O terceiro andar finalmente havia chegado e ele não era muito diferente do segundo, com salas vazias em minimalismo, a maioria tinha apenas um futon, uma escrivaninha e suportes para incenso, talvez ali fosse os quartos monges. Vai saber. O interessante vinha quando ela encontrou um senhor que parecia orar num cômodo maior, igual ao anterior onde houve o encontro com o homem do segundo andar. Parecia mais um mestre ancião, alguém que transbordava sabedoria, alguém espiritualizado e antigo. Ela se aproximou com cuidado, mas antes mesmo que pudesse dizer alguma coisa, fora respondida.
— Seja bem vinda, minha jovem. — Disse a voz rouca e antiga.
— Você pode ter ouvido meus passos, mas como sabe que sou mulher? — Indagou ela curiosa.
— Eu senti a sua energia... — Ele ainda estava de costas, de olhos fechados não havia movido um músculo.
— Sério? Que... maneiro, eu acho.
— Hahahah, é só uma brincadeira. Eu venho te acompanhado pelas câmeras de segurança. — O velho brincou, apontou para um monitor mais ao canto que estava posicionado num ângulo que Biskka não conseguia ver de onde ela estava.
— Ah, claro... — Respondeu frustrada. — Você precisa falar com esse daqui de roupa esquisita, o cara é louco.
Do monitor haviam oito divisões de tela, totalizando oito câmeras que eram apontadas para a entrada principal, o salão de entrada, locais do segundo e terceiro andar. Biskka se referia ao homem que acabara de enfrentar que estava na entrada da torre como quem esperasse alguém.
— Hahahaha, o George é inofensivo. Ele só é muito... convicto, nos seus ideais. — O velho levantava-se com pesar, porém ainda era ágil para a sua idade. Ele caminhava em passos lentos, praticamente arrastando os pés pelo chão de tapeçaria para apanhar uma caçava velha de saquê.  — Aceita, minha jovem?
Biskka abriu um largo sorriso, esticou o braço para apanhar a cabaça, mas foi frustrada quando o velho puxou de volta escondendo atrás de si. Ela olhou com desconfiança, não entendia porque ele resolvera fazê-la de boba, mas logo a resposta veio.
— Você bebe meu saquê, jovem, assim que matar o tédio deste velho aqui, hahah.
— Olha, você é chave demais com essa barbona estilosa, coisa e tal, mas eu não curto muito terceira idade... Na real, é até um pouco, uhm... Nojento. — Ela fazia contorcia a boca na fala.
— Uma batalha Pokémon! Faz tempos que não uso os meus companheiros para esse propósito.
— Ah, é claro! Nossa, sério, que susto. — Com ar de alivio, ela se preparava para o eventual combate.
O monge retirou uma Pokebola de dentro do seu kimono, lançando-a ao ar revelou-se uma magricela Bellsprount, enquanto Biskka fazia o mesmo, apesar de suas Pokebolas estarem visíveis e presas em seu cinto. Gible estava no campo de batalha.  Biskka equipa Lucky Egg no Pokemon.
— Gible, começar com Outrage! — Era a mesma cena: Gible rugia como podia e envolvia-se numa aura avermelhada de pura fúria e partia sem pensar em consequências em direção ao seu adversário que fora abocanhado e arremessado com violência em direção a uma das divisórias de papel e madeira. Gible partia em busca do seu adversário novamente, mas foi surpreendido por vinhas que mais pareciam chicotes de cipó que golpeavam o corpo de Gible com estalos que fazia o dragão recuar um pouco. Contudo, este aguardava uma pequena brecha para voltar a atacar e ela veio quando Bellsprout cansou-se fisicamente, mas logo fora recepcionado por uma rajada de energia dracônica vermelho-rubi fruto da bocarra de Gible que ainda estava em fúria. Bellsprout caia derrotado em meio a bagunça de papel, madeira e móveis quebrados e logo foi retornado pelo seu treinador.
— Certo, Liberar Aura! — A aura avermelhada fora substituída por uma luz dourada. Biskka era uma Guardiã de Aura e isso lhe dava o poder de despertar o poder interno, ou aura, do seus Pokemon, sendo a aura que Gible despertou foi da Limpeza, que lhe curava de status negativos, inclusive o estado de confusão que era o efeito colateral ao utilizar Outrage.

