Amorina não teve grandes dificuldades em obter uma acomodação gratuita no Centro Pokémon, mas certamente não era exclusiva. O quarto era relativamente pequeno, com duas beliches em cada canto. Três delas já estavam ocupadas: uma com roupas jogadas e as outras duas com mochilas. Por sorte, a última livre era uma cama inferior, o que a permitia também ter acesso a uma pequena mesa de cabeceira. Quando a menina se aproximou da única janela do cômodo, pode sentir a gelada brisa invernal, sendo um indicativo de que talvez era melhor ela colocar roupas mais quentes.

Sem mais grandes pretensões naquele ambiente, ela separou um dos casacos da bolsa e deixou um papel com seu nome escrito no travesseiro, para indicar que havia ocupado aquela cama. Retornando para o lobby, a menina logo se atentou a um painel colado na parede, com diversas informações de eventos e algumas requisições locais. Seus olhos correram rapidamente entre o título e as recompensas de cada uma, travando especificamente na nomeada "Viagem guiada por Pallet".

- A missão parece simples e a recompensa boa. Além disso, seria divertido ter uma companhia temporária, certo? - questionou a menina, olhando para a pokébola de seu inicial para liberá-la. - Hoje o dia está um tanto frio, por isso me avise caso se sinta desconfortável - alertou em seguida, pegando a foca no colo e dando-lhe um abraço leve.

Após a interação com o inicial, a menina seguiu para o balcão do Centro e informou à enfermeira sobre seu desejo de ajudar um turista. A mulher solicitou que Amorina esperasse enquanto ela contatava o jovem iniciante, deixando-a ociosa por alguns minutos. A aspirante a magnata aproveitava aquele tempo para dar uma olhada em alguns pontos de interesse em seu celular, afinal, ela mesma estaria visitando aquele local pela primeira vez.

- Amorina! - chamou a enfermeira, que se aproximava seguida de um garoto. - Esse é Rony

Rony era um menino branco de olhos azul escuro. Seu cabelo era levemente bagunçado, platinado e com algumas mechas azul claro. Suas roupas eram casuais, sendo as cores mais predominantes azul e preto. Amorina ficava aliviada de ter que guiar alguém mais jovem, porém dava mais uma analisada na situação antes de iniciar o tour: o menino estava a todo tempo de ombros baixos, evitava olhar nos olhos por muito tempo e parecia a todo tempo focar na própria respiração. A feição preocupada da enfermeira também denunciava que o garoto era extremamente tímido, o que é uma informação útil considerando o que iriam fazer.

- É um prazer conhecê-lo Rony. Sou Amorina e serei a sua guia até o laboratório hoje - se apresentou, notando que o menino se encolhia mais ainda para se esconder na enfermeira. - Você parece gostar bastante da cor azul, não é? Veja: Popplio também - o Pokémon balançava a cabeça da esquerda para a direita em ritmo animado, o que arrancava um pequeno sorriso do menino.
- Temo ter que retornar para completar as tarefas. Qualquer coisa basta me contatar pelo número de emergência no Rotom Phone - disse a enfermeira, que colocava a mão no ombro do garoto e o colocava na sua frente. - Aliás, sua inscrição como Coordenadora foi realizada. Assim que puder, busque as coisas no balcão - alertou por fim, retornando para o posto.
- Bom, creio que já tenha ficado claro agora que eu serei Coordenadora. Marque bem meu nome, ainda vai ouvi-lo com frequência na TV. Agora, ao que interessa: você tem alguma dúvida imediata? Algo que sempre quis saber? Agora é a oportunidade - questionou, mas recebeu apenas o silêncio e um olhar nervoso. - Certo. Vamos fazer o seguinte: te mostrarei algumas coisas que farei normalmente em minha jornada e se surgir qualquer dúvida, basta me perguntar - o menino acenava uma vez com a cabeça em concordância, depois andou para ficar alguns metros atrás dela.

Amorina já havia obtido algumas informações bem rasas sobre Rony, porém ao ver como ele gostava de estar perto da enfermeira Joy, ela só precisava transmitir a ele a mesma sensação de segurança. Sendo assim, eles seguiram até o balcão do Centro onde a adolescente apanhou seu cartão de registro na coordenação pokémon, seu pokéblock kit e seu berry pot. Esse último item era bem maior do que ela esperava e seria difícil ficar carregando pra cima e pra baixo naquela oportunidade, o que a deu uma ideia.

No quarto em que estava instalada, a menina teria silêncio e calma para ensinar algumas coisas para o menino, começando pelo mais básico que uma coordenadora poderia aprender: plantar berries. Colocando o item na mesa, ela abria o vidro e puxava uma Oran Berry de sua bolsa. O garoto assistia tudo, em completo silêncio.

- O Berry Pot é o melhor amigo de qualquer coordenador, pois é capaz de gerar valiosas berries que serão transformadas em Pokéblocks. Por exemplo: se eu plantar uma Oran Berry, em alguns dias as sementes irão germinar e me conceder mais frutas ainda. Se misturarmos tudo isso dentro desse aparelhinho - disse exibindo o pokéblock kit. - Vamos obter um Pokéblock azul - completou, mostrando no Rotom Phone uma foto do doce já preparado.

A adolescente então abria um pequeno espaço na terra e colocava a fruta cortada no meio, para que a semente pudesse germinar e aproveitar os nutrientes. Em seguida, ela utilizou o jato de água produzido por Popplio para umidecer o solo, concendo a outra metade da fruta como recompensa. Com tudo finalizado, ela tampava o objeto com o vidro e o aproximava da janela para tomar alguns raios de sol.

- Alguma dúvida sobre esse processo? Ou sobre coordenação? - questionou, mas apenas recebeu um aceno de cabeça negativo do garoto. - Certo. Se não tem dúvidas sobre o plantio, talvez possa se questionar onde obter as frutas - comentou, depois sentiu uma satisfação ao ver que ele estava de fato interessado. - Não tema, eu vou te ensinar onde encontrá-las!

Com o GPS ativado no Rotom Phone, o trio colocava os pés para fora da construção e sentiam a brisa fria tocar seus rostos. Rony até chegava mais perto da menina enquanto unia as mãos para aquecê-las. Por sorte, a caminhada não seria extensa. Eles paravam na frente de uma espécie de horta comunitária, onde havia diversas árvores, porém nem todas possuíam frutos.

- Os recursos naturais podem ser encontrados na natureza, mas com sorte você pode encontrar zonas comunitárias como essa e obter pelo menos um exemplar do que tiver nela. É importante estar atento as estações do ano, pois algumas frutas dependem de um clima apropriado para fluírem. Mas lembre-se: o Berry Pot é uma mini estufa, assim é capaz de proporcionar um clima agradável para o cultivo independente de qual estação você esteja - comentou, porém notou que o menino estava maravilhado com as árvores que possuíam frutos. - Estamos no Inverno, então podemos encontrar duas frutas: Chesto Berry, que pode curar a sonolência de um Pokémon e é considerada uma fruta seca. E Persim Berry, que pode curar a confusão de um Pokémon e é considerada uma fruta saborosa. Fique a vontade para pegar uma pra você - comentou enquanto colhia a fruta rosa de uma das árvores.

Amorina não planejava ficar tanto tempo por ali, mas Rony pareceu se divertir bastante brincando de se esconder pelas árvores enquanto Popplio o caçava. Isso informava a garota de mais uma coisa: ele se sentia mais seguro quando não há muitas pessoas em volta. Finalmente quando já haviam decorado praticamente todos os esconderijos um do outro, eles retornavam ao encontro da menina para seguirem em frente.

Agora com o rumo direto para o Laboratório do Professor Oak, Amorina avistava algumas latas de lixo entre as vielas das residências. Ela se questionava se ensiná-lo a revirar lixo era uma lição valiosa ou não, porém se ela conseguisse extrair algum item valioso, poderia ser algo a se anotar. Reduzindo a velocidade, a jovem olhava em todas as direções. Talvez o frio não fosse muito agradável para um passeio, então as ruas estavam praticamente vazias.

- Certo. Lição número 3: as latas de lixo alheias - comentou ela, deixando o menino confuso. - Sei que parece estranho, mas não sabe quantas pessoas simplesmente descartam itens super valiosos. Obviamente nem sempre você terá sucesso, mas se nem tentar, com certeza não vai descobrir o que o destino te reserva

Amorina puxava uma pequena caixa com luvas descartáveis da bolsa e as colocava antes de se aproximar da lixeira. Colocando a mão na tampa do objeto, ela rezava para ter algo relevante para mostrar ao menino. Porém, ao abrí-lo, ela encontrava um par de olhos vermelhos que não parecia nada contente em ser descoberto. O roedor então fez um movimento brusco, derrubando a lata de metal no chão e se preparando para a batalha. As outras latas de lixo também começavam a tremer, provavelmente outros Rattata de coloração preta surgiriam.

- Você... ainda não tem um Pokémon, certo? - questionou a menina, já sabendo a resposta. O menino mesmo assim sinalizou negativamente. - Nesse caso... CORRE!

Após o grito, a menina agilmente pegou Popplio e começou a correr. Ela propositalmente estava mais lenta para permitir que Rony sentisse que, se fosse preciso, a jovem se tornaria isca para ele completar a fuga. Por sorte eles conseguiam sair ilesos, na verdade, os roedores sequer tentaram perseguí-los, mas era melhor prevenir andando mais alguns bons metros. Contudo, enquanto tentava recuperar o fôlego de levar o Pokémon no colo, Amorina também olhava nervosa na direção de Rony, pois o havia colocado numa situação nada agradável.

- Rony... você... está bem? - questionou, fazendo pausas para respirar. O menino ficava em absoluto silêncio, depois respirou fundo e começou a rir.
- Essa foi a coisa mais legal que eu já fiz! - exclamou animado e ofegante. - Eu nunca pensei que revirar o lixo pudesse ser tão emocionante - continuou, depois olhou nos olhos da menina.
- Não é muito comum encontrar hordas - disse mais aliviada. - Mas não se force numa situação evidentemente desfavorável. Não há vergonha em fugir para lutar outro dia

Após um merecido descanso da corrida não planejada, o trio sentia o clima ficar mais agradável conforme o sol se posicionava no centro do céu, anunciando que era meio-dia. Amorina estava extremamente satisfeita com o progresso que tinha feito com Rony, porém após o surto de adrenalina cair, ele voltava a ser a companhia silenciosa do início. Sem mais grandes ideias naquele começo, eles caminharam mais alguns metros até chegarem ao excêntrico laboratório.

- Eu só posso acompanhá-lo até aqui - comentou a menina, que fazia o menino encolher os ombros. - Brincadeira. Eu não posso perder a oportunidade de te ver escolhendo seu inicial. Além disso, é só meio-dia, temos ainda muitas aulas pela frente - finalizou com um sorriso aberto.

E mais uma vez a menina se encontrava no laboratório, agora com mais alguns jovens entrando e saindo que a primeira vez que ela visitou, mas nenhum deles parecia incomodar Rony. Quando finalmente chegava a vez dele, o garoto olhava as pokébolas com as imagens dos Pokémon logo acima. A mão dele corria entre todos os que possuíam coloração azul, porém, ela parava na opção que fazia marejar os olhos da magnata. A cápsula liberava uma foca idêntica ao inicial de Amorina.

- Boa escolha - brincou a menina, recebendo uma cutucada do focinho do próprio inicial. - Mas agora vamos, estamos apenas no começo - comentou animada, rumo à saída do laboratório.

Após ajudar Rony a obter seu inicial, Amorina planejava extender um pouco mais a aprendizagem do loiro levando-o para encontrar alguns Pokémon selvagem. Antes disso, eles faziam uma merecida pausa para almoçar e relaxam antes de voltarem a caminhar pelas ruas pacíficas de Pallet. Contudo, o sol que lutava para esquentar aquela cidade logo era tampado por uma grande massa de nuvem branca. Seguido dela, uma ventania forte começava, fazendo com que o corpo dos treinadores arrepiasse. O Rotom Phone dos dois começava a tremer, com um alerta que pulava na tela: "Grande nevasca se aproximando. Busque abrigo o mais rápido possível".

- Acho que nossa busca terá que ser adiada - disse a menina, notando que Popplio começava a ressecar e congelar. - Volte pequena, se aqueça na Pokébola

Rony acabava por seguir a tutora, guardando o Pokémon e se aproximando mais dela. A dupla então começou a caminhar rumo ao Centro Pokémon, sempre beirando as paredes para sofrerem o mínimo possível com a influência do vento. Chegando no ambiente, Amorina ficava surpresa com o número de treinadores que se reunia no lobby, que parecia minúsculo para o tanto de viajantes. Mas o que importava era estar aquecido, e nesse quesito, o Centro estava satisfatoriamente agradável.

