Amorina assistia a magia do natal surgir em sua frente, à medida que o Papai Noel se direcionava para seu gigantesco trenó recheado de presentes. Os outros pequeninos trenós ao redor dele pareciam ser o que retirava os treinadores de dentro das MAX Raids. A adolescente faria de tudo para ter a chance de saber como seria fazer uma viagem ao mundo daquela forma, mas pra sua surpresa, uma das Jynx começou a empurrá-la em direção à um dos trenós.

- Tudo bem... eu posso voltar pelo portal! - comentou nervosa de pensar em experienciar mais uma vez a rapidez daqueles transportes mágicos.

Contudo, não bastou, pois quando a coordenadora relutou demais, Jynx utilizou a força psíquica para colocá-la flutuando dentro do trenó e mandou um beijinho inocente quando correu para se reunir com suas amigas. Virando-se para frente, ela viu o Papai Noel sorrir enquanto começou a se despedir de seus "funcionários", que formavam diversas fileiras de criaturas que também acenavam para a adolescente. Em uma hora, ela estava no Polo Norte, na outra, viu uma dimensão distorcida e confusa, sendo as únicas coisas com um formato natural os trenós que perseguiam o do Papai Noel.

Num brilho, Amorina retornou para a noturna Pallet, onde o idoso místico esticou a mão e recebeu um presente. Pouco a pouco ele sumia e reaparecia num brilho estelar em direção de cada uma das casas. Ela ficava maravilhada com tudo aquilo, pois a lembrava de quando era uma Magic Sister e tinha o corpo totalmente aprimorado para deixar rastros de luz e glitter como o Papai Noel fazia. De vez em quando, ela via ele mastigando alguns biscoitinhos, sendo provavelmente a prova de pessoas caridosas que deixaram. Ele também surgia as vezes sujo de fuligem de chaminé, mas com mais um estalo de dedos, ele se limpava e continuava as entregas.

O que na mente da adolescente demoraria horas para ser concluída numa cidade populosa, demorou apenas alguns minutos do Papai Noel que retornou a estimular as renas e avançou. Passando por Solaceon, ele ria ao mostrar que alguns moradores pareciam ter economizado biscoitos do halloween em formato de abóbora para deixar para ele, mas nenhum presente era recusado. Seguindo esse padrão em Santalune, onde as luzes da cidade artística a embelezavam ainda mais, eles finalmente avançaram à costeira cidade de Pewter com volumosas e opulentas formações geológicas que cumpriam o mesmo papel dos pisca-pisca. Amorina inclusive teve a oportunidade de ver Slateport de longe, embora a cidade ainda parecia se recuperar do Cataclisma.

Goldenrod estava na mesma situação de Slateport, porém as construções pareciam bem mais avançadas e já havia um enorme prédio com enfeites em cada janela. Humilau era a primeira parada mais curta, com uma brisa fresca e o agradável som das ondas batendo entre as pedras sendo a melodia que parecia marcar a cidade. Seguindo o mar aberto até Shalour, Amorina arregalou os olhos quando viu o imponente Palácio de Cameran pela primeira vez à distância, sendo uma construção ainda mais nobre quando se aproximaram. "O que nobres pedem de Natal?" se questionou. Não tardou que em mais uma volta eles caíssem em Undella, o qual possuía um pequeno show de fogos na beira da praia, que pareciam ser a posição perfeita para esconder uma série de trenós flutuantes.

Sobrevoando até a então desconhecida Zona Leste, Amorina viu a fantástica Fortree se erguer entre as altas copas, com pontes de madeira suspensas conectando as travessias e casas acopladas às árvores. Mais pra frente, Dewford estava escondida em uma ilha, sendo bem mais silenciosa que as normais, provavelmente marcada pela disciplina dos lutadores que acordavam cedo para o treinamento mesmo em épocas festivas. Fazendo o retorno rumo ao Sul, a magnata se contorceu no trenó quando o viu indo direto em direção à uma montanha, prestes a se chocar com ela quando outro portal se abriu e Spikemuth se revelou. Os LEDs e telões espalhados pelo local criavam ainda mais incômodo à visão e mais obscuridade em seus becos, também permitindo que o Papai Noel se esgueirasse entre a população para realizar as entregas. A última parada era Violet, onde a Torre era um dos grandes marcos, que inclusive foi o ponto em que o velhinho utilizou para retornar com agilidade para Kiloude.

