Vou ser sincera: ficar muito tempo em Spikemuth não era a melhor coisa para uma pessoa que está acostumada a ficar andando pela natureza, capturando Pokémon e interagindo com os outros. Quando eu soube que Novus estava oferecendo passagens para uma cidade nova, por uma notícia global no Rotom Phone, eu me senti bem animada em saber o que a tal Kiloude tinha a oferecer.

Aquele ano, para mim, tinha sido de algumas conquistas como a recém-adquirida Chave de Spikemuth, no meio de vários momentos em branco de diversão e procrastinação. Além disso, eu me sentia estagnada, só que eu também não gostava de deixar oportunidades passarem. Eu já tinha deixado o festival da colheita em Solaceon passar à contragosto, mas agora eu podia curtir Kiloude e a sua Vila Natalina e era o que eu iria fazer.

Viajei de trem para Kiloude durante a manhã após conseguir uma passagem no guichê de Novus, e as plataformas estavam bem cheias por causa do fim de ano. Eu pude, então, tirar aquele tempo para ler os cartazes espalhados pela estação que falavam sobre o tal destino ideal de Inverno. Chegamos na vila pouco depois do meio-dia e assim que saltávamos do expresso, eu recebia uma ligação.

— Rae, minha filha, tá podendo falar? —  Falava a matriarca da família Kim, ela própria, minha avó.

— Oi, vó! Sim, eu tô aqui nesse lugar... Kiloude. Aconteceu alguma coisa, você precisa de mim em Novus?

— Ah, foi ótimo você ter me atendido, então. Eu aluguei para temporada um chalé na Vila Natalina, mas só irei conseguir chegar bem perto da data. Será que você poderia ir lá e decorá-lo para mim? Eu vou te mandar o endereço pelo Rotom Zap e vou avisar à moça que cuida de lá que você é minha neta e que pode entrar lá a hora que quiser. Vou mandar também um dinheiro para você comprar as decorações nas lojas da cidade. São muito mais bonitas que as daqui de fora. Enfim, sua vó precisa entrar numa reunião! Te amo, garota, se agasalha e não vai pegar um resfriado. Nós da Tribo da Água temos um sangue resistente ao frio, mas não vai exagerar! — Ela pedia, sabendo que eu daria conta do recado. Eu conhecia a peça, na verdade ela queria mesmo era vir para cá sem precisar se preocupar com organização e simplesmente estar tudo pronto. Só comer e aproveitar o seu feriado. Não a julgo, coitada, afinal ela não sabe deixar de trabalhar principalmente depois que as relações entre a Tribo da Água e as outras regiões foram cortadas.

Terminei a breve ligação com o endereço já na minha tela. — Bom, Vaporeon, vamos até lá? — Perguntei, seguindo as ruas da cidade marcadas no mapa até chegar no ponto marcado. No caminho, aproveitei para passar nas lojas e comprar alguns pisca-piscas, guirlandas, fitas e outras coisas que poderiam deixar o chalé com cara de um natal de respeito. Eu procurei a maior casa da vizinhança, que seria a mais previsível de ter sido alugada por ela e, é claro, eu estava certa: uma moça com aparência de governanta me esperava na garganta. Mais idosa, denunciado pelo seu cabelo grisalho e curto, ela vestia um sobretudo de feltro vinho, luvas e sapatos pretos, com um cachecol creme por cima. Ela notava as bolsas na minha mão.

— Olá, mocinha! Você deve ser a Riley Morrison, é como a descrição que a madame Kim me passou. Olha, aqui estão as chaves da casa, pode colocar as suas coisas lá dentro. A minha casa é um pouco mais abaixo na rua, mas registre também o meu número de telefone caso precise de alguma coisa. Eu me chamo Guillevere.

— Prazer! Esse é o Vaporeon, meu parceiro. No meu colo está Azurill. — Apresentei. — Nós iremos decorar a casa por algum tempo e depois passearemos pela cidade. Não devo demorar muito, na verdade.

Antes de entrar, deixei os bolsões em cima da mesa externa e retirei um fio de luzinhas para pendurar de fora a fora na varanda. Liberei os meus Pokémon, menos Deerling, para me ajudarem. Mantine ofereceu que eu montasse em suas costas para poder realizar essa decoração e, enquanto isso, Florges se encarregava de pendurar bolas nos pinheiros ao redor da casa. Em cima dos dois maiores, ela colocou uma decoração em formato de Staryu que brilhava em vermelho. Ela percebia um arbusto de Rabuta Berry nas redondezas e coletava uma das frutas. Trouxe Minior comigo para segurar as guirlandas no seu corpo esférico, para que pudesse pendurá-las nas portas externas. Também troquei os tapetes na frente da casa para algo mais animado e vermelho. Vaporeon decidiu descansar da viagem no capacho da porta principal.

