Depois de conseguir dinheiro o suficiente para bancar aquela viagem e ficar devendo um favor para uma celebridade de Pokégea no processo, eu finalmente podia dar continuidade nos meus planos de ter o melhor time possível para o meu desafio ao Ginásio de Santalune. O trajeto de trem não tinha sido tão longo assim, mas serviu para que eu pudesse estudar novamente sobre todos os rumores que ouvi nos últimos tempos. Se eu tivesse que escolher dois dos meus pokémon para chamá-los de líderes do meu time, eu certamente citaria Braixen e Floette; não apenas por estarem no time praticamente desde o início, mas por serem aquelas que eu mais investi tempo e dinheiro para que se tornassem ainda mais fortes. Assim, fazia sentido eu ter ido atrasado ainda mais a aquisição da minha primeira insígnia para tornar Floette ainda mais poderosa.

"Estão dizendo por aí que existe uma flor especial no Viveiro aqui de Pallet. É estranho voltar para cá depois de tanto tempo, mas se não for agora vou ter que esperar mais um ano. Segundo as postagens no Pokéddit, a Flor de Algodão só aparece durante o inverno e especificamente nessa região. Ela não parece ser rara, mas muitos postadores comentaram não terem a encontrado mesmo depois de ter procurado por um bom tempo. Acredito que a Imperium teria interesse em ter algo assim para vender para outros, mas meu objetivo aqui é entregá-la para minha Floette. É, porque ao que parece a linha evolutiva da Florges possui uma interação interessante com essa flor de neve, se tornando mais poderosos depois de passar algum tempo perto dela. Sendo assim, eu não vou sair daqui até ter essa flor nas minhas mãos! Preciso fazer o favor que Ali vai cobrar valer, seja lá o que ele vai me pedir."

Decidido a cumprir com meu objetivo, não perdi tempo dando rodeios pela cidade e fui direto para o Viveiro Xanadu depois de descansar um pouco da viagem. Dentre as várias entradas do local, acabei por coincidência indo direto para aquela que um grupo de aspirantes à treinadores tinham se reunido para uma aula especial. Conforme me aproximei, pude ouvir o adulto que deveria ser o professor apresentar a única outra adulta presente. "Pequeninos, essa é Florinda Showers, a dona do Viveiro Xanadu que logo estaremos conhecendo", disse ele. Com suas cabeças cobertas por gorros vermelhos e seus corpos por agasalhos que pareciam bem confortáveis, as crianças deram oi para Florinda em uníssono, arrancando uma risada da mais velha que contou um pouco sobre o lugar. Pelo o que ela contou, a estufa não servia apenas para cuidar de plantas e pokémon, como também tinham valor econômico para Pallet ao serem disponibilizados alimentos a partir delas para moradores e visitantes da cidade.

Para ser sincero, eu não estava muito interessado em fazer parte daquela aula toda, mas me senti sortudo por encontrar justo a dona do local logo ali na minha frente. Próximo, mas ainda separado das crianças, eu esperei que a desocupassem pelo menos por alguns minutos para que eu pudesse perguntar da Cotton Flower, mas me decepcionei ao perceber que ela seria a guia daquela turma. Eu já estava me virando para explorar o lugar sozinho quando senti uma mão tocar no meu ombro e quando me virei era Showers. Sua expressão era amigável, mas seu tom de voz expressava preocupação.

— Escuta. — disse ela — Eu percebi você observando e notei pelas pokébolas no seu cinto que você é um treinador. Se importaria de me ajudar com uma coisa? Eu fiquei tanto tempo preparando o trajeto da excursão que não consegui afastar alguns dos pokémons agressivos que surgem por aqui de vez em quando. Você pode nos acompanhar e se algum deles aparecer você pode lidar com eles para mim? Eu pago pelos serviços, é claro.

Eu ouvi o pedido com uma sobrancelha levantada e estava pronto para recusar aquilo tudo. No entanto, percebi que agradá-la talvez fosse uma ótima forma de conseguir informações privilegiadas sobre o Viveiro e, paralelo a isso, eu ainda conseguiria algum pagamento. Eu tinha dinheiro o suficiente para retornar para Santalune, mas não faz muito meu estilo recusar uma chance de embolsar alguns dólares. Foi por isso que acenei positivamente com a cabeça, concordando com a proposta.

— Eu topo, mas aí você vai ter que me ajudar com uma coisa. Fechado? — respondi estendendo uma mão.

— Se essa coisa estiver ao meu alcance, por mim tudo bem. Fechado. — retribuiu ela ao apertar minha mão de volta.

A partir dali seguimos juntos: Florinda, as crianças, o professor e eu. Perdido em meus próprios pensamentos, acabei por não prestar atenção o suficiente na aula por só conseguir pensar em que tipo de estratégia eu usaria contra um Especialista em Insetos como logo eu estaria fazendo. Esfreguei as mãos uma na outra para aquecê-las durante uma parada para apreciar as espécies de plantas em uma estufa e fui surpreendido por Florinda vindo até mim para entregar luvas. Ela era prestativa, isso já estava na cara, mas ser atenciosa daquela forma me deixava desconfortável. Foi por conta disso que saí da estufa e decidi esperar do lado de fora.

O clima artificial da estufa se mostrou mais confortável, porque mesmo com os trajes adequados eu estava me sentindo congelar do lado de fora. Pensativo, me peguei refletindo se algum dos meus parceiros pokémon iria se sentir à vontade em um clima como aquele. Apesar de suspeitar que alguns deles como Mawile, por ser muito nova, e Sandshrew, por ter uma natural e compreensível aversão a frio, não iria querer passar muito tempo fora de suas pokébolas durante nossa passagem pelo Viveiro, eu peguei todas as seis pokébolas que estava carregando comigo e fui as liberando.

Como de costume, a silhueta de Braixen tão logo a revelou e ela tratou de tomar a frente. A raposinha de fogo olhou todos os outros cinco pokémons parceiros saírem de suas pokébolas e foi apontando para eles com seu galho como se fizesse uma chamada. Ela fechou os olhos e cruzou os braços, indicando que estava satisfeita por estarem todos bem. A segunda a surgir foi Mawile que em sua inocência dado o local desconhecido que estava veio correndo e se escondeu atrás das minhas pernas. Apesar de sua aparência potencialmente feroz com aquela mandíbula em sua cabeça, ela ainda era apenas um bebê e precisava aprender sobre as coisas. Em seguida vieram Sandshrew e Gothita que rapidamente se aproximaram de Braixen, mas cada um pelo seu motivo. Como suspeitei, Sandshrew não gostava daquele tipo de clima por relacionar àquilo com sua fraqueza ao tipo Gelo, mas a surpresa foi Gothita que também foi atrás da raposa e percebi pelo seu olhar esnobe em minha direção que tinha a ver com sua origem.

"Entendi, ela prefere climas mais amenos como o da primavera do que esse frio intenso do inverno."

A dupla comunicou suas preocupações para Braixen, que como auto-declarada responsável pelo bem-estar da equipe segurou o graveto que carregava consigo com suas duas mãos e deu um soprinho na ponta, acendendo uma pequena chama. Gothita manteve-se de costas e olhos fechados, e foi Sandshrew que denunciou o que era aquilo: deitado ao lado do fogo, pelo visto eles tinham pedido para que a raposa de fogo os aquecesse. E então vieram as duas últimas, Steenee e Floette, que saíram saltitando pelos arredores claramente muito felizes por estarem ali.