Batalha Pokemon:

Resultado da Batalha:

Bellsprout fora retornada após ser envolvida num flash de luz vermelha que sugou para dentro da sua Pokebola para logo ser substituída por outra... Bellsprout? A treinadora ficava um pouco confusa com a situação, por que diabos ele teria duas Bellsprout? Bom, batalha era batalha e jamais se deve subestimar a estratégia de um adversário. Ela ordenara que Gible, novamente, utilizasse a sua fúria com Outrage e sua vontade foi feita. Imbuído em ira, Gible, lançava uma esfera de energia dourada em direção a Bellsprout que fora explodida ao entrar em contato com o corpo do novo adversário. Bellsprout fora projetada para trás com o impacto.
— Hahahah, você tem um Pokemon realmente problemático. — Dizia a voz rouca e idosa. — Bell, vamos acalmar os ânimos com Sleep Powder. — Bellsprout obedecia logo voltando para o campo de batalha enquanto já soltava um pó dourado que ia tomando conta do ambiente. Aos poucos o furioso Gible ia amolecendo, se acalmando, ficando lento... Adormeceu em meio a batalha.
— Truques assim não funcionam comigo, vovô. — Disse com arrogância. — Gible, LIBERAR AURA! — O mesmo efeito de outrora surgia e Gible usava sua Aura de Limpeza, uma luz dourada que seu corpo emitia o livrava de todos e qualquer status negativo que pudesse ter contraído. Agora desperto, estava novamente pronta para obedecer novas ordens. — Heheh, Outrage! — Gible partida para cima de Bellsprout acertando-a com uma poderosa cabeçada que dava fim ao adversário que chocava-se contra a madeira logo atrás do seu treinador, que já não tinha aquele sorriso de canto de boca.

Batalha Pokemon:

Resultado da Batalha:

— Movimentos que mudam o status não funcionam comigo, eu posso burlar eles tranquilamente. — Dizia Biskka se gabando com um tom de arrogância de uma treinadora experiente. O velho riu-se, admitiu estar enferrujado para batalhas Pokemon. Desta vez ele chamava seu último Pokemon, um tranquilo, bem cuidado HootHoot que apoiava-se num dos pés enquanto escondia o outro em suas penugens. Os olhos gigantes da coruja brilhavam, encaravam Gible fixamente e logo ele fora envolvido por uma energia branca que o fazia levitar do chão, quando teve altura suficiente ele fora arremessado para o mesmo lado que outrora Bellsprout também fora. Era o movimento Confusion. Gible estava enfurnado num quarto bagunçado, mal iluminado, quebrado, em meio a madeira, papel, porém do escuro surgia um brilho vermelho-rubi após a ordem de utilizar Outrage vindo de Biskka. Como um arpão ele saltou em direção à HootHoot golpeando com ferocidade utilizando o cume da sua cabeça. Gible tinha escamas duras como rocha graças ao tipo terrestre, fazendo com o que HootHoot levasse um dano consideravelmente alto. Em retaliação, a coruja esguichou-se, tomou folego e emitiu um som tão alto e tão agudo que era capaz de ver os aros de deslocamento do som atingindo Gible que balança a cabeça devido ao incomodo excessivo. Biskka tapava os ouvidos fazendo uma careta, porém o velho que ordenou o movimento parecia não se importar, talvez por já estar acostumado. Mas o desfecho estava próximo: Ainda em fúria, Gible abriu sua grande boca, concentrou uma quantidade considerável de energia Pokemon que estava sendo condensada numa esfera que fora expelida em direção a HootHoot que não teve escapatória, recebendo o dano da esfera de energia que explodiu derrubando Biskka, o velho, nocauteando HootHoot e praticamente destruindo tudo que estava no cômodo, deixando uma bagunça desenfreada. Gible cambaleava confuso, havia sido exigido demais, assim a sua treinadora levantou-se e logo tratou de retorná-lo para a sua Pokebola.
— Caramba, que zona... — Sentiu o ferimento doer, mas tentou ignorar. Limpou a poeira da sua calça e logo ajudou o ancião a levantar-se também e ainda segurando em sua mão, ela foi mais rápida e afanou a cabaça de saquê que estava pendurava no cinto do seu kimono. — Acordo é acordo, não é? — Sem cerimônia, tratou de retirar a rolha do recipiente com a boca, cuspindo-a para logo em seguida dar-lhe um grande gole enquanto o liquido branco de saquê de arroz escorria pelos bancos de sua boca enquanto ela bebia.

