilômetros percorridos pelo grupo de crianças, em passos demorados conseguiram finalmente chegar aonde queriam: no coração da colmeia, e lá repararam uma colmeia gigante, ficavam ainda mais empolgados e outros boquiabertos, os sacos de pedras eram despejados no chão, deixando cada um livre para atirar onde quisessem. — É hora da diversão!! — gritou um dos meninos pegando a primeira pedra e atirando numa colmeia menor logo a baixo da árvore...
A pedra atingiu em cheio, causava uma pequena abertura na colmeia, parte das crianças comemoraram e riram, tal ato chamou a atenção de Combees que estavam por perto que ao verem outros atirando pedras emitiu um sinal que só Combees conseguiam sentir, um alerta de perigo, não era uma emergência a elas pelo fato do número de crianças serem insignificantes comparado ao número de abelhas presentes, a situação conseguia se resolver facilmente.
Combees se reuniam formando um paredão na frente dos garotos, impedindo que jogassem mais pedras, porém isso não abalou a decisão do garotinho ruivo que parecia estar movido pelo ódio. — Slowpokes são melhores que vocês! — gritou jogando uma pedra maior no paredão de Combees... Graças ao paredão formado, as colmeias não corriam risco de serem apedrejadas, sobretudo, as Combees que eram acertadas pelas pedras ficavam bem feridas, aqueles garotos sabiam sua desvantagem e usava contra os insetos voadores...
— Temos que parar! Isso não é divertido. — manifestou Mitchell ao perceber a verdadeira intenção daquele grupo de crianças.
— Cala a boca, garoto! — tomava frente o mesmo garoto ruivo que com toda força que tinha, empurrava Mitchell que caia no chão perplexo com a reação agressiva e ignorante. Com a queda, seu chapéu acabava por sair de sua cabeça e, sem entender nada, Weedle era quase obrigado a sair de dentro dele... — Olha que estamos fazendo, estamos destruindo o trabalho delas. — voltou a falar Mitchell, tentando mudar a opinião do outro garoto.
— São graças a elas que essa cidade ainda está de pé- — caia no choro ao ver que estava sendo ignorado pelas demais crianças, que não paravam de atirar pedras, mas não estava adiantando...
— Quero ver essas abelhinhas não saírem do nosso caminho agora... — com um sorriso maléfico o menino pegou do seu bolso uma Pokébola que continha um Pokémon, sabia que era proibido crianças menores de quinze anos terem Pokémon para treinar ou usa-los para seus fins, a Pokébola se abriu se mostrando um Charmander aparentemente forte. — Esse Charmander é do meu pai, rsrs. Mate elas com Flamethower! — sem pensar nas consequências ordenou a criatura de fogo, que respondeu seu comando liberando uma rajada de fogo poderosa pra cima do paredão de Combees que era facilmente desfeita devido a proporção do golpe, umas caiam inconscientes e outras queimadas. — Agora outro Flamethrower pra acabar de vez com essa colmeia gigante!
Charmander encheu o peito de ar e novamente atiçava uma rajada poderosa de fogo que atingia a colmeia mais grande do lugar, algumas Combees se colocavam no caminho mas era tudo em vão, acabavam sendo dizimadas pelo golpe de Charmander... — PAREM!!! — gritou desesperadamente o garoto...
A colmeia se desprendia da árvore e se esparramava pelo chão, desperdiçando uma quantidade absurda de mel e principalmente o trabalho duro das Combees, era imperdoável. Consumida por fogo, era o fim daquela colmeia, todo trabalho jogado fora, as chamas se alastraram entrando em contato com a vegetação seca do lugar e com o vento não demorou muito para se espalhar e, incendiar o lugar, primeiramente subia uma fumaça escura...
De dentro do festival de mel, os pais de Mitchell notaram a pequena fumaça escura ganhando proporção e quando se deram conta, seu filho já não estava mais lá. — Mitchell? MITCHELL!!!!!! — berrou sua mãe completamente afobada, desestruturou-se, caindo de joelhos no chão, sentia um grande aberto no coração e, coração de mãe por incrível que pareça, são intuitivos, pressentimentos ruins rondava a cabeça da mulher, ela era ajudada pelo marido que tentava a acalmar, a mãe de Mitchell não podia passar por fortes emoções.
*BOOOOOOOOM!!!
O barulho de uma explosão assustou todos que estavam no festival, compulsoriamente, entraram em pânico/gritaria no mesmo instante, onde correram apressadamente para a direção contrária, só queriam sair sã a salvos de lá, deixando aquelas para trás, e a mãe de Mitchell era uma delas, não se moveu desde que viu a fumaça preta saindo da mata fechada, o barulho da explosão foi outro gatilho que despertou uma taquicardia severa, suas mãos tremiam mais que tudo. — Calma, amor... Nosso filho está bem... Não aconteceu nada com ele. — dizia seu marido pegando em sua mão. — Não... Eu sinto que ele está lá, em perigo precisando da minha ajuda. — respondeu ficando ainda mais nervosa.
Era muito difícil saber o motivo real da explosão, os corpos das crianças haviam sido atirados metros para trás, podiam estar todas mortas, inclusive Mitchell, sua inocência pode ter custado a sua vida... A mesma Combee de antes, do início da história tinha um espirito de liderança incrível, conseguia mandar sinais para outros insetos ao redor e com uma estratégia traçada era papel deles protegerem seu habitat e preserva-lo custe o que custar.
Aquilo saiu do controle ao extremo, as chamas se espalhavam rapidamente, era uma estação altamente seca, pelo visto, não contaram com esse fator.
Combee dava seu máximo, ao menos conseguia retardar um pouco o avanço das chamas, mas já tinha alcançado uma grande área, a fumaça estava altamente toxica e, podiam terminar de matar as crianças, era muitas coisas para atentar-se, infelizmente levava tempo para que os guardas do festival entrasse na mata pois tinham que avaliar a segurança do local antes de atuar, para que fosse remediado um agravo ainda maior.
Muitas Combees iam de um lugar ao outro, faziam paredões ainda maiores para impedir o avanço das chamas de ambos os lados da mata, era difícil controlar, precisavam de ajuda antes que fosse tarde demais, o cenário um tanto dramático onde era possível fracassar em todos os aspectos, sem uma Rainha, tudo ficava mais complicado.
— Ai... Que dor... — despertado pela dor, Mitchell dava os primeiros sinais de vida, caído perto de um foco de chamas o menino estava coberto de terra e escoriações pelo rosto, ao tentar se levantar flexionou seus braços e nesse momento a dor exacerbou - tinha algo errado - além de sentir algo estranho grudado no seu braço esquerdo, quando olhou para ele, havia um galho de árvore que atravessava-o fora a fora. — Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! — o garoto abriu o berreiro...
O grito de Mitchell servia para outras crianças acordarem, retomando suas consciências, infelizmente nem todas despertaram, as que acordaram tossiam excessivamente graças a fumaça que era nociva a saúde. A consciência de Mitchell voltava aos poucos e depois de gritar, olhou para o fogo a sua frente e viu as chamas se moldarem, se transformavam em silhuetas de criaturas desconhecidas por ele, as criaturas marchavam como uma tropa de soldados e do outro lado, seus inimigos, os humanos propriamente, não aqueles bons que cuidavam dos Pokémon, e sim dos malfeitores, gente que não se importava com o bem estar de absolutamente nada, de nenhum tipo de vida, eles de qualquer forma queriam ferir as criaturas que em conjunto tinham uma força inigualável, eram os mesmos tipos de humanos que causaram a morte de Vespiqueen, Mitchell olhou para as silhuetas mais atentamente e descobriu que uma delas haviam ferrões.
O fogo mostrou ao garoto uma história ocultada por muitos e, com certeza seria inesquecível essa memória, tentava desvendar algo a mais porém o fogo se alterou quando uma gota de água caiu sobre ele, desfazendo por completo a encenação, o menino sentiu por fim gotas de chuva que aos poucos ganhou intensidade. Com a presença da chuva, a fumaça que até então se dissipava gradualmente, contudo, as chamas ainda permaneciam queimando a vegetação seca...
— ... Slow... Poke... — era possível ouvir os sons dos Pokémon chegando lentamente para ajudar a combater o fogo.
Slowpokes apareciam por toda parte, foram os responsáveis por invocar a chuva para que a fumaça diminuísse, a Combee havia os chamado para ajudar a reduzir os danos ambientais, eles usavam o Water Gun em conjunto para apagar os focos de chamas que estavam distantes... Os guardas adentravam ao lugar com equipamentos de seguranças e com kits de primeiros socorros, não demorou tanto para que um dos homens encontrasse o corpo do garoto e notasse seus ferimentos, Mitchell perdeu uma quantidade de sangue não tão significante assim, porém sua pele estava pálida, era sério. — Ei garoto... Ei, não feche os olhos, qual é seu nome? — perguntou o homem avaliando suas pupilas com uma lanterna. — Mitchell... — disse com certa dificuldade...
O homem tentava de várias maneiras mover Mitchell mas o garoto voltava a berrar de dor, e ao mesmo tempo, não era recomendado tirar o galho da árvore do seu braço pois o garoto podia perder muito sangue ou inutilizar o membro, dependeria do tempo que levasse até o hospital mais próximo, por ser uma criança o homem chamava reforços, não queria nem pensar nessas opções, o socorrista então colocou o colar cervical no garoto no intuito de evitar lesão em sua coluna vertebral. — Vou fazer um torniquete para que não haja sangramento futuramente, tudo bem? — o homem pegava um pano resistente e colocava acima do ferimento e o enfaixava para diminuir o fluxo sanguíneo do braço de Mitchell para que o sangramento visivelmente diminuísse através do torniquete...
— Os outros estão por ali! — bradou o homem para os outros guardas, apontando para a direção onde estavam as outras crianças, voltando sua atenção exclusivamente ao garoto. — A ajuda já está a caminho, aguente firme...
O quadro de Mitchell piorava a cada minuto que se passava, enquanto o cenário a sua volta melhorava graças a união de ambas espécies de Pokémon que conseguiam apagar o fogo próximo das crianças, mesmo assim, ainda tinha partes a serem apagadas, era um trabalho que consistia em perseverança, brasas mal apagadas eram um perigo.
Uma equipe médica especializada em trauma chegava no lugar, com cuidado colocavam Mitchell numa maca delicadamente, ele parecia estar perdendo a consciência... — Weedy, Weedy... — sussurrou ao ponto de ninguém da equipe ter o escutado.
Mitchell não via seu Pokémon desde que foi empurrado e como seu chapéu caiu no chão, Weedle podia estar em qualquer lugar com medo ou assustado, a maior preocupação do garoto era com o bem estar do inseto, temia que estivesse bem ferido ou pior, morto, depois disso o garoto apagou. Cientificamente falando, quando uma pessoa entra para uma cirurgia com preocupado e ansioso, tem uma chance dos casos clínicos piorarem até porque expõe o individuo ao estresse não só físico como emocional na mesa de cirurgia, os riscos de infecções aumentam e a probabilidade da morte também.
Enquanto Slowpokes e Combees controlavam as chamas, as equipes se concentravam em cuidar das crianças feridas, o garoto ruivo na qual tinha provocado o incêndio estava bem, com leves escoriações mas bem, quem estava a beira da morte era Charmander que foi quem absorveu todo o impacto da explosão pois estava a frente do menino, ele chorava ao lado do Pokémon que posteriormente era levado para o hospital as pressas...
Era traumas, queimaduras, ferimentos superficiais, nada mais.
[...]
Os pais de Mitchell esperavam receosos pelo término da cirurgia, aguardam juntamente de outras famílias na sala de espera, quem estava mais nervoso sem necessidade nenhuma era o pai do garoto ruivo - Akkuda Tonedo -, seu filho passava por uma cirurgia simples com riscos menores. — Não vem ninguém para nos dar noticiais, não é possível... — andava de um lado para o outro até que perdeu a paciência e deu um soco na parede, deixando os outros familiares ainda mais assustados.
Passou-se umas duas horas até que os médicos do pronto socorro chegaram com as boas noticiais, nenhuma das crianças com ferimentos superficiais corriam perigo de vida, seus responsáveis já tinham a permissão para vê-las e leva-las para casa em seguida, enquanto os outros permaneciam na esperança...
Mirgan conversava com a mãe de uma garota que também estava em cirurgia... — De acordo com os guardas e policiais, o fogo veio através de um golpe usado pelo Charmander do garoto ruivo. — comentou ele, espalhando a notícia do responsável por isso.
— Meu filho fez isso? — desacreditado perguntou Akkuda ao ouvir a conversa.
— Ele é seu filho? e como ele tem um Charmander? — trazendo duas perguntas ao rapaz, o pai de Mitchell tentava saber mais sobre o caso. — Sim ele é meu filho. E, não é dele, o Charmander é meu, ele deve ter encontrado a Pokébola em algum lugar do armário. — respondeu o homem perplexo pelo descuido que teve...
— Então você é o verdadeiro culpado disso tudo? a minha filha está na cirurgia e ela pode nunca mais andar graças a você... — se levantou do banco um homem negro e alto - Tippson - e se aproximou de Akkuda... — Seu desgraçado! Você vai pagar! — pegando nas dobras de sua camiseta ele agarrou com todas as forças e arrastou o homem para o canto, jogava-o contra a parede...
— Quer brigar, valentão? — dizia Akkuda fechando os punhos se preparava para o pior...
Os cabelos vermelhos de Akkuda eram como do filho, tirando as entradas - normal pela idade -, era baixo comparado ao outro homem além de estar acima do peso, sua barriga era abundantemente grande assim como seus braços, nunca seguiu dietas, e exercícios físicos eram praticados raramente...
— Cai pra cima, carvão!
O homem não caiu em sua provocação racista e concentrou-se em acabar com ele, desferiu o primeiro soco no nariz do homem ruivo que ignorou completamente a dor e respondeu com outro soco no rosto do cara, deixando as coisas quites.
— Olha que vocês estão fazendo num hospital! — gritou uma das esposas agonizada com o momento estressante.
Tippson segurou no pescoço de Akkuda com toda força que tinha e o apertou, impedindo-o de respirar, o ruivo estava sendo asfixiado aos poucos... — Racistinha de merda... — sussurrou Tippson encarando seus olhos...
— Ei! Ei! Parem com issso! — surgia os guardas do hospital para separar a briga, para a sorte de Akkuda que seria morto se dependesse do homem.
Tippson cuspiu na cara nojenta do homem ruivo com o maior desprezo.
— Venha querida, vamos esperar em outro lugar... Antes que eu acabe com esse babaca. — acompanhado de sua esposa saíram da sala sem delongas...
Os pais de Mitchell se encaravam com os olhos arregalados, um decifrava o olhar do outro, era tantos anos casados. O silêncio ficou pairando pelos corredores por horas depois disso...
< Na sala de cirurgia 04 - Mitchell Hayes. >
— Como estão os sinais vitais?
— Por enquanto estão estáveis, doutor.
— Coloquem mais duas bolsas de sangue -O, ele perdeu muito sangue, vamos!
Por perder sangue no decorrer das horas o menino necessitava de mais durante a cirurgia, porém o médico não percebeu que Mitchell havia outro ferimento grave, a equipe informou danos somente no braço esquerdo, ao tentar reparar os nervos do braço do garoto os monitores apitavam mostrando que o menino necessitava ainda mais de sangue, estava tendo uma hemorragia que os médicos estranhavam, não saia sangue nenhum do corpo da criança...
— Descubram o abdômen do garoto.
Em sua barriga, havia um hematoma gigante, a hemorragia estava acontecendo internamente, grave demais para os médicos tratarem, os sinais vitais do garoto começavam a dar alterações e os batimentos estavam a cair drasticamente, Mitchell lutava pela vida enquanto os médicos faziam de tudo, agiam com destreza e agilidade, seria uma lástima perde-lo para um erro não visto... — Vamos garoto...
*______ Piiiiii*
— Ele entrou em parada, doutor.
— Administre uma ampola de adrenalina.
Eram realizados as compressões torácicas, manualmente que ia irrigando o corpo do garoto com o sangue oxigenado. A equipe aproximava o carrinho de parada cardiorrespiratória, onde o médico era responsável por chocar Mitchell, todos se afastavam da mesa ao pedido e o choque era aplicado.
— Ele não voltou, doutor.
— Injete outra ampola de adrenalina!
— Carregue em 200!
— Se afastem...
Uma correria tremenda embora estivessem fazendo o protocolo perfeitamente bem.
Escuro, frio, arrepios... Todos os funcionários daquela sala pareciam ter sumido inexplicavelmente dando a vinda de um bater de asas divinamente suaves, o menino ouviu-as, infelizmente não conseguiu se mover da mesa cirúrgica mas conseguia sentir a presença da rainha, ela se movia com elegância e contudo, soberana. — Vespiqueen... É você? — sonolento Mitchell coçava os olhos com os dedos, chamando a Pokémon acreditando que a veria pela primeira vez...
— Olá, Mitchell... Hoje cedo, quando enfrentou aquelas crianças você foi corajoso, tenho que reconhecer. — pausadamente a abelha rainha circulava o corpo do garoto, não queria o assusta-lo então evitava um olhar direto. — Esse não foi o legado que deixei quando parti, espero que possa lembrar daqui por diante a verdadeira razão pela qual lutei minha vida toda... Antes de partir, acabei deixando um ovo escondido atrás da casa dos seus pais, a última Combee da linhagem real. Quero que saiba que não precisa ter medo, as coisas acontecem quando tem que acontecer, saiba que sua família te ama, nunca deixaram de estar do seu lado, levantar e seguir em frente é um ato de nobreza, é necessário reconhecer o erro para que o erro do amanhã seja evitado hoje e, que esse foi o seu primeiro desafio de muitos que estão por vir, quero que fique forte, por você, por sua família, pelos Pokémon e pelas pessoas que ama, a vida é vivida somente uma vez e gostaria que honrasse meu legado. Confio plenamente em você... — finalizou o discurso sumindo na escuridão fria.
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" Talvez a única dor que dói mais que dizer adeus é a de não ter tido a oportunidade de me despedir de você. "
Última edição por China em Qui Set 16, 2021 8:05 pm, editado 6 vez(es) (Motivo da edição : .)