Cuidando de Mawile mais atentamente enquanto os demais se dividiam entre se aquecer e brincar, eu percebi que a recém-nascida acabou se soltando gradativamente conforme observava a brincadeira de guerra de bola de neve feita entre Steene e Floette. A pequena tinha pedido para segurar minha mochila, o que permiti e também pedi para que ela tomasse cuidado quando notei o seu interesse no Lucky Egg. Eu não me importava de que ela ficasse com o item desde que isso a deixasse mais confortável, então assim ficou. Ela pareceu querer participar, no que saiu do seu esconderijo atrás do meu corpo e se juntou à dupla brincalhona no jogo. Mawile se mostrou competitiva, pegando bolas de neve tanto com suas mãos quanto com sua mandíbula poderosa para arremessá-las nas outras parceiras e foi nesse clima que eu me vi ficar distraído enquanto calculava quanto seria a viagem de volta para Santalune.

O clima amigável foi interrompido de repente quando ouvi um grunhido familiar, seguido por um protesto choroso vindo da mesma direção. Alarmado, me levantei de repente e percebi que alguém tinha sumido: Mawile não estava ali. Tendo aparentemente se afastado sem querer durante a brincadeira, a pokémon parecia estar com problemas e foi assim que eu me coloquei a correr na direção de onde estava vindo o som. Cheguei há tempo de ver uma rajada azulada indo de encontro com Mawile e a cena daquela agressão chamou a atenção da turma do lado de dentro, que correu em direção às paredes de vidro da estufa causando um tumulto do lado de dentro. Do lado de dentro, Florinda apontou para o grupo de pokémons que estava atacando Mawile, indicando que era deles que ela estava falando... e tudo que eu precisava saber era que não precisava pegar leve com aqueles canalhas.

"Snover, um Pokémon Árvore Congelada. Durante períodos frios, Snover migra para a base das montanhas, retornando para o topo coberto de neve durante a primavera. Snover é curioso e costuma seguir pegadas humanas que encontra pelas montanhas geladas que vivem."

Snover:

Snover:

Snover:

— Montanhas? Vocês estão longe demais de casa e ainda causando problemas. — pontuei, embora isso de problemático longe de casa pudesse facilmente se aplicar a mim. Autocríticas à parte, eu corri até Mawile para averiguar seu estado. Ela não estava extremamente ferida, mas tinha machucados pelo corpo. Assustada e estática, ela parecia não saber o que fazer. Claro, eu sequer tinha tido tempo para prepará-la para uma batalha. Ainda assim, o fato dela ter sido atacada já significava que a batalha estava rolando... e estávamos perdendo.



É claro que com aquela movimentação toda e o choro de Mawile os outros também se aproximaram. Steenee e Floette foram as primeiras a se movimentar, uma vez que era com elas que Mawile estava brincando, seguidas de Braixen que ao levar o calor do seu graveto consigo também acabou atraindo Gothita e Sandshrew. Vendo a situação que Mawile estava, eu sabia que ela não podia continuar naquele combate. Foi por isso que rapidamente anunciei uma troca.

— Floette, entre no lugar de Mawile! — falei. Em seguida, corri para a frente de Mawile para servir de escudo para ela e com o mesmo pensamento em mente Floette se colocou na minha frente. Com aquele sorriso fixo em seu rosto, Floette balançou sua flor amarelada na direção dos Snover. Se eu não a conhecesse diria que era apenas um cumprimento, mas aquele gesto significava muito mais do que isso. "Vejo vocês no inferno" talvez fosse uma tradução mais literal do que a pequena fada queria expressar... e eu concordava com ela.

Atrás de nós, Braixen foi correndo até Mawile, ajudando-a a se levantar e se afastar do combate. Preocupada, Steene também se aproximou e ensaiou algumas palavras de conforto. Até mesmo Gothita e Sandshrew se reuniram com os outros, formando um círculo de proteção em volta de Mawile. Olhando para trás, percebi o quão unidos eles tinham se tornado.

Recuar Mawile, no entanto, tinha o seu preço: Floette tinha se tornado o novo alvo dos Snover e sobrou praticamente nenhum espaço para se proteger. Vento frio (Snow Powder) avançou de dois deles seguido por folhas cortantes giratórias (Razor Leaf) do terceiro. Como uma horda, eles atacavam sincronizados, e eu vi Floette fechar os olhos conforme cada um daqueles ataques encontrava o seu corpo. Ainda sorrindo conforme os cortes superficiais surgiam sobre seu corpo e eram cobertos por uma quase imperceptível camada de gelo, percebi que ela tinha suportando muito melhor aquela investida se comparada com Mawile; e também não seria diferente, dada sua experiência.



— Bom trabalho, Floette. Agora brilhe e mande esses Snover de volta pra montanha de onde saíram. Dazzling Gleam! — anunciei estendendo o indicador para frente. O sorriso de Floette aumentou, tomando ainda mais do seu rosto. Ela segurou sua flor com as duas mãos e girou o corpo conforme raios luminosos se acumulava ao seu redor. Foi ao abrir os braços com a flor flutuando diante de si pela energia acumulada que uma rajada de brilho voou na direção dos Snover. Atingidos em cheio, eles foram nocauteados de uma só vez e praticamente ao mesmo tempo conforme o brilho alcançava seus corpos. Como um golpe em área poderoso, eu já tinha planejado usar Floette quando enfrentasse uma horda novamente. Bom, agora eu tinha a prova de que aquela realmente era a melhor estratégia.



Percebendo o resultado da batalha, me aproximei de Floette enquanto acariciava a sua cabeça. "Eu quase consigo ouvir o metal 666 the nightmare from hell que deve tocar nessa cabecinha", pensei, constatando mais uma vez a fadinha estranha (e poderosa!) que eu tinha ao meu lado. Vendo que o perigo passou tão rápido quanto chegou, o quinteto que tinha ficado mais para trás para cuidar um do outro saltitou de felicidade. Braixen continuou abraçada com Mawile, que apesar da expressão indicando que estava ferida parecia estar relaxada perto da raposa. Os demais Steenee e Sandshrew foram correndo até Floette como se para parabenizá-la, ao passo que Gothita ficou para trás para continuar aproveitando o calor de estar na presença de Braixen.

Vendo que o problema tinha sido resolvido, foi a vez de Florinda se aproximar e agradecer pelos trabalhos prestados. Ela não apenas expressou sua gratidão por ajudar a cuidar do Viveiro, como também me entregou dinheiro e um ticket esquisito que ela explicou ser como uma moeda de troca naquele lugar. Satisfeito com tantos mimos, guardei tudo na mochila antes de cobrar a minha parte do trato.

— Preciso de informações.

Para minha surpresa, Florinda não soube adicionar muitas informações sobre a localização dos brotos de Cotton Flower além daquelas que eu já possuía. Os detalhes sobre a flor eram escassos, isso eu já tinha percebido, mas Showers serviu para confirmar que, sim, aquelas postagens online não eram falsas e que de fato a Flor de Algodão realmente existia em algum lugar do Viveiro. Como responsável pelo local, a sua afirmação era tudo o que eu precisava para dar ainda mais um gás naquela procura. Decidido a tomar mais cuidado com Mawile depois do pequeno problema de antes, eu optei por manter todos os seis pokémon fora de suas pokébolas por um simples motivo: sete pares de olhos funcionam melhor do que apenas um. Determinado à encontrar a flor, eu mostrei a foto que um treinador tinha postado no Pokéddit de sua própria Cotton Flower e com a referência visual na mente seria mais fácil para os pequeninos concluírem aquele trabalho com êxito.

Antes de continuarmos, no entanto, eu tive que cuidar da emergência naquele momento: os ferimentos de Mawile. Apesar de tudo ter dado certo no fim, era claro que a pequena fada estava dolorida e assustada. Felizmente, o Centro de Pokémon de Pallet não era tão longe assim e eu fui rapidamente até lá para evitar maiores problemas. Chegando lá, considerei importante curar Floette também mesmo que seus ferimentos fossem mínimos, uma vez que seria a primeira vez de Mawile por ali e lhe daria coragem ter um parceiro do time consigo durante todo o processo. Enquanto aguardava, considerei que seria útil continuar pesquisando sobre a Cotton Flower; às vezes você encontra coisas que passaram batido das outras vezes que leu e eu estava ainda mais focado agora que estava podendo procurá-la pelo Viveiro. Joy retornou algum tempo depois com minhas duas pokébolas em uma bandeja e agradeceu pela paciência. Após recuperar minhas parceiras de batalha, eu me virei pronto para continuar minha caçada.



