Dotada de uma leveza física singular, Maddy nunca foi de exaltar sua aparência, por se achar comum demais diante das meninas que a cercavam. Quero dizer, não havia nada de bom para chamar sua atenção o suficiente que fosse destacado para os demais. Na verdade ela nunca foi muito vaidosa, não sentia a necessidade de chamar atenção e muito menos de usar maquiagem. Sua mãe sempre disse que era “uma menina simples, mas de coração bom” e mesmo que um pouco da sua autoestima não seja positiva, ainda assim busca cuidar de seu corpo e exaltá-lo da forma que achar melhor. Mas, é nítido que os traços de seus parentes se faziam presentes no gene da menina, como a melanina escura do cabelo - esta puxada do pai; e os olhos de cores claras, um azul límpido de sua mãe que só não conseguia ser mais claro que a pele alva, que costumam sempre estarem enfeitadas com gazes e band-aids devido à hiperatividade e desatenção da menina, que costuma se machucar com frequência. Entretanto, não possui muitas cicatrizes, apesar de achá-las incríveis por demonstrarem exteriormente a vontade de alguém em curtir o mundo ao seu redor. Por critério próprio, os cabelos sempre costumavam ser aparados e quando cresciam demais, eram presos. Suas madeixas alcançam os ombros, porém você sempre os verá presos em coques, pois Maddy prefere assim. Mesmo que não seja ligada muito a feminilidade, ainda assim costuma usar roupas que deixem seu corpo mais leve, como saias e vestidos, isso porque prefere se manter solta para correr, e sabe que as roupas podem limitar alguns dos seus impulsos aventureiros.

Espontânea e alegre, Maddy é quase como um girassol que sempre está apontando para o caminho da luz, buscando os nutrientes e objetivos saudáveis para sua vida. Ela é guiada unicamente pelas experiências que pode adquirir de suas escolhas e consequências, mas isso não concretiza um amadurecimento por parte da mesma, pois está intensamente ligada à infância, e alguns de seus impulsos mostram que Madeline Sawyer ainda é de fato uma menina. Na forma de ver o mundo e de como reagir com o meio, em como chora com frequência ou bate o pé diante de um desafio. Para ele o mundo é preto e branco, e Maddy sempre vai estar no branco; acreditando assim, por meio de uma inocência, que todos devem estar lá com ela. É divertida, comunicativa e avulsa, onde com facilidade consegue se destacar no meio de multidões e construir laços com peculiaridade, até mesmos os mais distante se afeiçoam pela sua oratória contagiante, vinda com diversas piadas prontas para espantar qualquer nervosismo e tensão. Uma aventureira nata, sempre desejou explorar o mundo ao seu redor, apesar do receio de precisar enfrentar assuntos internos e afastar-se de sua mãe. Desafio não é um problema para Madeline, ela costuma agarrá-los e mergulhar no mar mais profundo, isso tudo porque gosta de como a adrenalina mexe com seu estômago e sua felicidade se expande ainda mais.

Apesar de ser extremamente falante e animada, Maddy não percebe as nuances de sua própria psique, de como as vezes o meio social a assusta e permanecer debaixo das asas de sua mãe lhe parece uma boa opção. Por ser carismática, quando nervosa, acaba falando demais e passando uma imagem sua que é inexistente; tentando convencer a si mesma de que está sob o controle da situação. Os pequenos traços negativos de sua personalidade aparecem ainda mais quando ela precisa sair de sua zona de conforto e a insegurança cria uma neblina em seus pensamentos. Até então as aventuras não parecem maravilhosas, quando são assustadores. Desafios não são o problema, mas ao mesmo tempo o novo a assusta profundamente, principalmente quando envolve mais de três pessoas que mantêm os olhares julgadores para cima de seu pequeno corpo. Quase sempre busca esconder sentimentos negativos, de forma tóxica, fingindo que eles não existem, eventualmente lhe causando tumulto interno. A imaturidade emocional se faz presente em sua forma de lidar com situações não muito agradáveis, mas não chega a ser agressiva ou impulsiva; muito pelo contrário, até mesmo quando precisa desistir, ela não sabe. Acaba se esgotando mais que o necessário por algo que está fadado ao fim.

Essa insistência e determinação ora a impulsiona para momentos de glória, ora a faz afundar-se no desespero interno de seu coração. Aprender a mesclar isso, junto com a estabilidade de manter o pé no chão e enfrentar o mundo da forma como ele é, talvez seja um dos maiores desafios de Maddy Sawyer.