Quando terminei a área externa, deixei que Azurill cuidasse da criação de um boneco de neve perto da entrada, que pudesse ser amigável aos visitantes. A primeira coisa que eu fiz foi pedir para Vaporeon ficar alerta e afastar Pokémon selvagens para proteger a todos nós. Eu sabia como a neve poderia ser traiçoeira com criaturas fortes. Quando Florges terminou o seu trabalho com as bolas, ela decidiu ir ajudar o pequenino a montar o enfeite e ao mesmo tempo me ajudar a supervisioná-lo. No caminho, ela acabava tropeçando em uma Poké Ball encoberta na neve, que fazia o item Finder apitar.

Primeiro as duas bolotas de gelo, moldadas, depois uma maior na cabeça. Dali em diante, Azurill colocou gravetos nos lados para representar mãos, e Florges levou-o até o rosto para enfiar um nariz brilhante que eu havia comprado na loja. Também colocou dois olhinhos e uma boca com pedras, além de um chapéu de natal para completar. No meio das pedras havia uma Icy Seed. A venenosa parecia esquecer do mundo naquele momento, talvez alimentando um certo instinto maternal presente na espécie que foi perdida quando houve a divergência. Azurill então segurava uma bola de neve e trazia até a mesa, junto com os itens que Florges tinha achado. Acariciei o pequeno na cabeça e o deixei sob os cuidados de Florges. Ele parecia gostar da sua companhia.

Decidi entrar para montar a árvore de natal de dentro, coisa que me demorou algum tempo para decorar com mais fitas, luzes e bolas. Quando terminei, aí sim fui atrás de uma escada para colocar uma estrela no topo da árvore. Agora sim, tudo ligado, era uma casa natalina!

Com tudo finalizado, um rapazinho chegava pela rua de pedras. Tendo por volta de uns sete anos, ele vinha com algo para mim contra o corpo, coisa de criança. — Minha vó disse que tinha gente morando aqui, eu quis vir dar as boas vindas. É, eu gosto de colecionar figurinhas com os meus amigos, mas nessa época de natal as coisas ficam mais movimentadas e a gente consegue trocar mais com os visitantes. O jornaleiro me deu dois álbuns, mas como você é menina, pode ficar com o verde. — Era um livro com foto da Hatenna de natal, aquela que capturei um tempo atrás. — Bom, eu vou lá na Casa da Lareira ver se consigo alguma figurinha nova. Ah, tome essa moedinha aqui também, ela pode ser útil depois. Tchau!

Eu o vi descer a rua em direção ao centro, oposta à casa da sua vó. — Hmmm, sobraram algumas decorações. Talvez lá possa ter uso para elas. — Concluí, pegando as bolsas e indo atrás do rapaz entre as casas da Vila Natalina. No seu centro, um Poké Center improvisado se fazia ponto de referência.

Num primeiro momento, a Casa da Lareira era um lugar enorme e aconchegante, repleto de pessoas de vários lugares e feições. Um lugar bem democrático, eu diria. A Enfermeira Joy, no entanto, estava bem agitada e atarefada. Andava de um lado para o outro, apreensiva, fazendo o trabalho de várias pessoas apesar de ter algumas pessoas estarem ajudando. Decidi pará-la rapidamente.

— Oi, meu nome é Riley. Me desculpe te atrapalhar nesse momento, mas eu estava decorando um chalé e alguns enfeites sobraram. Você aceitaria essa doação? Ah! Também percebi que as coisas aqui estão um pouco corridas. Se você quiser, eu me voluntario a ajudar vocês!

— C-CLARO! MUITO OBRIGADA! — Disse ela, sem conseguir conter a sua empolgação. — Rápido, cure comigo esses Pokémon que precisam de atendimento. Você tem itens de cura aí na mochila, certo?

— Tenho sim, deixa só eu procurar aqui... Achei! — Falei, colocando a mesma luva esterilizada que ela nas mãos para o oficio.

Me dirigi até as macas, dei duas Oran Berries em suas mãos e peguei a Potion para socorrer o que estava perto de mim. Descarreguei todo o seu conteúdo, enquanto ela tinha um processo mais lento para esperar os Pokémon comerem a fruta azul e enfim poder suspirar aliviada. — Vem comigo, vou te mostrar o lugar! — Com a situação sob controle, ela pegava a minha mão e me mostrava todos os cantos do edifício: a sala de cura, os correios, a ala de trocas, o “achados e perdidos”, os dormitórios, a cozinha e o almoxarifado.

— Acho que a primeira coisa que você pode fazer é decorar a cabana com o que você trouxe. Acho que se tiver um Pokémon que voe ou levite, as coisas serão mais fáceis para você. — Disse ela, já saindo para resolver outros assuntos. — Ah, já ia me esquecendo! Use o uniforme de funcionário honorário. É só um jaleco aberto com a nossa viseira. Não tem erro, lá no almoxarifado tem vários! Na verdade, deve ter um monte de coisa legal por lá.