Perambulando pelo viveiro, eu percebi o quão trabalhoso devia ser para Florinda cuidar daquilo tudo sozinha (ou ao menos parecia não ter mais ninguém, já que fora pokémon só ela tinha aparecido por ali). Levou algum tempo para para a excursão da escola infantil terminar, e Showers veio até mim assim que terminou aquela atividade. Quando ela chegou, eu estava supervisionando com a ajuda de Braixen uma tentativa de Mawile de escalar uma árvore para pegar uma fruta. Gothita estava a auxiliando com seus poderes psíquicos enquanto Steene, Floette e Sandshrew estavam atentos para afofar uma possível queda da mais nova.

— Vejo que eles se dão muito bem. — comentou Florinda ao se aproximar.

— Eles se unem pela baderna. — expliquei em seguida conforme virava o rosto na direção de Showers, mas sem tirar os olhos de Mawile. Ao ouvir aquilo, Braixen balançou sua cabeça concordando comigo e deu uma risadinha.

— Não pude deixar de notar sua Braixen. Ela parece muito inteligente.

— E ela é. É a líder do time na minha ausência. — expliquei, embora eu nunca estivesse realmente ausente. Ouvir aquela declaração deixou a raposa ainda mais empolgada e satisfeita, incentivando-a a coordenar ainda melhor a operação "Mawile pegue a fruta", apontando o graveto na direção do galho e dando pequenos grunhidos.

— Eu vim pedir mais um favor. — disse Florinda, no que quase revirei os olhos — Muitas pessoas costumam vir aqui nessa época, mas tão próximo das festas muitos dos funcionários estão em casa com suas famílias. Como pode ver... — ela apontou em direção à estufa, embora eu não tenha entendido de imediato o que ela queria que eu visse exatamente — ... a neve cobre a estrutura de vidro da estufa e impede que a luz do sol entre. Mesmo no inverno, as plantas e os pokémon ali dentro ainda precisam de luz solar para sobreviver. É um trabalho complicado limpar aquilo sozinha, mas ele é rapidamente concluído com a ajuda da presença calorosa de pokémons como a Braixen, por exemplo.

Não me leve a mal, eu não tinha necessariamente nada contra Florinda, tampouco contra o Viveiro. Saquear ou destruir o lugar não estava nos meus planos — ou pelo menos, não enquanto eu não encontrasse a Cotton Flower —, mas ainda assim eu não queria perder tempo fazendo uma manutenção que não era minha responsabilidade. Infelizmente para mim, Showers estava cobrindo Braixen de elogios desde que se aproximou. A raposinha sequer me deixou responder e já foi tomando a frente balançando a cauda e a cabeça como quem diz "eu aceito". Eu sei que eu sou o treinador, mas não gosto de agir como um tirano, e assim eu acabei aceitando também fazer aquela tarefa. Florinda estava passando as instruções quando senti algo puxar a minha calça e ao me virar percebi ser Mawile com uma fruta na mão. Olhando para trás, vi os demais que estavam ajudando a pequenina a pegar a fruta saltitando de felicidade pelo sucesso. Em me agachei para pegar a fruta em minhas mãos, aceitando o presente.



— Vamos todos, temos um trabalho para concluir. Braixen, a liderança é sua.

E assim aconteceu. A raposa estava animada além da conta e tão logo nos aproximamos da estufa ela se virou na direção dos seus parceiros e começou a dar ordens. Um por um, eles foram se dispersando e pegando um equipamento ou apenas discutindo os detalhes do que fariam. Braixen era esperta e sabia da força de cada um tanto quanto eu, então tudo que eu precisei fazer foi apenas sugerir que Gothita unisse forças com ela para enquanto uma derretesse a neve a outra guiasse a água para a calha com seus poderes psíquicos. Paralelo a isso, a raposa de fogo pediu para que Steene, Sandshrew, Mawile e Floette ajudassem removendo a parte mais densa da neve manualmente. Eu cogitei ajudá-los, mas minha atenção acabou se voltando para um pequeno aglomerado de flores ali perto. Torcendo para que uma delas fosse a Cotton Flower, eu acabei dividindo minha atenção entre averiguar as flores uma por uma e checar se meus pokémon estavam fazendo o trabalho direito ou precisavam de alguma ajuda mais específica.

De minha parte, não tive muito sucesso. Embora algumas das flores fossem parecidas, eu logo constatei que se tratavam apenas de espécies de coloração branca para se camuflar no ambiente nevado. Da parte dos pokémons, eles pareciam muito bem. Braixen acendeu seu graveto, fazendo-o pegar fogo até quase a metade, e conforme ela ia o passando próximo das janelas cheias de neve ela ia derretendo e virando água. O escoamento de água não era muito longe, mas não era rente o suficiente, então era trabalho de Gothita usar de suas habilidades psíquicas para guiar o líquido até lá. O restante se dividiu em duplas, com Mawile sentada sobre Sandshrew e Steene aparentemente competindo com Floette para ver quem tirava a neve incrustada no vidro mais rápido. A primeira dupla estava usando de pás para tirar a neve e jogá-la na direção de Braixen, que então a derretia para que Gothita fizesse sua parte. A segunda dupla, no entanto, estava usando de seus próprios corpos para realizar a limpeza: Floette parecia estar se divertindo usando sua flor de espanador e Steenee estava dando saltos rodopiando para jogar a neve para os lados. Elas estavam de fato tirando a neve acumulada, mas estavam falhando em amontoá-la. Aceitando que eu não teria sucesso na minha procura por entre aquelas flores, eu mesmo peguei uma pá e fui até as pequenas competitivas para limpar a bagunça que estavam fazendo.

Algum tempo depois, estávamos todos encarando a estufa e apreciando o bom trabalho que tínhamos feitos. Todos pareciam um pouco cansados, eu incluso, mas Steene e Floette especificamente estavam exaustas depois de tanta agitação naquela competição de limpeza que travaram. Ficamos sentados no chão por alguns instantes e fomos surpreendidos por Florinda que veio agradecer, elogiar e pagar os serviços que tínhamos prestado.



E então a caçada conjunta continuou. Dispersos, mas ainda próximos o suficiente para que eu pudesse vê-los, cada um dos pokémon procurou como conseguiu pela Cotton Flower que viemos buscar. Mawile parecia ansiosa de se afastar demais por conta do que aconteceu antes, então não demorou muito e ela veio para caminhar ao meu lado. Percebendo o seu nervosismo, entreguei para ela novamente o Lucky Egg, já que anteriormente ela pareceu gostar dele e talvez isso ajudasse a acalmar sua mente.

A procura foi interrompida algum tempo depois por algo acontecendo do lado de Floette. Com seu apreço por flores, a fada parecia ter encontrado uma flor que tinha atraído sua atenção e tinha ido pegá-la para guardar consigo. Ao se aproximar do pequeno canteiro, ela foi surpreendida não apenas por um, mas dois pokémons protestando contra ela. Essa situação por si só não era nada demais, podíamos só deixá-los para lá e continuar nossa missão. No entanto, um deles, a Snover, parecia estar irritado demais para simplesmente deixar quieto. Ao seu lado, a Bounsweet estava com uma flor igualzinha àquela que Floette pegou em sua cabeça, mas faltava uma pétala. O que eu entendi foi que a Snover estava interessada em presentear Bounsweet com aquela flor específica na mão da minha parceira, e para isso ela parecia até mesmo aceitar combater. Questão de honra talvez? O clima se tornou ainda mais frio conforme a expressão de Snover se tornava mais séria e a neve caía de forma mais intensa ao nosso redor.