Desbravando um caminho sozinha, Megan Sawyer seguia sua vida completamente independente, sem sequer receber auxílio do par romântico que havia lhe presenteado uma criança em sua barriga um mês atrás, pois o homem havia embarcado em uma jornada solitária pelo mundo pokémon. Estava decidida que não choraria ou se humilharia por migalhas, pois o básico de todo futuro pai deveria ser o apoio, mas a infelicidade aconteceu quando não obteve isso. Com ajuda da família, tomou a iniciativa de cuidar daquela criança sozinha, ao mesmo tempo que refletiu consigo sobre jamais deixar o bebê se sentir menos importante por não possuir uma figura paterna ao seu lado. Mesmo gestante, Megan destacava-se no estágio que fazia em uma creche em Floaroma, pois era destemida e organizada; muitos colegas de trabalho ficavam preocupados com o excesso de atividades que a jovem fazia, pois mesmo grávida de meses, ela não parecia perceber que estava carregando um filho em seu ventre. Mas detestava quem a limitasse, censurando-os, pois Megan afirmava que “ela sabia o que era melhor para ela mesma, não precisava do palpite de pessoas por fora”. Mas mesmo com uma personalidade forte, jamais deixou de afastar seus amigos mais próximos, reconhecendo uma facilidade para entrar em contato com o novo. Megan era razoavelmente conhecida onde trabalhava e encontrou bons amigos que, junto à ela, não esperavam a hora da criança nascer.

Madeline veio ao mundo em uma noite de lua cheia, sobre o signo de Leão. Foi uma recém nascida bem recebida e o nome lhe foi dado pela avó materna, pois achava uma denominação bela e de timbre potente. A pequena, desde muito nova, foi cercada por bastante amor, desde as visitas de padrinhos orgulhosos e seus finais de semana na horta de seus avós; esses carinhos surgiam principalmente vindos de sua mãe, que passou a mostrar um lado mais delicado e leve, impressionando os amigos mais íntimos pela mudança que a maternidade causou na mulher. Megan amava muito sua filha e sempre quis o bem da menina, desde seu primeiro choro na maternidade. Entretanto, quanto mais Maddy crescia, Megan percebeu que o tempo que dedicava para a filha estava se tornando mais limitado, uma vez que precisava dividir entre ela e o trabalho, para pagar as contas e não deixar nada faltar para a menina. A jovem mãe conseguiu se firmar fixamente na creche em que costumava trabalhar e ela não tinha muito tempo para ser uma dona de casa e uma mãe presente por boa parte do dia, e não sentia-se bem colocando os familiares para essa responsabilidade. Mas, uns anos atrás, fez amizade com uma moça que até então trabalhava como babá e, ainda possuindo o contato com ela, achou melhor contratar seu trabalho como forma de amenizar a falta que a mãe fazia na menina.

Chloe era uma boa pessoa que amava crianças, talvez isso fez com que ela e Maddy transformassem o relacionamento que tinham em algo gratificante. Perguntava para a menina o que gostaria de comer, assistiam e estudavam juntas, além de lhe contar histórias para dormir. A ausência da mãe já não era mais sentida, uma vez que Chloe estava sendo, para Madeline, uma figura materna temporária. Talvez as memórias que mais lhe surgem à mente seja quando a babá lhe trazia algum doce, ou quando ela soltava sua Kirlia e a deixava dançar pela casa, alegrando a criança. O primeiro contato que Maddy teve com os pokémons de maneira tão íntima foi nas sextas feiras à noite, quando Chloe colocava a televisão em algum programa musical e elas fingiam estar se apresentando em palcos, ao lado do pokémon, da mesma forma que desenhava claramente por meio da imaginação como seriam suas apresentações ao lado daqueles seres. Eram momentos graciosos aqueles, pois Maddy nunca se sentiu tão feliz e sortuda por possuir aquilo na hora que quisesse. Infelizmente, tudo o que é bom dura pouco, e logo quando Madeline atingiu uma idade mais avançada e conseguia ser um pouco menos dependente, Chloe teve que partir. A babá possuía outros planos para ela: ”Desejo me tornar uma Top Coordenadora, você deveria tentar algum dia, já que gosta tanto de se mostrar e é muito criativa.”. Aquelas palavras nunca saíram dos pensamentos de Maddy, porque foram as últimas que Chloe falou para ela e a nostalgia de bons momentos a fazia prender-se naquele momento por medo de se encontrar sozinha, agora um pouco mais apática com o mundo ao seu redor.

Desde que Chloe havia partido, Maddy se dividia entre afazeres em casa e na escola, vivendo boa parte do dia sozinha. Uma certa melancolia surgiu na menina e aquela que tanto gostava de se aventurar no mundo, buscando por resposta e conhecimento, vivia trancada em seu quarto, presa a livros quase fantasiosos. A apatia de Maddy era silenciosa, mas com o tempo sua mãe, Megan, conseguiu perceber que havia algo de errado com o comodismo da menina; em como os alunos de sua sala pareciam empolgados em irem para suas jornadas e ela apenas pensava no que deveria fazer no seu tempo sozinho em casa. Megan sabia que Maddy era muito esperta, observando seu quarto: os desenhos nas paredes e riscos na mesa, era fácil deduzir que ela possuía muito foco e objetivo, mas estava tão submersa na solidão que não se permitia mais sonhar um pouco. Observando a situação da filha, a mãe não aguentou e a incentivou sair da cama para investir em sua jornada. Megan não queria que Maddy perdesse mais tempo dentro daquela casa sozinha, quando havia um mundo ao seu redor esperando por ela. E mesmo após tanta insistência, a menina resolveu ceder, mas ela não sabia ao certo o porquê. Simplesmente havia uma chama em seu peito, um objetivo. E ela, inconscientemente, queria alcançá-lo.