Os pés de Minkah tocaram o chão de Solaceon, esmagando a neve tenra que começava a se formar. Sua cabeça girou, ainda um pouco abatida com o sentimento que o Teleport do Alakazan a infligiu, e seus olhos assistiram com um misto de nostalgia e confusão que só era replicado por Alattí. O pichu a olhou de onde estava parado, ao seu lado; a mesma expressão triste de sempre lhe cumprimentando. Do seu outro lado, Ìlléos ofegava, animado pela corrida que tiveram. Eevee parecia adorar correr.

"Eu devia saber"

—Certo, acho que nossa aventura a Novus nos trouxe uma nova visão das coisas —Declarou, encarando seu melhor amigo para uma segunda opinião —De acordo com a visão, algo aconteceu nas ruínas ou está acontecendo lá. Tipo, agora. Vamos dar algumas voltas por lá e ver o que conseguimos.

—Piii.

   Pichu acenava lentamente com a cabeça, o pelo afofando por causa do frio. Ele não era muito adepto desse clima, mas achava que o gelo sob suas patinhas podiam ajudá-lo a se concentrar. Minkah fez uma careta, claramente discordando, e pegou-o no colo, fechando-o dentro de seu casacão verde onde, a contra gosto, ele relaxou contra seu peito. A garota andou por mais alguns minutos antes de içar seu pequeno eevee para o ombro, a criatura não fazendo nada além de gritar de animação em seu ouvido.

   Juntos e quentes, andaram lentamente por Solaceon, notando que as coisas pareciam bem mais leves e desenvolvidas desde a primeira vez que pisou naquelas terras amaldiçoadas. Perguntou-se se Clara havia voltado por ali ou se, ainda, teria a sorte de ver Mr. Dyce e perguntar a ele sobre o paradeiro de Jonnar.

    Pensar neles fez seu coração se apertar e suas mãos soarem. A sensação de que poderia ter se despedido de maneira melhor, de que poderia ter feito mais por eles, tomou forma em sua alma e pesou em seu peito, fazendo-a abraçar seu melhor amigo. Apesar disso, a esperança fluía e um sorriso triste e contido enfeitou seus lábios.

—Tomara que Jonnar tenha tido mais sorte que a gente e…

   Sua frase foi interrompida por gritos e xingamentos altos. De repente, um senso de urgência a acertou e a menina virou-se na direção das vozes só para ser surpreendida por uma debandada de skiddos. Eles corriam em sua direção, derrubando latas e ameaçando derrubar pessoas enquanto avançavam furiosamente. Era um número razoável deles, contudo com a velocidade de seus movimentos pareciam ser muitos. Muito mais.

    Heiwas começou a correr e soltou um grito quando um deles quase a acertou. Ela se jogou para o lado, caindo sobre suas mãos e joelhos para não esmagar pichu, antes de se erguer e tentar escapar do resto deles. Seus sapatos escorregaram na neve amassada e suas mãos não tinham o que agarrar. Alguém distante gritou seu nome com preocupação e sua cabeça quase estalou com a velocidade que ela virou o rosto para o lado, assistindo em câmera lenta os chifres de madeira do cabrito se aproximarem.

  Então, sua pokébola explodiu em uma luz prata e Slowpoke se materializou, recebendo o Tackle com valentia e salvando sua treinadora.

—Obrigada! —Chamou, finalmente conseguindo se por de pé com a ajuda de eevee. Drákvma balançou lentamente a calda em confirmação antes de atirar um jato de fogo que acertou em cheio a cabra.

 O pokémon de grama tombou para trás, chamuscado, e travou os olhos no tipo água. Então, uma esfera esverdeada surgiu no topo de sua cabeça, explodindo em uma purpurina cintilante que banhou o corpo de Skiddo e fez o arbusto em suas costas crescer e ficar mais saudável. Drákvma não pareceu tão impressionada com a ação, Flamethrower agindo de novo para terminar seu trabalho.

Round 1:

—Foi um bom trabalho, Drákvma! De verdade, obrigada!

   Com esse skiddo abatido, Heiwas apenas capturou-o para evitar outra possível confusão. A pesquisadora sabia que algo deveria estar errado e que os outros skiddos, enquanto estivessem correndo desgovernado na cidade, continuariam a ser um perigo para todos. Ela estava cansada de bancar a heroína, mas parecia que tudo que havia sobrado era aquilo.

—Bem, acho que vamos ter que bancar os cowboys e enlaçar algumas cabras.

  Previsivelmente, Alattí não estava feliz.

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Alattí {10/10} +1 Happiness
Eevee {10/10} +1 Happiness
Pidgey {10/ 10} +1 Hapiness

Heiwas fica parada por exatamente meio segundo depois daquela declaração, os olhos desaprovadores de Alattí a prendendo no lugar. Mas eevee está saltando para a neve e Pidgey está alta no céu e as coisas voltam tão rapidamente que Minkah sente que está sendo empurrada fisicamente na direção em que os skiddos fugiram, seus ouvidos surdos para os chamados baixos e distantes de seu nome. Não parece importante agora e sua mente está presa na urgência de achar aquele bando e evitar que mais alguém se machuque.

Ela segue atrás de uma trilha de cascos marcados na neve, correndo a toda velocidade pelas ruas antigas de Solaceon. À esquerda, à esquerda e, então, à direita. A jovem corre até o oxigênio se tornar escasso e os músculos começarem a fadigar, a presença constante de pichu e eevee atrás dela e a sombra das asas de pidgey liderando o caminho sendo seu único conforto. Minkah não quer parar, pelo menos não até achar sua caça. Apesar de tudo, é a voz estridente e familiar que a faz estancar em seus passos, seus tênis deslizando ligeiramente pelas ruas escorregadias.

Os olhos violetas registram quase que imediatamente a figura pequena e morena da garotinha que a desafiou na noite em que Drákvma, seu slowpoke, nasceu. São os mesmos olhos chocolates e mesmo laço amarelo e roupas de estudantes. A pequena aspirante a pesquisador/ treinador parece possuir a mesma energia que outrora, embora seu rosto estivesse forçado em uma careta de raiva e seus pequenos punhos tentassem puxar a todo o custo o braço da mão que o prendia —braço esse que pertencia a uma jovem de cabelos rosa e vestimentas fofas. Elas pareciam discutir, a mais velha apertando seu aperto envolta da garota como se tivesse a intenção de arrastá-la fisicamente para outro lugar. Um lugar que Lass Miriam não parecia querer ir.

—Eu disse para me soltar!

—Não seja dramática!

A de cabelos rosa puxou a criança com mais força e Heiwas viu sua paciência se esgotar, dando lugar a uma indignação e imprudência que a dominou com a mesma velocidade que uma fagulha se espalha em palha seca. Sem que ela perceba, Heiwas está gritando e apontando para a dupla:

—Você ouviu ela! Deixe-a ir!