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Esse conto se passará no Reino Subaquático, um lugar peculiar, criaturas aquáticas e humanos dividiam o mesmo lar, ou ambos, digo, havia seres metade peixe e metade humano, eram chamados de Aquallines, mas isso não importa por agora, não era sobre o reino que esse conto se tratava, embora tivesse ligado inteiramente a ele, pois seria nele que a história começaria...
< Palácio 'Winter'. >
— Quem é você mesmo?
— Sou a futura herdeira e rainha da tribo da água! E espero que não precise repetir. — dizia a moça sensivelmente irritada por ter sigo ignorada anteriormente.
A moça tinha uma postura pomposa, de vestes deslumbrantes com um tecido rico em detalhes e obviamente suas costuras haviam sido bordadas a mão, não era para qualquer uma, era aspectos que a Majestade infelizmente notava, queria perder esse hábito de analisar as pessoas dos pés à cabeça, distraído nem se importou com as falas da moça, novamente para variar.
— E o que você quer exatamente? — gesticulou o homem cruzando suas pernas.
Cibell não escondia seu nervosismo, rapidamente seu rosto ruborizou por ter uma pele demasiadamente pálida, ela olhou para o chão antes de tomar coragem para finalmente encarar os olhos alaranjados do Rei, um tanto insegura se mostrou esforçada e corajosa, nem todos tinham essa valentia. — Preciso de sua ajuda... Nã-... Da sua ajuda não... Da sua influência, dig-. — um pouco atrapalhada acabava por embaraçar objetivo com sua opinião pessoal, ela não era iniciante, talvez tivesse feito de propósito para chamar a atenção do homem.
— Os Pyros e Geas uniram-se através de um tratado de lealdade, pensam em tornar-se um só povo, se isso acontecer... — pensativa mordeu o lábio inferior sem querer.
— E os Aeros? Nenhum sinal? — revirou os olhos apoiando seu braço na lateral do trono.
Muitas vezes não se sabia o que passava na região que residiam os Elementaristas Aeros, era um fato curioso não quererem se envolver em um assunto tão urgente assim, todas as facções estavam em perigo com a aliança de Pyro-Gea, eles não só tinham Pokémons fortes como equipamentos/itens nunca vistos antes e, juntos, seus golpes eram altamente poderosos e destrutivos.
A conversa continuava, não era o momento para dar o desfecho das decisões de ambas as partes.
O Reino tinha uma clara intimidade com a Tribo da Água, principalmente depois que a realeza se apossou daquela terra, e afastou os plebeus dos caminhos do palácio, uma família rica e influente fazia da Tribo o que bem entendesse, era um jogo de interesses e muitos deles políticos.
Pelo lado de fora do palácio, um reino composto de criaturas de características estranhas e distintas mas para quem morava lá já era acostumado com as devidas aparências desde cedo, quem gostava de atrapalhar o fluxo dos trabalhadores era Yatta - Oshawott, um tanto briguento fazia dele um Pokémon que estava constantemente retido de conviver com os demais seres, não tinha família ou nem treinador, ninguém o queria por perto pois sabia da confusão que iria gerar, era desprezado pela maioria dos cidadãos, um ou outro comerciante caia em suas graças, mas logo depois se arrependia amargamente.
— Osha-? — o Pokémon aparentava introvertido e manhoso, era uma farsa que servia para se isentar dos problemas futuros.
Para alguém que nunca foi treinado por nenhum humano, Oshawott utilizava de suas artimanhas para causar conflitos entre criaturas e humanos, já chegou a destruir a entrada do reino trazendo um Wailord selvagem do mar pelo acesso central, não foi culpado, até porque não tinha provas que comprovassem do contrário.
A criaturinha de água não gostava de ver sua evolução final esculpida ou trazida átona, Samurotts eram endeusados pelo reino, suas pré-evoluções? eram rapidamente esquecidas e desdenhadas pela população, não era comum Oshawotts pela região, a maioria deles eram criados para serem de estimação, não lutavam, eram somente domesticados.
Podia-se dizer que, Oshawott era um ser onipresente, qualquer ação suspeita estava averiguando independente onde seja, estava por perto, sem ao menos ser notado. Digamos que o Pokémon de água optava por jogar dos dois lados, o lado que o favorecia ele permanecia, interesseiro? provavelmente... Queria ficar forte a qualquer custo, dispensava métodos tradicionais de treinamentos por acharem inúteis, não era desses que treinavam todos os dias disciplinarmente, não era tão habilidoso com seus movimentos porem dava seu jeito...
A sua frente, dois rapazes conversaram com entusiasmo, não era comum ver esse sentimento em diálogos tão cotidianos, Oshawott os seguia cautelosamente enquanto ouvia o restante da conversa...
— Cara, lá fora é tão legal... O ar é diferente, foi uma experiência maluca que tive. — dizia um dos caras com uma expressão eufórica além de um brilho contagiante em seus olhos explicava a sensação do mundo exterior.
Não se passava pela cabeça da criatura como era viver fora do Reino, ouvia determinadas histórias terríveis com finais ainda piores, tremia só de pensar ou imaginar estar fora de lá, embora fosse desprezado naquele lugar nunca aconteceu esses tipos de coisas ou de presenciar cenas sanguinárias ou similares, as regras eram respeitadas e cumpridas pelos moradores.
Oshawott contemplava a paisagem que tinha do outro lado, será que esses contos sobre existir um mundo fora daquela bolha era real? além de ser briguento a criatura não costumava confiar nos humanos, principalmente quem fazia parte da realeza.
O Pokémon caminhou pela área comercial inteira, ficava de cara com o Palácio Winter, dele saia uma garota de cabelos loiros absolutamente zangada, não sabendo do que se tratar Oshawott não era notado pela garota que aparentemente estava cega de raiva. Sem entender, o azulado queria saber dos burburinhos que rolava de dentro do palácio, quando dava coragem o Pokémon adentrava ao lugar desapercebido, conhecia um dos guardas e isso facilitava sua entrada, e agora, seria esse seu momento de coragem.
[ ... ]
— Não me traga problemas hein, pequeno... Tome cuidado. — o guarda conhecido pela criatura olhava para certificar que não estava sendo observado por ninguém. Usando as portas do fundo nas quais não eram tão vigiadas, Oshawott entrava no palácio por elas, o Rei não admitia intrusos no palácio inclusive Pokémon selvagens.
Plenamente sozinho e por conta própria, o Pokémon aquático corria risco a qualquer momento, claro que o lugar não era movimentado a toda hora, Oshawott escolheu o horário que sabia que era tranquilo vagar pelo recinto, porém todo cuidado era pouco. Nos corredores havia um fluxo maior de pessoas, pensando nisso, o Pokémon evitava o máximo de passar por eles, embora precise deles para chegar na sala principal, por incrível que pareça, o lugar estava silencioso, era de se estranhar, o palácio funcionava as vinte quatro horas do dia.
Um silêncio assustador.
Oshawott precisava encarar alguns corredores para chegar no seu destino mesmo que estivesse com medo, estranhou ao olhar o primeiro corredor de canto de forma ligeira e rápida, esperava encontrar com seguranças, mas não foi isso que aconteceu. Prestes a tomar iniciativa de atravessar o corredor, seu corpo simplesmente não respondeu a seus comandos... — Rsrs... — uma risadinha bem próxima dele surgiu...
Oshawott não conseguia mover nenhuma parte do seu corpo ficando totalmente imobilizado, sentia uma tração forte vindo da criatura que o segurava, Oshawott não sabia o que estava enfrentando exatamente, uma criatura invisível? eram poderes psíquicos? não... Seu pescoço era envolvido por algo quente e pegajoso, a intenção era clara: depois de imobilizado seria apagado, antes que isso acontecesse Oshawott com toda força mordeu aquilo que envolveu seu pescoço e um grito de dor saiu, libertando o Pokémon.
A criatura aos poucos aparecia, seu corpo antes camuflado pela cor do corredor ganhava seu tom original, ao tudo que indica era um camaleão que estava irritado presumivelmente, sua língua sangrava devido a mordida dada pelo Oshawott, e logo, um combate seria iniciado ali mesmo, o Pokémon de água teria que derrotar Kecleon o quanto antes para que o mesmo não chamasse ajuda e eventualmente acabasse com seus planos.
Kecleon havia um golpe que usava sua língua de forma ofensiva e graças a isso, foi impossibilitado de usar, Oshawott sacava sua concha apontando para o Pokémon camaleão, era possível perceber uma leve agitação involuntária na pata que segurava o objeto causada pelo medo de voltar para o “buraco”. O camaleão retornou sua língua para dentro da boca e ficou novamente invisível, seria mais fácil para o aquático ter uma luta limpa, não foi este o caso, teria que batalhar às cegas – o que nunca aconteceu, bem nervoso o Pokémon mexia seus braços para todas as direções sem ao menos saber da posição da criatura adversária, seu objetivo era acertar Kecleon de qualquer maneira. Sua mente estando em alerta era sinal de concentração, ter controle absoluto sob seus movimentos eram primordiais numa luta corpo a corpo.
Oshawott olhava para todas as direções tentando traçar uma estratégia, não contava com o cenário que encontrava pelo motivo de não ter quase nada para ajuda-lo, era pego de surpresa pelo camaleão que conseguia uma brecha ao arranha-lo na lateral do seu braço marcando seu corpo com suas garras, o golpe não foi forte para feri-lo seriamente, ao menos, se continuar nesse ritmo, a perda seria inevitável.
O Pokémon azul fechou os olhos e concentrou-se, inspirou e expirou uma única vez, estava usando o Focus Energy, aumentava as chances dos seus movimentos serem críticos e consequentemente causar mais danos a Kecleon, seguindo sua intuição, o Pokémon segurou firmemente a concha movimentando seu braço rapidamente para a direita, infelizmente não chegava a acertar nada, porém, sua intuição não estava errada, se Kecleon não tivesse sido mais rápido em desviar seria pego pelo golpe de Oshawott. Por outro lado, o camaleão voltou a atacar com seu golpe de garras - Scratch - que garantiu novas marcas de arranhões pelo corpo de Oshawott que sentia ardência pelos danos causados. Cansado desse joguinho de esconde-esconde, o aquático reuniu todo dano recebido em forma de energia que saiu do seu corpo e expandiu para todas as direções (Revenge), era um ato inesperado vindo da criatura que conseguia atingir Kecleon jogando-o contra a parede e acabando com seu truque barato por míseros segundos, nas quais o Pokémon azul aproveitaria dele para finalizar a batalha. — YATTA! — bradou aproveitando o tempo que tinha para disparar-se numa corrida em direção ao camaleão enquanto sua concha era coberta por uma energia azulada potencializando sua propriedade como poder de corte - Razor Shell, o camaleão não teve nem tempo de reagir a sequência de movimentos do Pokémon que inevitavelmente era acertado pelo golpe trazendo um dano crítico ao camaleão que ficava caído no canto do corredor, era uma pedra a menos no caminho do Pokémon de água.
Oshawott olhava para o restante do corredor, e no final dele, havia inúmeros rapazes desmaiados, o que trouxe dúvidas ao Pokémon, havia sido Kecleon responsável por derrotar tantos capangas em tão pouco tempo? Ele não fazia parte da realeza? O aquático esboçou uma feição sem graça, perdidamente frustrado... Não foi Kecleon que estragou o plano de Oshawott e sim ele mesmo, o ladrão estava numa missão secreta, e como um bom colecionador, queria levar um tesouro do Rei consigo como recompensa.
Um aposento um tanto maquiavélico estava semiaberto, provavelmente Kecleon tinha o descoberto muito antes, e dele uma luz intensa saia invadindo parte do corredor, o Pokémon abriu a passagem e observou um globo azul no centro do lugar, com demarcações enigmáticas fazia dele um objeto encantador e misterioso, fazia os olhos de qualquer um brilhar, inclusive de Oshawott, encantado pelo objeto foi caminhando inocentemente em passos largos, até ficar cara a cara. Não fazia ideia do poder que continha naquela peça, e ao tirar o globo do suporte nada aconteceu por sua sorte... Quando a ficha caiu não sabia onde estava e nem como sair depois disso tudo, só seguiu a trilha deixada pelo camaleão...
Um plano falho não deixava de ser um plano, mas saber improvisar no meio do percurso mostrava que um plano podia ser traçado de outra forma e mudado conforme pedia a situação, mas Oshawott não tinha nenhum, não contava que entraria no palácio em meio a um furto perigoso.
Sem saber o plano do camaleão em como sair do palácio ileso, seria algo desafiador.
O Pokémon chacoalhou a cabeça visando tirar tais pensamentos pessimistas da cabeça, precisava olhar para o que importava de fato, sem que precisasse lembrar do passado. Passando entre os corpos caídos, um alarme se acionou imediatamente, o lugar inteiro saberia do acontecido em poucos minutos, a criatura tinha que ser rápida antes que se encrencasse, quando saiu da sala notou que o camaleão já não estava mais lá, talvez tivesse sido ele quem acionou o alarme, era justo, se ele não ficasse com o globo, ninguém mais ficaria.
O primeiro a se manifestar foi claro, a Majestade, que para piorar seu dia, estava diante de uma invasão na qual não sabia de sua proporção ou nem finalidade, sabia que haviam pessoas querendo saber se era verídico em relação as riquezas que o palácio escondia, mas conseguir passar pelas defesas era um ato de ganância.
- Se mexam ou perderão suas cabeças, prendam essa... Essa... Coisa insolente! — bradou nervoso o homem batendo seus punhos na braçadeira do trono, levantando-se.
Os guardas que estavam de prontidão tomavam ciência do que estava acontecendo no palácio e se espalhavam pelo lugar como suas vidas dependessem da captura imediata da criatura. Em tempos pra cá, o Reino sofreu um roubo abrupto, ninguém soube do responsável, não havia pistas, foi tudo executado perfeitamente bem.
— Isso não vai acontecer, não pela segunda vez... — o homem se dirigiu a uma sala menor e um tanto secreta onde pode pegar um item um tanto promissor, uma pedra redonda pequena, multicolor: vermelha, cinza e azul. A Mega Stone era guardava dentro de sua pulseira cheia de cristais.
Oshawott apertava os passos, seria impossível sair dali sem que realizasse um embate, mas a cada segundo que se passava o evitável seria inevitável, tinham muitos deles por toda parte, era de se esperar uma segurança de tão alto nível assim. Em fuga, a criatura utilizava do seu faro aguçado para contorcer e planejar rotas de fugas para que passasse pelas tropas de capangas sem ser percebido, porém seria impossível não chamar atenção devido a luz intensa que o objeto emitia, desesperadamente, Oshawott mexia nela cutucando-a e girando ela com certa dificuldade, nunca tinha visto uma coisa assim, mas de principio a luz havia sido dispersada por enquanto.
— Ele deve ter ido pra lá, vamos!! — dizia um dos guardas.
Um time equipados com armas passavam bem próximo de Oshawott, estranhamente os guardas do reino não usavam Pokémon como ferramentas de batalha, normas internas era o nome disto, por uma razão só a Majestade ou quem era da realeza podia, os guardas - plebeus da antigo tribo - não carregavam Pokémon consigo. A criatura aquática dava um jeito de driblar os homens, ser pequeno tinha suas vantagens, além de ter essa cor num cenário predominante azulado.
Se dirigindo a um cômodo escuro - ideal para permanecer escondido -, havia certos focos de luzes que saia de instalações das paredes, o bichano antes que pudesse encontrar um lugar adequado para permanecer até que a poeira baixasse, pedras azuladas cresciam do chão repentinamente em sua direção e se estendiam metros a cima, Oshawott saltou para o lado cambalhotando desajeitado...
— Um Oshawott? Sério? Não deve estar com a cabeça no lugar, olhe para sua volta... Não tem chances alguma de sair daqui. Confesso que fiquei desapontado com você, esperava coisa melhor... Enfim, terá o prazer de ser derrotado por mim, da realeza. — uma voz invadiu o lugar que trouxe a imagem de um homem alto com cabelos azuis bem longos, deixou claro seu ar de superioridade desmerecendo o esforço de Oshawott, que por sua vez reagia com uma encarada semicerrando os dentes.
Tais palavras ditas a Oshawott surtiam como combustível para que permanecesse em pé de peito erguido, não abaixaria a cabeça diante de alguém da realeza.
Seu rosto permanecia no escuro absoluto, mas sua silhueta era facilmente desvendada, a Majestade estava de frente para a criatura que tinha em mente em sair do palácio com o objeto... Logo seu Pokémon dava as caras, uma criatura que exalava imponência, seu olhar era fixo e impetuoso, uma aparição sublimemente bela. — Passe isso pra cá. — disse o homem com um sorriso de canto evidenciando a Mega Stone para Oshawott, mostrando a ele que não tinha chance alguma.
Oshawott se negou balançando a cabeça, o raciocínio dele era claro: não voltar pro buraco. — Se é assim que vai querer... Finalize-o com Stone Edge! — sem paciência ordenava a Majestade... O Pokémon metálico novamente evocou rochas que cresciam a partir do solo pra cima de Oshawott que respondia ao ataque com uma evasiva não tão efetiva assim, afinal já tinha passado por um combate anteriormente e seu corpo já estava cheio de arranhões, as pedras atingiam parte de sua pata traseira, prejudicando sua mobilidade.
— Já chega, olhe para você, não conseguirá sair do lugar. — declarava a Majestade, dando uma opção para a criatura desistir antes que fosse tarde demais.
Com uma das pernas estendida e com a outra de joelhos - a mesma que foi atingida pelas pedras, Oshawott resistia e voltava a negar a se entregar, com o dano levado, o aquático reuniu a energia em seu corpo e disparou a sua volta visando acertar o Pokémon azul e com chifres, mas infelizmente não era suficiente para atingir na posição que estava.
— Então... Já que é assim. SACRED SWORD! — exclamou o homem certo que com este comando seria suficiente para finalizar com aquele combate de uma vez por todas.