Os minutos seguintes eram bem tediosos: todos os treinadores pareciam reclamar de terem que adiar seus planos iniciais, tornando o falatório bem incômodo. Amorina e Rony permaneciam em pé, encostados numa parede para deixar o menino mais confortável. Subitamente, todo o local ficou silencioso quando uma figura feminina atravessou a porta de vidro. A mulher tinha cabelos castanhos e vestia um sobretudo grosso, variando entre as cores marrom claro e escuro como um Zigzagoon.

- Ora, é um alívio ver quantas almas já vieram buscar refúgio antes do ápice da nevasca chegar. Pois bem, venho do Laboratório com algumas informações - comentou a mulher, que fazia todos formarem um domo a seu redor. - Em aproximadamente duas horas as nuvens mais pesadas da nevasca irão se aproximar, provavelmente durando toda a tarde e começo da noite. Para aqueles que quiserem se aventurar por ai, basta colocarem um contador para estarem sempre alertas. No entanto, fiquem atentos aos seus Pokémon: se ele se sentir incomodado, não o force a ficar no frio - a mulher então se silenciava enquanto a enfermeira se aproximava, sussurrando algo em sua orelha, que a fazia sorrir. - Porém, como um incentivo para que vocês não se aventurem além do necessário, a Enfermeira Joy acaba de me informar que terá chocolate quente de graça! - exclamou, ganhando aplausos e assobios.

Não demorou para que todos se reunissem numa fila não tão organizada - dado o espaço - para pegarem sua caneca de um delicioso chocolate quente. Contudo, não era esse o foco de Amorina: seus olhos ainda estavam travados na mulher que havia entrado. Ela sabia que se tratava de Daisy Oak, uma figura tão ilustre na cidade quanto o professor. Sem mais, ela endiretou a coluna e avançou em direção à mulher.

-  Olá! - cumprimentou para ganhar a atenção da mulher.
- Olá! Me perdoe se eu estiver errada, mas creio que não seja uma local
- Não está. Sou Amorina, é um prazer conhecê-la. E esse é... - comentou enquanto caçava o seu "aprendiz", mas ele já não estava mais em sua cola.
- Rony? Eu já o conheço. Ele foi para a fila do chocolate quente - prosseguiu, fazendo a coordenadora sorrir. - Presumo que esteja aqui para conhecer minha fabulosa lista para os novatos, afinal, a recompensa é magnífica
- Lista de novatos?
- Aqui - disse a mulher, apontando para um dos papeis no mural do Centro. Era o único com uma pequena imagem cheia de quadrados. - Se você mirar a câmera de seu RotomPhone, irá abrir o aplicativo da lista. Basicamente são sugestões básicas para auxiliar todos a terem um bom início de jornada
- Certo - disse a menina, escaneando a imagem que era decodificada para abrir uma lista de afazeres. De tudo aquilo, Amorina sorria ao notar que já havia completado duas. - Eu já consegui colher uma Persim Berry... e utilizei meu Berry Pot
- Berry Pot? Então é uma coordenadora, fascinante - disse com um sorriso. - Nesse caso, assim que concluir minhas tarefas, você pode ir até um Centro Pokémon para coletar a recompensa, bastando mostrar seu aplicativo
- Como vou provar que fiz tudo?
- Não se preocupe com isso. Como eu disse, as tarefas são uma sugestão. Aqueles que quiserem falsificar apenas marcando as tarefas como concluídas irão perder uma grande oportunidade de conhecer os itens iniciais - comentou, mas depois abaixou a voz para seguir: - Mas, se você quiser, pode tirar uma foto sempre que concluir uma tarefa. Tire uma foto dessa Persim Berry, tire uma foto de seu Berry Pot em desenvolvimento, tire uma foto com o treinador que derrotar, com o selvagem que capturar. Quando for coletar sua recompensa, diga a Joy que você tem as fotos e ela as encaminhará pra mim. Prometo guardar com imenso carinho seu registro
- Pode deixar! Vou registrar tudo! - disse animada, depois se virou para o Centro para caçar um treinador disposto a ajudá-la a concluir a tarefa de batalha, mas nenhum parecia disponível. - Acho que jamais poderei competir com um chocolate quente
- Busca um adversário humano para um combate? Bom, apesar de não ser minha especialidade, eu creio poder ajudar
- Não sei se estou no seu nível de habilidade para batalhar - retrucou nervosa.
- Não tema, estou sempre preparada para os novatos - disse, retirando uma pokébola do traje de frio.

A construção do Centro Pokémon barrava parte da ventania forte de bater diretamente na arena atrás dele, porém o céu aberto ainda permitia que os finos flocos de neve caíssem para criar um efeito de clima no campo. As competidoras se posicionavam cada uma em seu lado, sacando as pokébolas.
- Mostre seu brilho, mas seja gentil Zigzagoon - disse enquanto liberava um pokémon quadrúpede, de pelos tão castanhos quanto o cabelo da treinadora.
- Popplio, em frente! - exclamou ao liberar a foca.

vs

- Zigzagoon vamos começar com Make a Fuss! - comentou sorridente.
- Make a Fuss? - questionou baixo. - Popplio revide com Water Gun!

O guaxinim era o mais ágil dos combatentes, virando de costas para o alvo enquanto balançava o rabo peludo e rosnava, que deixava o aquático nervoso, reduzindo suas capacidades físicas. Por sorte, aquela redução não afetava o movimento especial de Popplio, que parecia reunir uma quantidade de água no peito, para disparar um jato com pressão que deixava o adversário molhado (-35%). Sem dúvida, aquilo não era um estado agradável na friagem que fazia. Além disso, alguns granizos mais firmes batiam no corpo dos Pokémon, retirando um pouco de suas energias (-6%).

[Popplio: 94%; -1 Def&Atk | Zigzagoon: 59%]

- Dois movimentos em um? Foi incrível! - comentou animada. - Mas ainda estamos na batalha, então vamos equilibrar: Popplio use Growl!
- Combo Move, uma arte natural dos coordenadores. Verá que quando aprender a utilizá-las terá muito sucesso - retrucou contente com a reação da menina, pois era o esperado. - Prossiga com Tackle

Zigzagoon dava uma uma remexida no próprio corpo para dispersar a água e então avançava na direção de Popplio com a língua pra fora (-33%). No encontro, a foca era lançada pra trás e lançava um grito esganiçado que assustava o pobre guaxinim, reduzindo suas capacidades físicas. Mais uma vez a nevasca soprava com granizos pontudos chocando-se contra os corpos dos combatentes (-6%).

[Popplio: 55%; -1 Def&Atk | Zigzagoon: 53%; -1 Atk]

- Se o clima fosse ensolarado, eu teria um enorme prazer em ensiná-las mais algumas coisas. Porém nesse frio, eles é quem mais sofrem, principalmente em combate - comentou a mulher, tomando uma pose mais séria. - Zigzagoon avance com Covet!
- Não vamos desistir tão rápido! Popplio usa mais uma vez Water Gun

Sem dúvidas nenhuma das treinadoras estava feliz com o combate numa situação tão desconfortável quanto a perigosa nevasca que se aproximava, mas nenhuma queria recuar. O quadrúpede marrom esticava bem o corpo para estimular seus músculos e começava a correr na direção da foca (-33%). Popplio já inflava o peito para gerar seu golpe aquático. No impacto dos corpos, o guaxinim causava dano suficiente no inicial para ativar sua habilidade específica, que o dava uma aura azulada e fortalecia o fluxo de água disparado (-53%). Zigzagoon foi lançado de volta para o campo da treinadora, inconsciente.

[Popplio: 22%; -1 Def&Atk; Torrent | Zigzagoon: 0%; -1 Atk]

- Gosto de pensar que estava com essa estratégia preparada o tempo todo - comentou, recolhendo o próprio Pokémon.
- Confiei que Popplio seria capaz. Era um tiro no escuro, mas valeu a pena - disse enquanto pegava a foca no colo, a acariciava e também recolhia.

Após o combate, as duas foram direto para o balcão do Centro e curaram seus respectivos Pokémon. Nos poucos minutos que aguardaram, a mulher pediu desculpa a magnata por ter sido mais incisiva no final do combate, mas que estava feliz em ver uma aspirante com tamanhas estratégias. Ela também comentou um pouco mais sobre os combo move e, antes de voltar a fazer as próprias tarefas, ela disse:

- Em situações normais, após nosso combate eu a auxiliaria a encontrar um selvagem nos pontos mais movimentados que eu conheço. Porém com essa ameaça de nevasca, creio que só poderemos fazer amanhã
- Por mim tudo bem! - disse, nervosamente mexendo o celular na mão. - Sabe... eu sei que parece bobo já que você será a destinatária final mas... podemos tirar uma foto para eu comprovar a conclusão?

Daisy ria e concordava, fazendo uma pose ao lado da coordenadora para que Rony batesse a foto. No último instante, Popplio dava um salto e também aparecia, sendo um vulto azul no meio da fotografia. Com a promessa de que no dia seguinte a ilustre neta do professor a guiaria, Amorina utilizou o resto do tempo para tomar chocolate quente e assistir videos de apresentações famosas no RotomPhone com Rony.

A nevasca que havia se aproximado de Pallet Town na noite anterior fazia as horas passarem lentamente para a maioria dos viajantes ansiosos. Apesar disso, quando repousaram nas camas, a maioria deles entrava num sono profundo com o ambiente confortável. Amorina obviamente não era um deles. A magnata tinha costume de acordar cedo pois era o único tempo que tinha livre na época que tinha estudos particulares em casa, sendo um costume que preservou mesmo fazendo alguns meses que não estava mais naquela rotina. De qualquer forma, havia utilidade em acordar cedo: a menina podia usar o banheiro do Centro em absoluto silêncio, gastando longos minutos para pentear seu cabelo.

Faminta, ela seguiu para o refeitório do Centro, ficando surpresa ao ver que Rony já estava lá. Enquanto comia, ele contou que acordou mais cedo para não ter que dividir mesa com ninguém, pois tinha vergonha de mastigar perto de desconhecidos. Depois, eles discutiram a inabalável disposição da Enfermeira Joy, que provavelmente ficou acordada a noite toda mas exibia a mesma feição de uma pessoa completamente descansada. Após a refeição, a Popplio da coordenadora começou a cantarolar de boca fechada, sendo encorajada a soltar a voz. O resultado não era muito agradável. Popplio tinha uma voz bem esganiçada, porém só piorava conforme ela tentava atingir notas altas. Mas, dos males o menor: aquela canção liberava aneis sonoros de coloração rosa, demonstrando um novo movimento.

- Isso foi um Disarming Voice? Você aprendeu um movimento novo! - exclamou, deixando a foca animada e batendo palma. - No entanto, teremos que treina-lo mais tarde

Amorina não queria dizer ao Pokémon que sua voz não era das mais bonitas, porém cantar era apenas uma questão de prática. Em breve, ela tinha certeza que a voz de Popplio será capaz de encantar qualquer um que a ouça. A atenção da menina logo se dispersava de volta ao amigo que fez como guia de Pallet. Rony acabava por espiar o celular da magnata, vendo que a lista de afazeres de iniciantes estava aberta.

- Ei! Você também é uma iniciante? Como se tornou minha guia?
- Havia um pedido de auxílio no quadro do Centro, então não pude recusar. Era uma oportunidade de ganhar algum reconhecimento e dinheiro
- Mas... você não ficou nervosa de ter que guiar alguém que não conhece? Ou com medo de tudo dar errado?
- Honestamente? Sim. Mas eu também aprendi uma lição valiosa com alguns filmes por ai: coragem é sentir medo e tentar mesmo assim - recitou, fazendo um pequeno teatro que fazia o menino rir. - Além disso, minha mãe costumava dizer que confiança é construída em cada oportunidade que temos de tentar algo novo. Sentir aquele nervosismo faz parte, porém a satisfação de conquista fará tudo valer a pena - ela então se levantava, mais uma vez pronta pra um teatro. - Quando precisar tomar uma decisão importante: seja corajosa
- Ei! Eu acho que conheço esse filme - disse animado.

Amorina ficava nervosa com aquela resposta, pois ainda não estava pronta para todos saberem que sua mãe era uma atriz famosa. Por sorte, a entrada de Daisy no ambiente fazia com que a dupla esquecesse aquela conversa para focar no que a mulher trazia de novidades.

- Veja só se não são os novatos mais esforçados de Pallet. Imaginei que depois do frio de ontem a noite todos dormiriam longas horas como um bom Snorlax
- Dormir é bom, mas eu estou ansiosa para encontrar um novo Pokémon hoje
- É justo - comentou, depois olhou para Rony. - Mas e você jovenzinho? Não quer ter a mesma oportunidade que ela?
- Você precisa derrotá-la numa batalha antes disso. Eu posso te esperar se você quiser
- Ahm... - ponderou o garoto. - Tudo bem, você pode ir atrás do seu Pokémon
- Mas e você? - questionou, fazendo um sinal discreto apontando para Daisy.
- Vou ser corajoso e enfrentá-la sozinho dessa vez - respondeu com um sorriso determinado.