Tal treinador, tal o pokémon; o pichu reagiu da mesma maneira, atacando com Thunder Shock e acertando o espaço entre os pés das duas. A mais velha se assustou e largou a mais nova que, para seu crédito, não se intimidou. Pelo contrário, assim que se viu livre ela deu as costas e saiu correndo, deixando uma adolescente revoltada contra uma Heiwas ainda mais indignada.

—Você quer me matar?! —Gritou, lágrimas gordas acumulando-se no canto de seus olhos; a mão direita pressionando teatralmente seu coração.

—Esse foi só um tiro de aviso! Não vou deixar machucar alguém na minha frente.

—Machucá-la? Eu não fiz nada! —Chorou, frustrada —Que seja, não tenho tempo a perder com você! Sudowoodo, Wood Hammer!

—Iron Tail!

A árvore avançou contra o elétrico, que saltou no ar, lançando-se por cima da forma meio curvada do tipo pedra e girando no céu, a cauda solidificando-se em algo mais duro e golpeando suas costas com força. Sudowoodo caiu para frente, o rosto atingindo e se sujando com a neve do chão. Contudo ele não permaneceu caído por muito tempo, as folhas em seus braços tomando uma coloração esverdeada antes de se transformarem em uma enorme marreta e golpear em cheio o rato elétrico, que foi atirado para longe. O recuo do Wood Hammer fez Sudowoodo estremecer e o próprio impacto liberou faíscas de eletricidade, que estavam armazenadas nas bochechas do pichu, que se aderiram e paralisaram os músculos do tipo rock.

—Eu g-ganhei! Sudowoodo, Stone Edge! —Sua voz estava abafada pelas mãos que esfregavam compulsivamente o rosto avermelhado. Apesar disso, o desdém ecoava claro como cristal, pingando sobre os nervos já em frangalhos de Heiwas.

—Ainda não! Dig!

Pichu cavou sua fuga no exato momento que uma série de estalactites brilhantes tentou capturá-lo. Um silêncio pairou sobre todos, a árvore murmurando para si mesmo; confuso. Então, de repente, o roedor eclodiu da terra contra ele, golpeando-o com um punho e atingindo-o com tanta força que ambos caíram no chão.

No entanto, no final de tudo, Alattí foi o único a se levantar.

Round 1:

—Nãooooo! O que você fez?! Seu monstro elétrico! —Ela gritou um som agudo e fino que fez Heiwas estremecer antes de retornar seu pokémon e lançar outro no lugar —Ahhhh, eu não tenho tempo pra isso!

Minun se materializou, olhos tão grandes e persuasivos quanto de sua treinadora. Como se seguisse um roteiro de alguma peça teatral excessivamente dramática, lágrimas se acumularam em seus olhos e o pequeno tipo elétrico repuxou suas longas orelhas, preparando-se para chorar. Alattí, felizmente, adiaria esse ato, escondendo-se novamente debaixo da terra. Era muita vergonha alheia para tolerar.

É só quando pichu reaparece, abrindo outro buraco e golpeando o pokémon da outra mulher com outro Dig que a criatura desata a chorar, grandes lágrimas escorrendo de seus olhos de "cachorrinho". Alattí estremece, meio sentindo pena, meio ofendido pelo choro de crocodilo.

—Não se deixe enganar!

Pichu acena para a garota em compreensão e inicia outra escavação. Enquanto ele estiver lá não há muito que a adversária possa fazer, além de ordenar outro lance de lágrimas falsas e esperar com ansiedade uma abertura na defesa do inimigo. A brecha nunca vem e Alattí encerra com folga outro combate, atingindo com vigor a cópia fajuta de pikachu.

Round 2:

—Chega, estou cansada de você, sua intrometida! Petilil!

—Pelo menos eu não sou uma sequestradora!

Heiwas tira a pokédex novamente e, assim como fizera com os últimos dois, escaneia o pokémon. A menina ruiva acena para que pichu recue, coisa que ele faz com muita má vontade, e, antes que pudesse alcançar a pokébola de Slowpoke, Pidgey, que estivera a maior parte do tempo em silêncio no céu nublado, mergulha contra o tipo grass em uma onda de fogo assustadora.

Heat Wave queima o que pode, alastrando-se em uma chama violenta e chegando até a derreter um pouco da neve do campo de batalha. Petilil, que está no centro do alvo, recebe de camarote o ataque, mal conseguindo permanecer de pé após isso. Chárysso parece radiante com o caos causado, um brilho malicioso preso em seus olhos estreitos. Porém, mesmo torrada e reduzida a cinzas, Petilil encontra forças para disparar um raio confuso e arroxeado, feito de argolas negras entrelaçadas e sombrias, que cortam o céu e encontram o peito da ave em uma explosão de dor.

Chárysso gagueja no ar apenas por alguns segundos antes de encontrar o equilíbrio novamente e disparar outra onda de calor. Dessa vez não há resistência e Petilil desmaia, retornando para pokébola antes mesmo de desabar no chão.

Round 3:

—Oh, obrigada, Chárysso! —Heiwas acena para ela e o pássaro dar de ombros, retornando para o céu com só um grunhido de resposta. A treinadora sorri com isso e continua com seu plano de trazer Drákvma, embora os gritos de desagrado de eevee ecoem mais alto do que o choro da outra garota. Minkah precisa segurar Ìlléos no colo para evitar que a raposa marrom mova-se pra atacar. Quando slowpoke entra em campo, cara de paisagem e olhos sensatos observando tudo, é para cumprimentar um plusle fofo e desdenhoso —Earthquake!

—Fake Tears!

O choro retorna mais alto e comovente do que nunca. Faz a testa do pequeno urso rosa se franzir, embora não impeça que a fêmea fique sobre suas patas traseiras e golpeie o solo com as dianteiras, produzindo um abalo sísmico que faz a terra tremer e rachaduras se abrirem até o tipo elétrico.

Este recupera o equilíbrio com dificuldade e continua a chorar, emendando um Fake Tears no outro. Heiwas, sendo a pessoa ofensiva que era, teria atacado, contudo a outra mulher parecia mais cautelosa ou achava que poderia conseguir encerrar o combate depois de enfraquecer as defesas do pokémon oponente. Eufemismo foi dizer que isso não aconteceu, outro terremoto encerrando de vez qualquer possibilidade da garota revidar.

Round 4:

—O que você fez?! Agora aquela garota vai se matar e eu nem posso mais fazer nada?!

—Você que estava segurando Lass contra sua vontade...e espera, você disse se matar?!

—Por que está gritando, seu monstro?!

—Você que gritou primeiro!

