Aquele encontro com o Xatu que eu tinha acabado de ter havia mexido comigo. Eu não minto, sinto falta dos meus familiares e não ter contato com eles depois de tanto tempo me desanima um pouco, apesar de eu saber esconder bem isso às vezes.

Eu caminhava brevemente até o beiral da ponte e observava o mar no horizonte, pensando e desejando o bem de ambos, assim como pedia que eu pudesse estar reunida com eles outra vez. Eu sentia sua falta, mas me conformava em não poder fazer nada para solucionar isso.

— Pensando na vida, mocinha? — Falava uma voz grossa e masculina por trás de mim e parando do meu lado. Em seus trajes tradicionais da tribo, ele se debruçava no gelo e abria um refrigerante. — Pegue, é bom tomar um destes quando se quer apenas espairecer. Aliás, eu sou Kuruk.

Eu aceitava a bebida silenciosamente, agradecia e tomava um gole. — É Riley. Obrigada. — Respondi.

— Sabe, Riley, eu não sei que tipo de problema você está passando. Mas, eu tenho uma palavra de sabedoria dos espíritos para você. Riley, vá com o fluxo. Não se prenda a convenções banais. As pessoas as quais você ama estão em segurança e torcem pelo seu sucesso, ou seja, você não precisa colocar os teus esforços nisso, afinal tudo o que é teu virá até você. Foque em si, na sua nova família, no seu sucesso. Tudo dará certo.

Eu corava, surpresa. Aquilo caía sobre mim como um banho de água fria, de verdade nua e crua. Realmente, seja lá onde estivesse, eu sentia o seu apoio. — Muito obrigada pelas palavras, senhor Kuruk.

— Ih, Riley, para de bobeira. Somos amigos! Você não deve se preocupar com isso de “senhor”. Dizem que tenho alma jovem, você me chama de senhor e eu me sinto com 60 anos.

Eu sorri.

— Riley, um dia eu te levo para surfarmos e aí você verá como o que eu te disse faz sentido. Eu deixo todo o peso das minhas obrigações no mar, nas ondas. A capital não tem ondas radicais, então eu venho aqui só quando tenho afazeres importantes. Mas, quero te dar um presente. Pode me mostrar alguns Pokémon que podem usar Surf? Irei lembrar deles quando for desenvolver a aula!

— Claro, posso sim. — Disse eu, liberando Vaporeon e Gyarados de suas respectivas Poké Balls. — Vaporeon até já conhece esse movimento, mas Gyarados também pode aprender.

— Vejo que você está preparada! Olha, pegue essa TM. O Safeguard é um movimento que cria uma barreira contra status negativos durante cinco turnos. Ensine para um dos seus Pokémon e me conte depois!

— Agradeço muito pela TM! Será de grande uso para mim no futuro, Kuruk.

— Certo, Riley, espero te encontrar outra vez numa praia! — Dizia ele, se afastando para atravessar a ponte fazendo um “hang loose” com uma das mãos.

O avatar conseguia me puxar de volta para o eixo, entretanto eu ainda pensava sobre a sua fala e sobre os assuntos tratados de uma forma menos negativa. Eu permanecia por ali, refletindo mais um pouco sobre aquelas informações que Kuruk havia deixado comigo.

As palavras do Kuruk ecoavam na minha cabeça como badaladas de um sino. Eu realmente me sentia responsável por tudo, mas aquela cobrança acabava se transpondo num peso difícil de carregar. Uma armadura pesada que me subjugava aos meus próprios méritos e dúvidas, que era difícil de controlar a sua chegada em meu inconsciente. Para completar tudo, eu não tinha mais para onde voltar. Aquela personificação etérea que Xatu trazia consigo havia me baqueado e me deixado sensível e pensativa. Estou eu me distanciando dos meus sonhos?

Eu queria uma atividade mais calma antes de retornar ao trabalho e, portanto, decidi retirar a minha vara de pesca da mochila e tentar uma pescaria usando uma Isca Alto Mar que eu tinha no meu estojo, à minha disposição. Ao tocar a água, a isca permanecia serena sobre a superfície, enquanto eu pensava na família que eu tinha feito pós-cataclisma. Prof. Oak, meus amigos, minha avó e até mesmo as pessoas que tinham participado comigo de algumas instâncias e eu tinha registrado o seu número; todos haviam contribuído para quem eu sou agora e eu não podia deixá-los na mão. Quando essa realização chegava, algo pesado fisgava debaixo d’água e eu começava uma guerra para puxá-lo para terra firme. Uma âncora repleta de algas se manifestava.

A criatura pesada se movia de forma pesada pelo ar, até se espatifar na ponte e liberar uma onda de poeira. Com a Pokédex em mãos, eu mirava a sua câmera para ele e ao reconhecê-lo, ela reagia. Liberei meu Pokémon e o equipei com um Lucky Egg. — Grama e fantasma... Eu não acho que tenho alguém que lide bem contra isso agora. Espera, acho que tenho uma ideia. Tsareena, segure esse item antes de começar e use o Triple Axel.

A batalha de Pokémon de grama iniciava-se com um salto de Tsareena para diminuir a sua distância. Dhelmise a observava com os seus olhos inanimados, piscando lentamente e depois retornando a sua inércia. Ele era pesado, mas dava conta de manter-se flutuando para lidar melhor com sua oponente. Suas pernas se revestiam de gelo e ela o atingia com chutes de poder cadenciado, até culminar num terceiro, que era mais forte. O fantasma emitia sons de dor e começava a girar, até que a âncora fosse arremessada por uma força oculta contra a barriga de sua oponente [Gyro Ball]. Ela fraquejava sobre um dos joelhos e levava sua mão ao local da dor.

L. 29 - Queenly Majesty | 80%


L. 30 - Steelworker | 28%

— Cuidado com ele, use outra vez antes que se recupere!

Numa velocidade maior, minha aliada se rastejava no chão e dava-lhe um chute giratório, superando sua dor para emendar numa outra sequência de piruetas que se provavam muito fortes para Dhelmise aguentar.

L. 29 - Queenly Majesty | 80%


L. 30 - Steelworker | 0%

Eu aproveitava para capturá-lo numa Great Ball antes de continuar, dessa vez retornando ao Centro Pokémon para descansar um pouco e reestruturar minha agenda no futuro.