Talvez fosse o frio da atmosfera, talvez fosse o cansaço do fabuloso dia que viveu ou só Papai Noel estava dando algum sonífero que a garota não era capaz de notar. Fato era que Amorina já começava a bocejar com frequência e sentir seus olhos quererem se fechar e permanecer assim pra um merecido descanso. Com isso, o Papai Noel até parecia se tornar mais eficiente, pois eles retornavam para a Vila Natal.

- Ho ho ho! Já está cansada? Temo já ter mesmo passado da hora de dormir - comentou o idoso quando teleportou para o trenó dela.
- Tudo bem... eu ainda consigo esperar o senhor terminar.
- Ora, que boa notícia então, pois já terminei!

A adolescente então olhou ao redor, para perceber que estava com o trenó pousado na trilha em frente à sua cabana luxuosa. Esfregando os olhos por garantia, ela aceitou a ajuda do idoso para descer do transporte e logo caminhou até a varada, onde cruzou os braços e olhou novamente para o Papai Noel, provavelmente uma última vez antes dele voltar ao Polo Norte.

- Por que tantos trenós se o senhor usa apenas um?
- Ora, essas são para as dimensões da Raid. Quem você acha que fornece os presentes dados? - brincou, rindo de forma típica. - Tenha uma sagrada noite de sono, Amorina. Que seus desejos se tornem realidade! - comentou em despedida, balançando as mãos enquanto subia com o trenó.

Enquanto assistia a partida, a adolescente ficou preocupada quando viu duas sombras caírem de dentro do trenó. Elas estavam em queda livre e automaticamente despertavam a adolescente, que correu para tentar prever onde cada uma cairia. Contudo, a alguns metros do chão, os itens simplesmente desaceleraram, caindo tão suavemente quanto um floco de neve até que a garota colocou a mão neles. O primeiro era uma caixa embrulhada em rosa-bebê e fitas douradas, enquanto a outra era um ovo com padrões curiosos de verde pastel e alguns pontinhos reluzentes.

- E agora para devolver? - se questionou, lembrando que não tinha um trenó flutuante multidimensional na garagem.

Curiosa, ela levou os itens para dentro de casa e com a iluminação interna foi capaz de ver uma cartinha acompanhando os presentes. Amorina leu cada letra com ainda mais emoção, corando e sentindo os olhos marejarem. Era conclusivo: o Papai Noel não perdeu aqueles presentes, ele os entregou de bom grado para a coordenadora.

"Querida Amorina,

Lamento saber que seu vestido de conchas já não serve mais. As Jynx tiveram um grande trabalho coletando cada uma, mas ficaram bem animadas quando viram o presente concluído. Devo salientar que você estava fofíssima com ela, mesmo que não pudesse andar naquela ocasião. Mas você já não é a garotinha que pedia ao Papai Noel roupas exóticas. Não! Agora você é Amorina Dourado! Seu nome já corre entre figuras importantes de Pokégea e seu mais maravilhoso sonho de conquistar o palco e o público se concretiza a cada dia.

Talvez eu esteja emotivo demais sobre seu crescimento. Me perdoe, estou velho. Mas ainda me alegra saber que você manteve sua inocência e gentileza. Se houvesse uma lista de exímios bonzinhos, você estaria inscrita nela. Seus amigos podem dizer melhor do que eu, já que Ayla me auxiliou a decidir quem merecia um presente especial esse ano e... foi você. Continue com sua trilha, com a consciência tranquila de que nenhum de seus atos maculou sua bondade.

Não pense que eu não sei sobre Litten. Um pestinha que você ensinou a amar. Talvez ele também tenha lhe ensinado algumas coisas. Continue treinando seu poderoso alazão Mudsdale, pois é nítida a confiança que ele depositou em você. Quanto a Brionne e Jangmo-o, acho que posso me privar de comentários. Brincadeirinha. Quando cantou no coral, por mais insegura que estivesse, eu senti ainda que de longe que estava fazendo isso por eles, assim como eles fizeram por você. Amizade, alegria e amor. É disso que Amorina é feita e isso que quero continuar vendo nos anos que estão pra surgir.