Alattí, cansado da gritaria, ameaçou as duas com uma careta de repreensão. Eevee, de mau humor, agarrava-se aos braços de Heiwas, querendo escalá-la e possivelmente enforcá-la com sua cauda fofa e felpuda. Anttochí encarou com suspeita a mulher vestida de rosa e branco, um casaco de inverno jogado sobre seus ombros esguios.

—O que você queria com Lass Miriam?

—Ela encontrou um Houndour e teimou de ir atrás deles. Claro que eu não deixaria uma criança fazer uma loucura dessas! Uma criatura tão feroz como aquele cachorro —Piscou seus grandes olhos arroxeados cheios de lágrimas —E muito mais com aquela debandada de Skiddos selvagens! Mas agora você estragou tudo! Perderei muito tempo para ir recuperar meus pokémon!

Minkah imediatamente sentiu seu coração afundar com culpa. A pesquisadora não esperava que fosse assim. De repente, era quase como se fosse a vilã da história. Lass pode está em perigo agora por sua culpa.

—Vá para o Centro e fique lá. Trarei Lass Miriam em segurança —Disse com pressa, preparando-se para partir —Ela deve ter seguido os Skiddos. Irei rastreá-los e encontrá-la! Vou consertar essa bagunça!

Com determinação renovada, arrumou Ìlléos no ombro e voltou a correr.

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Alattí {05/10}
Eevee {05/10}
Pidgey {05/ 10}

Heiwas não estava correndo apenas contra o tempo, mas correndo contra o vento também. Este, frio e rude, golpeava seu rosto em uma ventania assobiada, bagunçando os longos cabelos ruivos e apagando os rastros dos skiddos deixados na neve fina. Se ela não fosse rápida o suficiente ela perderia a única pista que tinha para encontrar o resto da manada e Lass Miriam. Se ela não fosse rápida o suficiente ela falharia.

Assim costurou pelas ruas, a sensação de dejá vú cravando em sua pele tal qual o frio invernal que tomou Solaceon cutucava seu corpo, almejando afundá-la na neve fria. Depois de mais ou menos dez minutos, o som de gritos começou a ecoar, dando mais fervor à corrida de Minkah. De onde estava, no começo da rua, a jovem pesquisadora já podia discernir a figura vaga do cabrito de grama e as silhuetas de pessoas. O pokémon parecia absolutamente enraivecido e, conforme ela se aproximava, Heiwas podia ver como ele se jogava contra os humanos, chifres balançando violentamente contra eles.

—Eee! —Ìlléos gritou, de seu ombro. Minkah olhou pra ele com uma confusão de pensamentos permeando sua mente antes de estender os braços e deixar a raposa escorrega para eles. Nunca parando de correr.

—Chárysso, preciso de cobertura! Ìlléos, prepare-se!

Uma aura vermelha e chamuscante cercou o eevee, aumentando seus status e deixando-o mais confiante. Minkah estava a dois terços do caminho quando percebeu que o skiddo tinha tido a mesma ideia que ela e, agora, projetava uma esfera verde que estourava acima de sua cabeça, banhando os arbustos de suas costas e preparando-o para um possível confronto. Mas Minkah não queria um confronto.

De repente ela parou, derrapou e girou seu corpo, balançando eevee em seus braços e atirando-o no ar com ao aproveitar o impulso da corrida. A mulher se desequilibrou e caiu por causa do giro, no entanto a criatura marrom literalmente voou pelo ar, as patas se debatendo no ar antes de se forçarem a ficar retas, mirando no oponente. Heiwas observou com ansiedade enquanto Ìlléos disparava pelo céu, pidgey esvoaçando ao redor dele, e despencava contra o cabrito, mirando as patas nas costas dele.

Felizmente, ele acertou o alvo e suas patas dianteiras encontram o pelo marrom e áspero com Covet, esmagando o cabrito sobre ele e acabando com suas chances de se levantar e causar confusão. Um único movimento foi o suficiente para acabar com toda a situação e as pessoas, que antes fugiram, se aproximaram para conter o pokémon incomum.

Round 1:

Quando Anttochí finalmente chega perto da bagunça de membros e abraça seu eevee em um abraço caloroso, satisfeita e aliviada que tudo deu certo, ela finalmente desliga seu equipamento de rastreio. Ela olha para a população de Solaceon, um homem e uma senhora absolutamente comuns, e sorri, compartilhando a mesma confusão que eles.

—Não sei o que houve, mas estou perseguindo dois skiddos e uma garota. Você os viu?

—Está falando de Mirian? Aquela menina foi para o norte, perseguindo algo que não conseguimos ver. Tentei segurá-la antes que esse skiddo apareceu.

—Normalmente são criaturinhas tão amigáveis —A senhora falou com simpatia, tocando a cabeça do pokémon abatido —O que poderia ter provocado uma reação tão malcriada assim.

—Não sei, mãe, mas acho que precisamos ir. Você deve está congelando aqui fora.

A idosa não parecia estar com frio, no entanto, mesmo assim, seu filho a levou embora com acenos de despedidas para Heiwas.

—Pro norte né…?

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Alattí {10/10} +1 Happiness
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O fôlego lhe faltava e a frustração lhe consumia, seu rosto frio ficando vermelho pelo esforço de ter corrido por minutos a fio. Heiwas estava cansada de seguir em frente. Estava cansada de ter que colocar um pé na frente do outro e lutar contra a tempestade de frio que estava ficando cada vez mais furiosa, como se respondesse a sua frustração interior com nada mais de deboche e ameaçasse congelar seus pés e todo o resto em um abraço congelante.

—Céus, preciso parar de fazer metáforas sobre “frio” ou “gelo”. Já estou congelando o suficiente assim! —Sussurrou agressivamente para seu primeiro amigo, as costas escorando-se pesadamente na árvore e os braços abraçando Alattí contra o rosto —Não sei por que fui prometer.

   Voltar para Solaceon deveria ser algo rápido, apenas um rito de passagem antes que ela deixasse a cidade e se aventurasse nas ruínas. No entanto, aqui estava ela: respirando pesadamente contra uma árvore, enquanto segurava seu parceiro como se ele fosse uma tábua de salvação e rastreava a figura de seu pidgey nos céus, muito cansada para sequer chamá-la de volta —não que ela achasse que a ave viria. Ela parecia quase tão determinada quanto à pesquisadora a se manter longe da neve e das brisas castigantes. Apesar disso, a preocupação de deixar Lass Mirian sozinha lá fora estava acesa em seu peito. Procrastinar era seu maior talento, mas ela não poderia, realmente perder mais tempo assim.

   Com ar em seus pulmões ou não, ela tinha que partir.