O chifre do Pokémon cresceu esporadicamente num tamanho violento na qual ganhava um brilho azul assim como seu corpo, aquele com certeza era seu golpe mais poderoso e, de um Pokémon conhecido mundialmente, fazia parte do trio espadas da justiça. Sem poder se esquivar por causa do estado da sua pata, o Pokémon agarrou o globo e soltou um grito libertador: YAAAAAAAAAAAATTAAAAAAAAAAAAAA!! De olhos fechados, segurou a concha com a sua pata dominante estendeu ela para cima bem no momento em que Cobalion se aproximou com o seu súbito golpe, um brilho nunca antes visto juntou-se do globo e da concha de Oshawott e se expandiu de uma forma completamente estranhada mas poderosa, uma massa compacta de força abundante fazendo com que os olhos da Majestade vibrassem de entusiasmo: "Sacred Sword?", e, logo em seguida uma onda de poeira se espalhou pelo local fortemente, a concha de Oshawott se tornava uma espada assim como de Cobalion mas a diferença era a força que cada umas delas exercia, o golpe do aquático retalhou do metálico que se estilhaçou como vidro, o poder de corte era tão discrepante que resultou num tremendo corte no teto do palácio...
Ainda boquiaberto, a Majestade ficou sem reação.
Oshawott abriu os olhos e não entendeu quase de nada, só iria aproveitar a brecha para escapar pela passagem feita pelo movimento de antes, rapidamente se envolveu numa corrente de água e se impulsionou pra cima como um míssil repleto dessa mesma substância deixando os rastros pra trás, enquanto deixava o lugar passava pela sua cabeça uma cena breve dos dois garotos conversando sobre como era o mundo fora do Reino Subaquático...
Seu golpe foi suficiente para deixar o palácio instantaneamente percorrendo quilômetros de distância numa velocidade incrível, aterrissava no Leste do Reino, os guardas saiam do lugar e alertavam para os demais seguranças, havia o líder dos guardas da segurança do Reino e ele não era de desistir, era persistente até conseguir alcançar seu objetivo. Oshawott mal se movia, em pequenos embalos sob jatos de água ia aos poucos, estava ferido e já sem forças para seguir, quando um grupo de guardas do Leste o alcançaram, circularam a criatura de água e apontaram suas calibrosas armas em sua direção, não tinha pra onde correr, estava cercado...
Prestes a se entregar, uma melodia doce e suave invadiu o ambiente sutilmente, num controle vocal enfeitiçante acabava por chamar a atenção dos guardas que procuravam a dona dessa voz, os guardas em instantes começavam a sentir o efeito do movimento, ficavam sonolentos até caírem um por um, desabavam no chão, atrás deles saia a Pokémon da voz melódica, uma foca azul e um focinho rosado, seus olhos brilhavam ao irem de encontro com o outro Pokémon, Oshawott a conhecia muito bem, a Popplio se aproximou do Pokémon mostrando-se preocupada e não pensou duas vezes em usar o Life Drew para recuperar parte dos danos.
— ELE ESTÁ AQUI!! — gritou um morador daquele lado do Reino, denunciando sua posição...
Não demorou para que um grupo de capangas chegasse, Oshawott tinha tampouco tempo para decidir para onde iria, a relação que tinha com Popplio era linda e pura, ela sempre estava por perto dele o protegendo de suas encrencas, livrando-se do pior. Oshawott olhou dentro dos olhos da Pokémon e balançou a cabeça firmando sua decisão, os olhos da Pokémon se encheram de lágrimas, estando melhor, Oshawott usava a sua ultima energia para se atirar como um jato para fora daquele cenário de confrontos e um tanto embaraçoso deixando a amada criatura para trás, ela não deixava de acompanhar o movimento de Oshawott para ver se conseguiria de fato sair de lá sã a salvo, seus olhares se cruzariam pela ultima vez em meio a tantas coisas que aconteciam simultaneamente, uma despedida corriqueira, sem atos carinhosos, sem abraços, sem beijos... Era um acaso inesperável e imprevisível, lágrimas tristes que caiam sem ao menos dar uma trégua com um sentido de fim, diante de um futuro incerto e cheio de instabilidades.
Popplio mesmo em cacos por dentro nunca escondeu seus mais sinceros sentimentos, seu coração estava em sereno conforto, ajuda-lo sempre foi um prazer. A foca não parou de atirar bolhas compactas entretanto fortes nos homens que a circundava, era presenteada com diversas memórias felizes ao lado de Oshawott, ela sabia que estava dando seu melhor impedindo que os capangas atacassem o Pokémon da concha enquanto estivesse fugindo.
Quando chegou a uma altura razoavelmente distante da mira dos homens, Oshawott olhou para para trás se deparando com Popplio completamente imobilizada prestes a ir para a prisão ou pior, a força do seu golpe se instabilizou nesse instante, precisou de concentração e força, mas muita força para voltar ao eixo e sair de uma vez por todas pela entrada que ainda estava em reforma pelo acontecido de antes, precisaria agora enfrentar a pressão subaquática, não seria nada fácil...
A Majestade que se encontrava em sua sala incrédulo e desconformado, e, ao saber da saída bem sucedida de Oshawott pelo líder dos guardas, derrubou um emaranhado de objetos que estava a cima de sua mesa numa braçada só, tudo caia e se quebrava no chão até mesmo seu quadro favorito com seu irmão mais novo no fruto da infância.
Não se sabia se o pequeno Oshawott voltaria para salvar Popplio mais tarde ou impedir que fosse uma prisioneira, o Pokémon de água tinha um grande objeto milenar consigo que não poderia cair em qualquer mão e caso caísse na errada...
O Pokémon já chegava na pressão subaquática já sem forças, era uma fenda que continha uma pressão absurdamente forte, capaz de fazer qualquer criatura ser direcionado para algum lugar do continente de Pokegea, flashs escuros começavam a ficar mais pertinentes, até tudo se apagar inundando numa imensa escuridão.
< Palácio 'Winter'. >
— Quem é você mesmo?
— Sou a futura herdeira e rainha da tribo da água! E espero que não precise repetir. — dizia a moça sensivelmente irritada por ter sigo ignorada anteriormente.
A moça tinha uma postura pomposa, de vestes deslumbrantes com um tecido rico em detalhes e obviamente suas costuras haviam sido bordadas a mão, não era para qualquer uma, era aspectos que a Majestade infelizmente notava, queria perder esse hábito de analisar as pessoas dos pés à cabeça, distraído nem se importou com as falas da moça, novamente para variar.
— E o que você quer exatamente? — gesticulou o homem cruzando suas pernas.
Cibell não escondia seu nervosismo, rapidamente seu rosto ruborizou por ter uma pele demasiadamente pálida, ela olhou para o chão antes de tomar coragem para finalmente encarar os olhos alaranjados do Rei, um tanto insegura se mostrou esforçada e corajosa, nem todos tinham essa valentia. — Preciso de sua ajuda... Nã-... Da sua ajuda não... Da sua influência, dig-. — um pouco atrapalhada acabava por embaraçar objetivo com sua opinião pessoal, ela não era iniciante, talvez tivesse feito de propósito para chamar a atenção do homem.
— Os Pyros e Geas uniram-se através de um tratado de lealdade, pensam em tornar-se um só povo, se isso acontecer... — pensativa mordeu o lábio inferior sem querer.
— E os Aeros? Nenhum sinal? — revirou os olhos apoiando seu braço na lateral do trono.
Muitas vezes não se sabia o que passava na região que residiam os Elementaristas Aeros, era um fato curioso não quererem se envolver em um assunto tão urgente assim, todas as facções estavam em perigo com a aliança de Pyro-Gea, eles não só tinham Pokémons fortes como equipamentos/itens nunca vistos antes e, juntos, seus golpes eram altamente poderosos e destrutivos.
A conversa continuava, não era o momento para dar o desfecho das decisões de ambas as partes.
O Reino tinha uma clara intimidade com a Tribo da Água, principalmente depois que a realeza se apossou daquela terra, e afastou os plebeus dos caminhos do palácio, uma família rica e influente fazia da Tribo o que bem entendesse, era um jogo de interesses e muitos deles políticos.
Pelo lado de fora do palácio, um reino composto de criaturas de características estranhas e distintas mas para quem morava lá já era acostumado com as devidas aparências desde cedo, quem gostava de atrapalhar o fluxo dos trabalhadores era Yatta - Oshawott, um tanto briguento fazia dele um Pokémon que estava constantemente retido de conviver com os demais seres, não tinha família ou nem treinador, ninguém o queria por perto pois sabia da confusão que iria gerar, era desprezado pela maioria dos cidadãos, um ou outro comerciante caia em suas graças, mas logo depois se arrependia amargamente.
— Osha-? — o Pokémon aparentava introvertido e manhoso, era uma farsa que servia para se isentar dos problemas futuros.
Para alguém que nunca foi treinado por nenhum humano, Oshawott utilizava de suas artimanhas para causar conflitos entre criaturas e humanos, já chegou a destruir a entrada do reino trazendo um Wailord selvagem do mar pelo acesso central, não foi culpado, até porque não tinha provas que comprovassem do contrário.
A criaturinha de água não gostava de ver sua evolução final esculpida ou trazida átona, Samurotts eram endeusados pelo reino, suas pré-evoluções? eram rapidamente esquecidas e desdenhadas pela população, não era comum Oshawotts pela região, a maioria deles eram criados para serem de estimação, não lutavam, eram somente domesticados.
Podia-se dizer que, Oshawott era um ser onipresente, qualquer ação suspeita estava averiguando independente onde seja, estava por perto, sem ao menos ser notado. Digamos que o Pokémon de água optava por jogar dos dois lados, o lado que o favorecia ele permanecia, interesseiro? provavelmente... Queria ficar forte a qualquer custo, dispensava métodos tradicionais de treinamentos por acharem inúteis, não era desses que treinavam todos os dias disciplinarmente, não era tão habilidoso com seus movimentos porem dava seu jeito...
A sua frente, dois rapazes conversaram com entusiasmo, não era comum ver esse sentimento em diálogos tão cotidianos, Oshawott os seguia cautelosamente enquanto ouvia o restante da conversa...
— Cara, lá fora é tão legal... O ar é diferente, foi uma experiência maluca que tive. — dizia um dos caras com uma expressão eufórica além de um brilho contagiante em seus olhos explicava a sensação do mundo exterior.
Não se passava pela cabeça da criatura como era viver fora do Reino, ouvia determinadas histórias terríveis com finais ainda piores, tremia só de pensar ou imaginar estar fora de lá, embora fosse desprezado naquele lugar nunca aconteceu esses tipos de coisas ou de presenciar cenas sanguinárias ou similares, as regras eram respeitadas e cumpridas pelos moradores.
Oshawott contemplava a paisagem que tinha do outro lado, será que esses contos sobre existir um mundo fora daquela bolha era real? além de ser briguento a criatura não costumava confiar nos humanos, principalmente quem fazia parte da realeza.
O Pokémon caminhou pela área comercial inteira, ficava de cara com o Palácio Winter, dele saia uma garota de cabelos loiros absolutamente zangada, não sabendo do que se tratar Oshawott não era notado pela garota que aparentemente estava cega de raiva. Sem entender, o azulado queria saber dos burburinhos que rolava de dentro do palácio, quando dava coragem o Pokémon adentrava ao lugar desapercebido, conhecia um dos guardas e isso facilitava sua entrada, e agora, seria esse seu momento de coragem.
[ ... ]
— Não me traga problemas hein, pequeno... Tome cuidado. — o guarda conhecido pela criatura olhava para certificar que não estava sendo observado por ninguém. Usando as portas do fundo nas quais não eram tão vigiadas, Oshawott entrava no palácio por elas, o Rei não admitia intrusos no palácio inclusive Pokémon selvagens.
Plenamente sozinho e por conta própria, o Pokémon aquático corria risco a qualquer momento, claro que o lugar não era movimentado a toda hora, Oshawott escolheu o horário que sabia que era tranquilo vagar pelo recinto, porém todo cuidado era pouco. Nos corredores havia um fluxo maior de pessoas, pensando nisso, o Pokémon evitava o máximo de passar por eles, embora precise deles para chegar na sala principal, por incrível que pareça, o lugar estava silencioso, era de se estranhar, o palácio funcionava as vinte quatro horas do dia.
Um silêncio assustador.
Oshawott precisava encarar alguns corredores para chegar no seu destino mesmo que estivesse com medo, estranhou ao olhar o primeiro corredor de canto de forma ligeira e rápida, esperava encontrar com seguranças, mas não foi isso que aconteceu. Prestes a tomar iniciativa de atravessar o corredor, seu corpo simplesmente não respondeu a seus comandos... — Rsrs... — uma risadinha bem próxima dele surgiu...
Oshawott não conseguia mover nenhuma parte do seu corpo ficando totalmente imobilizado, sentia uma tração forte vindo da criatura que o segurava, Oshawott não sabia o que estava enfrentando exatamente, uma criatura invisível? eram poderes psíquicos? não... Seu pescoço era envolvido por algo quente e pegajoso, a intenção era clara: depois de imobilizado seria apagado, antes que isso acontecesse Oshawott com toda força mordeu aquilo que envolveu seu pescoço e um grito de dor saiu, libertando o Pokémon.
A criatura aos poucos aparecia, seu corpo antes camuflado pela cor do corredor ganhava seu tom original, ao tudo que indica era um camaleão que estava irritado presumivelmente, sua língua sangrava devido a mordida dada pelo Oshawott, e logo, um combate seria iniciado ali mesmo, o Pokémon de água teria que derrotar Kecleon o quanto antes para que o mesmo não chamasse ajuda e eventualmente acabasse com seus planos.
Kecleon havia um golpe que usava sua língua de forma ofensiva e graças a isso, foi impossibilitado de usar, Oshawott sacava sua concha apontando para o Pokémon camaleão, era possível perceber uma leve agitação involuntária na pata que segurava o objeto causada pelo medo de voltar para o “buraco”. O camaleão retornou sua língua para dentro da boca e ficou novamente invisível, seria mais fácil para o aquático ter uma luta limpa, não foi este o caso, teria que batalhar às cegas – o que nunca aconteceu, bem nervoso o Pokémon mexia seus braços para todas as direções sem ao menos saber da posição da criatura adversária, seu objetivo era acertar Kecleon de qualquer maneira. Sua mente estando em alerta era sinal de concentração, ter controle absoluto sob seus movimentos eram primordiais numa luta corpo a corpo.
Oshawott olhava para todas as direções tentando traçar uma estratégia, não contava com o cenário que encontrava pelo motivo de não ter quase nada para ajuda-lo, era pego de surpresa pelo camaleão que conseguia uma brecha ao arranha-lo na lateral do seu braço marcando seu corpo com suas garras, o golpe não foi forte para feri-lo seriamente, ao menos, se continuar nesse ritmo, a perda seria inevitável.
O Pokémon azul fechou os olhos e concentrou-se, inspirou e expirou uma única vez, estava usando o Focus Energy, aumentava as chances dos seus movimentos serem críticos e consequentemente causar mais danos a Kecleon, seguindo sua intuição, o Pokémon segurou firmemente a concha movimentando seu braço rapidamente para a direita, infelizmente não chegava a acertar nada, porém, sua intuição não estava errada, se Kecleon não tivesse sido mais rápido em desviar seria pego pelo golpe de Oshawott. Por outro lado, o camaleão voltou a atacar com seu golpe de garras - Scratch - que garantiu novas marcas de arranhões pelo corpo de Oshawott que sentia ardência pelos danos causados. Cansado desse joguinho de esconde-esconde, o aquático reuniu todo dano recebido em forma de energia que saiu do seu corpo e expandiu para todas as direções (Revenge), era um ato inesperado vindo da criatura que conseguia atingir Kecleon jogando-o contra a parede e acabando com seu truque barato por míseros segundos, nas quais o Pokémon azul aproveitaria dele para finalizar a batalha. — YATTA! — bradou aproveitando o tempo que tinha para disparar-se numa corrida em direção ao camaleão enquanto sua concha era coberta por uma energia azulada potencializando sua propriedade como poder de corte - Razor Shell, o camaleão não teve nem tempo de reagir a sequência de movimentos do Pokémon que inevitavelmente era acertado pelo golpe trazendo um dano crítico ao camaleão que ficava caído no canto do corredor, era uma pedra a menos no caminho do Pokémon de água.
Oshawott olhava para o restante do corredor, e no final dele, havia inúmeros rapazes desmaiados, o que trouxe dúvidas ao Pokémon, havia sido Kecleon responsável por derrotar tantos capangas em tão pouco tempo? Ele não fazia parte da realeza? O aquático esboçou uma feição sem graça, perdidamente frustrado... Não foi Kecleon que estragou o plano de Oshawott e sim ele mesmo, o ladrão estava numa missão secreta, e como um bom colecionador, queria levar um tesouro do Rei consigo como recompensa.
Um aposento um tanto maquiavélico estava semiaberto, provavelmente Kecleon tinha o descoberto muito antes, e dele uma luz intensa saia invadindo parte do corredor, o Pokémon abriu a passagem e observou um globo azul no centro do lugar, com demarcações enigmáticas fazia dele um objeto encantador e misterioso, fazia os olhos de qualquer um brilhar, inclusive de Oshawott, encantado pelo objeto foi caminhando inocentemente em passos largos, até ficar cara a cara. Não fazia ideia do poder que continha naquela peça, e ao tirar o globo do suporte nada aconteceu por sua sorte... Quando a ficha caiu não sabia onde estava e nem como sair depois disso tudo, só seguiu a trilha deixada pelo camaleão...
Um plano falho não deixava de ser um plano, mas saber improvisar no meio do percurso mostrava que um plano podia ser traçado de outra forma e mudado conforme pedia a situação, mas Oshawott não tinha nenhum, não contava que entraria no palácio em meio a um furto perigoso.
Sem saber o plano do camaleão em como sair do palácio ileso, seria algo desafiador.
O Pokémon chacoalhou a cabeça visando tirar tais pensamentos pessimistas da cabeça, precisava olhar para o que importava de fato, sem que precisasse lembrar do passado. Passando entre os corpos caídos, um alarme se acionou imediatamente, o lugar inteiro saberia do acontecido em poucos minutos, a criatura tinha que ser rápida antes que se encrencasse, quando saiu da sala notou que o camaleão já não estava mais lá, talvez tivesse sido ele quem acionou o alarme, era justo, se ele não ficasse com o globo, ninguém mais ficaria.
O primeiro a se manifestar foi claro, a Majestade, que para piorar seu dia, estava diante de uma invasão na qual não sabia de sua proporção ou nem finalidade, sabia que haviam pessoas querendo saber se era verídico em relação as riquezas que o palácio escondia, mas conseguir passar pelas defesas era um ato de ganância.