Vendo o que estava para acontecer, Mawile foi correndo em direção à Floette e abriu sua mandíbula de forma ameaçadora. Eu até tentei impedi-la, mas a pequena parecia estar nutrindo algum sentimento de gratidão por Floette tê-la salvo anteriormente e agora desejava retribuir. De minha parte, eu fui correndo até elas com a pokédex na mão e mirei na direção daquela bolinha rosada com a flor na cabeça. A batalhava estava para começar.

"Bounsweet, um Pokémon x. O suor de Bounsweet é doce como xarope de fruta fresca e era usado como adoçante no passado."

Os demais pokémons também se aproximaram, mas respeitando a vontade de Mawile de participar daquela que se tornou uma Batalha Dupla apenas ficaram observando. De todos, Steenee parecia a mais interessada. Sendo Bounsweet sua pré-evolução, talvez sua atenção se justificasse.

Its sweat is sweet, like syrup made from boiled- down fruit. Because of this, Bounsweet was highly valued in the past, when sweeteners were scarce.

bounsweet:

snover:

registro da rodada:

— Honestamente, essa é uma batalha meio sem sentido, tem várias outras flores por aí. — pontuei. Ao ouvir minha declaração, Snover protestou levantando a mão como se estivesse se preparando para revidar contra mim, e não contra Floette e Mawile. Vendo isso, Floette se colocou na minha frente e apontou sua flor na direção dos seus oponentes. De minha parte, eu não dei um passo sequer para longe, apenas cruzei os braços com uma sobrancelha levantada e declarei ainda desdenhando daquela situação toda — Dazzling Gleam, Floette.

No instante seguido, uma onda de brilhos rosados cortaram a neve caindo rapidamente em direção ao casal selvagem. Bounsweet, coitada, nem conseguiu acompanhar o que lhe atingiu. Tendo sido arrastada para aquilo por Snover, a pequena apenas caiu inconsciente como se coberta por glitter. Snover, por outro lado, tentou bancar a durona. Por um breve segundo após ser atingida, seu corpo ainda se manteve de pé, mas no momento seguinte ela apenas caiu para trás ao lado de sua parceira.

registro da rodada:

Com uma pokébola já preparada em mãos, em caminhei até Snover e encostei a esfera em sua cabeça, transformando-a em uma luz vermelha que foi absorvida pela bola. Balançando em minha mão, observei a pokébola balançar três vezes antes de ficar imóvel; a captura tinha sido bem-sucedida. Olhei para Bounsweet ao meu lado e ponderei se deveria capturá-la também. Aquelas duas pareciam bem próximas, então talvez fossem gostar de continuar juntas. Eu já tinha um Steenee comigo, então não estava tão interessado assim em uma Bounsweet. Foi quando me levantei e joguei o cabelo para trás, optando então por levar apenas Snover comigo dali em diante.



— Os pokémons daqui não são muito poderosos. — constatei me referindo ao fato de que até ali todos estavam caindo com apenas um golpe de Floette. "Pelo menos me poupa tempo", pensei. No fim, parecia fazer sentido, uma vez que era a cidade ponto de partida de praticamente todo treinador; se as espécies dali fossem poderosas ninguém mais saía de Pallet. De qualquer maneira, junto de minhas parceiras pokémon, a caçada deveria continuar.

— Vamos, Steenee, pode chamá-los.

Naquele momento, estávamos todos reunidos por um motivo super especial. Depois de ser atacada e ferida, curada e apenas observar Floette fazer todo o trabalho na batalha em dupla que tiveram, Mawile expressou sua vontade de ter sua primeira batalha solo. Apesar de eu não achar que aquele era o momento mais adequado para aquilo, afinal ainda não tínhamos encontrado a bendita Cotton Flower, eu não consegui dizer não para aqueles olhinhos brilhantes implorando por uma luta. É, eu sou do Time Imperium, mas eu também tenho coração. E assim, determinado a conceder o desejo de Mawile, eu pedi para que Steene liberasse o seu odor adocicado por meio do seu ataque Sweet Scent, este que eu tinha descoberto há pouco tempo que era uma ótima forma de atrair pokémons selvagens nos arredores. Sendo o Viveiro o lar de vários pokémon, não levamos mais que alguns segundos para encontrar um pequenino atraído pelo perfume de Steenee. Ainda na posse do Lucky Egg, Mawile se colocou na frente da pokémon de grama atuando como chamariz como quem diz "eu serei sua oponente". A minhoca olhou confusa, mas entendeu se recolheu assustada quando Mawile abriu sua mandíbula e ensaiou um movimento de mastigar, insinuando que iria mastigar o outro pokémon. Foi quando eu estendi minha pokédex para frente.

"Weedle, um Pokémon Inseto Peludo. Weedle come o seu peso em folhas todos os dias e expulsa seus agressores com a agulha em sua cabeça."

pokémon selvagem:

registro da rodada:

— Não sou muito fã de tipo inseto, mas admito que esse carinha parece ter potencial. De qualquer maneira, Mawile, jogue-o para cima com Seismic Toss e complete a sequência com Metal Claw. Vai!

E assim ela fez. Mais veloz que o inseto peludo, Mawile tomou a dianteira se aproximando com astúcia. Ela segurou Weedle pela cabeça, no que o pokémon minhoca tentou revidar com a agulha em sua cabeça como costuma fazer, mas foi surpreendido por um lançamento do seu corpo para cima com bastante força. O princípio do Seismic Toss era usar a força da gravidade contra o pokémon arremessado, e eu quis usar esse ataque porque Mawile recém tinha aprendido ele, então seria interessante para ela poder usá-lo em sua primeira luta solo. Em queda livra, Weedle acumulou uma massa ruidosa verde em uma tentativa de resistir ao golpe que tinha tomado e enviou na direção de sua adversária. Aquela massa esquisita pareceu machucar Mawile de maneira extremamente superficial, mas seus pontos grudados em seu corpo pareciam indicar que Weedle tinha sido bem-sucedido em sabotá-la. Ansiosa por não saber o que era aquilo, Mawile deu um salto para trás somente para ver Weedle se chocar contra o chão. Foi quando duas garras prateadas e brilhantes se formaram sobre suas mãos e ela avançou contra o inseto, realizando um movimento de baixo para cima que jogou o corpo de Weedle para trás com força. Depois disso, eu pensei que a minhoca seria nocauteada, mas ela se mostrou perseverante ao ponto de investir contra Mawile para mordê-la. A fada também pareceu se surpreender, e tão logo a minhoca prendeu seus dentes em seus bracinhos rígidos como metal a pequena também tratou de balançar seu corpo para se livrar da mordida. A batalha iria continuar.

registro da rodada:

— Você é mais resistente que os últimos. Vendo assim até dá vontade de inclui-lo no meu time, pequenino. — comentei enquanto Mawile virava de costas e inclinava a sua mandíbula na direção de Weedle. Vendo seu espírito de batalha se tornar ainda mais poderoso, eu não pensei duas vezes e continuei — Metal Claw de novo!

As garras prateadas surgiram novamente cobrindo as mãozinhas de Mawile enquanto ela avançava focada na direção de Weedle. O inseto até tentou mover o corpo para o lado, mas por questões de milésimos de segundo ele acabou sendo pego pela ponta da garra metálica, atrasando sua movimentação, e então foi finalizado por Mawile que elevou o braço e o desceu com tudo na direção de Weedle, desacordando-a enfim.

registro da rodada:

Percebendo que a batalha tinha terminado e Mawile tinha saído vitoriosa, os demais pokémons foram correndo até ela para uma comemoração em grupo. Braixen, orgulhosa como uma mãe, foi a primeira a chegar e pegá-la em um apertado abraço. Steenee, por sua vez, rodopiou ao redor da equipe em uma dança comemorativa que acabou se tornando um dueto quando Gothita se uniu a ela fazendo aqueles passos tradicionais que só ela conseguia. Floette fez brilho rosado chover sobre todos com um uso de Dazzling Gleam para o alto, enquanto Sandshrew improvisou uma estrela da fama para que Mawile deixasse a marca de seus pés na neve.