   Decidida, firmou-se novamente sobre os dois pés e preparou-se para voltar a correr. Foi, nesse instante, que um barulho como de estrondo foi ouvido e gritos irromperam de cima dela. Heiwas recuou alguns passos para fora da sombra da árvore, olhos procurando nos céus algo que pudesse ser a fonte daqueles ruídos.

   Ela não achou nada no céu, mas seus olhos registraram uma visão, no mínimo, rara: um ninho com alguns poucos ossos e palha estava na beira de um telhado curvo e triangular, o pokémon em cima deles sendo uma espécie de ave gordinha com um crânio preso entre suas pernas à semelhança de uma frauda. Era marrom e rosado e muito revoltado da vida, visto que não parava de bicar o pokémon pendurado no telhado. Um rato roxo muito conhecido de Minkah, que se debatia com gritos, pendulando na beirada e ameaçando cair.

   Heiwas olhou para aquilo com olhos arregalados antes guardar a pokédex e tirar sua bolsa de viagem e atirá-la para o lado. Ela subiu sua manga, acumulando-a no cotovelo, e correu para subir a árvore que outrora tinha usado para se amparar. Os galhos mais grossos estavam escorregadios pela umidade e neve acumulada e os mais finos quebradiços, então não havia muito como ascender rapidamente e ser cauteloso. Era um ou outro e a primeira opção quase derrubou Minkah e atirou-a de volta para o chão, um traumatismo craniano a esperando com ansiedade. Se não fosse pelos instintos rápidos, sua mão agarrando um galho forte enquanto seu pé afundava no nada, ela teria despencado para a morte certa e aqueles dois seriam nada mais que histórias. Ela ouve mais do que ver a briga deles aumentar e sente as patas macias de Ìlléos, o eevee, cutucarem sua cabeça. Minkah mal consegue se perguntar como o raposo a perseguiu até aquela altura quando ele se lançou, percorrendo com velocidade seu braço estirado, o galho ao qual estava agarrado e se jogando no Vullaby com um Covet.

   Ele mergulha contra ela sem medo e ambos caem contra o telhado, afastando-se do pobre Rattata; as patas empurrando-a duramente contra as telhas. O vento frio sopra, bagunçando o pelo fofo. Vullaby não fica no chão por muito tempo, as pequenas asinhas debatendo-se até que um pequeno redemoinho se formasse, o vento girando e girando, cercando-o e eevee e continuando seu caminho até o roedor. Seu aperto enfraquece e Heiwas rapidamente se arruma para tentar pegá-lo. Enquanto isso, Ìlléos está superando a ventania e empurrando contra Vullaby com suas patas dianteiras. O pássaro tropeça, inconsciente, e, então, despenca do telhado.

Round 1:

    Heiwas grita. Sua mão direita está largando a planta e puxando a pokébola antes que registre qualquer outra coisa. A pokébola atinge em cheio o alvo e o suga para dentro, protegendo-o da queda antes de mergulhar na neve. Quase que imediatamente que a captura é feita, a esfera desaparece, deixando nada mais que um brilho prata para trás. É nesse instante que, assustado pelo grito de pânico da pesquisadora, que o Rattata se solta e a garota precisa se mover para segurá-lo. Ambos: treinadora, rattata e pichu, que de alguma forma havia subido com ela; tombam para frente e caem sem cerimônia nenhuma. Eles poderiam ter morrido se os ramos mais baixos não quebrassem a velocidade da sua queda e a neve agisse como amortecedor.

    Eles deixam uma espécie de anjo de neve cômico afundado no chão branco. Segundos se passam sem respostas até que um gemido ecoe. Rattata é o primeiro a se levantar e, consequentemente, reagir em cima da dose de adrenalina que ainda percorre seu corpo. Assim, ao distanciar-se um pouco mais de um metro, ele começa a rosnar, agitado, e sua cauda balança de um lado para o outro, provocando seu adversário. Ele pretende atacar quando Slowpoke explode de sua prisão esférica, já cuspindo uma torrente de água fervente no adversário.

   Rattata é atirado para longe do corpo dormente de Heiwas, que vai recobrando a ciência das coisas aos poucos. Isso, no entanto, não o desanima e o rato se arremete contra o urso rosa e fofo, atacando-a em um piscar de olhos. Ele é demasiadamente rápido para a coisa lenta que é o tipo água e psíquico, mas isso não importa. Drákvma apenas absorve o impacto com resiliência antes de atirar outro Scald e mandar rattata para um sono bem longo.

Round 1:

  É nesse exato momento que Minkah resolve levantar-se, a mente ainda confusa pelo impacto. Slowpoke e ronrona em sua direção, esfregando-se amavelmente em suas pernas e olhando para ela com olhos estupidamente sábios. Ela o pega no colo e a agradece com um beijo, mandando-a descansar, e vai até a sua bolsa —que havia atirado para ter menos peso ao subir. Não que adiantasse de algo, visto que tanto Alattí quanto Ìlléos haviam pegado carona com ela.

   Ela não encontra todas as suas coisas. A pokébola de buneary está faltando, retirada de sua bolsa pelas mãos sujas de um par de ratos marrons que correm rua acima como se suas vidas dependessem disso.

—Eeii! Esperem!

   Grita, chamando atenção de todos ao seu redor. Pidgey, que voava bem acima de sua linha de visão, fura uma nuvem escura e paira sobre a terra. Eevee, que ela esquecera no telhado da casa, apenas pula para o próximo telhado como se fosse algum tipo vigilante de merda, perseguindo os ratos à distância. "Eles vão se matar!"

—O-oi!

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Alattí {05/10}
Eevee {05/10}
Pidgey {05/ 10}

”Anteriormente”:

Há um vento frio que o empurra para trás enquanto todo o corpo embala para frente, descendo com velocidade pelos telhados frios e escorregadios. Suas patas batem e o som retumba, ecoando e ecoando pelo horizonte de telhados que se estende à sua frente. Chárysso grita, esvoaçando por cima dele e mergulhando para o lado. Ìlléos se prepara e, então, salta.

Ele pousa em um rolo de membros confusos e ouve Minkah gritar abaixo dele. Isso faz o eevee se levantar e girar para a direita, almejando outro salto difícil. "Ele é louco!"

Heiwas se apressa, metade da atenção no eevee que está percorrendo os telhados à semelhança de um gato ao passo que a outra metade se concentra no par de patrats fugitivos. Ladrões que roubaram seu pokémon. Ela entende a revolta do raposo e da sua pidgey, que acelera na direção deles com uma fúria silenciosa.

—Parem aí seus meliantes! —Ela entoa, as botas de combate pesadas deslizando levemente pela neve até parar, mão direita apontada na direção do roedor mais próximo.