Após receber a localização sugerida por Daisy como um ponto comum de selvagens, Amorina seguiu em frente sozinha rumo ao seu objetivo. No caminho, ela não deixava de pensar em como estava orgulhosa da coragem que Rony demonstrou. Porém também sentia uma leve tristeza em saber que provavelmente tomariam rumos diferentes em breve. Os pensamentos da coordenadora davam uma estagnada quando um vento gélido assoprou forte em seu rosto, fazendo-a espirrar. Por sorte, aquele ataque fazia com que ela batesse o dedo numa das tarefas de Daisy, contando como completa.

- Oh não - disse enquanto tentava reverter, mas sem sucesso.

O que foi assinalado como completo era "Usar o Item Finder", sorte a dela, pois finalmente revirava a bolsa para encontrar o aparelho, que piscava antes de começar a apontar numa direção. Durante esse tempo que ela tentava entender como o aparelho indicava o item perdido, ela esquecia completamente da rota de Daisy, porém inconscientemente, seguia nela mesmo assim. O aparelho sinalizava para uma massa grossa e fofa de neve, que parecia ter sido criado com o trabalho de alguns moradores que limpavam a estrada. Disposta a faturar qualquer coisa de graça, ela meteu o pé e começou a caminhar.

Cada passo era mais difícil que o outro, porém o apito do aparelho sinalizava que seu objetivo estava logo ali. Por sorte, ele estava bem no topo da neve, sendo um frasco plástico de cor verde, com algumas pílulas dentro dele. A etiqueta do produto indicava: "Guard Spec". Amorina não sabia do que se tratava, mas enfiou na bolsa mesmo assim. O aparelho localizador logo descarregava de tanto apitar, então também era guardado. Prestes a sair daquela pilha de neve, a magnata via um rastro irregular formado na neve, que a deixava curiosa para segui-lo. Bastou uns seis passos em frente e a menina chegava ao fim do rastro, mas não detectava nada mais. Porém, seu RotomPhone que estava na mão abria por conta a Pokédex:

Snom, o Pokémon Larva. Ele come a neve que se forma no chão. Quanto mais neve ele consome, maior e mais pontudo serão os espinhos em sua costa.

Após a exibição do Pokémon na tela do RotomPhone, Amorina forçava a visão para identificar a quase minúscula criatura que comia lentamente a neve. Os espinhos da costa dela ainda eram bem pequenos, talvez um indicativo de que estava começando agora sua refeição. Embora seja antiético atrapalhar o café da manhã, Amorina sentia seus pés dormentes de estarem imersos pela neve.

- Desculpa por isso, mas te deixo comer quando terminarmos - disse, sacando a pokébola para liberar Popplio.

vs

- Popplio utilize Water Gun por favor!

A foca tinha uma divisão do próprio peso melhor que a menina, conseguindo ficar acima da neve sem problemas. Erguendo o rosto, ela enchia a própria boca com uma quantidade de água e disparava com um grande foco na direção do inseto, que só a partir daquele momento notava que tinha sido descoberto. Snom revidava aquele movimento disparando fios verde oliva da boca, que em contato com o aquático reduzia sua ofensiva especial (Struggle Bug).

- Ela quase não sofreu com o efeito. Nesse caso... Popplio use Pound!

O inicial concordava, saltando para mais próximo do inseto e colocando as patas de cada lado do inseto. Batendo palma, a foca causava maiores danos pela baixa resistência física de Snom. O inseto então revidava disparando um sopro cristalizado e frio no rosto do adversário (Powder Snow). Popplio sentia um arrepio no corpo, mas nada acontecia.

- Não temos muita escolha, continue com Pound! - comandou, nervosa com a possibilidade do efeito secundário do movimento de gelo ativar.

A aquática logo dava mais um avanço e novamente batia palma enquanto o inseto estava no meu de suas patas. A pequena criatura continuava revidando com o sopro gélido que deixava pequenos cristais de gelo em Popplio, mas logo desapareciam sem nenhum efeito secundário.

Na sequência, a foca olhava na direção da treinadora, que confirmava com a cabeça que as ordens não haviam se alterado. Porém, dessa vez, Popplio preferia dar um tapa utilizando apenas uma mão, sendo focada o suficiente para lançar a pequena adversária alguns centímetros distante. Na volta, Snom projetava mais uma vez os fios cor oliva que penetravam o corpo de Popplio e causavam mais dano, além de reduzir sua capacidade física. A habilidade do inicial ativava, criando uma aura azulada que espalhava por todo seu corpo.

- Seu ataque especial foi comprometido querida, então mantenha seu Pound. Só mais um pouco - comentou nervosa com os visíveis ferimentos em ambos Pokémon.

Para tentar algo novo, Popplio dava um pulo e avançava esperando que seu tapa fosse mais perigoso devido ao impacto, porém nada mudava pois a neve fofa amortecia o empurrão que o inseto tomava. Mas para o alívio da coordenadora, a criatura soltava mais uma brisa gélida, sem efeitos secundários.

Popplio dava seu último avanço para bater as patas com o inseto em seu meio, porém ela parecia bem mais motivada aquela hora. Sem mais energias, o inseto finalmente desmaiava. Triunfante, a foca inflava o peito, mas logo também deitava no chão, visivelmente exausta.

Batalha:

- Você lutou muito bem Popplio, tome seu merecido descanso - disse a menina recolhendo o inicial, que emitia um som de agradecimento antes de ser sugado. - Agora, sou eu e você. Por favor, não resista

Amorina sacava uma pokébola vazia e lançava na direção do Pokémon, que era sugado. A esfera tremeu três vezes, cada vez mais agitada que a anterior, mas se acalmou. A coordenadora abriu um grande sorriso, forçou a perna pela neve e apanhou seu mais novo Pokémon. Ela aproveitou para assinalar a tarefa como completa na lista de afazeres da Daisy. Sem mais, ela fez mais um esforço para sair de toda aquela zona fofa e retornava para o duro chão.

No Centro Pokémon, a magnata entregava seus Pokémon para curar e aproveitou o tempo de espera para caçar Rony, mas não tinha sucesso. Quando foi chamada mais uma vez ao balcão, ela liberou a dupla de Pokémon e segurou o Guard Spec na mão para fazer o registro das tarefas realizadas. Depois disso, Popplio virou a cara, irritada com Snom, que apenas começou a andar lentamente rumo à neve do lado de fora do Centro Pokémon

Após capturar o inseto selvagem, Amorina acompanhou sua mais nova Snom para uma deliciosa refeição de neve no lado de fora do Centro, ficando sempre bem atenta para que ninguém pisasse em seu minúsculo inseto. No entanto, ela era extremamente lenta em sua mastigação, o que deixava Popplio e a coordenadora um tanto impacientes. Assim, ela correu os olhos na fabulosa lista de Daisy e encontrou uma tarefa que poderia fazer enquanto aguardava aquele processo de digestão. De volta ao quarto, ela pegava a vara de pesca que recebeu e recolheu os Pokemon para seguir em frente, mas era interceptada por um chamado da enfermeira. A doce Joy retirava cuidadosamente um ovo da parte debaixo do balcão e oferecia para a coordenadora, juntamente com uma carta.

Apesar de estar curiosa pelo conteúdo escrito, Amorina já contava que ficaria um bom tempo esperando na pesca, afinal, não tinha experiência nenhuma naquela arte, então poderia ler quando chegasse ao ponto de pesca. De qualquer forma, ela tinha esperança de achar as famigeradas pérolas, itens que ela poderia vender por um bom preço. Com o auxílio do mapa da cidade, ela rapidamente chegou ao litoral da cidade, com alguns pescadores mais experientes no cais de madeira que se esticava pela água. Encontrando uma acomodação, ela observou bem como os demais apoiavam as varas e os imitou. Finalmente, ela liberou os Pokémon e colocou o ovo na parte de dentro do casaco, preparando-se para ler a carta em seguida:

"Amada Amorina,

Ainda me lembro o dia que escolhi seu nome. Você era tão pequena, tão frágil, tão inocente. Você completou uma parte de mim que eu nunca notei que faltava. Você me deu amor, amor e apenas amor. Então lá estava seu nome: Amor. Mas seu pai obviamente não concordaria, então ele passou os dias buscando um complemento melhor. O sol estava forte em Alola, eu estava com você na praia quando seu pai surgiu no horizonte gritando "AMORINA! AMORINA!".

Basicamente, quero dizer que sinto sua falta. Sei que não se despediu pois sabia que eu não a deixaria ir. Apesar de eu não poder estar perto de você, eu queria que tivesse uma lembrança de casa, de nossa terra natal, de mim. Esse ovo não vai demorar pra eclodir e espero que possam ser bons amigos. Mantenha-o aquecido e seguro.

Com amor,
Mamãe.

Ps: Não tente descobrir quem irá nascer antes da hora."

A jovem então pressionava a carta contra o peito com os olhos marejados. Olhando para o horizonte, ela quase era capaz de ver o mar de sua terra natal, mas logo o vento frio a lembrava que estava num lugar diferente. De qualquer forma, o clima de nostalgia estava ameaçado pela selvagem aparição de um canto esganiçado ao seu lado. Alguns pescadores apenas exigiam silêncio, outros mais grossos começavam a xingar a pequena foca que tentava demonstrar seu talento. Assim, a menina voltava a ficar de pé, pegava a vara e se afastava daquele monte.

Encontrando uma nova posição perto de pedras na orla da praia, ela lançava sua vara, porém dessa vez sem apoio, tendo que segurá-la manualmente. Havia um pequeno monte de neve próximo dela, então Snom se prontificou a destruí-lo consumindo completamente. Popplio, por outro lado, estava bem tristonha com as ofensas, não abrindo a boca e nem batendo palma como costumava fazer.

- Ei - disse para o inicial, que tinha um olhar carente. - Não escuta eles. Sua voz é bonita, só precisa de refinamento. Cante, cante bastante, cante alto. Só não deixe de cantar se isso é o que você quer fazer. Em breve, você estará nos palcos de coordenação e vai deixá-los maravilhados. Tome seu tempo de aprender o que importa, tá?

A menina não precisava falar mais nada, Popplio logo começava a bater palma e se animar novamente. Contudo, ela se afastou alguns metros da treinadora, ficando numa pedra mais alta enquanto cantarolava para o vento. Naquela distância, ela não atrapalharia a pesca. Voltando a atenção para o mais novo inseto, Snom começava a ganhar espinhos mais pontudos na costa, demonstrando que já estava bem satisfeita. Assim, a criatura fixou os olhos na isca que flutuava, ficando inerte em seguida.

- Comeu bastante não é? Isso é bom. Você tem muito pra crescer, assim como Popplio. Não a leve mal, a batalha de vocês foi bem complicada. Em breve, vão ser boas amigas

O recém capturado Pokémon não demonstrava nenhuma reação aquela frase, o que fazia a coordenadora pensar que era muito cedo para ela compreender toda a linguagem humana. Porém antes que pudesse tentar uma nova abordagem de conversa, ela sentia a vara ser puxada. Ela rapidamente se levantou e num único movimento puxou a linha, revelando um peixe branco e laranja que se debatia. Sem força suficiente para trazê-lo mais perto, o peixe iria mais uma vez cair na água se o inseto da menina não tivesse feito uma brisa gélida, que criou uma camada fina para pousar o peixe.

- Obrigada Snom! - disse, depois se virou para Popplio, mas depois voltou para o inseto. - Acha que consegue batalhar sob minhas ordens?

vs

- Execute as ordens da melhor maneira possível, certo querida? Vamos começar com Struggle Bug - comandou, sabendo da resistência dos aquáticos aos golpes de gelo.

Goldeen estava irritada por ter caído na isca de um pescador e ainda ter o impacto com a plataforma de gelo que o inseto criou, então decidiu ficar na luta para dar uma lição em seus "predadores". Com a ponta do chifre na cabeça reluzindo, o peixe deu um salto e bateu no corpo do inseto, arranhando os espinhos na costa de Snom (Peck). O golpe era superefetivo, mas o Pokémon da coordenadora logo revidou disparando os fios cor de oliva que penetravam o aquático e reduzia seu potencial especial.

Antes que a menina pudesse dar novas ordens, o peixe balançou a belíssima cauda na água, uma provocação que irritava o adversário e reduzia suas defesas (Tail Whip). Em resposta aquilo, a inseto atacava sem ordens prévias, repetindo o movimento anterior que causava os mesmos efeitos. Amorina ficava apreensiva com a atitude, mas preferia exalar positividade.