E eu, enquanto toda essa comemoração se desenrolava, acabei me aproximando de Weedle ponderando se desejava capturá-lo. Ele não parecia ser poderoso e eu logo estaria de volta na Floresta de Santalune, repleta de pokémons inseto como aquele. Dei de ombros ao decidir deixá-lo ali, mas não sem antes perceber o rastro amarelado de onde ele veio. Curioso, tentei seguir aquela rota, mas conforme meus olhos corriam pela neve a cor amarelada ia se esvaindo no branco. "Estranho", pensei, mas deixei para lá. Assim, voltei correndo para também parabenizar Mawile.



— Parabéns, pequena. Ainda temos muito o que treinar juntos, mas eu sempre soube que você seria uma ótima adição para o time. — declarei em voz alta, atraindo a empolgação de Mawile. E eu não estava mentindo: o time estava cada vez mais próximo daquilo que eu quero que ele se torna. Braixen e Floette já tinham provado o seu valor várias vezes, agora Mawile estava fazendo mesmo e Sandshrew mostrou sua força no Concurso de Captura de Fogo. Eu precisava apenas de mais algumas boas oportunidades de colocar Steenee e Gothita à prova, mas eu tinha certeza de que elas não desapontariam.

A agitação da batalha de Mawile não deixou de chamar atenção pelo Viveiro. Ainda que eu não estivesse tentando passar despercebido, eu me sentiria mais confortável quanto menos gente eu encontrasse. Já tinha cruzado o meu caminho com Florinda, que apesar de ter me confirmado a existência da Cotton Flower não me rendeu mais pistas; se ela me rendeu algo foi trabalho, mas considerando que não foi de graça acho que não tenho muito o que falar contra ela.

Meus parceiros pareciam estar cada vez mais acostumados com o clima daquele lugar e eu cheguei até mesmo a soltar arzinho pelo nariz quando percebi que até a toda posuda Gothita já não estava fazendo questão de se aquecer andando próxima de Braixen. Mas foi naquele momento que eu percebi uma coisa que aqueceu meu coração rebelde: eu nunca tinha passado tanto tempo com todos eles ao meu redor, livres de suas pokébolas e interagindo entre si como naquela ocasião. Antes de pegar o trem para Pallet, eu me senti ansioso por estar "regredindo" e voltando para o ponto de partida. Olhando para trás, o meu eu de hoje não tem nada a ver com o eu que saiu dessa cidade com Fennekin, Grubbin, Swablu e o sonho de se tornar um grande treinador.

Olhando para frente, constatei que Fennekin agora já era uma Braixen. Grubbin e Swablu, apesar de não fazerem mais parte do time, ainda estão comigo e eu espero poder batalhar ao deles de novo. Eu sei que eles ficarão muito empolgados quando conhecerem os novos integrantes do time. Floette, Gothita, Steenee, Sandshrew e até mesmo a recém-chegada Mawile (também não esquecendo nunca de Braixen!) representavam o que eu queria para o meu futuro. Logo eu estarei em Santalune, enfrentando seja lá qual Líder de Ginásio se dispor a testar minhas habilidades; minha vitória naquele lugar vai ser a prova definitiva de que eu não errei ao escolher esse caminho. Meus pais certamente não veriam com bons olhos as decisões que tomei se ficassem soubendo delas. "Eles vão querer me deserdar quando descobrirem que recusei um pokémon do Time Imperium lá no dojo", pensei. Mas a jornada é minha, não deles. Enquanto eu acreditar no caminho que estou percorrendo, ninguém além de mim e meus pokémon terá o direito de dizer que eu estou errado.

— Com licença.

Como um trovão cortando o barulho sereno da chuva, uma voz desconhecida vindo por detrás de mim me tirou do meu devaneio. Pelo susto, acabei dando um susto e levando a mão até o peito, o que não tardou a arrancar uma reação dos meus pokémon. Minha expressão corporal assustada foi interpretada por Braixen e Sandshrew como algo estar em ameaçando, no que eles correram e rolaram rapidamente para se colocar entre mim e a "ameaça". Levei algum tempo até perceber as vestimentas do outro e constatar o óbvio: ele era apenas um funcionário.

— Desculpe a grosseria, não era minha intenção assustá-lo. Eu sou Potter, o jardineiro local. É que eu vi você e seus pokémon, sabe, e pensei que talvez pudesse lhe pedir um favor.

O jardineiro sorriu sem graça, coçando atrás da cabeça como se tentasse se desculpar por estar se intrometendo. Eu o olhei de cima abaixo, constatei que ele era brega e tive que lutar contra a vontade de revirar aos olhos com aquela história de pedir um favor. "Se o lugar tá precisando de mais funcionários eles que contratem, não vim para cá para ser empregado", reclamei em pensamentos, mas o que veio a seguir foi a verdadeira surpresa.

— Meu Bellsprout é um guerreiro nato. Infelizmente para ele eu não sou um treinador, mas eu gosto de desafiar treinadores que pareciam fortes pelo Viveiro como forma dele poder fazer aquilo que gosta. Sabe, pelo menos de vez em quando. — explicou Potter deixando seu pokémon sair da pokébola que carregava em um suporte único na lateral do seu cinco de ferramentas.



Eu estava levantando o dedo para dizer um sonoro não e sem explicações só sair andando. Eu sentia que estava atrasando muito a caçada pela Cotton Flower e minhas chances de encontrá-la eram cada vez menores conforme o tempo passava. É claro que tendo o time que tenho eu não pude expressar minha vontade pessoal de novo, né? Parecendo ter aprendido a se meter nos assuntos dos humanos igual Braixen fez antes aceitando a proposta de Florinda, dessa vez foi Mawile que se colocou à frente se colocando em posição de combate, indicando que aceitava o desafio.

— Acho que você tem uma batalha. — respondi levantando as mãos e encolhendo os ombros como quem diz "fazer o quê?". Potter sorriu animado e mais empolgado que ele estava o seu Bellsprout. Eu torci para que fossem pelo menos um desafio à altura de Mawile, assim ela poderia se divertir mais do que conseguiu contra Weedle. Me preparando para o combate, levantei então minha pokédex na direção daquele que seria nosso oponente.

"Bellsprout, um Pokémon Flor. Não importa o que Bellsprout estiver fazendo, se ele detectar movimento por perto, ele vai reagir imediatamente tentando alcançá-lo com suas vinhas."

Mawile virou-se de costas, estendendo sua mandíbula craniana para frente na direção do seu adversário. Saliva pingava pelas laterais conforme ela se abria e revelava aquelas presas fortes como aço. Até aquele momento, eu não tinha visto ela intimidar daquela maneira. Bellsprout, que já parecia ser facilmente surpreendido, pareceu perder toda a clorofila em seu corpo, embranquecendo e olhando para trás como se estivesse pedindo permissão para fugir. Potter parecia entender a personalidade do seu parceiro e se agachou para lhe dizer palavras de incentivo. De minha parte, apenas ajeitei o piercing na hélice da minha orelha. Os demais pokémons estavam distraídos em suas próprias atividades, subindo em árvores e brigando de guerra de bola de neve.

bellsprout de potter:

registro da rodada:

— Eu gostei daquela estratégia de mais cedo. Vamos repetir? — falei com uma mão no queixo. Mawile, que parecia sempre começar o combate de costas para seu oponente, me olhou nos olhos e balançou a cabeça concordando. Ela olhou para Bellsprout por cima do ombro esperando a ordem e eu não quis mais enrolar — Seismic Toss! Afunde-o no solo com Metal Claw!