Um deles se vira ao mesmo tempo em que arremessa a pokébola roubada para seu parceiro. Ele o arremessa de volta antes que ela o devolva, quase como se estivessem brincando batata quente. É fofo, mas irritante e Heiwas demonstra exatamente como se sente sobre isso quando lança slowpoke para batalha, Alattí faíscando ao seu lado pronto para entrar como suporte. Um dos patrats, o maior, joga a esfera vermelha para seu companheiro e grita, olhos vermelhos fitando com fúria o urso rosa.

Drákvma se arrepia com o olhar, intimidada, mas não recua. O outro rato está fugindo e ela sente a pressão e ansiedade de sua treinadora atrás dela. Não é um momento para hesitar. Ao invés disso ela sobe nas patas traseiras e cai com força nas dianteiras, produzindo um abalo sísmico que racha o chão, destruindo e jogando o adversário de um lado para o outro.

Patrat se recupera, o corpo cercado por uma luz branca que o envolve completamente, principalmente depois que slowpoke dispara uma rajada de água fervente em cheio contra ele. O pokémon grita, ferido, sentindo sua pele arder como se estivesse em carne viva.

Round 1:

O brilho continua e Minkah sabe que a vingança do Bide pode ser duas vezes pior que o Scald se ele conseguir completá-lo no próximo turno. A pesquisadora não tem remorso nenhum quando ordena Confusion.

Os olhos de Drákvma se acendem em branco, possuindo até suas pupilas, e seu corpo é rapidamente cercado por uma luz alaranjada. Então, com um aceno de cabeça, patrat está levitando, agitando-se no ar antes de ser atirado duramente contra a parede. Ele não se levanta e Minkah vê a oportunidade de ir em frente e perseguir o outro ladrão.

Round 2:

—Vamos, ele não deve estar muito longe.

Ou assim ela esperava.

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Alattí {10/10} +1 Happiness
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”Anteriormente”:

É engraçado como as coisas acontecem. Como o Destino parece tecer com extrema habilidade e cuidado os fios soltos e emaranhados que são as vidas das pessoas e pokémon e transformar isso em algo infinitamente mais bonito e ordenado. Dizem que a luz nasce das trevas, que a ordem surge na desordem. Heiwas nunca acreditou nisso.

  Até então.

   O patrat restante avança com suas perninhas curtas, as mãozinhas ocupadas demais com a esfera bicolor para ajudá-lo a correr. Heiwas o nota de longe, muitos minutos depois de ter contornado o corpo inconsciente do amigo do ladrão, e avança com o dobro de determinação enquanto dispara ofensas mesquinhas e infantis contra o roedor. A pesquisadora sabe que não é a única de viga --que em algum lugar em algum telhado á sua direita eevee está tendo se equilibra nas telhas congeladas ao passo que Chárysso o cercava, largando a perseguição para esvoaçar ao lado do raposo teimoso —isso não a conforta nenhum pouco. A preocupação rói em seu estômago e ela morde os lábios, esticando o braço direito para que seu pichu a escale e ela possa acelerar ainda mais rápido.

   Ela correu o dia todo atrás daqueles skiddos e da menina. Heiwas não sabe mais o quanto aguenta continuar antes de sucumbir à exaustão.

—Arceus me ajude se eu tiver que dar mais alguns passos! —Grita de agonia e frustração.

   Patrat está há menos de um braço de distância dela e isso lhe dá esperança o suficiente para pressionar ainda mais suas pernas e encurtar o pouco espaço que falta. Entretanto, porque sempre há um entretanto quando se trata de Minkah, seus dedos mal tocam o pelo marrom de Patrat quando uma mistura de verde e marrom familiar entra em sua linha de visão.

   É skiddo. O último skiddo. Talvez. Esperançosamente.

   Ele está furioso, bufando de raiva enquanto chicoteia sua cabeça em direção a Lass Miriam, que está de joelhos, encolhida atrás de um cachorro negro com um crânio como capacete no centro de sua cabeça. Ele rosna, escoriações banhando seu pelo e cortes marcando sua face. Não parece um cachorro sanguinário como Crybaby havia descrito, mas é, decididamente, agressivo e protetor, suas presas pontiagudas estalando na direção da cabra.

   Heiwas não sabe como deve se sentir sobre isso —o porquê skiddo feriria houndour, feriria Mirian? O porquê de houndour está tão ferido e tão recuado quando skiddo poderia facilmente ser sua presa —, contudo patrat está correndo por entre os cacos agitados e sambando em direção a Mirian. Heiwas não sabe o que acontece com ele depois, pois skiddo finalmente está agindo sobre sua fúria e avançando contra houndour.

—Lass! —Heiwas grita e arremessa sua pokébola. A pesquisadora pode não ser uma fanática por esportes ou algum prodígio do baseball, mas seu lançamento é preciso o suficiente para fazer a esfera fazer uma curva ao redor da cabra e se abrir entre o cão de fogo e ele ao atingir o solo. —Drákvma, Flamethrower!

    O cabrito de grama avança, investindo com seus chifres contra o tipo água. Slowpoke recebe o golpe com resiliência, não se intimidando, e abre a boca para contra atacar com um jato de chamas que percorre o corpo do inimigo, lambendo as folhas verdes de suas costas e chamuscando suas patas. Skiddo se afasta, dar um coice no ar em agitação e sobe em suas pernas traseiras, produzindo chicotes de vinha do pescoço. As vinhas estalam e se agarram aos membros moles do urso, deixando marcas circulares e avermelhadas com a força, então o levanta do chão e o puxa em sua direção.

—Aproveite o embalo!

     Os olhos do tipo psíquico se estreitam e ele aproveita a aproximação para dispara uma nova rajada de fogo que consome tudo à sua frente. O tipo grama grita de dor e, então, os cipós se soltam, Skiddo desmaiando de exaustão.

Round 1:

Com o principal atacante fora de campo, Heiwas se volta para as coisas importantes. Finalmente ela achou Miriam e a fonte dos problemas. Estava na hora de acabar com isso.

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Alattí {05/10}
Eevee {05/10}
Pidgey {05/ 10}

”Anteriormente”:

Com a peça mais agressiva fora de jogo, Minkah pode finalmente respirar profundamente e analisar o que estava acontecendo. Ela havia passado a manhã caçando um bando de skiddos enfurecidos antes de intervir em uma batalha, ser roubada e perseguir um dos ladrões até (surpresa!) outro skiddo. O mais incrível é que a garota sumida também estava lá, encolhida contra o houndour que insistia em empurrá-la para baixo, mantendo parte do corpo sobre ela e rosnando para o patrat. Este, para seu crédito, recuava para o lado com o focinho franzido e olhos alertas.

—Lass, você está bem?

—Estou, mas não confie em patrat! Ele é mau!

Patrat pisca seus olhinhos de cachorro na direção de Heiwas, dando um passo mais próximo dela e mais distante do houndour feroz. Ele lança um olhar fulminante para garota antes de abraçar a pokébola mais perto no peito e tentar parecer menor e inofensivo. É uma boa atuação. Quase convence slowpoke.