- Se mexam ou perderão suas cabeças, prendam essa... Essa... Coisa insolente! — bradou nervoso o homem batendo seus punhos na braçadeira do trono, levantando-se.
Os guardas que estavam de prontidão tomavam ciência do que estava acontecendo no palácio e se espalhavam pelo lugar como suas vidas dependessem da captura imediata da criatura. Em tempos pra cá, o Reino sofreu um roubo abrupto, ninguém soube do responsável, não havia pistas, foi tudo executado perfeitamente bem.
— Isso não vai acontecer, não pela segunda vez... — o homem se dirigiu a uma sala menor e um tanto secreta onde pode pegar um item um tanto promissor, uma pedra redonda pequena, multicolor: vermelha, cinza e azul. A Mega Stone era guardava dentro de sua pulseira cheia de cristais.
Oshawott apertava os passos, seria impossível sair dali sem que realizasse um embate, mas a cada segundo que se passava o evitável seria inevitável, tinham muitos deles por toda parte, era de se esperar uma segurança de tão alto nível assim. Em fuga, a criatura utilizava do seu faro aguçado para contorcer e planejar rotas de fugas para que passasse pelas tropas de capangas sem ser percebido, porém seria impossível não chamar atenção devido a luz intensa que o objeto emitia, desesperadamente, Oshawott mexia nela cutucando-a e girando ela com certa dificuldade, nunca tinha visto uma coisa assim, mas de principio a luz havia sido dispersada por enquanto.
— Ele deve ter ido pra lá, vamos!! — dizia um dos guardas.
Um time equipados com armas passavam bem próximo de Oshawott, estranhamente os guardas do reino não usavam Pokémon como ferramentas de batalha, normas internas era o nome disto, por uma razão só a Majestade ou quem era da realeza podia, os guardas - plebeus da antigo tribo - não carregavam Pokémon consigo. A criatura aquática dava um jeito de driblar os homens, ser pequeno tinha suas vantagens, além de ter essa cor num cenário predominante azulado.
Se dirigindo a um cômodo escuro - ideal para permanecer escondido -, havia certos focos de luzes que saia de instalações das paredes, o bichano antes que pudesse encontrar um lugar adequado para permanecer até que a poeira baixasse, pedras azuladas cresciam do chão repentinamente em sua direção e se estendiam metros a cima, Oshawott saltou para o lado cambalhotando desajeitado...
— Um Oshawott? Sério? Não deve estar com a cabeça no lugar, olhe para sua volta... Não tem chances alguma de sair daqui. Confesso que fiquei desapontado com você, esperava coisa melhor... Enfim, terá o prazer de ser derrotado por mim, da realeza. — uma voz invadiu o lugar que trouxe a imagem de um homem alto com cabelos azuis bem longos, deixou claro seu ar de superioridade desmerecendo o esforço de Oshawott, que por sua vez reagia com uma encarada semicerrando os dentes.
Tais palavras ditas a Oshawott surtiam como combustível para que permanecesse em pé de peito erguido, não abaixaria a cabeça diante de alguém da realeza.
Seu rosto permanecia no escuro absoluto, mas sua silhueta era facilmente desvendada, a Majestade estava de frente para a criatura que tinha em mente em sair do palácio com o objeto... Logo seu Pokémon dava as caras, uma criatura que exalava imponência, seu olhar era fixo e impetuoso, uma aparição sublimemente bela. — Passe isso pra cá. — disse o homem com um sorriso de canto evidenciando a Mega Stone para Oshawott, mostrando a ele que não tinha chance alguma.
Oshawott se negou balançando a cabeça, o raciocínio dele era claro: não voltar pro buraco. — Se é assim que vai querer... Finalize-o com Stone Edge! — sem paciência ordenava a Majestade... O Pokémon metálico novamente evocou rochas que cresciam a partir do solo pra cima de Oshawott que respondia ao ataque com uma evasiva não tão efetiva assim, afinal já tinha passado por um combate anteriormente e seu corpo já estava cheio de arranhões, as pedras atingiam parte de sua pata traseira, prejudicando sua mobilidade.
— Já chega, olhe para você, não conseguirá sair do lugar. — declarava a Majestade, dando uma opção para a criatura desistir antes que fosse tarde demais.
Com uma das pernas estendida e com a outra de joelhos - a mesma que foi atingida pelas pedras, Oshawott resistia e voltava a negar a se entregar, com o dano levado, o aquático reuniu a energia em seu corpo e disparou a sua volta visando acertar o Pokémon azul e com chifres, mas infelizmente não era suficiente para atingir na posição que estava.
— Então... Já que é assim. SACRED SWORD! — exclamou o homem certo que com este comando seria suficiente para finalizar com aquele combate de uma vez por todas.
O chifre do Pokémon cresceu esporadicamente num tamanho violento na qual ganhava um brilho azul assim como seu corpo, aquele com certeza era seu golpe mais poderoso e, de um Pokémon conhecido mundialmente, fazia parte do trio espadas da justiça. Sem poder se esquivar por causa do estado da sua pata, o Pokémon agarrou o globo e soltou um grito libertador: YAAAAAAAAAAAATTAAAAAAAAAAAAAA!! De olhos fechados, segurou a concha com a sua pata dominante estendeu ela para cima bem no momento em que Cobalion se aproximou com o seu súbito golpe, um brilho nunca antes visto juntou-se do globo e da concha de Oshawott e se expandiu de uma forma completamente estranhada mas poderosa, uma massa compacta de força abundante fazendo com que os olhos da Majestade vibrassem de entusiasmo: "Sacred Sword?", e, logo em seguida uma onda de poeira se espalhou pelo local fortemente, a concha de Oshawott se tornava uma espada assim como de Cobalion mas a diferença era a força que cada umas delas exercia, o golpe do aquático retalhou do metálico que se estilhaçou como vidro, o poder de corte era tão discrepante que resultou num tremendo corte no teto do palácio...
Ainda boquiaberto, a Majestade ficou sem reação.
Oshawott abriu os olhos e não entendeu quase de nada, só iria aproveitar a brecha para escapar pela passagem feita pelo movimento de antes, rapidamente se envolveu numa corrente de água e se impulsionou pra cima como um míssil repleto dessa mesma substância deixando os rastros pra trás, enquanto deixava o lugar passava pela sua cabeça uma cena breve dos dois garotos conversando sobre como era o mundo fora do Reino Subaquático...
Seu golpe foi suficiente para deixar o palácio instantaneamente percorrendo quilômetros de distância numa velocidade incrível, aterrissava no Leste do Reino, os guardas saiam do lugar e alertavam para os demais seguranças, havia o líder dos guardas da segurança do Reino e ele não era de desistir, era persistente até conseguir alcançar seu objetivo. Oshawott mal se movia, em pequenos embalos sob jatos de água ia aos poucos, estava ferido e já sem forças para seguir, quando um grupo de guardas do Leste o alcançaram, circularam a criatura de água e apontaram suas calibrosas armas em sua direção, não tinha pra onde correr, estava cercado...
Prestes a se entregar, uma melodia doce e suave invadiu o ambiente sutilmente, num controle vocal enfeitiçante acabava por chamar a atenção dos guardas que procuravam a dona dessa voz, os guardas em instantes começavam a sentir o efeito do movimento, ficavam sonolentos até caírem um por um, desabavam no chão, atrás deles saia a Pokémon da voz melódica, uma foca azul e um focinho rosado, seus olhos brilhavam ao irem de encontro com o outro Pokémon, Oshawott a conhecia muito bem, a Popplio se aproximou do Pokémon mostrando-se preocupada e não pensou duas vezes em usar o Life Drew para recuperar parte dos danos.
— ELE ESTÁ AQUI!! — gritou um morador daquele lado do Reino, denunciando sua posição...
Não demorou para que um grupo de capangas chegasse, Oshawott tinha tampouco tempo para decidir para onde iria, a relação que tinha com Popplio era linda e pura, ela sempre estava por perto dele o protegendo de suas encrencas, livrando-se do pior. Oshawott olhou dentro dos olhos da Pokémon e balançou a cabeça firmando sua decisão, os olhos da Pokémon se encheram de lágrimas, estando melhor, Oshawott usava a sua ultima energia para se atirar como um jato para fora daquele cenário de confrontos e um tanto embaraçoso deixando a amada criatura para trás, ela não deixava de acompanhar o movimento de Oshawott para ver se conseguiria de fato sair de lá sã a salvo, seus olhares se cruzariam pela ultima vez em meio a tantas coisas que aconteciam simultaneamente, uma despedida corriqueira, sem atos carinhosos, sem abraços, sem beijos... Era um acaso inesperável e imprevisível, lágrimas tristes que caiam sem ao menos dar uma trégua com um sentido de fim, diante de um futuro incerto e cheio de instabilidades.
Popplio mesmo em cacos por dentro nunca escondeu seus mais sinceros sentimentos, seu coração estava em sereno conforto, ajuda-lo sempre foi um prazer. A foca não parou de atirar bolhas compactas entretanto fortes nos homens que a circundava, era presenteada com diversas memórias felizes ao lado de Oshawott, ela sabia que estava dando seu melhor impedindo que os capangas atacassem o Pokémon da concha enquanto estivesse fugindo.
Quando chegou a uma altura razoavelmente distante da mira dos homens, Oshawott olhou para para trás se deparando com Popplio completamente imobilizada prestes a ir para a prisão ou pior, a força do seu golpe se instabilizou nesse instante, precisou de concentração e força, mas muita força para voltar ao eixo e sair de uma vez por todas pela entrada que ainda estava em reforma pelo acontecido de antes, precisaria agora enfrentar a pressão subaquática, não seria nada fácil...
A Majestade que se encontrava em sua sala incrédulo e desconformado, e, ao saber da saída bem sucedida de Oshawott pelo líder dos guardas, derrubou um emaranhado de objetos que estava a cima de sua mesa numa braçada só, tudo caia e se quebrava no chão até mesmo seu quadro favorito com seu irmão mais novo no fruto da infância.
Não se sabia se o pequeno Oshawott voltaria para salvar Popplio mais tarde ou impedir que fosse uma prisioneira, o Pokémon de água tinha um grande objeto milenar consigo que não poderia cair em qualquer mão e caso caísse na errada...
O Pokémon já chegava na pressão subaquática já sem forças, era uma fenda que continha uma pressão absurdamente forte, capaz de fazer qualquer criatura ser direcionado para algum lugar do continente de Pokegea, flashs escuros começavam a ficar mais pertinentes, até tudo se apagar inundando numa imensa escuridão.
Última edição por China em Qui Jun 30, 2022 4:19 pm, editado 12 vez(es) (Motivo da edição : .)
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China
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"Quando foi que começaram a surgir Pokémons shadows? você já se perguntou isso? de uma hora pra outra se tornaram tão comum o surgimento destes bichos em rotas convencionais, ninguém ao menos tentou procurar por sua origem, entretanto, ela aconteceu de uma forma um tanto perturbadora. Essa história com certeza não é feita para crianças, uns chamam de história mas essa, chamo de um evento magnífico, que aconteceu de fato, embora nenhuma das fontes confirmem - por estarem mortas, posso confirmar tal acontecido."
< [ Época Desconhecida... ] >
— Venham, venham! Hoje é o dia de entregar a sua alma! — de longe era possível escutar a voz de um homem em um alto falante convidando os moradores a participarem do evento magnifico que ocorria durante a noite inteira, cartazes bem antigos já anunciaram a cerimônia e como a cidade era pequena as noticiais eram passadas de vento em popa.
[...]
— Me chame agora de Desalmado. Por favor. — com uma fala decisiva e compacta, o homem encarou seu reflexo em um espelho que estava quebrado em milhares de pedaços, não conseguia sequer identifica-lo no meio de tantas rachaduras somente uma distorção de sua própria imagem, que visualmente o agradava mais.
A aparência deste homem era uma incógnita, não trabalhava durante o dia ou em lugares tão iluminados nem tampouco frequentados, na verdade gostava de viver em pleno anonimato, por onde andava a energia densificava negativamente, causando desconfortos as pessoas ao redor, era como um dom natural.
Vivendo num mundo que beirava cores dolorosas, escuras, preenchida do mais puro vazio, um mundo incrivelmente oposto, onde sentimentos ruins eram normalizados, até mesmo coisas banais e inapropriadas, um verdadeiro show de sofrimentos que entretinham-o, crescia dentro de si como um câncer. — Veja você agora... Eles terão medo de você. — abotoava sua camiseta estranhamente, não estavam de acordo, os botões não entravam no cortes adequados, um botão consumia o espaço do outro, estava desalinhado, mas quem ligava? estava pronto para se divertir.
Andava pelas ruas frias e cinzentas da cidade pela madrugada monologa, passava por becos onde era possível ouvir uma voz feminina em gritos de socorros que soavam em seus ouvidos como uma sinfonia deselegante, repleta de gemidos e inquietações, não era do seu interesse, muito menos em se envolver com caras que vinham minado de problemas - a mulher não havia tido sorte, ele sorriu, se afastando aos poucos daquele beco... As luzes dos postes que caiam sobre o asfalto eram inúteis, ninguém queria estar sob elas, ninguém queria ser notado no auge da noite, todos buscavam abrigo na escuridão.
O cheiro predominante da nicotina era um odor que lhe agradava, era visíveis pequenos focos de brasas espalhados pela rua, cigarros e tabacos faziam um sucesso tremendo, uma tragada e seus problemas iam embora junto da fumaça, era quase de imediato, todos queriam esquecer seus medos, seus traumas, suas miseráveis vidas.
Sons de vidros quebrando, ruídos específicos de Pokémons, droga, sexo e muito mais, faziam parte do cenário, uma vida completamente cercada das piores coisas que existiam, inclusive a morte, não era todos os dias que se presenciava um homicídio mas acontecia com frequência, se meter nesses tipos de coisa era encrenca na certa. O homem virava a esquina se deparando com um corpo estirado no chão, e debaixo dele uma enorme poça de sangue, enquanto suas tripas eram devoradas por Meowths selvagens que comiam com tanto apetite, eles mantinham-se atentos, pelo visto não estavam a fim de dividir seu banquete, por incrível que pareça, o defunto ainda mexia os dedos, não estava totalmente morto, enfim, outro que não teve sorte.
A escuridão era a junção das coisas que não deram certo, foi dela que surgiu praticamente tudo, se tem a escuridão se tem a luz para se opor, mas quando se tem somente a escuridão, não tem luz que ceda o prazer da impurificação, almas partidas não se juntam jamais, o que restavam das almas acabavam sendo drenadas de uma forma impercebível, serviam como alimento para as outras continuarem a praticar atos sombrios, corrompendo pessoas ou até mesmo Pokémons, energia ruim era algo contagioso naquela cidade, a expectativa era sempre piorar, a tendência era que os tons cinzentos ficassem cada vez mais escuros, até que a escuridão total dominasse o lugar.
Não havia sonhos, amor, felicidade ou respeito... Quando se chega na fase final da escuridão automaticamente sua alma é servida para um ser maior, uma oferenda, dito isso, sabem o que vem depois disso né?
No cruzamento, havia uma igreja, repleta de entidades que já tinham entregado suas almas a bastante tempo, era como zumbis que buscavam mais servos que não tinham se convertido a escuridão, depois de convertidos suas almas eram armazenadas num tipo de porta vela com marcações e símbolos desconhecidos, havia uma quantidade absurda de almas dentro daquele objeto, todas unidas formavam a Dark Soul, uma alma superior que era considerada a mais forte dentre todo ser existe, poderosa suficiente para escurecer o mundo e corromper os mais fracos, era necessário uma quantidade razoável de almas, não estava longe disso acontecer.
A estratégia da igreja visava atingir os mais novos, sim, as crianças, pois suas índoles ainda estavam em criação, os servos tinham que estar em alerta total com mulheres em que estavam prestes a parir, prometendo a elas segurança e liberdade, faziam de tudo para que o parto fosse na igreja, para a alma da mãe e do recém nascido já fossem entregues, era uma preocupação a menos, quando uma gestante negava ter seu bebê na igreja, os servos iam na casa da mulher e a trazia a força, não importava a eles se era com vida ou não.
Uma respiração rápida, seus pulmões nunca trabalharam como antes, falo da grávida que traçou o caminho do Sr. Desalmado, ela parecia feliz em ter encontrado uma pessoa aparentemente confiável... — P-por favor... Me ajude! Estão atrás de mim e do meu bebê!! — esbaforida falava uma mulher e, com uma certa dificuldade em retomar sua respiração ao normal olhava para todos os lados.
O homem nem sequer olhou para seu rosto, preferiu encarar o chão, não fazia absolutamente nada para ajudar a gestante que chacoalhava-o de uma maneira insistente, ou a ficha dela não caiu a tempo, ele não iria ajuda-la a sair daquela situação e muito menos a acolheria.
— Ali está ela!
Dois homens apareciam em meio a escuridão. — Você é o marido dela? — indagou um dos homens enquanto o outro imobilizava a mulher, que por sua vez tentou desprender-se mas acabava por falhar miseravelmente. Desalmado negou com o rosto, o homem encarou-lhe desconfiado, mas como só seguia ordens, não deixou pra lá. A mulher era insistente, fazia uma força avassaladora para tentar se soltar, os hormônios maternos eram realmente interessantes, a leoa protegia seu filhote do caçador, era um ato natural.
Ela batia as pernas contra o chão, se esforçava ao máximo até que surpreendia o homem que até então imobilizava, o que aconteceu foi que, o homem não acreditou tamanha força e a mulher conseguiu por fim se soltar, não esperou um segundo para correr dos dois, mas também não foi longe, o homem que havia a prendido certamente não era forte, porém, era mais rápido que ela, alcançou a gestante e com um canivete em mãos, desferiu apunhadas em suas costas, ela caia no meio de um foco de luz emitida pelos postes da rua, gemendo de uma dor terrível por ter caído de barriga, ela tentou se arrastar porém não foi a lugar algum, ela sangrava bastante, o homem brutalmente segurou no ombro da mulher e a virou de posição, deixando sua barriga evidente/exposta, usando o canivete, rasgou verticalmente a camiseta da mulher deixando-a nua com os seios expostos, com a arma branca em mãos, abriu sua barriga sem hesitar, num corte só. — Sua vadia. — o homem xingou a mulher com palavras baixas, desprezando-a. Da barriga da mulher saia o líquido espesso - amniótico - e é claro, sangue, o recém nascido estava com o cordão umbilical preso em seu pescoço, sofrendo asfixia, o malfeitor cortou rapidamente o cordão e pegou o neonato, colocando em seus braços. — Limpe essa sujeira. — disse para o outro rapaz, era uma deixa para se livrar do corpo da mãe que havia morrido por falta de sangue circulante em seu corpo, graças aos cortes do canivete que atingiram vasos sanguíneos importantes...