E olhos de Mawile brilharam de empolgação quando ela avançou. Opressiva, ela estendeu os braços para frente se preparando para o arremesso. Bellsprout soltou um "bell" de susto vendo sua oponente se aproximar e tentou estender suas vinhas para fazê-la tropeçar. A fada, no entanto, saltou por cima dele e agarrando-o por trás girou o corpo dos dois e o jogou com tudo no chão.

— Aguente, amigo! Use Infestation e depois Bullet Seed! Você consegue, eu sei disso! — ordenou Potter do outro lado. Sua expressão era de preocupação; dava para ver que lhe doía ver seu Bellsprout se machucando. Da mesma forma, era perceptível como o pokémon flor estava se esforçando para orgulhar seu treinador. Com uma expressão séria, uma infestação de insetos pareceu brotar do solo subindo pelo corpo de Mawile. A fada se assustou tanto quanto eu (no meu caso, muito mais nojo que susto) e se balançou tentando se livrar daquilo. Me vi surpreso ao notar que eles se prendiam ao seu corpo, se recusando a soltá-la. É claro que tive que falar algo à respeito.

— Mesmo quando são derrotados nossos pokémons se tornam mais fortes. Quanto mais você batalhar, menores vão ser as chances de Bellsprout se machucar no futuro. Faz parte lidar com a frustração do fracasso, sabe? — falei olhando na direção de Potter. Ele pareceu entender aquelas palavras e sorriu de volta, mas eu apenas abri um sorriso de canto — Dito isto, espero que você lide bem com o fracasso, porque essa vitória já é nossa. Vai, Mawile, finalize-o!

E assim aconteceu. Mesmo com aquela infestação sobre seu corpo, Mawile centrou sua mente no combate e manifestou mais uma vez suas garras prateadas brilhantes. Bellsprout já tinha se levantado àquela altura, mas não foi veloz o suficiente para sair da frente assim como Weedle não foi antes. Caindo no mesmo destino, ele foi atingido pelas garras com um golpe em sequência, sendo jogado para trás com força apesar da neve amortecer sua queda. Nocauteado, eu vi Potter recolhê-lo de volta na pokébola.

registro da rodada:

— Valeu a batalha, eu acho.



— Você é forte, eu admito. Bastante confiante também. Bastante. — disse Potter, dando uma ênfase para o bastante. Eu entendi que ele estava tentando gentilmente responder à minha provocação que antes, então apenas levantei a sobrancelha e deixei para lá. Eu já estava me virando para continuar minha busca quando senti sua mão no meu ombro. Como quem que não gosta de gente estranha encostando em mim, eu me virei me desvencilhando dele devagar e ele pareceu perceber que eu estava incomodado, mas não disse nada sobre. O clima estava meio tenso, mas ele juntou suas coisas e preparou para ir embora de vez. Antes disso, no entanto, ele se virou novamente na minha direção — Escuta, como você me venceu, acho que se daria melhor que eu lidando com algumas problemas que temos pelo Viveiro. Caso encontre uma dupla de pokémons de coloração diferente ou um cara tentando saquear por aqui, você pode dar um jeito neles? Estou há semanas tentando localizá-los e expulsá-los, mas não consegui até agora. A senhorita Florinda também considera caso de urgência. Não é um favor, tá bom? Eu lhe recompensaria por isso. Bem, é isso.




Eu certamente não iria atrás daquilo, isso era claro. Se eu por acaso esbarrasse nesses pokémons esquisitos e o ladrão eu até poderia pensar em fazer algo à respeito. Não quero soar repetitivo, mas a minha prioridade ali definitivamente não era ficar fazendo manutenção do local. Assoviei para chamar a atenção do time e me agachei na altura de Mawile, que já estava mais próxima. Acariciando sua cabeça, achei que seria bom demonstrar que estava muito satisfeito com o seu desempenho nas últimas lutas.

— Muito bem, garota, você é realmente incrível.

A última batalha tinha deixado Mawile um pouco machucada. Não se comparava a como ela ficou antes quando foi atacada por aqueles Snovers arruaceiros, mas ainda assim eram ferimentos. Por isso e também por precisar descansar nossas mentes um pouco, bem como nos alimentar, eu decretei uma pausa na caçada à Flor de Algodão e recolhi todos os meus parceiros em suas pokébolas antes de fazer mais uma visita ao Pokécentro de Pallet. Chegando lá, primeiro fui deixar Mawile aos cuidados de Joy. Mais corajosa que antes, a pequena fada parecia confiante de ser tratada pela enfermeira de cabelo rosa. Enquanto esperávamos, fui até uma mesa no canto e preparei um lanche para os bravos desbravadores que estavam me ajudando na minha missão pelo Viveiro. Da mesma forma, tratei de procurar alguma comida pelas dependências dali e assim passamos boa parte do início da tarde.



Alimentados e descansados, voltamos para o Viveiro pela metade da tarde, algum tempo antes do sol se pôr. Disposto a procurar até mesmo se estivesse de noite, eu liberei novamente meus parceiros e ajudantes para reiniciarmos novamente a nossa busca por pistas. Separados, mas ainda próximos, reviramos montes de neve, subimos em árvores, avistamos até alguns pokémon e cheguei a cruzar o caminho com Potter mais uma vez, ainda que ele tenha tentado fingir que não tinha me notado. "Problema seu, jardineiro, eu também prefiro que feios não olhem para mim", pensei dando de ombros.

Foi quando em determinado momento eu notei que Sandshrew conversava com um Snover. Era uma ótima ideia que não tínhamos tentado: perguntar aos outros pokémon se eles tinham avistado alguma flor que se parecesse com a Cotton Flower por aí. Decidido a tentar essa estratégia, eu pedi para que todos se informasse com os outros pokémon que viviam por ali. De minha parte, eu até podia perguntar, mas não conseguiria entender as respostas, então me mantive mais supervisionando e procurando visualmente por conta própria que realmente me informando por aí.

Em determinado momento enquanto o plano era colocado em prática por todos, Steenee localizou outra Bounsweet e se aproximou para fazer suas perguntas. No entanto, por algum motivo, a aproximação de Steene deixou Bounsweet nervosa, no que ela se deslanchou a chorar. Steenee até tentou acalmá-la e parecia desconcertada por ter causado aquilo, mas foi quando uma outra Bounsweet a surpreendeu saltitando por trás de uma montanhazinha de neve. Vendo que talvez aquilo fosse escalar para uma briga, eu comecei a me aproximar para tentar ajudar em alguma coisa. Também ouvindo a confusão e entendendo o que estava para acontecer, o restante da equipe que estava espalhada pelo perímetro também se aproximou. O bate-boca continuou por alguns segundos, com vários "boun bounseet" e "steenee stee" de um lado para o outro, mas enfim alguma coisa dita pela Bounsweet chorona estressou a Bounsweet protetora que ensaiou bater em Steenee. Ela foi interrompida por Mawile, que se colocou entre elas e simulou uma mordida com sua mandíbula, assustando as Bounsweet, mas não o suficiente para fazê-las recuar. Como se estivessem lutando para proteger o próprio orgulho, elas pareciam prontas para uma batalha... e eu aceitei participar, é claro, afinal não permitiria que insultassem um dos meus parceiros daquela maneira.

— Está tudo bem, querida, fique ali com os outros e se acalme um pouco. — disse para Steenee que parecia estar bastante nervosa e eu preferiria que ela não lutasse daquela maneira. Braixen sempre conseguia manter a equipe sob controle, então confiei que ela saberia o que dizer para acalmar os ânimos de sua amiga — Venha, Floette, faça dupla com Mawile novamente. Vamos resolver isso.

selvagem progenitor:

selvagem cria:

registro da rodada:

— Floette, use Dazzling Gleam. Mawile, ataque a protetora com Fairy Wind! — comandei apontando com um dedo na direção das nossas adversárias.