—O que você quer dizer com isso?

—A culpa é dele! —Gritou, tentando-se levantar, mas sendo empurrada para o chão de novo pelo focinho do cachorro. Estava claro que ele não a deixaria ir —Eu estava observando os skiddos, porque eles iriam migrar e eu sentiria falta deles, quando os patrats me roubaram. Tentei persegui-lo, mas ele se meteu entre os skiddos e os provocou a ponto de me perseguir!

—Então houndour atacou?

—Ele só queria me proteger. Contudo, depois que um do bando de skiddo foi derrotado eles ficaram com muita raiva e tivemos que fugir. Houndour se feriu muito e acabamos… —Gesticulou para tudo, mostrando como estavam acuados.

Minkah refletiu qual ação tomar. Ela poderia lutar contra o tipo normal, mas correr o risco da luta alcançar a menina e houndour atacar, nervoso. Ou ela poderia tentar apaziguar o cachorro e correr o risco de perder sua buneary. Heiwas parou com o pensamento, sentindo as mãos ficarem frias e suadas com a mínima sugestão de não ter mais o pokémon com ela.

Era engraçado. Ela jurara dar mais uma chance a buneary, no entanto tudo que fizera até agora foi trancafiá-la na pokébola enquanto tentava se preparar mentalmente para lidar com ela. Como se ela precisasse ser “lidada”, como se fosse um fardo. "Isso não pode acontecer”.

—Não posso abandoná-la mais do que já fiz… —Sussurrou para si mesma, já tendo tomado uma decisão. Seus punhos se fecharam e ela lançou um olhar de desculpa para a garotinha morena, preparando-se para abrir a boca e ordenar algo a Drákvma.

Foi aí que, repentinamente, um grito cortou o céu, chamando a atenção para Ìlléos, o eevee de Heiwas, que vinha correndo a toda velocidade pelo telhado de uma das casas. Sem medo nenhum, o raposo saltou da beirada e o coração de Minkah poderia muito bem ter parado naquele instante se a silhueta de Chárysso não aparecesse em sua visão periférica, o pidgey rasando por baixo do corpo em queda livre do eevee e servindo como uma espécie de plataforma de suporte para a pequena criatura louca.

Ele pousou em suas costas com as patas dianteiras e saltou de novo, Chárysso perto do chão e de patrat o suficiente para lhe dar uma aterrissagem e alvo certo. Com uma cambalhota, Ìlléos mergulho contra o rato com as patas dianteiras estendidas, pousando nele com tanta força que o corpo do outro afundou na terra, o fôlego sendo soprado para fora de seus pulmões tal qual a pokébola que era cuspida da sua boca —a esfera parecendo estar tão escondida que Minkah não a havia visto até então. A pokébola de buneary também rolou para fora de seu aperto e a pesquisadora não demorou a aproveitar a chance para coletar ambas as esferas, um sentimento caloroso tomando-a de assalto.

Round 1:

Heiwas fitou a bola bicolor, sentindo que Buneary a estava olhando lá de dentro. Sorrindo gentilmente, passou seu polegar sobre a superfície lisa uma última vez e sussurrou um pedido singelo.

—Espere por mim só mais um pouquinho. Resolveremos isso juntas.

O depois ficou implícito, porque, agora, havia outra coisa a resolver.

Um maldito cão infernal.

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”Anteriormente”:

Heiwas pisca para pokébola sobressalente que pegou e, quase que imediatamente, algo clica em seu cérebro. "Oh!" ela pensa, inspecionando a pokébola "É isso".

—Lass, acho que achei seu item roubado.

—É minha skitty! Na verdade, é filhote da delcatty da minha mãe. Eu estava com ela porque mamãe me pediu para achar alguém que a adotasse!

   Heiwas lentamente acena antes de se direcionar para Ìlléos, que balança a cauda, animado, contente por tudo ter dado certo. O rosnar de houndour é como um motor, ligado alto e constantemente em seus ouvidos, contudo, apesar disso, o eevee ignora, gritando de alegria antes de se jogar em seus braços. Do seu outro lado Alattí, o pichu, encosta sua pequena patinha na asa de pidgey, agradecendo a Chárysso por ela ter evitado que o companheiro louco deles se esborrachasse no chão. Ela infla as penas, parecendo irritada, e alça voo novamente.

—Tudo bem, houndour. Não queremos nenhum mal a você —Heiwas tenta pacificá-lo, levantando as mãos alto enquanto slowpoke se encolhe, tentando parecer menor —Eu só quero ajudar vocês.

—Está tudo bem —Miriam toca no pescoço do canino, contudo ele chicoteia a cabeça e dá um passo ameaçador para frente.

    Heiwas consegue ver o quão assustado ele parece, seus olhos afiados registrando cada movimento seu. Ele está muito tenso, músculos apertados e prontos para saltar em cima dela como uma mola que é duramente pressionada. Houndour está selvagem e Minkah não acha que pode alcançá-lo assim.

   Ela tenta, no entanto.

   Com passos lentos e calculados e as mãos ainda levantadas, ela se aproxima. Alattí está guardando eevee, repreendendo baixinho para que não avance para mais uma luta, e a falta de sua presença ao seu lado deixa a pesquisadora nervosa, como se estivesse vulnerável, mesmo tendo Drákvma a sua frente. Em uma tentativa de conforto, Minkah se vira para olhar seus dois pokémon, o que não é uma boa ideia quando o cachorro reage, aproveitando sua distração para disparar um conjunto de brasas contra ela.

  Slowpoke, mais uma vez agindo como escudo vivo, entra na sua frente com um grito de alerta, recebendo o ataque antes de disparar uma torrente de água quente. O jato d'água consome todas as brasas até traçar um caminho reto e explodir contra o cachorro que é atirado para trás.

Round 1:

   Ele cai, desmaiado, Minkah sentindo-se como uma vilã quando o corpo ferido e inerte permanece na neve fria. Então, com um arremesso suave, ela lança a esfera e cruza os dedos, esperando que o sofrimento do cachorro acabasse ali.

  Arceus parece finalmente atender suas preces quando a esfera brilha e desaparece, previsivelmente indo para a box. Com isso resolvido, Heiwas finalmente corre até Miriam e estende sua mão, levantando-a do chão com um sorriso de alívio. Lass retribui antes de rir histericamente.

—Isso foi uma loucura! Como você sabia que eu estava em apuros?

—Eu não sabia, mas quando fui atacada por um skiddo e encontrei CryBaby no caminho, eu sabia que tinha que encontrá-la —Respondeu sinceramente, sentindo-se muito mais perto de Lass do que antes. Era engraçado como uma situação de estresse podia aproximar as pessoas.