Um homem carregava o bebê enquanto o outro puxava o corpo da mulher pela perna para a profunda escuridão.
Desalmado balançou o rosto e abriu um sorriso patético, precisava comprar sua bebida favorita, passou na mercearia descolando um drink bem gelado, abriu sua bebida tranquilamente, chutou a tampinha para longe, e a ingeriu num gole só, o passeio havia sido suficiente para saciar a sua sede por crueldade.
Conforme os dias foram passando, haviam mais servos pelas ruas trabalhando em prol da segurança das novas almas, pelo menos era isso que Desalmado percebia, mesmo não conseguindo ver todos - por esconderem atrás da escuridão - conseguia senti-los. Era um bom sinal, um mundo sem regras era perfeitamente caótico, ideal.
Na semana seguinte, em um domingo, a praça se encontrava cheia suas aparências assim como de Desalmado eram irrelevantes, estavam mortos por dentro porém inundados de uma aura escura que consistia na fase final do processo, praticamente todos que moravam naquela pequena cidade estavam presentes naquele evento que encerraria um objetivo comum que eles partilhavam entre si, numa noite consumida pela escuridão, no seu auge, uma energia poderosa reunida em uma só fonte... — Apreciem... Hoje encerraremos um ciclo, um feito inédito, nosso poder é tão soberano que conseguiremos alcançar novos horizontes, livraremos aqueles cujo suas dores são insuportáveis, pessoas que não conseguem ao menos tirar sua própria vida... Estaremos em todos os lugares, entraremos para a história. — anunciou o líder daquele "culto", ele mostrava um suporte de uma engenharia complexa, ninguém sabia suas finalidades, contudo, não demorou para que fosse revelada por Dorvin - líder. — Vocês não sabem o quão difícil foi encontrar essa máquina, sacríficos foram necessários, encontraremos com nossos amigos logo logo... Ao que interessa, essa máquina é um amplificador artificial de massa escura, se acham o que temos já é o suficiente, não imaginam quanto essa escuridão ampliará... — completou com um sorriso de canto a canto.
Todos ali aplaudiam e gritavam, estavam devidamente prontos para o que viria...
Desalmado percebeu que sua alma era diferente das demais - ao menos possuía uma? -, concordava com os atos banais mas era presunçoso demais para vender sua alma para um movimento que acabaria com sua regalia, pois gostava de morar numa cidade pequena, onde não chamava atenção de Líderes, Treinadores e nem equipes criminosas, sobretudo, ver o caos que geraria a partir daquele momento seria curioso a ele, implantar o mal desta forma, era audaciosa, não foi do nada, demorou décadas para que a semente fosse implantada. — Vamos lá. — comentou esperando o verdadeiro show começar.
Vagarosamente a energia sombria saia dos seres humanos adentrando ao suporte localizado ao lado de Dorvin, já acumulava uma quantidade imensurável, estava apenas terminando o que começou, tal energia concentrada num lugar só se transformava numa massa densa escura, aqueles que já tinham suas almas sacrificadas caiam no chão, um por um caiam... Estavam oficialmente mortos, suas aparências eram assustadoras, não tinham rostos, cabelos, eram coisas completamente desconfiguradas.
Ao fundo do "palco" havia uma lixeira grande, dela um choro berrante chamava a atenção de Dorvin... — Quê? quem foi o idiota que deixou esse bebê no lixo? — bradou, procurando que um dos servos manifestassem.
Ninguém o respondeu... Sem paciência, o homem pegou o bebê segurando-o em seus braços... — É um menino... — balançava-o fazendo parar de chorar. Quando se deu conta, até a alma dos seus servos haviam sido já colocadas pra dentro do suporte, a energia era direcionada aos poucos pra dentro do mesmo, não faltava tanta gente assim. O líder deixou a criança enrolada no chão para que pudesse se concentrar no evento. De imediato, uma ventania surpreendeu Desalmado e Dorvin que era os únicos sã de consciência, aparentemente só faltava a dos dois.
Dorvin reparou o homem e o questionou... — Você não vem? — perguntou-lhe.
— Minha alma não pertence a vocês. — respondeu mostrando um olhar sério.
Barulhos estranhos e gritos saiam da densa massa escura que se formou anteriormente, ela era suficiente para romper o suporte que a continha seu poder ali dentro, ambos os sujeitos se olhavam, aquilo não podia acontecer de maneira nenhuma, não na fase final. — Não vai suportar... — aquele objeto trincava parcialmente, não duraria por tanto tempo, infelizmente ia abrir... Ao quebrar o suporte, Dorvin tentou segurar/conter a energia com seu próprio corpo, resistia por segundos mas não durou mais que isso. — Porra... Vai sobrar pra mim. — dizia Desalmado encarando a energia que crescia descontroladamente.
Os corpos dos mortos de faces deformadas eram sugados pra dentro da massa escura. — Caralho. — escapou o palavreado instantaneamente, visto que, aquilo começaria a sugar coisas avulsas ao redor, e ele era uma dessas coisas... — EU NÃO ENTREGAREI MINHA ALMA! — gritava, como seu drama fosse o salvar ou a massa escura fosse escuta-lo e parasse de crescer potencialmente logo em seguida. Desalmado se remoía, não entendia, o que aconteceria com ele? Seria o único vivo entre os mortos? Os ventos ficavam mais fortes, a pressão só aumentava, Desalmado não tinha onde se segurar, aos poucos era arrastado mais próximo a massa, uma coisa era certa, se ele não alcançasse ela, seria ela que o alcançaria, sua proporção consumiria todas aquelas almas...
— Arg... Terá que fazer mais... Se acha que irei me entregar...
Usando seus pés para impedir que fosse arrastado mais de pressa, contudo, era inútil, era uma questão de tempo... — Você não precisa de mim... — tentou convencer a escuridão do contrário pela última vez, ele viu ela não se renderia e nem pararia do nada, não tinha nada para ser feito, ninguém lhe salvaria, deu um pulo de misericórdia e seu corpo rapidamente foi designado a massa escura, que parecia estar sabendo muito bem o que fazia e o que estava sugando pra dentro de si, estranhamente o bebê ainda continuava lá, enrolado numa coberta, berrando bastante, a massa se expandiu e circulou o serzinho numa imensa proporção, destruindo tudo ao seu redor, era como nuvens escuras, o chão tremia constantemente com a tamanha pressão energética, aparentava adentrar ao solo, para que a transmissão não fosse somente pelo ar.
A escuridão que circulava a criança era suficiente para cobrir praticamente tudo, corrompendo as criaturas que eram deste meio, mas ela não queria apenas isso, o que restou da energia, se dirigiu para dentro do corpo do bebê que encarregou de ser o hospedeiro da alma mais violenta e suja que existia... A Dark Soul!
Assim como na terra ou no céu, a escuridão se instalou...
Na manhã seguinte, no mesmo lugar, uma luz emergiu dos céus rasgando a leve camada de energia escura que permaneceu no ambiente, uma aparição quase angelical em meio a tragédia, dono de um traje esplêndido e, principalmente elegante o Mago da Luz surgiu, aparentemente nada contente... — Chegamos tarde demais... A escuridão já está aqui. — pousou suavemente no solo, seus olhos procuravam por quaisquer pistas, estavam mais focados na superfície da antiga praça, no fundo dela notou algo que chamou sua atenção de primeira instância, agachou para pegar uma coberta úmida com suas mãos, a criança já não estava mais lá... O Mago encontrou uma parte do amplificador artificial usado na noite anterior, estava danificado é claro, não tinha muito o que fazer com destroços, porém, encontrou algo relevante, o fabricante... — Industria STONE. — era o que dizia o pedaço velho de metal, guardou junto de seus pertences para uma análise.
— A quantidade de escuridão tornou essa cidade inabitável... — dizia colhendo informações necessárias para concluir sua investigação. — Eu só não entendo como um bando de porcos conseguiram executar esse feito com total êxito. Bem, isso não importa agora. — sua aparência enigmática por estar repleto de um manto de luz que cobria completamente seu rosto...
— Não é muito, mas espero que ajude.
O Mago expandiu sua energia reluzente para fora de seu corpo moldando-a como bem queria, rapidamente se formou estacas gigantescas que ao comando do rapaz, elas eram direcionadas ao solo numa velocidade incrível, cravando-as no mais profundo solo com o objetivo de amenizar os estragos causados pela escuridão que até então crescia como uma praga.
Pelo lugar era percebível ver criaturas rodeadas pela energia sombria, um tanto confusas procuravam por abrigos, estavam assustadas e com toda a razão, não queriam permanecer lá, principalmente por sentirem a energia pura do Mago. — Não tem mais nada a ser feito aqui, vamos embora. — proferiu de uma maneira breve para os demais seres que haviam chegado junto com ele, tais provas já eram mais que o suficiente, um véu de luz apareceu, era suas deixas, iam embora num estalar de dedos...
Esse evento chamou a atenção de uma criatura especial, beirava um poder psíquico incomparável, possivelmente havia sentido tal energia excessiva de ambas as partes, ele conseguia absorver qualquer tipo de energia por ser um prisma. Ainda assim, o que aconteceu com Desalmado? e com o primeiro hospedeiro da Dark Soul? quem o pegou? decerto não foi nenhum morador da mera cidade que se encontrava vazia...
No decorrer dos anos, a praça havia sido tomada por espadas fincadas no chão com coroas de flores, era uma homenagem feita pela cidade vizinha onde residia um número grande de cavaleiros, sempre estava em companhia de um.
Demorou séculos para que a cidadezinha retomasse seu povoado mesmo acontecendo episódios bizarros e mundanos pois a maldição deixada, nunca se quebrou, mas isso deixo para outro conto...
< [ Época Desconhecida... ] >
— Venham, venham! Hoje é o dia de entregar a sua alma! — de longe era possível escutar a voz de um homem em um alto falante convidando os moradores a participarem do evento magnifico que ocorria durante a noite inteira, cartazes bem antigos já anunciaram a cerimônia e como a cidade era pequena as noticiais eram passadas de vento em popa.
[...]
— Me chame agora de Desalmado. Por favor. — com uma fala decisiva e compacta, o homem encarou seu reflexo em um espelho que estava quebrado em milhares de pedaços, não conseguia sequer identifica-lo no meio de tantas rachaduras somente uma distorção de sua própria imagem, que visualmente o agradava mais.
A aparência deste homem era uma incógnita, não trabalhava durante o dia ou em lugares tão iluminados nem tampouco frequentados, na verdade gostava de viver em pleno anonimato, por onde andava a energia densificava negativamente, causando desconfortos as pessoas ao redor, era como um dom natural.
Vivendo num mundo que beirava cores dolorosas, escuras, preenchida do mais puro vazio, um mundo incrivelmente oposto, onde sentimentos ruins eram normalizados, até mesmo coisas banais e inapropriadas, um verdadeiro show de sofrimentos que entretinham-o, crescia dentro de si como um câncer. — Veja você agora... Eles terão medo de você. — abotoava sua camiseta estranhamente, não estavam de acordo, os botões não entravam no cortes adequados, um botão consumia o espaço do outro, estava desalinhado, mas quem ligava? estava pronto para se divertir.
Andava pelas ruas frias e cinzentas da cidade pela madrugada monologa, passava por becos onde era possível ouvir uma voz feminina em gritos de socorros que soavam em seus ouvidos como uma sinfonia deselegante, repleta de gemidos e inquietações, não era do seu interesse, muito menos em se envolver com caras que vinham minado de problemas - a mulher não havia tido sorte, ele sorriu, se afastando aos poucos daquele beco... As luzes dos postes que caiam sobre o asfalto eram inúteis, ninguém queria estar sob elas, ninguém queria ser notado no auge da noite, todos buscavam abrigo na escuridão.
O cheiro predominante da nicotina era um odor que lhe agradava, era visíveis pequenos focos de brasas espalhados pela rua, cigarros e tabacos faziam um sucesso tremendo, uma tragada e seus problemas iam embora junto da fumaça, era quase de imediato, todos queriam esquecer seus medos, seus traumas, suas miseráveis vidas.
Sons de vidros quebrando, ruídos específicos de Pokémons, droga, sexo e muito mais, faziam parte do cenário, uma vida completamente cercada das piores coisas que existiam, inclusive a morte, não era todos os dias que se presenciava um homicídio mas acontecia com frequência, se meter nesses tipos de coisa era encrenca na certa. O homem virava a esquina se deparando com um corpo estirado no chão, e debaixo dele uma enorme poça de sangue, enquanto suas tripas eram devoradas por Meowths selvagens que comiam com tanto apetite, eles mantinham-se atentos, pelo visto não estavam a fim de dividir seu banquete, por incrível que pareça, o defunto ainda mexia os dedos, não estava totalmente morto, enfim, outro que não teve sorte.
A escuridão era a junção das coisas que não deram certo, foi dela que surgiu praticamente tudo, se tem a escuridão se tem a luz para se opor, mas quando se tem somente a escuridão, não tem luz que ceda o prazer da impurificação, almas partidas não se juntam jamais, o que restavam das almas acabavam sendo drenadas de uma forma impercebível, serviam como alimento para as outras continuarem a praticar atos sombrios, corrompendo pessoas ou até mesmo Pokémons, energia ruim era algo contagioso naquela cidade, a expectativa era sempre piorar, a tendência era que os tons cinzentos ficassem cada vez mais escuros, até que a escuridão total dominasse o lugar.
Não havia sonhos, amor, felicidade ou respeito... Quando se chega na fase final da escuridão automaticamente sua alma é servida para um ser maior, uma oferenda, dito isso, sabem o que vem depois disso né?
No cruzamento, havia uma igreja, repleta de entidades que já tinham entregado suas almas a bastante tempo, era como zumbis que buscavam mais servos que não tinham se convertido a escuridão, depois de convertidos suas almas eram armazenadas num tipo de porta vela com marcações e símbolos desconhecidos, havia uma quantidade absurda de almas dentro daquele objeto, todas unidas formavam a Dark Soul, uma alma superior que era considerada a mais forte dentre todo ser existe, poderosa suficiente para escurecer o mundo e corromper os mais fracos, era necessário uma quantidade razoável de almas, não estava longe disso acontecer.
A estratégia da igreja visava atingir os mais novos, sim, as crianças, pois suas índoles ainda estavam em criação, os servos tinham que estar em alerta total com mulheres em que estavam prestes a parir, prometendo a elas segurança e liberdade, faziam de tudo para que o parto fosse na igreja, para a alma da mãe e do recém nascido já fossem entregues, era uma preocupação a menos, quando uma gestante negava ter seu bebê na igreja, os servos iam na casa da mulher e a trazia a força, não importava a eles se era com vida ou não.
Uma respiração rápida, seus pulmões nunca trabalharam como antes, falo da grávida que traçou o caminho do Sr. Desalmado, ela parecia feliz em ter encontrado uma pessoa aparentemente confiável... — P-por favor... Me ajude! Estão atrás de mim e do meu bebê!! — esbaforida falava uma mulher e, com uma certa dificuldade em retomar sua respiração ao normal olhava para todos os lados.
O homem nem sequer olhou para seu rosto, preferiu encarar o chão, não fazia absolutamente nada para ajudar a gestante que chacoalhava-o de uma maneira insistente, ou a ficha dela não caiu a tempo, ele não iria ajuda-la a sair daquela situação e muito menos a acolheria.
— Ali está ela!
Dois homens apareciam em meio a escuridão. — Você é o marido dela? — indagou um dos homens enquanto o outro imobilizava a mulher, que por sua vez tentou desprender-se mas acabava por falhar miseravelmente. Desalmado negou com o rosto, o homem encarou-lhe desconfiado, mas como só seguia ordens, não deixou pra lá. A mulher era insistente, fazia uma força avassaladora para tentar se soltar, os hormônios maternos eram realmente interessantes, a leoa protegia seu filhote do caçador, era um ato natural.
Ela batia as pernas contra o chão, se esforçava ao máximo até que surpreendia o homem que até então imobilizava, o que aconteceu foi que, o homem não acreditou tamanha força e a mulher conseguiu por fim se soltar, não esperou um segundo para correr dos dois, mas também não foi longe, o homem que havia a prendido certamente não era forte, porém, era mais rápido que ela, alcançou a gestante e com um canivete em mãos, desferiu apunhadas em suas costas, ela caia no meio de um foco de luz emitida pelos postes da rua, gemendo de uma dor terrível por ter caído de barriga, ela tentou se arrastar porém não foi a lugar algum, ela sangrava bastante, o homem brutalmente segurou no ombro da mulher e a virou de posição, deixando sua barriga evidente/exposta, usando o canivete, rasgou verticalmente a camiseta da mulher deixando-a nua com os seios expostos, com a arma branca em mãos, abriu sua barriga sem hesitar, num corte só. — Sua vadia. — o homem xingou a mulher com palavras baixas, desprezando-a. Da barriga da mulher saia o líquido espesso - amniótico - e é claro, sangue, o recém nascido estava com o cordão umbilical preso em seu pescoço, sofrendo asfixia, o malfeitor cortou rapidamente o cordão e pegou o neonato, colocando em seus braços. — Limpe essa sujeira. — disse para o outro rapaz, era uma deixa para se livrar do corpo da mãe que havia morrido por falta de sangue circulante em seu corpo, graças aos cortes do canivete que atingiram vasos sanguíneos importantes...
Um homem carregava o bebê enquanto o outro puxava o corpo da mulher pela perna para a profunda escuridão.
Desalmado balançou o rosto e abriu um sorriso patético, precisava comprar sua bebida favorita, passou na mercearia descolando um drink bem gelado, abriu sua bebida tranquilamente, chutou a tampinha para longe, e a ingeriu num gole só, o passeio havia sido suficiente para saciar a sua sede por crueldade.