Floette, como em todo combate até aquele momento pelo Viveiro, conseguiu se antecipar a todos os outros e tomou para si a iniciativa. Como um prisma reluzente, vários feixes de luz começaram a emanar do corpo da pequena flor, para então ela se balançar e liberar todo aquele brilho na forma de uma rajada rosada que cortou o espaço entre ela e as Bounsweet apenas para atingir as tipo grama em cheio. A chorona, pivô de tudo aquilo, não aguentou o poder daquele e caiu nocauteada no segundo seguinte. Aquilo enfureceu ainda mais a Bounsweet protetora, fazendo-a grunhir em protesto. Infelizmente para ela, o ataque tinha lhe ferido o suficiente para que Mawile conseguisse enviar aquela brisa violeta em sua direção e a finalizasse com cristais que mais pareciam glitter. Parte do brilho do Fairy Wind, aliás, se grudou no corpo de Mawile, fazendo com que ela ficasse impressionada e distraída observando o seu próprio corpo cintilar.

registro da rodada:

— Admito que tenho um fraco por pokémons fofos. — declarei ganhando como resposta uma risadinha de todos os meus parceiros, exceto Mawile, que ainda estava entretida e risonha com os brilhos grudados em suas patinhas — Então... vamos lá.

Com as duas pequenas Bounsweet nocauteadas, eu preparei uma pokébola vazia, mirei e a joguei na direção do Bounsweet chorão (o cria) na tentativa de capturá-lo. Três tremidas da pokébola depois, isto já com o pokémon absorvido em forma de luz vermelha dentro dela, a captura tinha dado certo. Olhando para o lado, percebi que sua protetora tinha deixado para trás alguma coisa. Me aproximando, percebi ser um tipo esquisito de semente esverdeada que eu não tinha ideia do que se tratava. Ainda assim, decidi recolhê-la como espólio. Podia ser algo útil, afinal!




Steenee se aproximou depois e expressou certa discordância sobre ter aquela Bounsweet no time. Vendo aquilo como um provável momento de ciúme, eu só consegui dar uma risadinha e me abaixar para ficar mais da sua altura.

— Ela não vai te substituir, boba. Mas eu sou um treinador, certo? Preciso aumentar a quantidade de registros na minha pokédex. Não se preocupe, você não vai a lugar nenhum. — afirmei fazendo Steenee cruzar os braços tentando bancar a durona. Olhando mais ao fundo, acenei com a cabeça para Braixen e ela entendeu de imediato, já começando a mobilizar todos para que continuassem pela procura. Então voltei o olhar para Steene e acariciei sua cabeça — Vem, vamos procurar pela Flor de Algodão juntos. Algo me diz que estamos perto...

Àquela altura, a noite já tinha caído e eu estava cada vez mais nervoso com a ideia de não conseguir encontrar uma Flor de Algodão para presentear Floette. Apesar de iluminação local ser o suficiente para nos localizarmos, em alguns pontos mais no centro e em determinados arbustos não era assim tão fácil de olhar. Para isso, tivemos que contar com o graveto em chamas de Braixen, mas ainda assim ainda era uma caçada muito dificultada por precisarmos tomar cuidado para não atear fogo em nada... mas não pra proteger o viveiro ou algo assim, mas porque eu temia que a Cotton Flower acabasse danificada. "Depois que eu pegar minha flor esse lugar pode se explodir, não dou a mínima", pensei, mas no fundo eu sabia que esse tipo de pensamento era uma forma de descontar a frustração que eu estava sentindo.

Foi Gothita que percebeu que eu estava agitado em meu interior, talvez por suas habilidades psíquicas, e veio me oferecer apoio. Apesar da relação protetiva que eu tenho com todos os meus pokémon, eu não me sentia bem demonstrando fraqueza para eles. Eu sabia bem que uma equipe é tão poderosa quanto a força de vontade e confiança do seu treinador, então para ser o melhor eu precisava me sentir como tal. Sequer dei uma risada sem graça, apenas balancei a cabeça para recobrar o foco e continuei seguindo em frente.

Cada um à sua maneira, todos se esforçavam para revirar o Viveiro. Gothita levitava neve para facilitar olhar embaixo, Braixen derretia montes de neve para permitir que os outros passassem, Sandshrew se esgueirava pelos locais que pareciam de difícil acesso para os outros, Mawile levantava coisas com sua mandíbula poderosa, Steenee rodopiava pelo topo das árvores e Floette usava de sua afinidade com flores para direcionar locais que para ela poderiam ser ideais para uma flor como a que procurávamos crescer.

A noite avançou, a procura continuou e já era quase meia noite quando ouvimos o barulho de algo caindo sobre a neve fofa que se acumulava pelo chão. Fora os funcionários, não existiam mais tantas pessoas por ali, e para ser sincero eu não sei nem se era permitida a nossa permanência ou eles simplesmente acharam que todos tinham ido para casa e fecharam o local. O ponto é que curioso como sou eu fui até a origem do barulho... apenas para encontrar um cara. Ao me notar, ele dei um gritinho fino de susto que me fez erguer uma sobrancelha. Ele me olhou dos pés até a cabeça e depois da cabeça até os pés, repetiu isso mais três vezes e só então se deu por satisfeito. Eu percebi seu corpo relaxar e em minha própria análise corporal eu notei as pokébolas em seu cinto. "É um treinador então. Mas por que ele pularia a parede...", comecei a pensar.

— Que susto, cara. Pensei que eles tinham nos pego de novo. — ele disse. Suas expressões faciais eram esquisitas, com sorrisos surgindo e sumindo como se ele tivesse algum tique. Cruzei os braços e assoviei, com o barulho servindo para chamar a atenção dos meus pokémons e chamá-los até mim. Eles me cercaram como seguranças, e é claro que a sempre confiável Braixen se colocou à minha frente. Seu graveto ainda estava com a ponta acesa para servir de lanterna, mas sentindo o cheiro ácido que emanava daquele desconhecido ela pareceu se irritar e eu vi a chama aumentar sua força, iluminando ainda mais os nossos arredores.

— "Nos" pego quem? — perguntei, no que ele olhou para mim e virou o rosto para trás e começou a sussurrar algo para alguém. Mas meio que não tinha ninguém ali, então só podia significar uma coisa — Viado maluco. — soltei virando de ombros. Eu estava começando a me afastar quando ouvi partes soltas de sua conversa com o vazio, e ele falava para roubar os insetos do Viveiro. Ali eu liguei os pontos: devia ser o ou um dos visitantes arruaceiros que Potter tinha mencionado. O lance é: eu não fui com a cara de Potter, então não pretendia ajudá-lo. Deixando o lado birrento aflorar propositalmente, eu me virei para falar com ele e fazer uma proposta. Para a minha surpresa, ele se antecipou.

— Ei, cara. — ele disse. Ele tinha se aproximado um pouco mais, mas não estávamos exatamente cara a cara. Foi quando consegui perceber o odor que Braixen sentiu antes, e até mesmo o seu hálito também não era dos melhores. Seu corpo magrelo junto com o jeito esquisito o faziam parecer realmente doido, mas eu permiti que ele continuasse falando comigo — Você também veio roubar os insetos? Vem, vamos levar eles, vamos pegar todos. Aquele jardineiro burro não vem aqui essa hora, podemos pegar o que quisermos. Vamos. Vamos!

— Eu vi ele há alguns minutos. Não sei que pesquisa você fez antes de entrar aqui, mas foi ruim. De qualquer maneira, eu posso te ajudar. Podemos dar um jeito no jardineiro. — respondi com um sorriso começando a surgir no meu rosto.