Batalha Pokemon:

Resultado da Batalha:

—Você é uma jovem interessante... — Dizia o velho em meio a sorriso enquanto observava Biskka beber sem fazer cerimônia alguma. Após um grande e longo gole, ela limpou sua boca com a parte de trás da mão, com as bochechas coradas pelo efeito do álcool.
— Essa bebida é antiga, não é? — Perguntava analisando a cabaça. Agora ela já havia se acomodado em um canto da sala, esticando as pernas enquanto descansava seu ferimento. Estava bagunçado, é verdade, mas ainda poderia haver organização no caos. Ela e o ancião conversaram por alguns momentos, trocando ideias, informações e experiencia. Ele, é claro, dotava-se de melhores histórias e contribua com mais conhecimento enquanto dividiam, agora, uma garrafa de vinho que era servido num copo de madeira esculpido á mão. Aproveitou também para curar seus Pokemon com as poucas poções que lhe restava, ainda que fossem suficientes para aquela ocasião. Não obstante, logo foram surpreendidos por uma presença fantasmagórica que ia se materializando a poucos metros de onde a dupla improvável de amigos estava.
- Yamask

Spoiler:

— Ora, se não é um Yamask. — Dizia o velho surpreso. — Eles são raros por aqui.
— Bem, já que é um Pokemon, eu preciso capturar. — Respondia Biskka numa voz um pouco pastosa enquanto levantava-se com pesar apoiando-se no próprio joelho. Yamask flutuava pela sala, parecia querer assombrar a dupla, mas sem sucesso... A resposta de Biskka veio em forma de Gible, que logo fez presença na sala bagunçada. — Gible, Outrage! — Envolto por energia vermelha-rubi, o Pokemon estava em ira. Abriu sua boca que concentrava uma esfera de energia dourada que fora lançada contra Yamask; este sofria um dano considerável e logo percebeu que estava participando de uma batalha. A resposta de Yamask foi um movimento inicial, típicos de Pokemon selvagens sem treinamento e com pouca experiência: Consistia em aproximar-se lentamente do oponente escondendo o seu rosto e assim que estivesse numa distância curta, Yamask surpreendia seu oponente com um susto que causava mais dano psicológico do que físico.
— Ah, faça-me o favor... Termina com isso, Gible. —Ainda que ele não ouvisse a sua treinadora devido a fúria de Outrage,  uma nova esfera de energia imbuída em fúria dracônica fora disparada em direção a Yamask que caia ao chão como uma pena desgastada, contudo Biskka fora ligeira e arremessou sua última Pokebola que capturava com sucesso sua nova aquisição Pokemon.

Batalha Pokemon:

Resultado da Batalha:

— Muito bem, muito bem... Você foi muito... *burrp* bem... — Cambaleava um pouco enquanto elogia Gible que também rodiapiava devido ao estado de confusão pós-outrage. Seus olhos semi-cerrados e um sorriso bobo no rosto denunciavam os efeitos do alcool, tanto que ela teve certa dificuldade em retornar Gible ao errar algumas vezes a direção na qual a Pokebola deveria apontar. Quando finalmente conseguiu, tomou poder da Pokebola ao chão que continha o Yamask recém capturado e simplesmente deitou-se em um futon em meio a destruição do quarto que outrora fora cenário da batalha Pokemon contra o ancião. Este por sua vez não reclamava, apenas dava uma risada e a deixou à vontade.

Sprout Tower - Violet City, 5h58 da manhã.