- Bom trabalho! Continue com Struggle Bug, até o desmaio - comandou.

Goldeen começava a exibir alguns arranhões no corpo, então respondeu o ataque com mais um perigoso superefetivo com seu chifre, que agora era mais perigoso dado a defesa reduzida do inseto. No impacto, os espinhos na costa de Snom rachavam, o que a irritava profundamente para disparar mais uma vez os fios de oliva, que agora deixavam o peixe numa situação crítica.

A fuga seria uma opção, já que bastava que Goldeen mergulhasse, mas ela era muito orgulhosa pra fazer isso. Em resposta, ela abria a boca e soltava o vozerão com o intuito de confundir o alvo (Supersonic). Mas, num alvo tão pequeno, vez ou outra eles iriam errar, sendo o que aconteceu. Snom então chacoalhava bastante o corpo, mexendo as presas constantemente para disparar um fio espiral cor de oliva que esgotava o restante de energia da aquática.

Batalha:

Após o fim do combate, Popplio voltou a se aproximar de sua treinadora ao ouvir o som do Supersonic que o peixe errou. Ela estava preocupada, principalmente com o inseto que estava extremamente ferido na beira da água. Amorina pegou a pequena com as mãos e fez um carinho leve em sua cabeça, tomando cuidado para não tocar nos espinhos rachados.

- Sinto muito pela sua proteção, mas você lutou muito bem. Quando chegarmos no Centro novamente, tenho certeza que a Enfermeira Joy vai dar um jeito - ela então olhou o peixe flutuando inconsciente na água, sacando o RotomPhone para uma foto.

Após fazer o registro do momento com os Pokémon, a jovem esperou pacientemente até que Goldeen recobrasse a consciência e a encarasse confusa. A coordenadora pedia desculpa por tê-la puxado, pois não estava interessada em mais aquáticos tão cedo. Por fim, o peixe mergulhava na água e sumia na imensidão azul do mar. Retornando todos os Pokémon, a magnata enfim pode abraçar mais uma vez o ovo para aquecê-lo naquele meio de tarde e tomou rumo de volta ao Centro Pokémon, com uma leve satisfação em ver que Popplio havia baixado a guarda para se preocupar com Snom.

O final do dia e o seguinte da aventura na pesca da adolescente não tinha grandes acontecimentos notáveis, o que a fazia inclusive pensar que a magia daquela cidade já estava sumindo de vista e em breve teria que partir. Por sorte, naquela madrugada, ela sonhou com sua apresentação nos palcos e acordou bem animada. Os combo move eram umas das habilidades desenvolvidas e aprimoradas unicamente pelos coordenadores e adotada em toda Pokegea. Portanto, ela não podia perder tempo em começar sua jornada para a fama.

Nos limites que a cidade encontra a zona selvagem, Amorina aproveitou a calmaria para poder deixar todos os Pokémon confortáveis: Snom podia comer lentamente alguns pequenos montes de neve que ainda persistiam da nevasca; o ovo ficava muito bem apoiado num círculo de pedra, com o casaco mais grosso da menina ao seu redor; e por fim, Popplio continuava a praticar seu canto exaustivamente, mas pelo menos obtinha uma melhora.

Ela imaginava que talvez preparar Snom para o contest seria uma ideia brilhante, porém havia um impecilho: os espinhos de gelo nas costas do inseto haviam sido retirados de vez pela enfermeira Joy. Segundo ela, era melhor aproveitar o inverno para a reposição natural do que reparar um espinho quebradiço, que poderia criar um casulo ineficiente para que ela evoluisse. Assim, a coordenadora batia os olhos na cantoria de sua foca, se aproximando com uma brilhante ideia.

- É notável que está melhorando a cada dia, porém tome um tempo para descansar - comentou, ganhando atenção do Pokémon. - Enquanto descansa, por que não me deixa te mostrar uma coisa?

Amorina ensinava a Popplio que ela possuía dois movimentos que se tratavam de cantoria: Growl e Disarming Voice. Talvez, com um pouco de prática, o inicial seria capaz de combiná-los num só como o Zigzagoon de Daisy. Na primeira tentativa, Popplio era apenas capaz de criar distorções no ar de seu Growl, mas era incapaz de realizar o segundo movimento sem se calar por alguns segundos. Mesmo assim, elas persistiram por longas horas de treino com pausas intermitentes.

Quando o ouvido de Amorina já estava zunindo de tanto ouvir a cantoria, finalmente o tom de voz de Popplio havia se alterado para um bem mais bonito, criando a distorsão no ar, porém com um leve tom rosa e notas musicais. Porém tão rápido quanto começou, o movimento se foi e infelizmente a aquática não conseguia reproduzi-lo por vontade própria. Mesmo assim, cada ato devia ser comemorado como incentivo, então Amorina pegou a foca no colo e a elevou no ar.

- Você conseguiu! Conseguiu mesmo! Seu primeiro combo move!

Popplio aplaudia animada a própria conquista, fazendo os seus sons típicos da espécie. Porém todo aquele momento travava quando, de repente, uma fina coisa se enrolava no braço da coordenadora. O que parecia apenas um balão perdido de uma criança simplesmente ganhou vida e encarou a menina com os olhos pretos e o "x" no lugar da boca. Embora fosse quase imperceptível para a menina, uma ventania começava a se formar, prestes a ataca-la, porém Popplio rapidamente criou uma bolha do nariz e explodiu no rosto da criatura. Dando alguns passos pra trás, Amorina mirou o celular, que automaticamente abriu a Pokédex para revelar o fantasma:

Drifloon, o Pokémon balão. Seu corpo redondo está cheio de almas e se expande a cada vez que leva alguém para longe.

vs

A nuca de Amorina arrepiava com a descrição bizarra que o aparelho havia dado, porém ficava levemente aliviada em notar que o balão não era muito grande. Mesmo assim, ela torcia para que aquele Pokémon apenas tivesse levado as almas daqueles que já estavam na iminência de partir deste mundo.

- Popplio vamos tentar usar nosso combo dessa vez. Disarming Growl e depois Water Gun!

Drifloon era mais rápida em se recuperar do susto com a explosão da bolha, então começou a girar em seu próprio eixo, criando uma ventania que logo era direcionada contra o inicial (Gust). Popplio estava extremamente animada para fazer uso de seu combo pela primeira vez, porém quando abriu a boca para reproduzi-lo, apenas chorou com a distorção de ar (Growl), deixando o segundo move sem ser executado na mesma ação.

Na volta, o balão ganhou uma aura sombria e projetou uma miragem do próprio rosto para frente, dando uma investida surpresa logo em seguida (Astonish). A foca sentia um pouco de medo, porém resistia para carregar seu típico porte de água dentro da boca e desferi-lo de forma focada e precisa, causando um bom dano.

- Muito bem querida, não precisa se preocupar. Agora começaremos de Water Gun e depois usaremos Disarming Voice

O fantasma selvagem subitamente contraiu o próprio corpo e reduziu de tamanho para aumentar a própria evasão (Minimize). O movimento era efetivo, pois o disparo aquático de Popplio passava longe de seu alvo, que logo em seguida retomou o tamanho normal e balançou as cordas do braço como provocação.

Na sequência, Drifloon mais uma vez projetou a sombra de seu rosto para dar um ataque furtivo à Popplio (Astonish). Aparentemente, a foca já estava esperando o golpe, então sequer tremeu como a primeira vez. Em resposta, ela tentava executar seu movimento, agora com a garganta bem hidratada do movimento anterior, mas mesmo assim não obtinha sucesso. Por sorte, era o Disarming Voice que foi liberado, onde a explosão das notas musicais acertavam em cheio seu alvo.

- Treinaremos mais em outra oportunidade. Avance com Water Gun e repita se acertar o primeiro. Se não, use Disarming Voice!

As falhas consecutivas poderiam ser um problema que Amorina não queria ter naquele combate dado a descrição de carregar almas. Drifloon parecia bem interessada nisso, girando mais uma vez em seu eixo para soltar a ventania que criava lâminas de ar que acertavam em cheio seu alvo. Popplio revidava carregando mais uma vez seu tiro d'água, mas realizava o movimento em forma espiral, tentando cobrir um maior espaço para evitar que seu adversário escapasse. E funcionava.

Sem muita energia e sujo dos golpes, o fantasma mais uma vez disparou as lâminas de vento. Com seu movimento lento, Popplio aproveitava a oportunidade para dar um último e decisivo golpe que fazia o balão cair no chão e liberar um grito agonizante no processo.

Batalha:

Amorina ficou alguns segundos encarando aquela cena, indecisa se deveria capturar o fantasma ou deixá-la partir. Aquela personalidade não era compatível com os Contest, porém os movimentos eram verdadeiramente interessantes para complementar combos. Quase recobrando a consciência, instintivamente a menina lançava uma cápsula vazia que sugava o Pokémon. Ela tremeu, tremeu, tremeu e parou.

- Eu não quero mudar você. Espero que nossas personalidades possam brilhar um dia numa apresentação. O que você acha? - perguntou a capsula, mas dado o desmaio do Pokémon, não obteve resposta.

Popplio estava com alguns machucados no corpo dos golpes sofridos, porém comemorou ao ser acolhida por sua dona. Amorina a abraçou e sussurrou palavra de encorajamento para o inicial, que havia falhado nas execuções do combo. Snom se aproximou logo em seguida, com a camada de gelo se formando em sua coluna e com um enorme sorriso de ter sido deixada em paz pela dona por tanto tempo. O inseto então se recolheu no mesmo casaco que esquentava o ovo e lá dormiu.

Com o por do sol no horizonte e o clima frio abraçando aquela zona afastada da cidade, Amorina deixou que Popplio abraçasse seu pescoço para ser levada fora da pokébola. No colo, ela levou o ovo com o inseto, lentamente, para não incomodar nenhum deles. Em breve, ela esperava ter a confiança de todos para suas empreitadas mais ousadas nos halls. Com cada vez mais sonhos e companhias, ela retornou mais uma vez ao Centro Pokémon.

A captura de Drifloon não estava nos planos de Amorina em Pallet, contudo como nada estava acontecendo como ela planejava, ela decidia que era hora de abraçar o destino ou tentar mexer os pauzinhos para realizar aquilo que era capaz. Assim, pela primeira vez desde que começou a jornada, a magnata iria explorar a cidade no período noturno. Ela aproveitaria aquela oportunidade também para verificar os pontos mais movimentados da cidade, pois havia reunido confiança suficiente para realizar uma apresentação e, quem sabe, ganhar fãs.

Nos prepativos, Amorina colocou um simples vestido branco e um casaco mais simples de cor azul. Ela puxou o único cachecol que tinha e colocou em torno do pescoço da foca. Snom não iria sentir os efeitos do frio, então ficaria bem apenas no ombro da treinadora. Drifloon ainda era um mistério, mas não parecia incomodada com a temperatura. Por fim, ela acomodou o ovo em sua cama, enrolado pelas cobertas, porém exposto para não quebrarem. "Volto já", sussurrou a menina antes de sair do quarto do Centro.

Passeando pela zona mais central, a menina ficava surpresa com o quão bonita era a Pallet noturna: as famílias andavam em conjunto, as barraquinhas de venda liberavam deliciosos cheiros de comida e a iluminação pública era muito bem feita. A variedade de Pokémon que caminhava ao lado dos treinadores também era uma atração. Não muito longe dali, ela ouviu o som de golpes Pokémon e uma torcida, provavelmente se tratava de uma arena, mas não era isso que ela buscava. Finalmente, ao horizonte parecia surgir o local dos sonhos da menina: uma pequena praça rodeada por um canteiro das poucas flores que resistiam ao inverno. Era ali, em outra oportunidade, que Amorina iria encantar sua primeira plateia.

Quando foi olhar os próprio Pokémon, Amorina notou que sua fantasma simplesmente havia desaparecido. Preocupada, ela olhou os arredores, sempre buscando nos ares, mas só havia a imensidão escura da noite sem lua. Snom começava a ficar agitada nos ombros da dona, apontando pra uma direção específica. Amorina não tardou em seguí-la, encontrando seu balão flutuar alguns metros do chão com uma pequena criatura emanharada nos braços, que se debatia.

- Drifloon! Por favor solte-o! - gritou enquanto tentava alcançar o balão.