Conforme os dias foram passando, haviam mais servos pelas ruas trabalhando em prol da segurança das novas almas, pelo menos era isso que Desalmado percebia, mesmo não conseguindo ver todos - por esconderem atrás da escuridão - conseguia senti-los. Era um bom sinal, um mundo sem regras era perfeitamente caótico, ideal.
Na semana seguinte, em um domingo, a praça se encontrava cheia suas aparências assim como de Desalmado eram irrelevantes, estavam mortos por dentro porém inundados de uma aura escura que consistia na fase final do processo, praticamente todos que moravam naquela pequena cidade estavam presentes naquele evento que encerraria um objetivo comum que eles partilhavam entre si, numa noite consumida pela escuridão, no seu auge, uma energia poderosa reunida em uma só fonte... — Apreciem... Hoje encerraremos um ciclo, um feito inédito, nosso poder é tão soberano que conseguiremos alcançar novos horizontes, livraremos aqueles cujo suas dores são insuportáveis, pessoas que não conseguem ao menos tirar sua própria vida... Estaremos em todos os lugares, entraremos para a história. — anunciou o líder daquele "culto", ele mostrava um suporte de uma engenharia complexa, ninguém sabia suas finalidades, contudo, não demorou para que fosse revelada por Dorvin - líder. — Vocês não sabem o quão difícil foi encontrar essa máquina, sacríficos foram necessários, encontraremos com nossos amigos logo logo... Ao que interessa, essa máquina é um amplificador artificial de massa escura, se acham o que temos já é o suficiente, não imaginam quanto essa escuridão ampliará... — completou com um sorriso de canto a canto.
Todos ali aplaudiam e gritavam, estavam devidamente prontos para o que viria...
Desalmado percebeu que sua alma era diferente das demais - ao menos possuía uma? -, concordava com os atos banais mas era presunçoso demais para vender sua alma para um movimento que acabaria com sua regalia, pois gostava de morar numa cidade pequena, onde não chamava atenção de Líderes, Treinadores e nem equipes criminosas, sobretudo, ver o caos que geraria a partir daquele momento seria curioso a ele, implantar o mal desta forma, era audaciosa, não foi do nada, demorou décadas para que a semente fosse implantada. — Vamos lá. — comentou esperando o verdadeiro show começar.
Vagarosamente a energia sombria saia dos seres humanos adentrando ao suporte localizado ao lado de Dorvin, já acumulava uma quantidade imensurável, estava apenas terminando o que começou, tal energia concentrada num lugar só se transformava numa massa densa escura, aqueles que já tinham suas almas sacrificadas caiam no chão, um por um caiam... Estavam oficialmente mortos, suas aparências eram assustadoras, não tinham rostos, cabelos, eram coisas completamente desconfiguradas.
Ao fundo do "palco" havia uma lixeira grande, dela um choro berrante chamava a atenção de Dorvin... — Quê? quem foi o idiota que deixou esse bebê no lixo? — bradou, procurando que um dos servos manifestassem.
Ninguém o respondeu... Sem paciência, o homem pegou o bebê segurando-o em seus braços... — É um menino... — balançava-o fazendo parar de chorar. Quando se deu conta, até a alma dos seus servos haviam sido já colocadas pra dentro do suporte, a energia era direcionada aos poucos pra dentro do mesmo, não faltava tanta gente assim. O líder deixou a criança enrolada no chão para que pudesse se concentrar no evento. De imediato, uma ventania surpreendeu Desalmado e Dorvin que era os únicos sã de consciência, aparentemente só faltava a dos dois.
Dorvin reparou o homem e o questionou... — Você não vem? — perguntou-lhe.
— Minha alma não pertence a vocês. — respondeu mostrando um olhar sério.
Barulhos estranhos e gritos saiam da densa massa escura que se formou anteriormente, ela era suficiente para romper o suporte que a continha seu poder ali dentro, ambos os sujeitos se olhavam, aquilo não podia acontecer de maneira nenhuma, não na fase final. — Não vai suportar... — aquele objeto trincava parcialmente, não duraria por tanto tempo, infelizmente ia abrir... Ao quebrar o suporte, Dorvin tentou segurar/conter a energia com seu próprio corpo, resistia por segundos mas não durou mais que isso. — Porra... Vai sobrar pra mim. — dizia Desalmado encarando a energia que crescia descontroladamente.
Os corpos dos mortos de faces deformadas eram sugados pra dentro da massa escura. — Caralho. — escapou o palavreado instantaneamente, visto que, aquilo começaria a sugar coisas avulsas ao redor, e ele era uma dessas coisas... — EU NÃO ENTREGAREI MINHA ALMA! — gritava, como seu drama fosse o salvar ou a massa escura fosse escuta-lo e parasse de crescer potencialmente logo em seguida. Desalmado se remoía, não entendia, o que aconteceria com ele? Seria o único vivo entre os mortos? Os ventos ficavam mais fortes, a pressão só aumentava, Desalmado não tinha onde se segurar, aos poucos era arrastado mais próximo a massa, uma coisa era certa, se ele não alcançasse ela, seria ela que o alcançaria, sua proporção consumiria todas aquelas almas...
— Arg... Terá que fazer mais... Se acha que irei me entregar...
Usando seus pés para impedir que fosse arrastado mais de pressa, contudo, era inútil, era uma questão de tempo... — Você não precisa de mim... — tentou convencer a escuridão do contrário pela última vez, ele viu ela não se renderia e nem pararia do nada, não tinha nada para ser feito, ninguém lhe salvaria, deu um pulo de misericórdia e seu corpo rapidamente foi designado a massa escura, que parecia estar sabendo muito bem o que fazia e o que estava sugando pra dentro de si, estranhamente o bebê ainda continuava lá, enrolado numa coberta, berrando bastante, a massa se expandiu e circulou o serzinho numa imensa proporção, destruindo tudo ao seu redor, era como nuvens escuras, o chão tremia constantemente com a tamanha pressão energética, aparentava adentrar ao solo, para que a transmissão não fosse somente pelo ar.
A escuridão que circulava a criança era suficiente para cobrir praticamente tudo, corrompendo as criaturas que eram deste meio, mas ela não queria apenas isso, o que restou da energia, se dirigiu para dentro do corpo do bebê que encarregou de ser o hospedeiro da alma mais violenta e suja que existia... A Dark Soul!
Assim como na terra ou no céu, a escuridão se instalou...
Na manhã seguinte, no mesmo lugar, uma luz emergiu dos céus rasgando a leve camada de energia escura que permaneceu no ambiente, uma aparição quase angelical em meio a tragédia, dono de um traje esplêndido e, principalmente elegante o Mago da Luz surgiu, aparentemente nada contente... — Chegamos tarde demais... A escuridão já está aqui. — pousou suavemente no solo, seus olhos procuravam por quaisquer pistas, estavam mais focados na superfície da antiga praça, no fundo dela notou algo que chamou sua atenção de primeira instância, agachou para pegar uma coberta úmida com suas mãos, a criança já não estava mais lá... O Mago encontrou uma parte do amplificador artificial usado na noite anterior, estava danificado é claro, não tinha muito o que fazer com destroços, porém, encontrou algo relevante, o fabricante... — Industria STONE. — era o que dizia o pedaço velho de metal, guardou junto de seus pertences para uma análise.
— A quantidade de escuridão tornou essa cidade inabitável... — dizia colhendo informações necessárias para concluir sua investigação. — Eu só não entendo como um bando de porcos conseguiram executar esse feito com total êxito. Bem, isso não importa agora. — sua aparência enigmática por estar repleto de um manto de luz que cobria completamente seu rosto...
— Não é muito, mas espero que ajude.
O Mago expandiu sua energia reluzente para fora de seu corpo moldando-a como bem queria, rapidamente se formou estacas gigantescas que ao comando do rapaz, elas eram direcionadas ao solo numa velocidade incrível, cravando-as no mais profundo solo com o objetivo de amenizar os estragos causados pela escuridão que até então crescia como uma praga.
Pelo lugar era percebível ver criaturas rodeadas pela energia sombria, um tanto confusas procuravam por abrigos, estavam assustadas e com toda a razão, não queriam permanecer lá, principalmente por sentirem a energia pura do Mago. — Não tem mais nada a ser feito aqui, vamos embora. — proferiu de uma maneira breve para os demais seres que haviam chegado junto com ele, tais provas já eram mais que o suficiente, um véu de luz apareceu, era suas deixas, iam embora num estalar de dedos...
Esse evento chamou a atenção de uma criatura especial, beirava um poder psíquico incomparável, possivelmente havia sentido tal energia excessiva de ambas as partes, ele conseguia absorver qualquer tipo de energia por ser um prisma. Ainda assim, o que aconteceu com Desalmado? e com o primeiro hospedeiro da Dark Soul? quem o pegou? decerto não foi nenhum morador da mera cidade que se encontrava vazia...
No decorrer dos anos, a praça havia sido tomada por espadas fincadas no chão com coroas de flores, era uma homenagem feita pela cidade vizinha onde residia um número grande de cavaleiros, sempre estava em companhia de um.
Demorou séculos para que a cidadezinha retomasse seu povoado mesmo acontecendo episódios bizarros e mundanos pois a maldição deixada, nunca se quebrou, mas isso deixo para outro conto...
Última edição por China em Qui Jun 30, 2022 4:57 pm, editado 10 vez(es) (Motivo da edição : China)
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" Em um combate, o que seria um lance decisivo? muitos responderiam que é aquele momento em que você está prestes a vencer mas não significa que vencerá daquela disputa, pelo contrário, é uma brecha para atacar ou ser atacado pelo inimigo, e além disso, torça para não ser surpreendido negativamente, se é que me entende... Então o que deve se esperar? contar com o erro do seu adversário? ou esperar surgir um fator externo que mudasse a situação? a sua situação? e para o melhor ou para o pior? essas mudanças são tão emocionantes... Saber se irá viver ou morrer? decisivo pra quem? sorte entra nessa discussão? ou melhor, quem tem preparo necessita realmente da sorte? Ah, sem dúvidas! não só de esforço que samurais vivem, é imprescritível seguir seus instintos conforme a demanda, ignora-los é uma sentença de morte, quais são suas pretensões caso algo falhe? pretensões são tão importantes quanto tirar a vida do outro? Pra ser sincero, depende... E depois do lance decisivo? o que fazer de fato? implorar pela vida? ou ter que ouvir as miseras suplicações dos perdedores? Quando se vence, você termina com seu adversário antes que ele acabe com você - é uma regra clássica, deixa-lo vivo é a pior das opções... A vingança é um sentimento coeminente autodestrutivo contudo, prazeroso, não me venha com essa, ahhhh!! Principalmente se for realizado com sucesso.
Um passo falso pode te levar a ruína, um movimento errado possivelmente a morte, cortes e cicatrizes espalhados pelo corpo eram como registros de superações dos nossos próprios limites, frutos de nossos esforços, por cada cicatriz que carregava, por cada ponto dado, nada foi nada em vão, graças a isso, o jovem Orokoni - um excelente samurai - se via como um guerreiro em desenvolvimento, havia outras marcas que a vida deixaria com toda certeza, essas não eram nada comparado as que viriam...
Samurais adquirem habilidades que nunca imaginaram ou sonharem ter, elevar seus sentidos numa potencia máxima
era o que destacava de um iniciante para o maior dos experientes, a disciplina é essencialmente importante para o crescimento não só pessoal, e sim para o individuo como todo. — pensou o rapaz de cabelos negros antes de acertar um saco de areia com um chute poderoso.
Orokoni era um jovem com pele pálida e olhos puxados, seus cabelos eram lisos e grandes - por isso mantinha-os presos para que não atrapalhasse durante seu treinamento, era feito um coque, havia uma estatura normolínea além de um corpo recheado de musculaturas perfeitamente visíveis. No momento vestia uma camiseta de manga longa preta assim como sua calça de seda (Hakama) era da mesma cor, preferia treinar descalço.
— Orokoni, licença. Aquele Otto ligou novamente, parece que ele está bem interessado nesta espada... O que devo dizer a ele? — despindo serenidade em suas palavras beirando tranquilidade no ambiente o garoto ouviu atentamente tal proposta deixando escapar um sorriso bobo... — A Black Blade não está a venda. — e não era a primeira vez que o Pesquisador egocêntrico tentava entrar em contato com o Samurai, que por sua vez, sempre voltava a negar todas suas ofertas. — E Noburin... Se interromper meu treinamento com coisas irrelevantes mais uma vez eu terei o prazer em fatiar seu mísero pescoço, ouviu? — dizia empunhando sua espada enquanto encarava o boneco de pano bem na sua frente, tipicamente usado em treinamentos.
Noburin assentiu e se retirou imediatamente do recinto com um olhar cabisbaixo que era meramente ignorado pelo jovem que treinava incansavelmente pelo dojo.
— Como ele está indo? — o homem de cabelos grisalhos - Noburin - era surpreendido por uma voz um tanto familiar que fazia mudar sua postura por completo e esquecer sua preocupação com o jovem. — Quanto tempo, caro amigo. — se aproximava Kalehc - antigo mestre de Orokoni - com um semblante completamente distraído e simpático cumprimentava com uma gesta saudação. — Já era hora de voltar... Desde que presenciou propriamente o poder formidável do Mago da Luz ele se sentiu acuado e retornou pra cá sentindo um grande vazio, seus movimentos não são mais os mesmos, a única coisa que pensa ultimamente é nesse Mago. — finalizou Noburin retirando um cigarro de seu bolso e o colocando entre os lábios e o acendendo logo em seguida, esbaforiu a primeira tragada.
Por esse lado, o menino nunca teve apoio de seus familiares inclusive dos seus mestres, pelo contrário, era desmotivante ouvir a opinião das pessoas a sua volta.
Fazia cerca de cinco anos que os dois não se viam, tinham um laço que não só se resumia a amizade... Kalehc, um homem robusto e de aspecto saudável, uma barba invejável e um sorriso encantador, sua estatura era mediana, dono de um par de olhos que conquistavam qualquer um, de seu corpo exalava um cheiro especifico de pele madura, seu calor era fervoroso, seus músculos pareciam máquinas em tremendo trabalho - claro que no auge da sua carreira era quase uma locomotiva, sempre que podia estava vestido com uma regata branca certamente um tanto apertada pro porte do seu corpo.
Os dois tagarelavam - jogavam conversa fora - na área externa do dojô apoiados numa cerca de madeira que havia na sacada enquanto observavam o lindo pôr do Sol que resplandecia o lugar, sorrisos bobos surgiam da parte de Noburin, e por alguns segundos os dois trocavam olhares eminentemente profundos, esbanjavam uma química surreal, até que os olhos de Kalehc decidiram ir mais além, brilhosos e estagnados encarava os lábios do homem grisalho que respondeu o flerte com uma leve aproximação para sentir aquele calor fervoroso que havia descrito antes...
Os dois cavalheiros que trocavam carinhos afetuosos mal sabiam que estavam sendo observados por Narumi - irmã mais nova de Onoroki - ela dominava a arte de andar pelos cômodos sem ser ouvida ou percebida pois seus passos eram silenciosos, ela era boa nisso... "Que nojentos, como sempre." — pensou a garota com repulsa por aquela cena grotesca e, carinho não era uma das palavras que estavam no dicionário da menina, saia de lá o mais rápido possível.
Narumi então se dirigia ao dojo procurava fazer o que mais sabia: observar as pessoas, ela não se importava com os outros e quando se tratava de sentimentos era péssima em demonstra-los. Ela andava por lá descuidadamente - de forma proposital - para chamar a atenção do rapaz que treinava, ao notar presença da mesma respondeu sua provocação com uma encarada irritadiça. — Não tem nada para fazer, hein, pirralha? — por sorte da garota que seu treinamento já estava quase no fim. — Você passa o dia inteiro aqui treinando e continua sendo um fracote! — zombava a menina tentando irritar ainda mais o garoto. — Gr... Não me enche! — bradou fechando os olhos, o ambiente escureceu em questões de segundos e uma energia pesada dominou o recinto levando Narumi a congelar de medo. — E-eu... E-esta-va só brincando, não perca a cabeça. — comentou, mesmo com o corpo paralisado de medo a língua sempre estava na ativa.
Orokoni respirou fundo, viu que não tinha necessidade alguma daquilo.
— Estou com saudades da Drirná, quando que ela volta? — perguntou a menina toda curiosa. — Ela nunca mais vai voltar, se contente... — disse já sem paciência, se encontrava bem ocupado arrumando suas coisas para ir pra casa, só que na verdade ele não tinha mais notícias da mulher porém escondia algo um tanto pessoal.
Narumi era bem esperta e tinha facilidade em aprender táticas de combates e foi com a Drirná que a menina pôde aprender tais manhas, a mulher de cabelos vermelhos ficou pouco tempo por lá, era uma mulher que tinha coisas para serem resolvidas e não podia esperar de braços cruzados, dizia em ter vindo de uma região de Elementaristas, de um lugar pequeno e peculiar diante de suas regras, a garotinha não teve a oportunidade de saber mais sobre ela mas a admirava bastante.
Os olhos de sua irmã sempre eram pegos encarando a cicatriz na testa do rapaz, ela ainda não tinha se acostumado porém era a marca cravada de honra e conquista por ter vencido outros Espadachins para obter a tão sonhada espada, ela conseguia se lembrar de absolutamente de tudo daquele dia, foi um mix de sentimentos, só que o desejo e persistência dele foi maior do que qualquer competidor. O rapaz reorganizava o lugar, deixando tudo nos seus conformes, demorou minutos para terminar, não percebeu o tempo passar...
Estava prestes a anoitecer, o Sol ia dando espaço a Lua, que estava exuberante e cheia.
— Vai vir comigo, Narumi? Está quase na hora do jantar, não se atrase. — a pontualidade era uma características que os Orokonis prezavam com orgulho principalmente a disciplina, a menina correu pra próximo do rapaz e acompanhava-o até a saída do lugar, de longe o rapaz enxergou Kalehc - sozinho na sacada do segundo andar - que se despedia com um aceno prévio. — Você não sabe da última... O Kalehc- — empolgada a menina parecia ter uma notícia quente pra dar mas não esperou que fosse cortada pelo irmão. — Fique quieta. — interrompeu a menina grosseiramente.