— Vamos! Vamos dar um jeito no jardineiro, vamos sim! — disse ele, começando a seguir em frente. Eu estava animado com a ideia de batalhar contra Potter e vencê-lo mais uma vez, mas foi o que o esquisito fez em seguida que me fez mudar de ideia: conforme andava, ele deu de cara com Floette. Ele a encarou, cuspiu para o lado e então desdenhou — Fada ridícula.

— Como é que é? — retruquei imediatamente. Eu caminhei de braços cruzados na direção daquele que tinha acabado de insultar Floette. Gothita, que já tinha percebido que meu humor não estava dos melhores, pediu que Braixen intervisse. A raposa, no entanto, também ficou com raiva da forma que sua amiga foi tratada, e quando eu menos percebi todo o time estava reunido ao redor daquele visitante indesejado. — Quer saber de uma coisa? Chame seus pokémon. E chame dois para uma batalha em dupla. Vou te expulsar daqui em nome do Viveiro. — falei de forma rígida. É, eu estava estressado, e percebi rapidamente que aquele combate seria uma ótima forma de extravasar.

— Leroy não gostou do seu tom. Nós vamos dar um jeito em você, vamos sim! — respondeu ele piscando freneticamente. Ele ensaiou aproximar o rosto do meu de uma forma esquisita, mas o cheiro foi mais do que suficiente para me fazer virar as costas antes que ele se aproximasse demais. Deixei uma boa distância entre nós para que a batalha pudesse acontecer e então me virei. Ele tinha insultado minhas fadas? Pois perderia para elas.

— Floette. Mawile. — chamei. Eu não precisei de mais que seus nomes para que elas entendessem que seriam elas a provar o valor da nossa equipe. Gothita, orgulhosa como é, também tomou para o pessoal o insulto ao seu tipo. Ela se aproximou de mim pedindo para lutar, mas eu fui firme. Floette tinha que lutar ali, afinal tinha sido ela a insultada, e eu queria que Mawile se tornasse mais forte até ficar no patamar do restante da equipe — Sua vez vai chegar, Gothita, não se preocupe.

Vendo quem seriam suas adversárias, Leroy soltou uma gargalhada que mais parecia um soluço. Presas em seu cinto, ele retirou de lá duas pokébolas e as jogou para cima. De lá saíram dois pokémons que eu nunca tinha visto. Sem enrolação, levantei minha pokédex para registrá-los e saber mais do que me aguardava. Lutaríamos com tudo, isso ele podia ter certeza.

"Sizzlipede, um Pokémon Radiante. Sizzlipede acumula gás inflamável em seu corpo e usa ele para gerar calor. A parte amarela da barriga de Sizzlipede é excepcionalmente quente."

"Pinsir, um Pokémon Besouro. Pinsir aperta a sua presa até que ela se partida no meio. O que Pinsir não consegue partir, ele joga para longe."

Eram pokémons com descrições aterrorizantes, mas não recuamos. Mawile se colocou à frente revelando os dentes da sua mandíbula e ensaiou mordidas no ar vazio à sua frente várias vezes. Floette observou tudo sorrindo, como se nada estivesse acontecendo. Sizzlipede se colocou à frente sem medo, confiando em Leroy. Pinsir fez uma demonstração de seus cifres, como se cortasse o nada.

pokémon do leroy:

pokémon do leroy:

registro da rodada:

— Engraçado, sua dupla é a primeira que não se intimida com a presença de Mawile. — comentei ao observar que tanto Sizzlipede quanto Pinsir mantiveram suas poses diante da demonstração em tom de ameaça que Mawile sempre faz ao iniciar um combate.

— Você achou mesmo que teríamos medo dessas suas duas fadinhas? — respondeu ele tentando debochar do fato de eu ter optado por utilizar dois tipo fada contra ele. Minha reação foi abrir um sorriso e olhar para Mawile, que estava de frente para mim. Vendo a minha expressão, a pequena também começou a sorrir e até deu um toque para Floette para que ela olhasse para trás. Essa, por sua vez, já estava sorrindo antes mesmo de mim... aquele sorriso macabro em seu rosto estava sempre lá, vencendo ou perdendo. Levantei o olhar mirando na direção dos pokémon de Leroy e depois mirei na direção do próprio. Meu sorriso deu lugar a uma gargalhada alta.

— Nós vamos mostrar para você o que fadinhas podem fazer. Ou melhor, elas vão. Floette, faça as honras e use Dazzling Gleam. Mawile, acerte com Metal Claw qualquer um que tente escapar.

— Até parece que algo assim vai funcionar. Pinsir, use... O quê?!

E antes mesmo que Leroy conseguisse dar seus primeiros comandos, Floette cobriu aquela arena de batalha improvisada por uma aurora de glitter rosado que avançou levando flores, neve e até mesmo os pokémons de Leroy, que foram jogados para trás com violência. Floette estava com raiva, naquele momento eu pude perceber; antes, eram apenas batalhas quaisquer, mas ali, sendo subestimada, ela liberou ainda mais força no ataque. Pinsir não teve sequer chance de tentar algo, pois assim como caiu ele ficou. Estava nocauteado.

— Vamos, use Ember! — ordenou ele. Sua voz tremia, assim como seu corpo, e um treinador inseguro não tem nada a oferecer para seus pokémons. Sizzlipede olhou para Leroy e pareceu hesitar, e quando ele olhou para frente novamente já foi por Mawile no meio do salto rumo à sua posição. A fada de aço levantou suas mãos, recobrindo-as com uma energia que parecia brilhar como a própria lua, formando garras visíveis que desceram em um golpe bem na cabeça do inseto de fogo. Sizzlipede afundou na neve e não mais se moveu; estava nocauteado, assim como Pinsir.

registro da rodada:

A batalha estava se encerrando quando escutei barulho de coisas metálicas caindo no chão e quando olhei para trás foi por Potter chegando correndo com um dedo apontando para Leroy. O jardineiro parou do meu lado e dei várias batidinhas no meu ombro como quem tenta chamar atenção. Ainda irritado, ginguei o corpo para o lado para me desgrudar de Potter.

— É ele! O cara que eu falei!



— Bom, agora ele é todinho seu, faça o que quiser. — respondi dando as costas e me afastando dali junto dos meus pokémon. Eu não fui numa direção específica, mas depois daquilo tudo só me restou sentar no chão e lamentar o fracasso em minha caçada. Potter não me impediu, mas veio até mim e entregou em silêncio uma pokébola esquisita que entendi ser o dito pagamento. Continuei andando então, e vendo que eu estava desanimado meus pokémon se reuniram ao meu redor. Eu estava de cabeça baixa quando como se por um efeito dominó todos começaram a abri um sorriso, um seguido do outro. Foi Floette que veio até mim e levantou meu rosto para que eu olhasse para ela e então me guiou com sua flor amarelada para que eu olhasse para trás... e foi assim, encostado na base de um espantalho que eu sequer tinha percebido, que eu encontrei ela.

Praticamente escondida por entre o chão com neve acumulada, a Cotton Flower parecia balançar com uma brisa que eu quase não conseguia sentir. Meu sorriso começou a se abrir conforme eu engatinhei até ela e com pouco esforço e muito cuidado eu a puxei. Depois de tanto esforço, ver aquela flor de perto era como ter ganhado o melhor presente de natal que eu poderia ter ganho. Olhando para trás, vi todos comemorarem com saltos, cantos e danças.



Mas foi Floette que recebeu o prêmio final. Eu me aproximei da fada e pedi para que segurasse a sua tão amada flor. Receosa, mas obediente, Floette prontamente cedeu a flor que carregava consigo e se permitiu segurar e flutuar agora abraçada na Cotton Flower.



— Nós conseguimos. Nós realmente... conseguimos.