Drifloon parava seu caminho para virar para trás, colocando o inseto no chão e começando a retornar para a dona. Porém, o Snom que foi sequestrado não estava nada contente, disparando um vento gélido na direção da fantasma. Drifloon tinha uma reação rápida, lançando uma lâmina de vento que dispersava o movimento do selvagem. Amorina finalmente conseguiu alcançar seu Pokémon, notando que ambos se encaravam de forma irritada. Talvez, naquele momento, fugir não seria uma opção.

vs

- Essa é nossa primeira batalha, então preciso que confie em mim para ajudá-la na melhor estratégia - disse, recebendo um olhar descrente do balão. - Começe com Minimize seguido de Gust

Drifloon ficava relutante, mas acatava as ordens de sua treinadora, contraindo o corpo para reduzir de tamanho e aumentar as chances de evasão. Infelizmente, a pequena boca do inseto disparava um vento gélido que se espalhou com facilidade naquele ambiente, acertando seu alvo em cheio (Powder Snow).

O balão então começou a girar em torno do próprio eixo, alterando o ar para criar lâminas que eram perigossísimas a pequena criatura que as recebia. Na sequência, Snom se preparava para mais um sopro gelado, mas dessa vez Drifloon analisava bem a direção e facilmente desviou do golpe, mexendo os braços com satisfação.

- Ótimo trabalho! Agora mantenha o Gust até desmaiá-lo! - comandou em seguida, fazendo a fantasma até tremer de excitação pelo comando.

Drifloon girou dessa vez de forma mais graciosa no ar, talvez até mesmo provocando seu alvo enquanto reunia a força dos ventos para criar as lâminas. Liberando o golpe, elas cortavam em "x" seu alvo, que era jogado com violência para trás. A pequena criatura se recuperava com grande dificuldade, visivelmente ferida. De suas presas, fios oliva se formavam e eram disparados na direção do balão, que mais uma vez desviou com um mísero movimento para o lado.

O movimento decisivo estava nas cordas de Drifloon, que inovava: ela pairou seu adversário e começou a girar, fazendo a ventania puxar o inseto do chão. Flutuando mais alto, ela deixou que o pobre Snom caísse no chão e desmaiasse exausto.

Batalha:

Amorina ficava nervosa com toda a crueldade que Drifloon exibiu, porém a feição de prazer da fantasma desapareceu assim que o combate acabou. O balão circulou o inseto duas vezes, depois aproximou para vê-lo de perto. A magnata torcia para aquele não ser um ritual de tirar alma. De fato, não era. Drifloon amarrou as cordas no corpo do Pokémon com muito cuidado, depois seguiu o caminho que estava fazendo.

Aquela altura, a coordenadora duvidava que seu Pokémon tinha más intenções com o selvagem, então apenas a acompanhou em silêncio. Nos limites da cidade, Drifloon libertou Snom num monte de neve e retornou para a dona. Ambas ainda assistiram a recuperação do inseto, que parecia ter emoções controversas antes de mergulhar no mato alto e sumir completamente de vista. Uma brisa fria fez com que Amorina arrepiasse, mas ainda assim perguntasse:

- Ainda não era a hora dele, certo? - Drifloon apenas encarou a menina por alguns segundos, depois se amarrou ao pulso dela e ficou completamente estática.

No retorno para casa, a jovem manteve aquele acontecimento em mente: as coisas não são tão simples quanto parecem. A Drifloon que ela capturou parecia ser bem violenta em combate, mas ainda tinha uma noção estranha de caridade. Talvez, se ela não tivesse impedido o transporte de Snom, o combate sequer teria acontecido. Ela imaginava se um dia poderia transmitir tantas sensações como essa numa apresentação.

Já em seu quarto, Amorina se surpreendeu ao olhar para o Berry Pot e ver que algumas frutas já haviam prosperado. Ela retirou mais uma foto do item antes de colher suas três Oran Berry com um grande sorriso no rosto. Sua preparação básica para a apresentação estava pronta. Agora só faltava: roupas, acessórios e o roteiro. É, talvez no dia seguinte. Deitando na cama, ela e Popplio aqueciam o ovo, um de cada lado. Snom se acomodou perto do Berry Pot, aparentemente alegre com a pequena árvore. Já Drifloon, ela flutuou na frente da janela, observando calmamente algo que somente ela era capaz de ver na escuridão noturna.

A ansiedade de Amorina apenas cresceu após a noite anterior, onde encontrou o local perfeito para fazer uma apresentação amadora em Pallet. Porém os flocos de neve que passavam lentamente na janela faziam a menina correr para checar a previsão do tempo no RotomPhone. A metereologista disse que a previsão era de neve, mas não seria uma tempestade perigosa. De qualquer forma, havia muitos detalhes para a menina acertar, então o tempo ainda estava ao seu favor.

A magnata não sabia dizer se havia recolhido Drifloon ou se ela retornou sozinha para a pokébola. Assim, ela preferiu não mexer naquela cápsula. Popplio estava animada no pé da cama. Snom olhava hipnotizada a neve. E o ovo, quando foi tocado, tremeu. Apesar disso, nenhuma rachadura foi detectada, o que sugeria que ele estava perto de nascer, mas que provavelmente não seria hoje. Assim, a jovem fez mais uma camada de roupas em torno do ovo para que a neve lá fora não o influenciasse.

A manhã de Pallet estava como Amorina já havia acostumado: pouquíssimas pessoas caminhando pelas ruas. E graças a neve, quase nenhuma caminhava em direção à praia. Assim, um local vazio e silencioso poderia ser o melhor para o treinamento da apresentação. Apertando o abraço em Popplio que estava em seu colo e vendo Snom segurar firme no casaco, a coordenadora correu para o sul da cidade, onde encontraria o mar. Lá, ela se deparou com uma única figura: um pescador que parecia irritado, com uma maleta cheia de iscas de pesca. Quando o homem chegou perto da menina, ele logou alertou:

- Se veio pescar pode voltar pra casa. A neve torna a superfície insuportável pra maioria dos peixes daqui, então nada vai morder
- Agradeço o aviso, mas não vim para pescar. Sabe me dizer se há mais alguém na praia?
- Não. Acho que não - o homem então fixou os olhos na foca. - Um Popplio, hã? Boa escolha - ele então pareceu ponderar mais um pouco. - Bom, já que não poderei pescar, permita-me fornecer meus serviços: eu vendo iscas valiosas para pessoas que acabaram de começar a jornada. Mas estou entediado, então porque não batalhamos antes de você ver o estoque?
- Uma batalha? - ponderou, mas imaginou que não teria paz se não aceitasse. - Muito bem então. Vamos lá!

- Mostre do que é feito Poliwag! - disse lançando a pokébola.
- Vamos em frente, Snom! - solicitou a menina, fazendo o inseto saltar de seu ombro.

vs

- Snom use Struggle Bug duas vezes!
- Poliwag use Bubbles e depois Pound!

A neve continuava a cair naquela praia, sendo um clima extremamente agradável para o inseto. Em combate, o girino inflou e disparou de sua boca rosada uma série de bolhas que explodiam no corpo de Snom, mas não causava grandes danos graças à sua habilidade. Em resposta, o inseto fabricou pequenos fios cor de oliva e os soltou, penetrando no corpo de Poliwag e causando grandes danos. A neve local possuía alguns granizos que chocavam nos combatentes, mas só causava danos ao girino. O pescador ficava nervoso, mas não podia fazer nada.

Na sequência, o aquático correu na direção do adversário enquanto endurecia a cauda, saltando para desferir um tapa com ela. Snom recebia de bom grado o movimento, mal se mexendo, depois devolvia mais um fio cor de oliva que atravessava o adversário e retirava todo o resto de energia que ela possuía.

- Essa criaturinha é mais forte do que parece né? - comentou enquanto recolhia o Pokémon, já sacando outra pokébola. - Krabby tome seu lugar, use duplo Water Gun!
- Mais um? - questionou baixo, mas depois apenas seguiu o fluxo. - Snom comece com mais um Struggle Bug, depois use Powder Snow!

vs

O caraguejo entrava na luta com pinças perigosas, mas o inseto permanecia com a mesma feição serena. Abrindo-as, Krabby projetava um pulso concentrado de água, que molhava Snom e parecia até alegrá-la. Em resposta, o fio oliva já estava sendo produzido e logo era liberado para atravessar seu alvo e retirar uma grande parte de sua saúde. O granizo do clima então se chocou com o corpo do caranguejo.

Krabby acabava por repetir o mesmo golpe, desferindo o tiro aquático das pinças que agora estava mais fraca após a redução de sua capacidade. Snom então prosseguiu ganhando um brilho singular em sua coluna, seguida de uma ventania gélida que se misturava com o clima e mergulhava o alvo numa fina camada de gelo. Quando o pescador deu conta, Krabby estava completamente congelado. Apesar disso, a pequena parte de seu corpo que ainda estava exposta sofreu com o granizo que o golpeou.

- O que?! - questionou assustado. - Saia dessa Krabby com duplo Water Gun!
- Ótimo trabalho Snom! - disse animada. - Agora finalize-o com Struggle Bug!

Snom começava a criar os fios oliva quando, surpreendentemente, Krabby forçou o próprio corpo para quebrar o gelo e obtinha sucesso, disparando de surpresa o tiro de água. Apesar do susto, o inseto ainda estava bem saudável e finalizava a energia do adversário com uma orbe dos fios oliva se chocando contra seu corpo.

- Muito bem! Parabéns Snom a batalha foi...
- Um momento! - disse o homem, sentindo seu ego ferido. - Uma última batalha, certo? Se você ganhar, eu te ensinarei o melhor local de pesca. Até mesmo é possível encontrar coisas valiosas por lá
- Estamos falando de coisas como pérolas? - questionou, recebendo uma resposta afirmativa. - Então pode vir!
- Magnífico! - exclamou, recolhendo o caranguejo e logo lançando uma cobra. - Ekans use Water Fang seguido de Leer!
- Snom use duplo Struggle Bug!

vs

A serpenta marinha era de fato uma predadora perigosa, não demorando para avançar com as presas envoltas numa aura azul marinho, mordendo o inseto de uma só vez. Dentro da boca da adversária, Snom disparou as esferas cor de oliva e enfim era liberta. O clima ainda persistia no combate, com o granizo causando danos apenas na cobra.

Os olhos de Ekans então subitamente se alteravam de um azul claro para um vermelho vívido e amedrontador, que reduzia as defesas de Snom. O inseto disparou mais uma vez a orbe de fios oliva, parecendo bem exausta de realizar os mesmos movimentos diversas vezes. Amorina notava isso. O granizo fazia mais uma aparição após os golpes.

- Grandioso! Ekans agora use duplo Water Fang! - comandou o pescador, sedento pelo desmaio do inseto.
- Você lutou bem por enquanto Snom, mas deixe que Popplio termine isso

vs

O inseto voltou as mãos da dona, deixando o pescador incrédulo. A foca então deu o passo em frente para receber a mordida de água que a cobra desferia. O clima então assoprava os granizos, que golpeavam os dois combatentes dessa vez.

Ekans não parecia ter se importado de ter ganho uma nova presa, avançando com as presas reluzindo azul marinho e mordendo seu alvo. Popplio acabava por sentir um desconforto no corpo, que reduzia sua velocidade. Ela então devolveu com um tiro d'água focalizado de sua boca, porém com partículas bem mais chamativas que o normal. Amorina acreditava que, de alguma forma, os treinos dos combos estavam afetando todos os movimentos. O granizo soprou, causando dano em ambos.

- Popplio vamos usar Disarming Growl seguido de Water Gun!
- Ekans use Aqua Ring, depois continue a sequência de Water Fang!

A cobra formava um espiral com o próprio corpo, dançando num ritmo até criar anéis de água em torno de seu corpo, que o recuperaria periodicamente. Popplio pareceu preparar bem a voz, depois ficou na ponta da cauda, elevou os braços e começou a cantar. A distorção no ar se formou, depois ficou rosada e finalmente criou as notas musicais que foram de encontro ao alvo, também reduzindo seu ataque. Ekans então ficou inconsciente.

Batalha:

- Isso! Você conseguiu! Conseguiu mesmo! - comemorou a menina, abraçando a foca com euforia. - Vocês são incríveis, incríveis!

O pescador recolhia com pesar seu Pokémon, olhando por alguns segundos a Pokébola antes de se aproximar mais da menina com sua maleta de iscas, abrindo-a. Amorina então cessou as comemorações, levemente envergonhada por ter perdido tanto a compostura. Ela então olhou, mas não estava interessada em nada daquilo naquele momento. O que ela esperava das águas era adquirível puramente com a vara sem iscas.

- Agradeço pela oferta, mas hoje vou passar. No entanto, ainda está de pé sua oferta de me levar para pescar não é?
- Sim. Claro - pigarrerou. - Mas não hoje. Com todos os Pokémon inconscientes e com a neve, não teremos sucesso nem mesmo lá. Aproveite para fazer algo enquanto isso

A menina então viu o pescador caminhar rumo a cidade, animada pelo que estava por vir. Com o treinamento de Popplio cada vez mais bem sucedido, agora Amorina precisava organizar a sequência de golpes para de fato criar uma apresentação digna. Obviamente, ela realizou todo aquele rascunho de treinamento na zona mais escondida da praia, onde nem mesmo um narrador onisciente poderia ver. Mas não havia porque ficar ansioso: a coordenadora iria cravar sua presença em Pallet antes de seguir em frente.