Iam aos poucos ficando cada vez mais perto de casa - que por sinal não era tão longe do dojo, a menina andava com os braços cruzados emburrada, o bico que fazia era notável e seguia sendo um costume previsível de Narumi se tornar birrenta por qualquer situação que não a favorecia.
<13 Nov - 2020, 20h32> Chegando em casa, a menina se alegrou ao sentir o cheiro de carne assada que exalava pra fora da residência, Onoroki subiu as escadas e foi até seu quarto especificamente ao banheiro onde pode lavar seu rosto na pia dando de cara com seu reflexo no espelho, não era só sua irmã que reparava em sua cicatriz, ele também, só que diferente dela ele conseguia esconder. Prestes a tomar banho era pego de surpresa ao ouvir um barulho estranho vindo do seu quarto... — A espada! — era nítido a preocupação que tinha com aquele objeto, visto que a pessoa não conseguia ter sucesso na captura da Black Blade que parecia ter se escondido atrás de uma mesa que tinha no aposento... — Saia daí agora... Você está fedendo a medo... — dizia Onoroki se aproximando da mesa a cada passo que dava, estava certo que pegaria a pessoa no flagra e puniria sem piedade.
Por uns instantes, o rapaz de cabelos negros percebeu um chapéu preto deixado no chão confirmando a presença de um humano no quarto e com isso resolveu aplicar um chute na mesa que antes que pudesse atingi-la notou um flash de luz. — Porra! — exclamou enfurecido ao ver que a pessoa tinha ido embora, o que restou da mesa permaneceu no chão. — Não tinha como ter entrado aqui sem eu perceber, como ele fez isso? — se perguntava escoltando a espada averiguando que o perigo tinha ido embora. — Não consegui nem ver a cara do covarde... — completou saindo do quarto descendo as escadas deslocava-se até a cozinha - onde estava a maior parte das pessoas - que com sua aparência nada contente foi percebida por sua irmã. — Que foi? Não aguenta nem sua própria companhia? — disse a garota ajeitando seu cabelo. — Alguém tentou roubar a espada. — explicou rapidamente pois precisava contornar o problema e segurar as rédeas, pegou um copo do armário e encheu-o de água, ingeriu não só a água mas também a situação em si. — Roubar? Quem? — surpresa a menina ficava boquiaberta. — Não sei, ele fugiu. Aquele desgraçado... — seu tom ríspido e de fúria fazia com que o copo de sua mão - de vidro - se estraçalhasse e, com o pouco de água que tinha era derramado sobre o chão junto de gotas de sangue que iam escorrendo pelo seu punho.
— Tenho que saber quem é. Custe o que custar. — fechou a mão encarando o puro nada. — Calma, você está agindo como se ele tivesse a roubado de fato. — Narumi tentava acalmar seu irmão, pegou um pano para que pudesse limpar o chão. — Hoje não conseguiu... É só questão de tempo para conseguir, se ele invadiu isso aqui num passe de mágica... O que mais ele sabe fazer? Não sei nem o que ele é! — se sentir impotente diante de tal situação até que era compreensível vendo desta parte, afinal, haviam muitos que não gostavam do rapaz por ter alcançado esta aquisição, realmente Orokoni desconhecia os verdadeiros poderes que a espada carregava e a imensidão deles, na real era forte para qualquer ser humano suportar mas o destino quis assim, o escolheu.
— Quer saber? Perdi a fome e também não irei conseguir dormir sabendo que tem alguém querendo a minha espada, não me esperem. — comunicou saindo de casa com sua espada acoplada em sua cintura e com uma mochila pequena com suprimentos caso tivesse fome durante a noite. — Com a Drircá tudo parecia tão fácil... Porquê as coisas não podem ser assim? Argh... Ela era tão apaixonada em ajudar o próximo, servia sua classe com excelência. — pensou o rapaz fechando a porta da casa tomando rumo em direção a academia.
Um pouco aéreo, passava diversas vezes a cena da tentativa fracassada do roubo por sua cabeça...
— Não deve estar trabalhando sozinho, preciso encontrar pistas. — sussurrou o menino, pra ser exato era pensamentos altos. Era noite e sons de morcegos e roedores pelos arbustos alheios eram bem comuns, não assustava-o nem um pouco, nem uma criatura sequer traçava seu caminho - por algum motivo desconhecido, tinha a certeza que isto acontecia pelas criaturas o respeitarem, contudo não era bem um respeito e sim, o medo propriamente.
[ ... ]
— Olha como fala comigo, já fui seu mestre! — retrucou mudando a entonação. — Foi meu mestre? — indagou retoricamente balançando o rosto negando tamanha mentira. — Você me fazia limpar o seu sêmen por todo o banheiro! — não se importou em rasgar o verbo com o homem que ergueu levemente seu rosto fechando sua expressão. — Nunca precisei de você. — completou.
— Você não é merecedor de ter a Dark Soul contigo... Nunca foi! — usando truques baratos e baixos tentava lidar com o ego frágil de Onoroki que sabia muito bem que, quanto mais nervoso ficava, mais seu instinto irracional gritava. — Cale a merda da boca. — não aguentava sequer olhar para a cara de quem já chamou algum dia de mestre. — Me mostre que você não precisa dessa espada para me vencer, só assim pensarei ao contrário. — o homem não possuía nenhum objeto para usar então decidiu ditar as regras para tornar o combate mais justo.
O rapaz sacou a espada retirando-a da bainha cravando firmemente no chão de madeira... — Não deve demorar. — disse andando para o outro lado do dojô. — Tome cuidado garoto... Não pegarei leve com você, não desta vez. — já experiente manifestava segurança. — Que se foda.
"Está na hora dele conhecer o estilo Drogon Ryukuden. " — pensou o rapaz deixando suas pernas levemente afastadas e, com os joelhos flexionados enquanto suas mãos estavam espalmadas, deixando um braço a frente do corpo e o outro atrás.
— Não me impressiona. É isso que tem trabalhado por meses? Que tosco.... Aqui vou eu!— anunciou o inicio do combate que seria mortal para uma das partes, ninguém ali estava para brincar, o clima tenso pairava sobre o ar. Kalehc disparou na direção do rapaz que tentava manter a posição sobretudo a calma, a velocidade do homem era incrível ficando cara a cara do hospedeiro que reagia dando um pequeno pulo pra trás visando desviar do possível golpe do homem mais velho que respondia tal reação com outro salto - desta vez um maior - que foi necessário para alcançar Onoroki aplicando um chute poderoso em seu abdômen (Dô) que fazia ser jogado pra trás... — Já começou tão ruim assim? Devia desistir enquanto tem tempo muleque... — em passos lentos o homem caminhava até o corpo do rapaz que se encontrava caído e por ter acertado essa região estava sem ar por um período bem curto.
— Você sem seus truquezinhos não é nada! — com o pé apoiado na cabeça de Orokoni que era pressionada contra o chão que rangia por sua vez... — E espero que nenhum tipo de Pokémon te salve, porque da ultima vez... Não quero nem lembra-lo. — continuou com as provocações.
O menino assim que recuperou o fôlego colocou sua mão diretamente sobre a perna de Kalehc e tirou-a da sua cabeça, enquanto o homem se espantou com a atitude do rapaz que aos poucos ia se levantando até ficar de pé por completo, voltando a ficar na mesma posição de antes. — Não viu nada, babaca. — falou indo pra cima do homem estendendo com sua mão e supostamente tentaria um golpe que pudesse acertar a lateral do rosto de Kalehc que rapidamente recolheu os braços no intuito de defesa mas não esperou que o movimento do rapaz fosse um golpe falso, após descobrir a façanha já era tarde demais para contornar, Onoroki rotacionava seu corpo acertando seu calcanhar no quadril do homem que permanecia de pé depois de receber o golpe de primeira instância não parecia ter surtido efeito algum mas o garoto contava com isso mais a diante, não satisfeito ainda recolheu sua perna e com a outra acertava um chute alto que atingia o queixo de Kalehc, recuou esperando a reação do adversário.
O homem possuía uma resistência surpreendente, ou poderia estar escondendo muito bem a dor que sentia, Orokoni pensava em acertar golpes próximos das articulações pois prejudicariam os movimentos de Kalehc, deixando-lhe mais desgastado. — Eu sei o que está tentando fazer, pena que não vai durar mais do que isso. — Kalehc de alguma forma sabia da tática do rapaz que reagiu notoriamente abalado.
Em volta do dojô uma repleta escuridão vindo propriamente da noite fazia que aquele combate ganhasse mais respeito e a luz que era trazida pela lua era suficiente para deixar o ambiente claro - no centro do lugar, onde os dois se encontravam. O homem concentrou seu peso na lateral do seu corpo trazendo mais força ao seu golpe priorizando o término do combate, Orokoni saltou para o lado esquerdo e com isso desviava perfeitamente de seu golpe tendo uma vantagem pela abertura que Kalehc havia dado... "Talvez derruba-lo seja o melhor a se fazer, posso obter vantagem." — pensou o rapaz agachando, seu movimento era tão sútil e rápido semelhante a uma brisa do vento, mirou seu chute na dobra da perna sendo capaz de instabilizar Kalehc, que para sua sorte aconteceu como planejado, o homem acabou caindo, Oronaki não perdeu tempo e saltou aplicando uma sequência de socos nas costas que eram certeiros ao ponto de evidenciar estralos com o devido impacto direto com músculos...
— Minha nossa, não esperava por essa, você é daqueles que aproveita a única oportunidade que tem, isso é bom, mas tenho que dizer que essa foi a sua única. — se virou repentinamente jogando toda sua força em um braço só, Orokoni ao perceber esta ação se abaixou porém seu cabelo foi deixado pra trás como um rastro e não escapou das "garras" de seu ex-mestre, o homem agarrou o rapaz pelo cabelo, desfazendo seu coque, seu cabelo que antes preso estava completamente solto e desarrumado. — Eu falei... — o homem era tão forte que conseguia erguer o rapaz pelos fios de seu cabelo, que por seu lado não conseguia revidar, seus braços eram consideravelmente menores.
Orokoni encarou os olhos de Kalehc profundamente, era asco atrás de asco. — Desde o inicio venho lhe insultando, qual a nobre razão para não revidar? — indagou o homem puxando ainda mais os cabelos do rapaz. — Esses insultos vazios e patéticos são como você, toda essa raiva e ambição... Vão um dia vão te matar. — O barbudo fechou a mão e num único movimento socou a cara do rapaz soltando-lhe ao chão. — Haha! Você quase me emociona com seus contos de fada. — respondeu o homem que dava risadas forçadas ao ponto de mudar de expressão seguidamente.
Com o soco, vasos internos do seu nariz haviam se rompido e o sangramento nasal foi inevitável, era pouco, o menino usava a manga de sua camiseta para limpar o sangue, se levantava em seguida. Dava para ver que o mesmo não gostava de conversas paralelas enquanto lutava, seu foco era maior que qualquer obstáculo.
Orokoni correu numa velocidade consideravelmente superior a de antes, se não fosse tão persistente nunca teria chegado aonde chegou, optando por usar uma voadora - um pulo seguido de um chute -, Kalehc desviou do golpe pela lateral, não mediu esforço nenhum, quando Orokoni pousou no chão viu uma sombra obviamente do homem por trás, prestes a reagir, o menino recebia um golpe rápido que atingiu sua nuca, Oronaki caiu de joelhos no chão sem reação alguma, não era o suficiente ou continuaria a ser um saco de pancada? — A Black Blade é minha. — disse caminhando até ela, utilizando somente uma mão puxou-a do chão ligeiramente, ele a manipulava, sentia seu balançar e peso, Kalehc se aproximou do rapaz quando ficou bem perto se agachou e olhou dentro de seus olhos onde conseguiu ver seu próprio reflexo pela íris do rapaz. — Você acha que eu não sei? ela te escolheu, a Dark Soul, mas digo a ela que você não passa de um coitado. — com a própria espada do menino, o homem encostou a ponta metálica do objeto na testa do rapaz e sequer houve hesitação, começou a cortar a testa do garoto lentamente na horizontal com um sorriso no rosto, o sangue começou a escorrer pelo rosto e o corte? não foi tão fundo para não causar danos neurológicos e nem muito extenso, o suficiente para lembra-lo eternamente daquele dia... — Se não morrer devorado por uma criatura faminta morrerá por falta de sangue. — falou recolhendo a espada, apoiando o cabo em seu ombro, enquanto colocava um dos seus pés no ombro do rapaz, segundos depois, Kalehc pressionava-o desequilibrando o rapaz fazendo cair de costas no chão.
— Me mate! — gritou Oronaki desafiando a moral de Kalehc, supostamente reação automática do choque.
— Olhe pra você mesmo, já está morto, completamente oco por dentro. — declarou sem mais, saiu do lugar com a espada.
A Black Blade era uma espada unicamente especial, uma peça rara entre os colecionadores, além de valer muito, é claro, a espada não tinha nenhuma ligação direta ao usuário da Dark Soul, pelo menos até então, Mateo - seu nome afetivo - entrava em series de delírios, uma canção passava por sua cabeça e imagens horripilantes preenchia o vazio da solidão que sentia, a única coisa que não queria para si era uma morte solitária como essa...
"Ele não é tão forte quanto parece, nunca fui de reconhecer um oponente a minha altura, não havia ninguém como a mim, pessoas traumatizadas sempre tinham cartas por de baixos de suas mangas.""
Mas afinal como Orokoni se tornou o hospedeiro da Dark Soul? Foi ela que o escolheu? Enfim, era muitas perguntas que não podiam ser respondidas por agora...
Se passou um tempo até que Mateo escutou passos que vinham em sua direção, não sabia se era real ou fruto da sua imaginação. — SAI! S-SAIA DAQUI! ... Eu não quero morrer... Por favor... ME DEIXE MORRER!— aos berros pretendia assustar qualquer um que estivesse ali, deixando claro que não estava lucidamente bem.
O garoto estava tendo apagões repentinos mas conseguia sentir algo tocando a sua testa, um objeto em formato de concha... — Yatta? — a criatura apareceu sob visão do Samurai que o tocava em tempos nos locais doloridos e estimulantes com o objetivo que não desmaiasse até que ajuda chegasse, se fosse chegar...
Um passo falso pode te levar a ruína, um movimento errado possivelmente a morte, cortes e cicatrizes espalhados pelo corpo eram como registros de superações dos nossos próprios limites, frutos de nossos esforços, por cada cicatriz que carregava, por cada ponto dado, nada foi nada em vão, graças a isso, o jovem Orokoni - um excelente samurai - se via como um guerreiro em desenvolvimento, havia outras marcas que a vida deixaria com toda certeza, essas não eram nada comparado as que viriam...
Samurais adquirem habilidades que nunca imaginaram ou sonharem ter, elevar seus sentidos numa potencia máxima
era o que destacava de um iniciante para o maior dos experientes, a disciplina é essencialmente importante para o crescimento não só pessoal, e sim para o individuo como todo. — pensou o rapaz de cabelos negros antes de acertar um saco de areia com um chute poderoso.
Orokoni era um jovem com pele pálida e olhos puxados, seus cabelos eram lisos e grandes - por isso mantinha-os presos para que não atrapalhasse durante seu treinamento, era feito um coque, havia uma estatura normolínea além de um corpo recheado de musculaturas perfeitamente visíveis. No momento vestia uma camiseta de manga longa preta assim como sua calça de seda (Hakama) era da mesma cor, preferia treinar descalço.
— Orokoni, licença. Aquele Otto ligou novamente, parece que ele está bem interessado nesta espada... O que devo dizer a ele? — despindo serenidade em suas palavras beirando tranquilidade no ambiente o garoto ouviu atentamente tal proposta deixando escapar um sorriso bobo... — A Black Blade não está a venda. — e não era a primeira vez que o Pesquisador egocêntrico tentava entrar em contato com o Samurai, que por sua vez, sempre voltava a negar todas suas ofertas. — E Noburin... Se interromper meu treinamento com coisas irrelevantes mais uma vez eu terei o prazer em fatiar seu mísero pescoço, ouviu? — dizia empunhando sua espada enquanto encarava o boneco de pano bem na sua frente, tipicamente usado em treinamentos.
Noburin assentiu e se retirou imediatamente do recinto com um olhar cabisbaixo que era meramente ignorado pelo jovem que treinava incansavelmente pelo dojo.
— Como ele está indo? — o homem de cabelos grisalhos - Noburin - era surpreendido por uma voz um tanto familiar que fazia mudar sua postura por completo e esquecer sua preocupação com o jovem. — Quanto tempo, caro amigo. — se aproximava Kalehc - antigo mestre de Orokoni - com um semblante completamente distraído e simpático cumprimentava com uma gesta saudação. — Já era hora de voltar... Desde que presenciou propriamente o poder formidável do Mago da Luz ele se sentiu acuado e retornou pra cá sentindo um grande vazio, seus movimentos não são mais os mesmos, a única coisa que pensa ultimamente é nesse Mago. — finalizou Noburin retirando um cigarro de seu bolso e o colocando entre os lábios e o acendendo logo em seguida, esbaforiu a primeira tragada.
Por esse lado, o menino nunca teve apoio de seus familiares inclusive dos seus mestres, pelo contrário, era desmotivante ouvir a opinião das pessoas a sua volta.
Fazia cerca de cinco anos que os dois não se viam, tinham um laço que não só se resumia a amizade... Kalehc, um homem robusto e de aspecto saudável, uma barba invejável e um sorriso encantador, sua estatura era mediana, dono de um par de olhos que conquistavam qualquer um, de seu corpo exalava um cheiro especifico de pele madura, seu calor era fervoroso, seus músculos pareciam máquinas em tremendo trabalho - claro que no auge da sua carreira era quase uma locomotiva, sempre que podia estava vestido com uma regata branca certamente um tanto apertada pro porte do seu corpo.
Os dois tagarelavam - jogavam conversa fora - na área externa do dojô apoiados numa cerca de madeira que havia na sacada enquanto observavam o lindo pôr do Sol que resplandecia o lugar, sorrisos bobos surgiam da parte de Noburin, e por alguns segundos os dois trocavam olhares eminentemente profundos, esbanjavam uma química surreal, até que os olhos de Kalehc decidiram ir mais além, brilhosos e estagnados encarava os lábios do homem grisalho que respondeu o flerte com uma leve aproximação para sentir aquele calor fervoroso que havia descrito antes...