Com muito carinho,
Papai Noel."

Limpando as lágrimas, Amorina foi até o lado de fora da cabana para libertar todos os Pokémon, esticando os braços para receber um abraço conjunto. Eles pareciam confusos pelos motivos da adolescente chorar, mas não protestavam pelo acolhedor abraço que recebiam. Agradecendo um a um, ela fez uma reverência para que eles entrassem na casa, deixando Mudsdale como último da fila. Cortava o coração dela pensar que o cavalo não podia entrar na cabana por suas dimensões grandes, mas ela mais uma vez entregava alguns Pokéblock para compensar.

Quando ela retornou o cavalo, pouco antes de entrar, seu Itemfinder começou a apitar incessantemente com a localização de um item perdido. Indo em direção à namoradeira, ela levantou uma das almofadas, vendo uma Snowball e um pouco de dinheiro reunido em seu interior. Ao ver uma pegada de ave no chão, marcada por um pouco de neve, ela teve a certeza de que o Delibird do Norte também surgia para se despedir dela com um presente.

- Obrigada... eu nunca vou me esquecer disso - comentou sorridente quando fechou a porta da cabana.

Já em ritmo de despedida da Vila Natal, Amorina despertou cedo e ficou bem lenta para fazer tudo. Para ser honesta, ela estava adorando ter uma cabana luxuosa e não queria voltar à vida dura que era dormir em barracas em áreas selvagens. Contudo, ela ainda tinha que se mexer se queria conquistar sua próxima fita, então mudanças sempre eram necessárias. Após tomar o café da manhã, ela foi até o lado de fora da cabana para libertar Mudsdale, que exibia uma pelagem sedosa e vibrante com o efeito de todas as Pokéblock que comia.

- Preparado para inaugurar nos palcos, grandalhão? - perguntou, vendo-o relinchar de felicidade. - Oh não. Esqueci de te levar para se recuperar. Nada como o tempo de agora, certo?!

Notando algumas marcas de ferimento de seu combate para salvar Stantler, a coordenadora o recolheu e seguiu a trilha até chegar na Casa da Lareira. A solidão da estrada já se tornava incômoda, revelando que de fato, a área florestal estava se encaminhando para a finalização de suas comemorações e que em breve retornaria a ser uma área completamente selvagem, com apenas os Ranger garantindo a preservação da fauna e flora.

Chegando no balcão da enfermaria, a adolescente entregou o alazão para ser recuperado e recebeu da enfermeira a notícia de que foi qualificada no pódio da competição de construir bonecos de neve. Amorina inclusive se lembrava que, naquela oportunidade, ela só tinha descoberto o evento graças à sua procura por uma Alolan Vulpix. Com aquele fato, assim que Mudsdale foi liberado da recuperação, a magnata seguiu até o computador e trocou Jangmo-o por Alolan Vulpix.

- Você quer conhecer o boneco que criamos? - perguntou, vendo a raposinha ártica saltitar animada.

Amorina seguiu a trilha ao Sul, onde os bonecos de neve estavam expostos diretamente às margens delas. Vulpix não se importava com o frio, mas parecia temer que alguma criatura selvagem surgisse. Chegando lá, a própria coordenadora abriu um largo sorriso quando viu uma medalha de segundo lugar pendurada entre o gorro de cristais em formato de coração que a adolescente tinha feito. Libertando a maioria dos Pokémon que foram envolvidos, eles comemoraram a conquista.

Aquela pequena comoção dos aliados da coordenadora fazia o Ranger responsável pela competição surgir e apertar a mão dela como símbolo de parabéns. Além de correr para pegar um embrulho de presente e algumas moedas pela conquista. Ele aproveitou para exibir que a foto dela com os Pokémon e os pais estava exposta no quadro da Casa da Lareira, notando também que Ayla tinha conquistado o primeiro lugar. Era muita alegria e conquistas de uma só vez que, quando a garota se deu conta, Vulpix tinha desaparecido.

- VULPIX! VULPIX! - gritou, alertando os demais Pokémon que algo estava errado. - Alguém viu ela?