O reencontro com o pescador Taylor enfim havia acontecido, onde Amorina saiu animada para talvez descobrir algumas coisas preciosas que o fundo do mar escondia. Ela encontrou o homem ainda na entrada da praia da cidade, sendo guiada até uma formação rochosa mais distante. No trajeto, Taylor fez questão de exibir todo seu conhecimento sobre a pesca, deixando a garota realmente impressionada. Até aquele momento, ela achava que a pescaria era apenas um hobby, mas era uma verdadeira arte que exigia aprimoramento e dedicação.

Finalmente no local planejado, a jovem foi instruída a como lançar a isca mais longe, como puxar sem tensionar demais a linha e foi orientada a manter absoluto silêncio enquanto espera. Alguns minutos depois, a primeira isca era mordida: um Goldeen saia irritado das águas, provavelmente era exatamente o mesmo que a menina já havia encontrado. Por sorte, dessa vez, o olhar profundo e sádico da Ekans do pescador afastou o Pokémon. Na segunda tentativa, mais um peixe era puxado, porém ele era agarrado por uma ave desleixada que sumiu no horizonte, aparentemente engasgada. Por fim, a dupla esperou por longas horas até o sol se por no horizonte e nada de uma mordida na isca. Taylor parecia preocupado em ficar com uma adolescente num local tão afastado, então sugeriu que a menina desistisse por hoje, mas que usasse as aulas que lhe foram dadas sempre que possível.


Amorina não sabia dizer com precisão quando ela pegou no sono desde que chegou no Centro, mas estava aliviada de ter conseguido relaxar depois de ficar horas sentada nas rochas do litoral esperando por algo que não encontrou. Quando ela se virou para checar o ovo, gelou completamente ao sentir a casca vazia. A coordenadora levantou num pulo, encarou os pedaços do ovo e começou a lacrimejar. Ela provavelmente revirou enquanto dormia e acabou por explodir antes da hora, acabando de vez com o presente que sua mãe havia enviado. Contudo, seu sentimento logo desapareceu quando Popplio começou a emitir sons para chamar sua atenção. No chão, Snom rastejava lentamente e era perseguida por um pequeno macaco que usava um coco partido como roupa. Cuidadosamente, ela pegou o lutador no colo e o encarou, mirando sua pokédex.

Passimian, o Pokémon trabalho em equipe. Frutas são suas armas, bem como a base de sua dieta. Aquele que conseguir lançar uma fruta mais longe se torna o líder do bando.

Amorina acariciou o bebê na barriga, tirando uma gargalhada que apenas eles eram capazes de fazer. Naquele movimento, ele revelou a pelagem na cabeça, que era azulada. Os Passimian de Alola possuem cores na testa com base na ilha em que nasceram. Aquele azul só significava que ele veio de Poni Island, onde a menina também nasceu. A coordenadora então abraçou o primata, tendo uma nostalgia de sua terra natal. Popplio também se uniu ao abraço, aparentemente animada com tantas lembranças fluindo de uma só vez.

- Sinto saudade de casa. Não quero acreditar que tudo foi um sonho. Não pode ter sido se, pra mim, é tão real - sussurrou ela para os Pokémon.

Após aquele momento compartilhado, Amorina saiu do quarto e se surpreendeu ao reencontrar Rony, o menino que ela ajudou a guiar em Pallet. No café da manhã, o menino fez um relato detalhado do que fez nos últimos dias, parecendo bem animado até mesmo com as menores conquistas. A coordenadora não podia estar mais orgulhosa. A atenção da dupla então se desviou para a pequena Snom, que estava estática, mas sendo imitada por Passimian. Talvez o macaco achasse que, devido ao casulo de gelo, eles eram da mesma espécie e deveria segui-la. Amorina não queria destruir essa lógica. Depois mais alguns bons minutos de fofoca sobre aspirações, Rony fazia uma proposta que a jovem não esperava:

- Que tal revirarmos alguns lixos hoje? Ontem o Itemfinder me levou para uma Potion cheia jogada no lixo. Talvez você estivesse certa sobre jogarem coisas valiosas fora

Embora aquela não fosse exatamente o que a menina planejava no dia, ela acabou concordando para passar mais algum tempo com o amigo. As histórias costumam ser mais divertidas quando se tem com quem compartilhar. E lá foram eles, se esgueirando pelas vielas entre as casas, porém sem encontrar nada além de lixo orgânico. Pelo menos eles haviam aprendido que o serviço de reciclagem de Pallet era bem eficiente. No entanto, aquele momento estava prestes a chegar ao fim quando, ao abrir uma das últimas latas de lixo que encontraram, os olhos vermelhos encararam a menina mais uma vez.

- É sério? Você de novo? - questionou ao roedor, que saltou da lata e emitiu um choro que ecoou pelo local. Em segundos, outros dois Pokémon da mesma espécie surgiram. - Ei... calma. Não há motivo para irritação - mas foi ignorada.

- Popplio vamos lá! Use Disarming Growl para acalmá-los! - comandou para a foca, que deu um passo a frente para o combate.

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Os ratos emitiam sons entre si, depois tomavam uma posição estratégica antes de atacarem. A primeira começava a correr e ganhava mais agilidade para ter um choque de corpo com a foca, mas talvez a raiva tenha feito que ela tivesse perdido a noção de espaço, errando seu alvo (Quick Attack). A outra ratazana executou o mesmo golpe, porém como sua parceira, passou reto de seu alvo (Quick Attack). A última parecia mais focada, balançando a cauda em provocação à foca, que tinha a defesa reduzida. Popplio então se preparava para executar o combo, mas falhou no tom musical, liberando apenas as notas musicais que acertavam a Rattata do meio e a da esquerda.

- Você está aprimorando querida, não se preocupe. Vamos assegurar dessa vez: Disarming Voice!

A horda de Rattata mais uma vez compartilhava o plano de ataque, onde agora a última da direita quem atacava primeiro, acertando em cheio seu alvo, que era lançado para trás (Tackle). Na mesma onda, vinha a rataza da esquerda, mas ela passava reto de seu alvo (Tackle). A última, sendo a do meio, avançou com o mesmo golpe, porém parecia ser um pouco mais fraca que as demais (Tackle). Finalmente na vez da foca, ela focalizou toda sua capacidade vocal num único movimento e soltou uma canção faérica que simplesmente esgotou as energias restantes das duas primeiras ratazanas.

- Muito bem pequena! Agora mais uma demonstração de Disarming Growl! - comandou, mais aliviada, pois a batalha se tornou equilibrada.

Rattata era mais ágil, mas também estava movida por uma raiva de sua adversária, avançando numa tremenda velocidade para dar um empurrão certeiro (Quick Attack). Popplio quase perdeu a compostura, mas se focou para ficar na ponta da cauda, elevar os braços e soltar mais uma cantoria. O tom angelical do golpe já denunciava: era bem sucedido. As notas musicais explodiam no rosto do alvo, causando grandes danos e reduzindo sua ofensiva.

- Finalize-o! Water Gun! - comandou a menina.

Embora o comando fosse um, para a surpresa da coordenadora, Popplio executava um diferente. Um círculo de água cristalina se formou na frente do nariz do Pokémon, depois se espalhou por todo seu corpo, projetando-o como um míssel na direção da ratazana, que já estava bem ferida e simplesmente desmaiou como as outras.

Batalha:

- Você conseguiu! Conseguiu mesmo! - exclamou Rony, que estava bem tenso. - Você estava certa no fim. As vezes fugir permite que você seja capaz de ganhar a guerra - brincou.
- Uma coordenadora sempre fica muito feliz em fornecer um espetáculo para um público tão devoto - brincou a menina, fazendo uma reverência e sendo imitada por Popplio.

Após a batalha com a horda, a dupla fazia uma pausa num restaurante local para lavarem as mãos e provarem alguns pratos. Rony insistiu em pagar após a incrível batalha da menina, que como magnata, jamais recusaria uma boa refeição gratuita. Durante esse almoço, a menina ficava bem contente com a postura calma de Snom com o pequeno Passimian, que não deixava de refletir seus movimentos nem mesmo uma vez. Talvez, no fundo, até mesmo ela estava feliz com a chegada dele.

Após abrir mão dos próprios afazeres para passar um tempo com amigos, Amorina levantava no dia seguinte disposta a ser uma pessoa mais egoísta. Embora isso tenha saído do jeito errado, os planos da garota basicamente era focar nas preparações básicas de sua apresentação especial na cidade de Pallet. Ela obteve extremo sucesso em seus treinos roteirizados, então decidiu que era hora do próximo passo: obter as roupas e acessórios. Graças à sua educação particular e exclusiva, a menina tinha uma exímia habilidade de realizar alguns desenhos, nada detalhado, porém costumavam ser uma boa base para os estilistas que a família contratava.

Com o rascunho em mãos, ela bateu em todas as lojas da cidade em busca de um artesão capaz de realizar o projeto, porém infelizmente não obteve sucesso. Havia apenas duas lojas de roupa na cidade, nenhuma delas possuía alguém capaz de confeccionar uma roupa do zero. Mas a coordenadora não podia julgar, afinal, ter uma roupa mal feita era o mesmo que se apresentar de pijamas. Sem mais opções, ela teria que recorrer a seus privilégios: telefonar para a estilista da mãe.

A encomenda era recebida e o rascunho enviado. Em resposta, a mulher disse que demoraria aproximadamente três dias até o traje estar concluído. Amorina rezou para que ninguém alertasse seus pais, justamente para que eles não fizessem o pagamento em seu lugar. Aquela primeira apresentação, apesar de amadora, devia ser unicamente patrocinado por ela mesma.

Após aquele momento de levantar ideias, discutir com a estilista e conferir outros detalhes, a menina levantava do banco público que estava sentada, porém não era perseguida por alguns Pokémon. Drifloon olhava fixamente numa direção entre as árvores, enquanto Snom e o Passimian bebê caminhavam nela. Apenas Popplio não pareceu sofrer com os efeitos do que estava vindo daquele lugar. Interceptando todos, ela se abaixou para conversar com os pequenos.

- Ei! Não se afastem assim de mim. Principalmente na direção selvagem - condenou a menina, mas depois ouviu um burburinho de vozes vindas das árvores.

Sorrateiramente, a menina e os Pokémon se aproximaram das moitas. No meio das árvores, um pequeno urso com lua na testa e um besouro disputavam um pote de vidro vazio de mel. Ou melhor, quase vazio, possuindo apenas alguns excessos grudados, porém a briga para ver quem pegaria o doce era praticamente épica. Ambos pareciam bem alheios à presença de seus observadores, o que poderia ser uma boa vantagem. Drifloon já estava a algum tempo sem lutar e o pequeno Passimian poderia aproveitar sua primeira chance de combate.

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- Faremos uma abordagem surpresa - sussurrou, deixando a fantasma bem animada. - Drifloon usará Gust contra o inseto. Passimian usará Vital Throw contra o urso

O balão começava a flutuar entre as folhas altas das árvores, começando a movimentar o vento para criar suas lâminas de ar, depois desferiu na direção do inseto. Passimian não quis perder a chance de também participar do golpe surpresa, saltando de galho em galho para pular com os punhos esticados e firmes. Os golpes pareciam ter sido mais efetivos que o normal, pois pegou a dupla de selvagem de surpresa. O pote de mel logo foi arremassado longe e roubado por um esquilo selvagem que esperou ansiosamente aquela oportunidade.

- Começamos muito bem! Agora vamos finalizá-los! Drifloon mais um Gust no inseto. Passimian agora use Rock Smash no urso!

Os selvagens agora estavam cientes do ataque e se juntavam para repelir um inimigo comum. Contudo, a fantasma era mais ágil, já puxando o vento da área para desferir as lâminas de vento no inseto, que não resistia. Naquele momento, Amorina não pode deixar de perceber quão visível estavam as lâminas, diferente das últimas vezes. O primata de Alola, por sua vez, fechou o punho e recebeu uma aura vermelho escuro, desferindo um soco contra o ursinho, que também desmaiava.

Batalha:

Passimian e Drifloon comemoravam juntos o sucesso da batalha, embora Amorina ainda tivesse um pé atrás com o balão carregar o bebê em seus braços. Contudo, sob supervisão de Snom, ela desviou sua atenção para os Pokémon desmaiados. Puxando a Pokédex, ela recebia enfim a informação de cada um, embora já conhecesse um deles de vista da sua terra natal.