—CryBaby?! Essa não, eu vou levar uma bronca! Ela tentou me impedir de perseguir houndour quando os skiddos nos alcançaram.

—É, eu sei. Você tá ferrada —Sorriu, cutucando-a de brincadeira quando a criança fez beicinho pra ela —A propósito, isto é seu —Tirou a pokébola de skitty que havia apanhado quando patrat desmaiou. Anttochí tentou estender-lhe a esfera, entretanto Lass foi rápida em recusar, apertando os próprios dedos de Minkah contra a pokeball com suas duas mãos.

—Não, por favor. Quero que fique com ela. Tenho certeza que não encontrarei nenhum treinador melhor do que você para cuidar dela.

   Era muito lisonjeiro. Heiwas sentiu seu peito esquentar, orgulhosa e envergonhada pela criança pensar tão bem dela. Lembrou-a na forma como Daisy, Dal-Sama, Clara, Jonnar e Mr. Dyce olharam para ela. Como se a garota estivesse fazendo algo certo. Como se valesse a pena.

    Distantemente, Minkah se perguntou se era assim que seus pokémon olhavam para ela —se era isso que seus próprios olhos diziam quando os olhavam de volta. Foi com um sentimento repentino de culpa, expectativa e determinação, que ela se perguntou se alguém já tinha olhado assim para Chárysso, a Pidgey, ou Buneary.

"Buneary".

—Se é assim, então quero que fique com isso também. Você mesmo disse que amava skiddos.

   Lass aceitou a esfera com pura empolgação e Heiwas sentiu-se se empolgar junto. Assim, depois das duas gritarem e rirem de alegria, decidiram que estava finalmente na hora de voltarem para o Centro. Afinal, Lass Mirim ainda tinha um sermão para ouvir e Heiwas tinha algumas ruínas para encontrar.

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 Ela havia esquecido como aqueles olhos eram tão opressores. Ou talvez eles nunca fossem, de fato, vazios, julgadores e perscrutadores antes. Ou, talvez, eles não o fossem agora. No entanto, nenhum desses talvezes a deixou à vontade o suficiente sob o olhar daqueles botões arroxeados e redondos, que a fitavam sem parar desde que Heiwas a colocou do outro lado da mesa, sentada entre pilhas de panqueca e uma garrafa de café.

   Depois de ter levado Lass ao Centro e depositado sua nova skitty na box, Minkah decidiu enfrentar tudo que estava adiando. E esse tudo envolvia um almoço tardio perto de uma das saídas de Solaceon, aquela que levava as Ruínas que ela está tanto atrasada para explorar, e enfrentar uma buneary que era, ao mesmo tempo, uma boneca de pano e um organismo vivo.

  Sim, quando foi que sua vida ficou assim.

—É, eu sei. Talvez eu não devesse comer panquecas no almoço —Heiwas comentou, constrangida, brincando com o garfo entre seus dedos.

    Alattí, o pichu depressivo, deu de ombros e engoliu uma quantidade perigosa de chocolate, murmurando de deleite enquanto suas bochechas faiscavam de absoluto prazer.  "Hipócrita, depois me repreende pelos meus hábitos alimentares". Pelo menos pidgey parecia um pouco mais sincero com seus pensamentos conforme retirava um pedaço da panqueca doce com a garra direita e mergulhava meticulosamente no xarope, nunca mergulhando demais, apenas o suficiente para umedecer; una carranca séria enfeitando o rosto de Chárysso.  "Mentiroso, todos eles".

   Heiwas franziu a testa, sentindo a presença energética de Ìlléos bem ao lado de sua cadeira. Os olhos arroxeados observando os flocos de neve e cauda balançando enlouquecidamente atrás dele. Como um contraste gritante, Drákvama bocejou em seu colo, o slowpoke abrindo a boca com olhos semicerrados enquanto esperava que o pedaço que Minkah havia acabado de cortar em seu prato fosse parar, magicamente e de alguma forma, em sua boca.

—Mas todos parecem gostar disso —Minkah concluiu, revirando os olhos e colocando a panqueca na boca da slowpoke.  "Mimada" —Então talvez você possa tentar também.

   Buneary continuou a olhando e a pesquisadora não pode fazer absolutamente nada além de olhá-la de volta. O sentimento é desconfortável, quase sufocante, contudo, diferente das outras vezes, Heiwas não recua. Fugir foi pior. Evitar quem seu pokémon era de verdade.

—Eu não fui suficiente. Sinto muito —Ela se virou para onde Ìlléos estava olhando. O caminho das ruínas estava lentamente ficando todo branco pelas camadas e camadas de neve que se acumulava rapidamente  —Prometi te dar uma segunda chance, mas... eu percebi que estava errada ao prometer isso.

    A boneca se encolheu, como se estivesse sendo estapeada. Os botões brilharam suspeitosamente e ela pareceu infinitamente menor, no entanto sua dor não durou muito quando a pesquisadora continuou:

—Você não precisa de uma segunda chance. Droga, quem sou eu para te dizer algo assim?! Você é agressiva e um tanto sanguinária, mas você também é timidamente doce e boa. Não sei quem você é, mas sei que você não precisa de redenção como se fosse algum tipo de vilão —Os dedos se enrolaram contra o garfo e os olhos de Minkah se distanciaram como se estivesse vendo algo que não estava lá, presa em uma memória. A respiração ofegante e os gemidos de fome de Drákvma foram as únicas coisas que acompanharam aquela sinfonia turbulenta  —Você não é um erro que precisa de um conserto. Você também não é perfeita. Eu não sei o que você é, mas, se você quiser, podemos descobrir juntas?

    Ìlléos não ficou tempo o suficiente para escutar o resto da conversa. Na verdade, ele havia perdido toda a atenção no "É, eu sei". Ele nunca foi o melhor para sentar e ouvir, embora, dessa vez, não tenha sido sua culpa ter se distanciado quando uma figura roxa se aproximou de sua mesa com velocidade.

    Parecia ser um rato. Na verdade, era o rato que sua treinadora havia derrubado da árvore quando ele saltou contra Vullaby e, este rato, não parecia contente nem antes e nem agora. Ele tinha aquele olhar revoltado no rosto que, aos olhos de eevee, soou como problema.

   O raposo marrom saltou para o chão, sentindo o frio sob seus coxins e ouvindo o assobiar do vento. Rattata balançou a cauda contra seu rosto, tentando distraí-lo ao provocá-lo.

    Ìlléos atendeu a sua provocação, lançando-se no combate com animação e uma força brutal que abateu o roedor assim que suas patas pousaram sobre sua cabeça, esmagando-a na neve. Foi preciso de apenas um salto, acompanhado de uma cambalhota, e um pouso certeiro e pesado para encerrar o combate.
 