Haunter se manifestou na frente da coordenadora, indicando uma direção rumo aos pinheirinhos com pegadas fininhas que eram muito semelhantes aos de Vulpix. Correndo na direção, ela foi perseguida por seus Pokémon durante alguns metros mais fundo na zona arbórea, até sentirem uma repentina tempestade de neve tomar conta do clima. Lutando contra a neve violenta que tentava tapar sua visão, Amorina por muito pouco conseguia ver uma gigantesca pedra de gelo, com uma Ninetales imponente acima dela e a pequenina Vulpix no chão.

- Vulpix! - gritou, mas foi abafado, embora tanto o selvagem quanto a raposa da coordenadora tivessem conseguido escutar.

Mas uma não tirava os olhos da outra. Ninetales balançava a cauda de forma sorrateira, como se preparasse para atacar, porém seu bando de Vulpix logo surgiu, soltando chorinhos para a "expulsa" do bando. Amorina também decidiu fazer a frente, seguindo para trás de sua raposa e vendo seus Pokémon formarem um paredão ao lado dela, demonstrando que não estava só. Vulpix encarava seus aliados com muita fofura, mas depois direcionou um grito para Ninetales, que apenas se sentou e aguardou.

Embora não soubesse o que aquilo significava, a magnata assistiu os passos lentos de Vulpix em direção à pedra, sendo acompanhada sempre pelo olhar cauteloso do bando da raposa faérica no topo da pedra. Contudo, ninguém se opôs quando ela tocou com uma patinha a área mais baixa da rocha e começou a reluzir, aumentando seu formato corporal e ganhando ainda mais caudas que dançavam suavemente sob a tempestade de areia. Quando tudo cessou, Ninetales estava pronta. Amorina apenas sentiu um aperto no peito quando a líder do bando saltou da pedra para trás de sua Pokémon, porém foi barrada de avançar por Haunter, que parecia entender o que estava acontecendo.

A líder cheirou a mais nova Ninetales, depois inflou o peito para que sua antiga subordinada se ajoelhasse em sua presença. Deslizando o rosto por cima da cabeça do Pokémon, a selvagem parecia abençoar a partida de sua antiga pupila, que agora se unia permanentemente à coordenadora. Dispensada, a raposa faérica foi correndo em direção à Amorina, saltando para empurrá-la na neve. Nesse ato, a raposa selvagem apertava ainda mais a nevasca para que seu bando desaparecesse junto com o clima.

- Obrigada por nos escolher. Você foi muito valente - comentou.

Assim, a adolescente seguia seu rumo de volta a cabana, muito feliz com a pomposa raposa de caudas sutis que seguia em sua frente, brincando a todo momento com pequenas bolotas de neve que via, empurrando para Mudsdale que, ao tentar chutá-las de volta, normalmente as destruía. Já em casa, Amorina reuniou os dois presentes que ganhou recentemente e decidiu abri-los ainda na Vila Natal. Retirando apenas o embrulho, ela viu se tratarem de uma Fairy e uma Eletric Boreal Box.

Seguindo para fora de casa, ela abriu a primeira caixa e imediatamente olhou para os céus, vendo auroras boreais rosa-claro e ciano dançarem por alguns segundos antes de desaparecerem. Com isso, três Luxury Ball se revelavam em seu interior. A segunda caixa fazia auroras boreais em tom amarelo vibrante e ciano, possuindo dois valiosíssimos Super Juice em seu interior. Quando estava prestes à entrar, ainda pisou em algo duro, que se revelou ser uma última Christmas Coin perdida.

- Que bela despedida! - disse animada. - Obrigada pelos momentos. Mas agora, é hora de seguir em frente.

Retornando para dentro, Amorina começou o processo de empacotar suas coisas mais uma vez, porém agora bem mais tranquila de que Mudsdale seria capaz de levar tudo com sua nova robusteza e disposição de forma evoluída. Com uma bolsa pequena para roupas do dia-a-dia, uma segunda bolsa mais grossa para expedições recheada de itens curativos e finalmente o kit do Camping Gear, ela cuidadosamente colocou os pesos em seu cavalo e seguiu rumo à Kiloude e novas experiências longe da sagrada área da Vila Natal.