Grubbin, o pokémon larva. Sua forte mandíbula permite que ele corte árvores e sugue sua seiva. Costumam ficar embaixo da terra.


Teddiursa, o pokémon ursinho. Ele deixa as patas sujas de mel para que possa lamber a qualquer momento. Cada pata possui um sabor único.

Amorina ficava preocupada em comparar as imagens da Pokédex com os selvagens: eles eram bem mais magros e a coloração era mais fraca. Talvez o frio seja excessivamente penoso para aqueles que não se preparavam para sua chegada. Assim sendo, a menina também se lembrou de um projeto do laboratório, que aceitava a doação de selvagens locais para estudos ambientais de Pallet. Portanto, buscando contribuir com os avanços da ciência, ela retirou duas pokébolas e lançou naquela dupla.

Com a captura realizada, ela retornou mais uma vez ao Centro Pokémon. No caminho, ela encarava discretamente Driflooon com um sorriso de satisfação: o balão parecia estar adaptando os movimentos para parecerem mais atrativos visualmente, talvez querendo uma oportunidade de se apresentar nos palcos com a menina. Ela não deixaria aquele esforço em vão. Quanto a Passimian, ela estava orgulhosa de como ele era forte apesar de ser um recém-nascido. Um verdadeiro guerreiro de Alola.

Nas instalações do Centro, Amorina fez questão de alimentar por conta os selvagens que capturou e passar um tempo com eles. Isso tanto para ganhar um pouco da confiança deles quanto para conhecê-los. Em breve eles iriam auxiliar as pesquisas locais, mas teriam a coordenadora em seu coração. Sem mais, ela os recolheu e deixou sob cuidados da enfermeira, enquanto a magnata não encontrava o Professor Birch, único responsável por receber as doações.

Embora fosse Inverno, a tarde daquele dia estava absurdamente ensolarada, com uma temperatura bem agradável. Certamente aquela combinação harmônica do ambiente se tornou um momento propício para que as dezenas de novatos da cidade enfim dessem as caras para criarem burburinhos de batalha espalhadas por toda a cidade. Outros, por sua vez, aproveitavam aquele clima para se aventurarem um pouco mais a fundo na pequena floresta com grama alta que circulava a cidade.

Amorina se juntou a Rony mais uma vez para aquela expedição: era hora do loiro capturar pela primeira vez seu segundo Pokémon. No trajeto, ele ficou brincando com os novos da menina, exceto Drifloon, que decidiu ficar na Pokébola. Provavelmente a comoção de humanos a sua volta a incomodava. De qualquer forma, aquele de fato não era um dia para ter más sensações.

A caçada foi bem difícil, pois a maioria dos treinadores que chegaram antes criaram tanto barulho que a maioria dos Pokémon já haviam se afastado e os outros poucos que eles encontravam acabavam sendo puxados para combate com treinadores mais ágeis em lançar a Pokébola. Seria um dia difícil para o pequeno Rony, não fosse a bela ajuda de Popplio: a foca se colocava em cima de uma pedra, elevava a cabeça e começava a cantar. A voz não era perfeita, mas era bem mais agradável que todos que a conheciam estavam acostumados. Para a surpresa deles, um cantorio de pássaros começou logo atrás, no mesmo tom. Amorina não tardou em registrá-lo com a Pokédex:

Pidgey, o pokémon passarinho. É dócil e prefere evitar conflitos. Contudo, se perturbado, ele irá revidar ferozmente.

- Ouvi dizer que o Pidgey pode megaevoluir quando chegar no último estágio de evolução. Eu adoraria ver um - comentou a menina, se virando para o amigo. - Então, o que acha?
- Eles são dois. Eu não sei Amorina. Acho que não dou conta - disse o menino receoso, se escondendo na amiga.

Amorina até poderia encorajar o amigo a participar do combate, porém com o barulho de pessoas vindo em sua direção, ela decidiu que era hora de agir antes que outros treinadores tentassem pegar aquela dupla de pássaros. Popplio já recebia o recado com o mero olhar da coordenadora. Um deles tomava a frente, também parecendo um pouco mais experiente que o outro.

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- Revele todo nosso potencial, pelo que treinamos tanto: Disarming Growl! - comandou a menina, fazendo uma mímica como se também fosse cantar.

O segundo pássaro, com aparência mais nova que o primeiro surpreendia a todos quando abriu voo e desceu num golpe rasante, infundido por uma aura flamejante que logo golpeava a foca, que era jogada para trás. Contudo, o pássaro também sofria algum dano pelo encontrão (Brave Bird). O Pidgey seguinte então avançou com um empurrão simples, também empurrando a foca (Tackle). Popplio então se colocou na ponta da cauda, abriu o vozerão e criou as distorsões rosadas com notas musicais, que explodiam no rosto da dupla adversária, causando dano e reduzindo sua ofensiva.

- Finalizeremos com mais um Disarming Voice, por favor!

O Pidgey mais velho avançou com um golpe considerado "baixo": ele pousava no chão para bater as asas, levantando poeira que reduzia a precisão da inicial. O segundo resolvia retrucar os sons com um berreiro ensurdecedor, que fazia a foca se encolher (Uproar). Quando o som cessou, a aquática revidou com um cantorio a altura: alto e seguido das notas musicais faéricas, que possuía uma precisão certeira. Ambos pássaros desmaiavam, exaustos.

Batalha:

Alguns dos treinadores que queriam aqueles Pokémon soltaram um choro de desgosto pela vitória da menina, pois se ela tivesse perdido, poderiam pegar os selvagens já feridos. Rony, por outro lado, estava bem feliz, aplaudindo o desempenho da amiga.

- Você está tão forte!
- Obrigada, mas o esforço é uma ação conjunta. Você precisa confiar em seus aliados, tanto quanto confiam em você. E quando precisar arriscar, arrisque - ensinou ela, fazendo uma cara até que o menino compreendesse.
- Certo. Da próxima vez, prometo que vou batalhar! Mas vamos, temos que encontrar mais selvagens antes que os outros peguem!
- Esperei ai - decretou, segurando o menino pelo ombro - Excepcionalmente hoje, deixarei que você capture o primeiro Pidgey. Ele é bem corajoso em querer proteger o irmão, mesmo que não tivesse tanta experiência. Creio que você possa aprender alguma coisa com ele eventualmente

Rony ficava emocionado com o oferecimento da menina, então ambos lançavam juntos suas Pokébola, um em cada dos Pokémon. Amorina decidia por levar o mais jovem, também pelos exímios movimentos que o Pokémon revelou estando num estágio tão básico de sua evolução. Contudo, ela sabia observar previamente algumas capacidades: aquele Pidgey não era um Pokémon de palcos e o refinamento seria excessivamente desgastante. Provavelmente, era melhor aceitar que a personalidade dele era aquela e deixá-lo brilhar nas mãos de alguém que iria extrair todo seu potencial.

Após se aventurarem mais um pouco na zona selvagem, onde a coordenadora apenas fiscalizou as batalhas selvagens do amigo, eles retornaram enfim para o Centro, curando seus respectivos Pokémon e aproveitando o resto do dia. No quarto, Snom e Passimian deitaram juntos como de costume, porém entravam num sono profundo rapidamente, pois haviam brincado a tarde toda.

Amorina estava extremamente nervosa com os acontecimentos dos últimos dias: após decidir que enfim estava pronta para se apresentar, ela foi reencontrar Daisy Oak, pois era a pessoa mais próxima do maior representante da cidade que ela conhecia, para pedir autorização de uso da praça pública localizada à noroeste da cidade. A resposta chegou quase que imediatamente, sendo um video do carismático Prof. Oak, que além de permitir, disse que iria pessoalmente prestigiar a apresentação amadora. Assim, era oficial: a magnata teria que se apresentar e não teria mais volta.

Desde que traçou pela primeira vez a apresentação, Amorina sempre teve sua terra natal como o foco. No entanto, ela acreditava que seria estranho retratar um local paradisíaco e quente em pleno inverno. Contudo, talvez aquela fosse a oportunidade perfeita para transmitir positividade, alegria e calor, palavras que poderiam facilmente descrever Alola. Sem mais, naquele momento ela traçou o plano de três dias para a apresentação.

No primeiro dia, a coordenadora buscou papelarias para fabricar manualmente redes com bandeiras coloridas. Para ela, Alola era exuberante por sua capacidade de traduzir tantas cores de uma só vez, porém com o inverno castigando o desenvolvimento sadio das flores, ela precisava encontrar uma maneira artificial de realizar o mesmo feito. Além disso, ela também comprou alguns balões para compor o cenário.

No segundo dia, Amorina tratou de circular toda a internet com o RotomPhone, buscando alguma música para ficar de fundo. Após ter um "brainstorm" com cada nova canção, ela encontrava a perfeição na que era uma simples melodia, que imediatamente transportava sua memória para a vila portuária que existia próxima de sua casa antes de todo o cataclisma. Ela não sabia como isso seria recebido, mas estava disposta a arriscar. Com o restante do tempo, a jovem criou um acessório especial para Popplio: um laço branco, com uma fita azul clara que atravessava no meio dele. No centro do laço foi colado uma pequena estrela do mar artificial de cor rosa. Contudo, Amorina tomou cuidado para que a inicial não visse a confecção, pois também seria um presente especial.

O terceiro dia era o marco final, sendo também a data oficial da apresentação. A magnata levantou bem cedo para levar as bandeiras e os balões até a praça. Para a sorte dela, o céu estava parcialmente aberto e a previsão era de tempo firme. Enquanto organizava o cenário, a menina recebeu alguns olhares curiosos de cidadãos, principalmente das crianças que ficavam maravilhadas com as cores. Rony surgiu alguns bons minutos depois, apenas para fazer a guarda de tudo aquilo.

No retorno para o Centro, ela recebeu uma caixa extravagante da Enfermeira, já sabendo perfeitamente do que se tratava. Além disso, Joy permitiu que Amorina utilizasse o depósito como um camarim improvisado. Popplio foi a primeira a receber cuidados, sendo esfregada gentilmente com uma bucha fofa e úmida. Após a limpeza, ela enfim viu pela primeira vez o acessório que iria vestir, batendo as patas de alegria. Vestida, a Pokémon aguardou pacientemente a fabricação do Pokéblock Kit, que triturava as duas Oran berries. Depois de comer, a foca foi recolhida. A jovem então tomou banho e retornou correndo para o depósito para se vestir. Os olhos dela ficavam imediatamente marejados: seu vestido e sapatos estavam perfeitos, do jeito que ela havia deixado no esboço. Contudo, era notável os traços da estilista da família Dourado: fios de ouro e detalhes translúcidos. Depois, ela utilizou a câmera do RotomPhone para pentear e arrumar o cabelo na forma que arrumava costumeiramente, porém trocando os laços tradicionalmente brancos por azul claro. A maquiagem também era básica: um delineador preto e um gloss, apenas para realçar o que era natural.

Dando uma última checagem, Amorina vestiu uma capa preta que cobria seu vestido, mas deixou a cara completamente a mostra. Saindo do Centro, ela rumou em direção à praça que iria abrir seu caminho para a coordenação profissional.


Chegada a hora, o peito de Amorina se acalmava, porém seu cérebro se frustrava: havia pouquíssimas pessoas esperando algo acontecer. Mesmo assim, ela respirou fundo e foi até o meio da praça, lançando a pokébola de Popplio e sua capa para o alto. O público logo travou os olhos nos trajes da menina. O RotomPhone então começou a pairar em volta da dona, ligando a música ambiente.

Popplio começou criando bolhas da ponta do nariz, que eram elásticas e bem mais resistentes que as normais. Amorina encostava levemente nelas, deixando que ficassem como um extra no cenário, sempre refletindo as cores das bandeiras e dos balões. Enfim as pessoas mais distantes também começavam a se reunir, fazendo a menina sorrir e Popplio parar de fazer as bolhas.

- Alola, povo de Pallet! - saudou animada. - Popplio, vamos lá! - comandou a menina, apontando para a foca.

A inicial de água não precisava de comandos, pois já havia gasto horas e horas de treino. Popplio criou um círculo de água cristalina na ponta do nariz, que logo se espalhou por todo seu corpo e a infundiu (Aqua Jet). Popplio começou a "nadar" no ar, deixando rastros aquáticos como ondas ao redor da dona, que comandava tudo com alguns gestos de mão. Popplio então saltava, criando um arco antes de pousar numa das bolhas.

O piscar de olhos da menina, seguido de um estalo de dedos era o sinal para o próximo movimento: a foca ficava na ponta da cauda e elevava as mãos aos céus. Abrindo o vozerão, Popplio criava uma distorsão rosa no ar que se espalhava, fazendo as bolhas tremerem (Disarming Growl). Além disso, dentro de cada bolha nascia e ficava presa uma nota musical rosada.