As primeiras horas de Sol já se faziam presente, os feixes de luz adentravam a torre pelas poucas janelas que ali tinha, mas nada que incomodasse ou atrapalhasse o sono de Biskka que estava esparramada no colchonete estilo de japonês, deitada de bruços ela ainda segurava a Pokebola de Yamask. Ouvia-se passos que iam se aproximando aos poucos até chegar na garota, o homem estranho gentilmente agachou-se e com delicada encostou nas costas dela, balançando-a devagar.
— Senhorita, senhorita... — Dizia a voz rouca e cansada do homem. Biskka apenas gemia e mais nada. Ainda assim, ele insistiu com mais fervor até conseguir acordar a moça.
— Quêêê? — Olhava para ela de baixo, virando parcialmente seu corpo enquanto protegia seu rosto da luz do Sol.
— Espero que tenha passado bem a noite, mas a senhorita precisa ir agora.
— Que horas são? — Perguntava Biskka sentada.
— Quase seis da manhã, minha jovem...
— Credo, vocês não gostam de dormir?
Estava cedo e frio, sendo assim ela procurou ajeitar-se como podia, vestiu sua jaqueta que lhe protegia do frio – ainda estava guardada no salão de entrada. Biskka já estava na rua, fora da torre quando acendia um cigarro com um isqueiro inspirado num Pikachu, onde era necessário puxar o rabinho do Pokemon para trás para conseguir fazer chama na parte de cima. Foi neste momento que ela fora surpreendida por uma voz gélida, calma, porém determinada.
— Aonde pensa que vai? — Disse uma feminina vinda por detrás.
Biskka virou-se com uma interregação na cabeça e um ar de dúvida enquanto segurava o cigarro com os lábios. Era uma garota com roupas negras, feições pálidas e com um semblante sério, frio. Biskka devolveu a encarada pois não queria mostrar fragilidade. O clima já era hostil desde o primeiro minuto.
— Vou ao Centro Pokemon. Por quê? — Respondeu-a com clareza, mesmo que isso não fosse nada da conta da gótica. Esta, por sua vez, parecia impassível.
— Você destruiu todo o terceiro andar, ainda dormiu bêbada no quarto de um dos monges. O que pensa em fazer a respeito?
— HAHAHAH, é verdade, eu fiz isso mesmo. Mas não foi só eu, o velho também participou da batalha.
— Não importa!! — Bradou a moça, finalmente mudando aquela feição gélida e sem vida. — Clefairy, vai! — Como uma pistoleira de velho-oeste, a garota jogou sua Pokebola para alto fazendo aparecer uma Clefairy completamente saudável e disposta à lutar pela sua treinadora.
— Então você quer resolver assim, sua vagabundinha gótica? Hahah — Biskka sorriu e assim como sua oponente, lançou uma Pokebola já seguida de um comando: Nidorino, use Poison Fang! — Feroz, Nidorino surgia num salto em meio ao brilho liberado pela Pokebola com suas grandes presas imbuídas em toxinas que agarraram no corpo rechonchudo de Clefairy fazendo a fada gritar de dor. A garota ficou surpresa com tamanha velocidade de comando que Biskka tinha com o seu Pokemon, então resolveu responder a altura ordenando que Clefairy usasse Sing, assim sendo, a Clefairy da menina começou a cantar um som melódico e calmo, como uma canção de ninar que fez com que Nidorino começasse a cambalear para lado e para o outro, mas Biskka não iria deixar que ele fosse afetado. — Horn Attack, agora!!! — Nidorino sacudiu a cabeça para os lados, urrou em fúria e como um trator foi em direção a Clefairy com seu grande chifre brilhando e em volto com energia Pokemon. Nidorino acertou no centro do corpo de Clefairy, fazendo-a sangrar após infligir um rasgão em sua pele. Assustada, seu treinadora retornou-a.
— Você é uma animal. Como treina seus Pokemon para fazer algo assim? — Kuroji estava indignada com o estado de saúde que Clefairy terminou a batalha.

Batalha Pokemon:

Resulto da Batalha:

Biskka apenas sorria maliciosamente, não dando tempo para reações de Kuroji, ela ordenava mais uma Poison Fang e assim, Nidorino partia em direção a Togetic, abocanhando-o e usando seu peso para pressioná-lo contra o chão. A treinadora da fada olhava com desprezo para Nidorino e Biskka, logo ordenara que Togetic usasse Aerial Ace, um movimento do tipo voador que usa das asas para golpear o adversário, sendo efetiva a estratégia da garota, Nidorino fora acertado pelas asas de Togetic e caiu há alguns metros de distância enquanto a fada voltava a voar livre, porém muito machucada, quase tanto quanto Clefairy.
— Hahahah, boa essa, hein! Nidorino, use Horn Attack e lute com a intenção de matar. — Urrando em fúria, sob suas quatro patas Nidorino corria em direção a Togetic apontando seu chifre maior envolto a energia Pokemon que logo perfurava o corpo do oponente, fazendo jorrar sangue pelo chão enquanto Togetic caia inerte ao chão. Se ela havia morrido, Biskka não teria como saber, pois logo sua treinadora retornou-a para sua Pokebola.
— Você... ainda vai pagar. — Disse Kujiro com os olhos aguados, ainda que não chorasse e mantivesse fria perante a situação.
— Fez um ótimo trabalho, amigo, pode voltar. — Biskka apontava sua Pokebola para Nidorino, fazendo-o retornar. — Quando for mais forte, a gente volta a batalhar e quem sabe você não vença? — Riu enquanto tragava o cigarro que repousara entre os dedos indicador e médio. Por fim, foi-se.

Batalha Pokemon:

Resulto da Batalha: