O complexo da Fundação Paraíso era realmente enorme e desconcertante. As placas brancas de metal e as plataformas construídas para simular diversos locais, todas pensando em estudos científicos, eram de se impressionar. O pessoal levava o estudo muito a sério naquele lugar. Também pudera. Cientistas de todo o mundo reunidos em diferentes projetos, com os melhores recursos para fazer a ciência caminhar. Quem, que se interessava por esse tipo de coisa, em sã consciência, negaria trabalhar lá?

A grande verdade era que nem todos eram adultos e especialistas. Alguns deles eram crianças e adolescentes, ao caso de Clemont, o rapaz que Biskka buscava. Ela viu muitos menores pelos corredores, que poderiam ser muito bem estagiários ou assistentes, mas ao chegar na sala designada, assim que passou pela recepção (afinal, não era a casa da mãe Joana, era um instituto muito bem guardado e vigiado) ela percebeu ao ler o nome dele na porta. Apenas pessoas importantes tinham seus nomes com plaquinhas na porta. E se Biskka se deu ao trabalho de pesquisar, nem que por uns dois minutos, veria que em Kalos, Clemont foi líder do ginásio da maior metrópole da região. Lumiose era perfeita e um rapaz tão jovem quanto ela assumiu a responsabilidade de gerenciar o ginásio. Sabemos que eles ainda coordenavam outras ações, fora ficar aguardando desafiantes melequentos para batalhas pokémon.

Entretanto, esse passado de grandes responsabilidades não parecia mais pertencer ao jovem. Clemont tinha um laboratório e não fora convidado pela liga ou qualquer cidade para ser seu representante. Ele estava, hoje, arrumando alguns cadernos de anotações em caixas que pareciam muito pesadas, quando Biskka entrou na sala procurando por ele.

— O-oi, sou eu.. - Ele disse, ao se virar para descobrir quem falava consigo e, sem querer, se distraiu com alguma coisa em Biskka e foi ao chão com os cadernos.

Ele coçava a cabeça com alguma dor, mas buscava não reclamar. Ergueu-se rápido, antes que a estranha pudesse oferecer ajuda e então perguntou:

— Eu sou Clemont. O que posso fazer por você? - Disse, um pouco corado, mas um tanto mais corajoso e com voz grave que antes.

Realmente, o laboratório do jovem cientista era uma bagunça. O caos estava instalado naquele recinto e não tinha vergonha de se exibir. Acontece que mesmo entre bugigangas tecnológicas, dispositivos holográficos e monitores exibindo dados e informações científicas, Clemont tinha um sistema e conseguia encontrar tudo o que precisava. Biskka pode ter reparado apenas na superfície, mas haviam robôs automatizados naquela mesma sala. E o melhor, fora Clemont que os montou e lhes deu a tecnologia capaz de fazer com que tenham inteligência própria (mas para ajudar no que o cientista não conseguia fazer, do que para viverem por conta própria, tendo propósito de servir).

Independente do local, dado certo era que Clemont ficou nervoso com a entrada repentina de Biskka em sua sala. Normalmente ser chamado de pirralho quebraria qualquer chance de clima romântico, mas Biskka era uma grande gostosa e estava... se insinuando para um nerd como Clemont? Certamente algo assim não acontecia todos os dias na vida do garoto.

O rosto do ex-líder de ginásio começou a arder, virando um grande pimentão vermelho. Os óculos embaçaram e o suor foi notável assim que a mulher começou a caminhar em sua direção, toda requebrando os quadris com aqueles olhares de cigana oblíqua.


— E-ex-experimento? Eu? - Perguntou, um pouco desconexo, e suando.

Desastrado, ao tentar se afastar, deu na mesa de centro, terminou por quase derrubar uns aparelhos no chão ao se encostar na mesa, buscando mostrar que estava relaxado, mas agarrou a tempo, antes de se espatifarem no chão. Em seu colo, um protótipo de bateria pendia e então se tocou do que ela deveria estar falando.

— Ah, você diz as Transform Battery? - Clemont apontou para um modelo. - Estou analisando os dados dos treinadores e treinadoras que estão ativos em suas jornadas para testar os novos dispositivos de poder usando a energia dessa bateria. Para isso é necessário carregar ela consigo enquanto batalha. Ao estar completa, pode retornar e procurar meus colegas na fundação. Eles irão te testar para saber podem confiar o item a você e explicar como se usa, um z-cristal, por exemplo. É o mais comum de parecer por aqui...

Clemont desandou a falar. Aparentemente conversar sobre novas tecnologias não o deixava inseguro, apenas quando acabava de falar que aquela pose pequena ressurgia.