Quando a Pokémon se calou, o as ondas do primeiro movimento perderam sua forma, espalhando uma fina camada de água no chão, que refletia perfeitamente o cenário e a platéia ao redor da praça. Os primeiros murmurinhos de encanto surgiam no público, animando o coração da coordenadora. Na sequência, a menina fazia uma pequena mudança de planos: Popplio já estava dando tapas, de um em um nos balões, que ao explodirem liberavam o som da nota musical (Pound), quando Amorina empurrou alguns para as crianças na linha de frente da platéia, que davam risada quando ouviam o som.

Para a finalização, Popplio pulou da mais alta bolha enquanto criava mais uma. Ao bater a segunda bolha no chão, a foca foi projetada para o alto e desceu disparando um jato de água, que se espalhava em pequenas gotículas em todos os espectadores, que vibravam, apesar de estar fria (Water Gun). Amorina então pegava o Pokémon no colo, olhando-a com extrema alegria, depois fazia uma reverência de agradecimento ao público.


O som de gritos, aplausos e assovios eram tudo o que a magnata precisava naquele momento: era o reconhecimento de seu trabalho duro. Ela sabia que não tinha muitos recursos ainda, porém buscou trazer a melhor experiência que podia para o povo de Pallet enquanto homenageava suas origens. Retornando a postura correta, o coração da menina subiu para a boca ao se deparar com Daisy e o Professor Oak aplaundido. Porém, ao tentar se aproximar deles, ela foi interrompida pelo batalhão de crianças que a cercava, pedindo um balão do cenário para levar para casa. Assim, ela preferiu desprender a pouca atenção que teve para ajudar as crianças a conseguirem um balão, bem como responder as diversas perguntas que tinham sobre a apresentação.

Após uma hora ensinando os mais jovens, a magnata viu que boa parte do seu público já havia dispersado, inclusive os membros da família Oak. Com mais fôlego e liberdade, ela recebeu um enorme abraço de Passimian, que ficou tentando imitar os comandos que a coordenadora fez durante a apresentação. Drifloon e Snom também comemoravam, porém eram bem menos calorosas que o bebê.

No retorno para o Centro Pokémon, Amorina colheu as frutas que brotavam mais uma vez em seu Berry Pot e deitou animada na cama. Ela olhou os comentários dos diversos vídeos e fotos que circulavam de sua apresentação, extremamente satisfeita com seu desempenho inicial. No fundo, ela sabia que tinha conseguido o que prometeu assim que chegou na cidade: impressionar o Professor Oak.

No dia seguinte da apresentação, Amorina seguiu sua rotina comum de acordar cedo para colocar as coisas em ordem. A menina recebeu uma caixa com três repelentes da enfermeira, aparentemente ela conseguiu uma troca online de seu item. Assim, ela tratou de utilizar o produto imediatamente, pois já estava quase sem pokébolas e sequer tinha capturado alguém que realmente queria. Por sorte, esse pensamento a fez caminhar até a lojinha que era instalada dentro do Centro, sendo surpreendida pois o vendedor a conhecia. Assim, ela comprou algumas pokébolas e também tirou foto com o vendedor, para que ele guardasse e ela também para eventualmente enviar para Daisy. Quando estava prestes a sair do Centro, a menina acabava por trombar justamente com ela.

- Amorina! - disse a mulher aparentemente animada. - Veja só como o destino é: eu estava a sua procura
- Estava? Por que? - questionou nervosa.
- O meu avô ficou bem emocionado com sua apresentação e disposição para ajudar as pessoas. No entanto, ele disse que nunca se apresentou formalmente para você. Então, o que acha?
- Agora?! - questionou, nervosa, mas logo se recompôs. - Seria uma honra. Obrigada

Com a oferta, a coordenadora corria para acordar todos os Pokémon e seguir rumo ao Laboratório. No caminho, Daisy deu olhada nas fotos de registro do progresso da menina, parecendo verdadeiramente animada. Isso também aquecia o coração de Amorina. Ela mesma sabia como era ver uma pessoa crescer sob sua supervisão, como o jovem Rony. Contudo, a animação se tornava nervosismo quando ela estava frente a frente com o laboratório. Embora já tivesse visitado aquele local duas vezes, aquela possuía uma pressão maior: o maior representante da cidade estava pessoalmente lá. Respirando fundo, ela entrou alguns metros atrás de Daisy.

Antes de ir propriamente ao encontro do professor, a neta dele apresentou todas as instalações para Amorina. Desde os centros de exclusiva pesquisa, aos de cálculo, aos de monitoramento climático, aos de habitats artificais. Ela não entendia muito sobre nada dali, mas obviamente isso não a impedia de ficar maravilhada com o mundo das pesquisas. Finalmente, atravessando uma porta com a placa "Apenas pessoas autorizadas", a magnata ficou frente a frente com o homem de jaleco, que se virava com um sorriso.

- Ora, veja só se não é uma jovem prodígio da Coordenação Pokémon - comentou, esticando as mãos. - É uma honra enfim conhecê-la, Amorina. Lamento que tenha sido tão tardiamente
- Eu entendo como é ocupado. A honra é toda minha - respondeu educadamente.
- Olhando mais de perto, você possui traços de uma pessoa conhecida minha - comentou, deixando a menina nervosa. - Na verdade, esqueça. Minha memória já não é a mesma - brincou. - Eu não quero tomar muito do tempo da senhorita, por isso vou direto ao ponto: Fiquei realmente tocado com o que as pessoas andam falando de você. Uma pessoa gentil, educada e pronta pra ajudar sempre deve ser exaltada para que mantenha sempre assim.
- Obrigada. Isso significa muito vindo do senhor
- Muitos treinadores tem meu avô como um símbolo de conhecimento e inspiração. Além disso, Rony me contou que você estava ansiosa para encontrá-lo, então achei que seria justo um empurrãozinho
- Com dedicação e amor ao que você quer fazer, não há como não obter sucesso. Seu sorriso e a feição de seus Pokémon demonstram que estão no caminho certo - comentou o homem, depois fez um sinal com a mão para guiar as visitantes pelo laboratório. - Mas eu me sentiria profundamente culpado se permitisse que você saísse daqui sem nenhum presente. Contudo, como os outros, eu gostaria de testar suas capacidades, bem como utilizar os dados do combate para futuras pesquisas, o que acha?
- Creio estar anos-luz abaixo em seu conhecimento de combate, mas estou disposta a aproveitar todas as oportunidades para me aprimorar

O Professor então guiava a dupla para uma arena cercada de câmeras em todas as direções para captar o combate. Amorina estava nervosa, mas sabia que o Professor não iria simplesmente humilhá-la num combate. Assim sendo, o professor fez as honras, lançando uma pokébola ao alto para liberar um quadrúpede coberto de grama.

- Você tem a vantagem de conhecer meu Pokémon. Eu terei a vantagem de comandar após seus comandos - explicou Oak.
- Snom, vamos lá! - disse a menina, apontando para o inseto que caminhou até a arena. - Temo não poder pegar leve com o senhor, então começaremos com Struggle Bug, seguido de Powder Snow!
- Inteligente utilizar a vantagem de tipo. Skiddo use Grassy Terrain e prossiga com Vine Whip

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O pokémon do professor era o mais rápido, porém seu golpe não era direto. A cabra elevou as patas dianteiras, depois as bateu no chão, espalhando um brilho esverdeado por toda a arena, que também fazia nascer algumas gramas selvagens no campo. Snom ficava agora em evidência, sendo um ponto branco no meio verde. A inseto então criou os fios de oliva e as formou numa orbe, disparado contra Skiddo, que tomava graves danos. Para seu agrado, o terreno lançava uma onda de cura em todos.

Na sequência, o quadrúpede de grama mais uma vez golpeava o chão com as patas, porém dessa vez criava vinhas que se esticaram pelo campo e estapeavam a inseto, que não sofria grandes danos. Em resposta, Snom assoprou um vento gélido que formava uma camada fina de gelo na cabra, que não resistia e desmaiava. O terreno então lançava mais um impulso de cura, recuperando parcialmente o inseto.

- Bom trabalho em manejar sua vantagem. Retorne, Skiddo. Agora é sua vez, Ponyta! - convocou o homem, liberando uma égua que possuía fogo no lugar da crina e rabo. - Começaremos com Sunny Day, seguido de Ember
- Neste caso, Snom use Struggle Bug. Depois troque de lugar com Popplio!

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O combate iniciava com os que já estavam no campo. A égua de fogo ganhava um aumento nas chamas do corpo enquanto gritava para o alto, criando um clima mais quente dentro da sala. Snom então desferiu mais uma orbe de fios oliva, que reduziam a força ofensiva de Ponyta. O terreno lançava o impulso de cura logo em seguida.

Na volta, Snom fugiu da arena para que Popplio tomasse seu lugar, já recebendo a rajada quente que Ponyta liberou da boca, que estava potencializada pelo clima quente. Mais uma vez o pulso revigorava aqueles que tocavam o chão.

- Popplio use duplo Water Gun!
- Ponyta use Tackle duas vezes!

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A equina era mais ágil, avançando numa corrida para investir o próprio corpo contra o da foca. Na resposta, o inicial aquático disparava um tiro focalizado de água, que no entanto estava enfraquecido pelo clima quente que vaporizou parte dele. O campo esverdeado utilizava sua última força para recuperar pela última vez os combatentes, depois sumia de campo.

Na sequência, após levar o empurrão de Ponyta, Popplio criou e explodiu um balão no chão, sendo lançada para o alto e criando mais um tiro d'água que golpeava seu alvo.

- - Continue pressionando com duplo Tackle!
- Water Gun, depois Aqua Jet! - comandou, surpreendendo o professor.

Na primeira rodada de movimentos, o encontrão com o tiro d'água já se tornava uma troca de golpes comum entre os Pokémon, porém a vantagem claramente era fa foca. Na sequência, possuindo prioridade no movimento, Popplio criou o círculo de água que infundiu todo seu corpo para também dar um empurrão na adversária. Ponyta tentava se manter de pé, mas desmaiou de exaustão.

- É sempre um prazer ver como os combates se aprimoram a cada momento. Nunca vi um Popplio utilizar seus balões dessa forma - comentou o homem. - Mas aqui vai seu último desafio de hoje. Buizel, use duplo Sonic Boom!
- Popplio mostre todo seu potencial vocal! Disarming Growl seguido de Disarming Voice! - comandou.

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A doninha aquática começava o próximo turno, balançando o rabo numa velocidade surpreendente para criar uma distorsão no ar que explodia no rosto da foca. Na sequência, Popplio liberou o vozerão, criando a distorsão rosada em torno do campo que reduzia a capacidade ofensiva do alvo, seguido das explosões das notas musicais. O clima quente desaparecia do campo. O turno seguinte era exatamente igual, com a única diferença de que a canção de Popplio era mais concetrada e não possuía a redução ofensiva.

- Duplo Disarming Voice!
- Responda com Sonic Boom!

O último turno estava pra acontecer, visto que ambos demostravam alguns machucados de exaustão. A doninha aquática então avançou, mais uma vez balançando o rabo para liberar o corte sônico que explodia no rosto de seu adversário. Em resposta, Popplio liberou uma canção esganiçada, que liberou notas musicais que explodiam causando dano no alvo. Sem mais forças, Buizel também desmaiava.

Batalha:

- Meus parabéns Amorina! - disse Daisy, aplaudindo. - Você possui excelentes habilidades de reconhecimento e adaptação em combate
- De fato. As combinações de coordenação foram bem utilizadas no momento do combate. Você é uma promessa Amorina. Estou ansioso para ver até onde pode chegar

Após o combate, o professor pediu que a coordenadora aguardasse um pouco para receber os prêmios. Para distraí-la, Daisy promoveu suas capacidades como massagista, oferecendo uma grátis para a menina. Snom foi o alvo, recebendo cuidados bem específicos dado seu casulo gélido que crescia a cada dia. Depois, a menina ainda ficou com Daisy assistindo os novos treinadores a obterem seus iniciais. Finalmente, próximo da hora do almoço, o professor voltou ao encontro de suas visitantes.

- Desculpe a demora. Permita-me te oferecer esse presente por seu apoio à população de Pallet, bem como pelo seu apoio à ciência com a demonstração do combate - disse o professor, entregando um ovo. - Irá eclodir um dos três Pokémon que utilizei contra você. Qual deles? Isso deixarei que o tempo te revele - brincou.

Amorina agradeceu a recepção e tour pelo laboratório, então correu ao Centro para recolher todas as suas coisas. Sua estadia em Pallet chegava ao fim, porém o Viveiro era possivelmente seu próximo alvo. Com tudo organizado numa segunda mala, maior que a mochila que costuma levar, ela se despediu da enfermeira e seguiu a pé, rumo a seu próximo destino.