Round 1:

—Ìlléos, vamos!

    Ao ouvir a voz de sua melhor amiga a chamando, eevee ganiu feliz para o seu adversário abatido, como se agradecesse a batalha, antes de sair correndo para acompanhar a pesquisadora.

—Onde você esteve, seu Dom problemático?

    Ìlléos apenas miou e correu envolta de seus pés. Então, juntos, eles seguiram sua escalada na direção das ruínas

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Depois de almoçar e abrir seu coração para plush buneary, Heiwas seguiu pelo caminho mais curto que levava até as ruínas. Fazia pouco tempo que tinha sido desbloqueado e limpo e ela esperava aproveitar essa nova abertura para chegar lá o mais rápido possível. Ao seu redor seus pokémon se espalhavam: pidgey acima, eevee brincando de briguinha com um pichu chateado e buneary a seguindo timidamente de perto. Ela parecia muito desconfortável e fascinada, os olhos fitando seus arredores com um brilho tímido.

Eles andaram só por alguns minutos antes que um par de gritos indignados chamasse atenção da pesquisadora. Minkah não precisou ir muito longe para descobrir o que era. Bastou, apenas, virar o rosto para a direita para descobrir que os autores dos gritos eram dois meninos, pequenos —aparentando, mais ou menos, uns seis ou sete anos —de cabelos negros e pele pálidas. Um tinha olhos castanhos claros, quase dourados, e cabelos curtos, ao passo que o outro tinha cabelos curtos e espetados e olhos cinzentos. Heiwas achou-os familiar, talvez porque eles poderiam ser uma das crianças de Melissa —ou seu cérebro confuso talvez só esteja pensando que conhece alguém que nunca viu. Entretanto, isso era o que menos importava, visto que o verdadeiro problema era um pokémon curto, rosa e orelhas pontudas, muito parecido com um duende ou algo assim; que não parava de balançar uma bola de futebol acima da cabeça, saltitando em seus pés enquanto gritava em deboche para as crianças.

—Oi, devolva minha bola! —O de cabelo comprido gritou, apertando seus pequenos punhos em um ato de raiva. Uma pequena skitty murmurou em apoio, meio escondida pelas pernas do garoto.

Como o pokémon não devolveu, pelo contrário: gritando cada vez mais alto à medida que acenava freneticamente com a bola entre suas mãos; Minkah achou por bem tentar intervir. Eufemismo foi dizer que o bicho não gostou de uma terceira pessoa em sua brincadeira.

Ele voltou seus olhos estreitos para Heiwas e rosnou, fazendo todos os pokémon da garota levantarem suas orelhas e lançarem olhares sujos para ele. Exceto por Chárysso —o pidgey estava muito bem se deleitando em seu banho de neve para se importar com as encrencas da garota.

—Drákvma, preciso de você! —Minkah chamou, pensando que a slowpoke calma pode ser ótimo para mostrar a buneary como ela deve manter a calma durante uma batalha e não ser tão… psicopata? —Earthquake!

Slowpoke bocejou longamente e preguiçosamente quando Impidimp —ou era isso que sua pokédex dizia —avançou. Em um piscar de olhos ele se lançou contra o urso, batendo palmas bem no rosto dela e provocando uma rajada de vento violenta que a deixou desnorteada.

Então, como se fosse ele que tivesse sofrido dano, o duende rosa colocou os punhos sobre os olhos e começou a chorar ruidosamente, tentando baixar a guarda de slowpoke que o olhou com olhos ainda grandes de surpresa. Sua surpresa foi substituída por um olhar determinado que foi, prontamente, acompanhado por um terremoto que chacoalhou o chão e o rachou, deixando o tipo fairy tão instável que ele largou a bola para se segurar.

Round 1:

—Muito bem! Agora, termine isso com Flamethrower!

Impidimp continuou a chorar, o choro só aumentando depois que ele tombou de bruços no chão pelo terremoto. Slowpoke não teve pena, disparando uma rajada de fogo que consumiu tudo, lambendo até a neve que se tornou água e ensopou o corpo desmaiado da fada encrenqueira.

Round 2:

Minkah lançou sua pokébola, não pensando muito, no entanto a esfera, depois que abriu, sugando o pokémon para dentro, e se fechou com um estalo; não permaneceu fechada. Com um barulho repentino e uma luz prateada, o inimigo se materializou, já mergulhando contra slowpoke com suas presas brilhando.

“Talvez ele não fosse um duende, mas um vampiro!” pensou, quando viu slowpoke gritar de dor e irritação e o corpo rosa sair voando pelo campo com outra rajada de fogo. Heiwas tentou novamente, com muita pena de gastar outra pokébola, mas, dessa vez, ele permaneceu quieto e a captura foi efetuada com sucesso.

Round 3:

—Isso foi incrível!

—Você não é tão ruim quanto eles dizem! Você é demais!

—Me ensine a fazer isso, por favor!

As crianças continuaram a gritar animadas ao seu redor, no entanto o cérebro de Heiwas ainda estava presa em uma única frase.

—Como assim? O que eles dizem de mim?!


Heiwas não queria acreditar. Achava que era mentira das crianças ou alguma brincadeira de mau gosto. Ela poderia ter engolido facilmente como uma má compreensão dos meninos de assuntos adultos. Contudo, era difícil dizer que foi um erro quando um policial estava ameaçando prendê-la por desacato a autoridade.

Ou até expulsá-la da cidade se ela não desse meia volta agora e esquecesse as ruínas.

—Que absurdo! Eu nem fiz nada!

—Não é da minha conta. Estou só seguindo ordens superiores —Ele comentou secamente, olhando-a de cima para baixo como se ela não fosse nada além de sujeira.

—Vamos, deixe-me passar. Eu sou uma policial como vocês…

—Por favor, você não passa de uma amadora. Nada mais!

—Então lute comigo! Vou te mostrar o amador!
—Não, não vou perder meu tempo com você.

—Lute comigo e me deixe passar!

—Não!

—Lute comigo e…

—Não!

Heiwas gritou de frustração e bagunçou seus cabelos ruivos, bufando de raiva mal contida. O guarda rangeu os dentes, grunhindo de desagrado enquanto se movia para bloquear ainda mais o caminho dela. Era quase como se ele tivesse sido colocado ali especialmente para impedi-la.

O que foi que aconteceu.

Um muro, um bloqueio, só pra ela. Como se fosse uma ameaça.

—Olhe, se quer reclamar então vá falar com meus superiores, lá no dojo —Suspirou, impaciente —Não posso fazer nada para você.

—Ah, pode apostar. É exatamente isso que vou fazer!

Heiwas entrará como o tornado que é e mostrará a ele o que é uma verdadeira ameaça. Plush Buneary não poderia concordar mais.

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