Os dois cavalheiros que trocavam carinhos afetuosos mal sabiam que estavam sendo observados por Narumi - irmã mais nova de Onoroki - ela dominava a arte de andar pelos cômodos sem ser ouvida ou percebida pois seus passos eram silenciosos, ela era boa nisso... "Que nojentos, como sempre." — pensou a garota com repulsa por aquela cena grotesca e, carinho não era uma das palavras que estavam no dicionário da menina, saia de lá o mais rápido possível.
Narumi então se dirigia ao dojo procurava fazer o que mais sabia: observar as pessoas, ela não se importava com os outros e quando se tratava de sentimentos era péssima em demonstra-los. Ela andava por lá descuidadamente - de forma proposital - para chamar a atenção do rapaz que treinava, ao notar presença da mesma respondeu sua provocação com uma encarada irritadiça. — Não tem nada para fazer, hein, pirralha? — por sorte da garota que seu treinamento já estava quase no fim. — Você passa o dia inteiro aqui treinando e continua sendo um fracote! — zombava a menina tentando irritar ainda mais o garoto. — Gr... Não me enche! — bradou fechando os olhos, o ambiente escureceu em questões de segundos e uma energia pesada dominou o recinto levando Narumi a congelar de medo. — E-eu... E-esta-va só brincando, não perca a cabeça. — comentou, mesmo com o corpo paralisado de medo a língua sempre estava na ativa.
Orokoni respirou fundo, viu que não tinha necessidade alguma daquilo.
— Estou com saudades da Drirná, quando que ela volta? — perguntou a menina toda curiosa. — Ela nunca mais vai voltar, se contente... — disse já sem paciência, se encontrava bem ocupado arrumando suas coisas para ir pra casa, só que na verdade ele não tinha mais notícias da mulher porém escondia algo um tanto pessoal.
Narumi era bem esperta e tinha facilidade em aprender táticas de combates e foi com a Drirná que a menina pôde aprender tais manhas, a mulher de cabelos vermelhos ficou pouco tempo por lá, era uma mulher que tinha coisas para serem resolvidas e não podia esperar de braços cruzados, dizia em ter vindo de uma região de Elementaristas, de um lugar pequeno e peculiar diante de suas regras, a garotinha não teve a oportunidade de saber mais sobre ela mas a admirava bastante.
Os olhos de sua irmã sempre eram pegos encarando a cicatriz na testa do rapaz, ela ainda não tinha se acostumado porém era a marca cravada de honra e conquista por ter vencido outros Espadachins para obter a tão sonhada espada, ela conseguia se lembrar de absolutamente de tudo daquele dia, foi um mix de sentimentos, só que o desejo e persistência dele foi maior do que qualquer competidor. O rapaz reorganizava o lugar, deixando tudo nos seus conformes, demorou minutos para terminar, não percebeu o tempo passar...
Estava prestes a anoitecer, o Sol ia dando espaço a Lua, que estava exuberante e cheia.
— Vai vir comigo, Narumi? Está quase na hora do jantar, não se atrase. — a pontualidade era uma características que os Orokonis prezavam com orgulho principalmente a disciplina, a menina correu pra próximo do rapaz e acompanhava-o até a saída do lugar, de longe o rapaz enxergou Kalehc - sozinho na sacada do segundo andar - que se despedia com um aceno prévio. — Você não sabe da última... O Kalehc- — empolgada a menina parecia ter uma notícia quente pra dar mas não esperou que fosse cortada pelo irmão. — Fique quieta. — interrompeu a menina grosseiramente.
Iam aos poucos ficando cada vez mais perto de casa - que por sinal não era tão longe do dojo, a menina andava com os braços cruzados emburrada, o bico que fazia era notável e seguia sendo um costume previsível de Narumi se tornar birrenta por qualquer situação que não a favorecia.
<13 Nov - 2020, 20h32> Chegando em casa, a menina se alegrou ao sentir o cheiro de carne assada que exalava pra fora da residência, Onoroki subiu as escadas e foi até seu quarto especificamente ao banheiro onde pode lavar seu rosto na pia dando de cara com seu reflexo no espelho, não era só sua irmã que reparava em sua cicatriz, ele também, só que diferente dela ele conseguia esconder. Prestes a tomar banho era pego de surpresa ao ouvir um barulho estranho vindo do seu quarto... — A espada! — era nítido a preocupação que tinha com aquele objeto, visto que a pessoa não conseguia ter sucesso na captura da Black Blade que parecia ter se escondido atrás de uma mesa que tinha no aposento... — Saia daí agora... Você está fedendo a medo... — dizia Onoroki se aproximando da mesa a cada passo que dava, estava certo que pegaria a pessoa no flagra e puniria sem piedade.
Por uns instantes, o rapaz de cabelos negros percebeu um chapéu preto deixado no chão confirmando a presença de um humano no quarto e com isso resolveu aplicar um chute na mesa que antes que pudesse atingi-la notou um flash de luz. — Porra! — exclamou enfurecido ao ver que a pessoa tinha ido embora, o que restou da mesa permaneceu no chão. — Não tinha como ter entrado aqui sem eu perceber, como ele fez isso? — se perguntava escoltando a espada averiguando que o perigo tinha ido embora. — Não consegui nem ver a cara do covarde... — completou saindo do quarto descendo as escadas deslocava-se até a cozinha - onde estava a maior parte das pessoas - que com sua aparência nada contente foi percebida por sua irmã. — Que foi? Não aguenta nem sua própria companhia? — disse a garota ajeitando seu cabelo. — Alguém tentou roubar a espada. — explicou rapidamente pois precisava contornar o problema e segurar as rédeas, pegou um copo do armário e encheu-o de água, ingeriu não só a água mas também a situação em si. — Roubar? Quem? — surpresa a menina ficava boquiaberta. — Não sei, ele fugiu. Aquele desgraçado... — seu tom ríspido e de fúria fazia com que o copo de sua mão - de vidro - se estraçalhasse e, com o pouco de água que tinha era derramado sobre o chão junto de gotas de sangue que iam escorrendo pelo seu punho.
— Tenho que saber quem é. Custe o que custar. — fechou a mão encarando o puro nada. — Calma, você está agindo como se ele tivesse a roubado de fato. — Narumi tentava acalmar seu irmão, pegou um pano para que pudesse limpar o chão. — Hoje não conseguiu... É só questão de tempo para conseguir, se ele invadiu isso aqui num passe de mágica... O que mais ele sabe fazer? Não sei nem o que ele é! — se sentir impotente diante de tal situação até que era compreensível vendo desta parte, afinal, haviam muitos que não gostavam do rapaz por ter alcançado esta aquisição, realmente Orokoni desconhecia os verdadeiros poderes que a espada carregava e a imensidão deles, na real era forte para qualquer ser humano suportar mas o destino quis assim, o escolheu.
— Quer saber? Perdi a fome e também não irei conseguir dormir sabendo que tem alguém querendo a minha espada, não me esperem. — comunicou saindo de casa com sua espada acoplada em sua cintura e com uma mochila pequena com suprimentos caso tivesse fome durante a noite. — Com a Drircá tudo parecia tão fácil... Porquê as coisas não podem ser assim? Argh... Ela era tão apaixonada em ajudar o próximo, servia sua classe com excelência. — pensou o rapaz fechando a porta da casa tomando rumo em direção a academia.
Um pouco aéreo, passava diversas vezes a cena da tentativa fracassada do roubo por sua cabeça...
— Não deve estar trabalhando sozinho, preciso encontrar pistas. — sussurrou o menino, pra ser exato era pensamentos altos. Era noite e sons de morcegos e roedores pelos arbustos alheios eram bem comuns, não assustava-o nem um pouco, nem uma criatura sequer traçava seu caminho - por algum motivo desconhecido, tinha a certeza que isto acontecia pelas criaturas o respeitarem, contudo não era bem um respeito e sim, o medo propriamente.
[ PARTE BLOQUEADA DA HISTÓRIA ]
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[ ... ]
— Olha como fala comigo, já fui seu mestre! — retrucou mudando a entonação. — Foi meu mestre? — indagou retoricamente balançando o rosto negando tamanha mentira. — Você me fazia limpar o seu sêmen por todo o banheiro! — não se importou em rasgar o verbo com o homem que ergueu levemente seu rosto fechando sua expressão. — Nunca precisei de você. — completou.
— Você não é merecedor de ter a Dark Soul contigo... Nunca foi! — usando truques baratos e baixos tentava lidar com o ego frágil de Onoroki que sabia muito bem que, quanto mais nervoso ficava, mais seu instinto irracional gritava. — Cale a merda da boca. — não aguentava sequer olhar para a cara de quem já chamou algum dia de mestre. — Me mostre que você não precisa dessa espada para me vencer, só assim pensarei ao contrário. — o homem não possuía nenhum objeto para usar então decidiu ditar as regras para tornar o combate mais justo.
O rapaz sacou a espada retirando-a da bainha cravando firmemente no chão de madeira... — Não deve demorar. — disse andando para o outro lado do dojô. — Tome cuidado garoto... Não pegarei leve com você, não desta vez. — já experiente manifestava segurança. — Que se foda.
"Está na hora dele conhecer o estilo Drogon Ryukuden. " — pensou o rapaz deixando suas pernas levemente afastadas e, com os joelhos flexionados enquanto suas mãos estavam espalmadas, deixando um braço a frente do corpo e o outro atrás.
— Não me impressiona. É isso que tem trabalhado por meses? Que tosco.... Aqui vou eu!— anunciou o inicio do combate que seria mortal para uma das partes, ninguém ali estava para brincar, o clima tenso pairava sobre o ar. Kalehc disparou na direção do rapaz que tentava manter a posição sobretudo a calma, a velocidade do homem era incrível ficando cara a cara do hospedeiro que reagia dando um pequeno pulo pra trás visando desviar do possível golpe do homem mais velho que respondia tal reação com outro salto - desta vez um maior - que foi necessário para alcançar Onoroki aplicando um chute poderoso em seu abdômen (Dô) que fazia ser jogado pra trás... — Já começou tão ruim assim? Devia desistir enquanto tem tempo muleque... — em passos lentos o homem caminhava até o corpo do rapaz que se encontrava caído e por ter acertado essa região estava sem ar por um período bem curto.
— Você sem seus truquezinhos não é nada! — com o pé apoiado na cabeça de Orokoni que era pressionada contra o chão que rangia por sua vez... — E espero que nenhum tipo de Pokémon te salve, porque da ultima vez... Não quero nem lembra-lo. — continuou com as provocações.
O menino assim que recuperou o fôlego colocou sua mão diretamente sobre a perna de Kalehc e tirou-a da sua cabeça, enquanto o homem se espantou com a atitude do rapaz que aos poucos ia se levantando até ficar de pé por completo, voltando a ficar na mesma posição de antes. — Não viu nada, babaca. — falou indo pra cima do homem estendendo com sua mão e supostamente tentaria um golpe que pudesse acertar a lateral do rosto de Kalehc que rapidamente recolheu os braços no intuito de defesa mas não esperou que o movimento do rapaz fosse um golpe falso, após descobrir a façanha já era tarde demais para contornar, Onoroki rotacionava seu corpo acertando seu calcanhar no quadril do homem que permanecia de pé depois de receber o golpe de primeira instância não parecia ter surtido efeito algum mas o garoto contava com isso mais a diante, não satisfeito ainda recolheu sua perna e com a outra acertava um chute alto que atingia o queixo de Kalehc, recuou esperando a reação do adversário.
O homem possuía uma resistência surpreendente, ou poderia estar escondendo muito bem a dor que sentia, Orokoni pensava em acertar golpes próximos das articulações pois prejudicariam os movimentos de Kalehc, deixando-lhe mais desgastado. — Eu sei o que está tentando fazer, pena que não vai durar mais do que isso. — Kalehc de alguma forma sabia da tática do rapaz que reagiu notoriamente abalado.
Em volta do dojô uma repleta escuridão vindo propriamente da noite fazia que aquele combate ganhasse mais respeito e a luz que era trazida pela lua era suficiente para deixar o ambiente claro - no centro do lugar, onde os dois se encontravam. O homem concentrou seu peso na lateral do seu corpo trazendo mais força ao seu golpe priorizando o término do combate, Orokoni saltou para o lado esquerdo e com isso desviava perfeitamente de seu golpe tendo uma vantagem pela abertura que Kalehc havia dado... "Talvez derruba-lo seja o melhor a se fazer, posso obter vantagem." — pensou o rapaz agachando, seu movimento era tão sútil e rápido semelhante a uma brisa do vento, mirou seu chute na dobra da perna sendo capaz de instabilizar Kalehc, que para sua sorte aconteceu como planejado, o homem acabou caindo, Oronaki não perdeu tempo e saltou aplicando uma sequência de socos nas costas que eram certeiros ao ponto de evidenciar estralos com o devido impacto direto com músculos...
— Minha nossa, não esperava por essa, você é daqueles que aproveita a única oportunidade que tem, isso é bom, mas tenho que dizer que essa foi a sua única. — se virou repentinamente jogando toda sua força em um braço só, Orokoni ao perceber esta ação se abaixou porém seu cabelo foi deixado pra trás como um rastro e não escapou das "garras" de seu ex-mestre, o homem agarrou o rapaz pelo cabelo, desfazendo seu coque, seu cabelo que antes preso estava completamente solto e desarrumado. — Eu falei... — o homem era tão forte que conseguia erguer o rapaz pelos fios de seu cabelo, que por seu lado não conseguia revidar, seus braços eram consideravelmente menores.
Orokoni encarou os olhos de Kalehc profundamente, era asco atrás de asco. — Desde o inicio venho lhe insultando, qual a nobre razão para não revidar? — indagou o homem puxando ainda mais os cabelos do rapaz. — Esses insultos vazios e patéticos são como você, toda essa raiva e ambição... Vão um dia vão te matar. — O barbudo fechou a mão e num único movimento socou a cara do rapaz soltando-lhe ao chão. — Haha! Você quase me emociona com seus contos de fada. — respondeu o homem que dava risadas forçadas ao ponto de mudar de expressão seguidamente.
Com o soco, vasos internos do seu nariz haviam se rompido e o sangramento nasal foi inevitável, era pouco, o menino usava a manga de sua camiseta para limpar o sangue, se levantava em seguida. Dava para ver que o mesmo não gostava de conversas paralelas enquanto lutava, seu foco era maior que qualquer obstáculo.
Orokoni correu numa velocidade consideravelmente superior a de antes, se não fosse tão persistente nunca teria chegado aonde chegou, optando por usar uma voadora - um pulo seguido de um chute -, Kalehc desviou do golpe pela lateral, não mediu esforço nenhum, quando Orokoni pousou no chão viu uma sombra obviamente do homem por trás, prestes a reagir, o menino recebia um golpe rápido que atingiu sua nuca, Oronaki caiu de joelhos no chão sem reação alguma, não era o suficiente ou continuaria a ser um saco de pancada? — A Black Blade é minha. — disse caminhando até ela, utilizando somente uma mão puxou-a do chão ligeiramente, ele a manipulava, sentia seu balançar e peso, Kalehc se aproximou do rapaz quando ficou bem perto se agachou e olhou dentro de seus olhos onde conseguiu ver seu próprio reflexo pela íris do rapaz. — Você acha que eu não sei? ela te escolheu, a Dark Soul, mas digo a ela que você não passa de um coitado. — com a própria espada do menino, o homem encostou a ponta metálica do objeto na testa do rapaz e sequer houve hesitação, começou a cortar a testa do garoto lentamente na horizontal com um sorriso no rosto, o sangue começou a escorrer pelo rosto e o corte? não foi tão fundo para não causar danos neurológicos e nem muito extenso, o suficiente para lembra-lo eternamente daquele dia... — Se não morrer devorado por uma criatura faminta morrerá por falta de sangue. — falou recolhendo a espada, apoiando o cabo em seu ombro, enquanto colocava um dos seus pés no ombro do rapaz, segundos depois, Kalehc pressionava-o desequilibrando o rapaz fazendo cair de costas no chão.
— Me mate! — gritou Oronaki desafiando a moral de Kalehc, supostamente reação automática do choque.
— Olhe pra você mesmo, já está morto, completamente oco por dentro. — declarou sem mais, saiu do lugar com a espada.
A Black Blade era uma espada unicamente especial, uma peça rara entre os colecionadores, além de valer muito, é claro, a espada não tinha nenhuma ligação direta ao usuário da Dark Soul, pelo menos até então, Mateo - seu nome afetivo - entrava em series de delírios, uma canção passava por sua cabeça e imagens horripilantes preenchia o vazio da solidão que sentia, a única coisa que não queria para si era uma morte solitária como essa...
♬ Mate, mate a criatura, não se apavore, a criatura de três asas, mas cuidado, ela é perigosa ♬
♬ Quando a matar uma coisa verá ♬
O desespero ruindo sobre todos nós
Como uma maldição que cairá com o comando de uma única voz. ♬
♬ Quando a matar uma coisa verá ♬
O desespero ruindo sobre todos nós
Como uma maldição que cairá com o comando de uma única voz. ♬
"Ele não é tão forte quanto parece, nunca fui de reconhecer um oponente a minha altura, não havia ninguém como a mim, pessoas traumatizadas sempre tinham cartas por de baixos de suas mangas.""
Mas afinal como Orokoni se tornou o hospedeiro da Dark Soul? Foi ela que o escolheu? Enfim, era muitas perguntas que não podiam ser respondidas por agora...
Se passou um tempo até que Mateo escutou passos que vinham em sua direção, não sabia se era real ou fruto da sua imaginação. — SAI! S-SAIA DAQUI! ... Eu não quero morrer... Por favor... ME DEIXE MORRER!— aos berros pretendia assustar qualquer um que estivesse ali, deixando claro que não estava lucidamente bem.
O garoto estava tendo apagões repentinos mas conseguia sentir algo tocando a sua testa, um objeto em formato de concha... — Yatta? — a criatura apareceu sob visão do Samurai que o tocava em tempos nos locais doloridos e estimulantes com o objetivo que não desmaiasse até que ajuda chegasse, se fosse chegar...
Última edição por China em Sex Nov 04, 2022 9:14 pm, editado 7 vez(es) (Motivo da edição : China)
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