Bem, era isso mesmo. Me troquei no banheiro e dobrei a roupa pesada de frio num dos armários do almoxarifado. Ali, troquei Deerling pela Hatenna do tipo grama e adicionei temporariamente na minha equipe a minha Mantine voadora.

Pedi para ela me levantar pela fachada do prédio e enriquecer a decoração com o que eu tinha trazido e com outras decorações também que tinham espalhadas pelo almoxarifado. Coloquei pisca-pisca nos pilares da entrada, presos com super cola para não serem retirados facilmente, adicionei mais guirlandas interpostas em volta da parte de cima da fachada para dar uma noção de trança natalina e também pendurei mais pisca-pisca, dessa vez daqueles que ficam pendurados como cascata, em todo o redor da Casa da Lareira.

Retornando para o interior, decidi trocar Mantine e colocar Kadabra em seu lugar para levitar um enorme laçarote bem no hall de entrada, na visão de quem chega, ornando a parede atrás de onde fica a máquina de cura e onde ela normalmente atende as pessoas e Pokémon na emergência. Também pedi que entrepassasse fitas nos corrimões das escadas e desenrolasse tapetes vermelhos nos corredores comigo, se certificando que estivessem firmes para que ninguém tropeçasse. Também quis adornar o lustre com algo que refletisse uma luz mais quente, como um pisca-pisca apenas ligado nas cores vermelho e amarelo. Espalhei alguns objetos temáticos pelas mesas comuns também, como globos transparentes com neve dentro e artefatos de madeira. Com Kadabra as coisas pareciam acabar muito mais rapidamente.

Joy observava aquela adição e se sentia satisfeita, mas eu não conseguia entender se ela realmente estava prestando atenção naquilo. Na verdade, ela parecia mais satisfeita de eu ter terminado isso e poder ajudá-la em outra coisa do que sobre a beleza do lugar em si. — Riley, agora eu preciso de você em outra coisa, mas pode descansar por uns quinze minutinhos. É bom para tomar um chocolate quente e comer alguma coisa, já que você foi lá fora. Chega lá na cozinha e pode comer o que quiser com essa roupa que você está. Claro! Não exagere também. Eu vou colocar você no grupo dos voluntários, assim eu posso te chamar quando precisar. Fique atenta ao Rotom Phone.

— Hehe, pode deixar, Joy. Irei me ausentar um pouquinho e logo volto. — Respondi, correndo para fazer meu lanche. Eu não queria demorar muito também, afinal eu estava disposta a colocar a mão na massa e não queria deixar o embalo terminar. Na volta, eu também iria depositar Kadabra de volta em sua BOX.

Continua...

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Informações:

A cozinha da Casa da Lareira estava a todo vapor. Havia uma turma de pessoas trabalhando nas comidas típicas da vila. Sob o comando de uma simpática senhora, aqueles treinadores voluntários trabalhavam não só para assegurar que todos pudessem comprar e experimentar os quitutes, mas que também pudessem alimentar aquela força de trabalho que vinha numa boa hora, mas gerava essa demanda da mesma forma.

Eu era a próxima, na verdade. Cheguei na cozinha e uma longa e larga mesa de madeira maciça estava posta, contando com pratos e talheres e uma vasta variedade de doces e cremes, que perfumavam o cômodo com um cheiro delicioso de canela, nozes e de massas assadas no forno. Eu me sentei à mesa e a senhora gritava do outro lado, na área dos fogões e mesas.

— Olá, senhorita! Pode provar o que você quiser por aqui! O que fizemos e está aqui dentro é tudo para vocês. Tem uma torta aí de Chesto Berry que acabamos de tirar do forno, então está quentinha. Há chocolate quente também, nas garrafas térmicas.

Eu me sentei e não sabia por onde começar. Na verdade, eu queria era devorar tudo, mas também queria poder experimentar de tudo, um pouco. Comecei pegando uma caneca de chocolate quente e polvilhei canela por cima, uma preferência minha em dias gelados. Comecei por uma pequena fatia do bolo de Chesto e Leppa Berries, que estava de comer rezando. Simplesmente uma explosão de sabores com o creme escorrendo por toda a língua, dos deuses. Todo aquele trabalho com Mantine e Kadabra decorando a Casa da Lareira era validado naquele momento. Isso parecia até deixar as comidas mais saborosas. Depois, passei por uns bolinhos apenas de Chesto com chocolate de Occa Berry e também por um chocotone, já que não sou muito fã de uvas passas e acredito que não há tanta gente que seja.

As opções eram muitas, porém uma mensagem de áudio de Joy logo chegava no meu telefone. — Riley, me desculpe por atrapalhar o seu intervalo mais cedo, porém eu preciso de você aqui agora. Pode me encontrar nos achados e perdidos?

Roubei alguns biscoitinhos para comer no caminho e saí com pressa da cozinha, na direção do lugar indicado. Chegando lá, Joy me esperava com um olhar aterrador. — Eu te chamei porque não estava dando mais, mesmo. Nessa época do ano, há várias nevascas e isso faz com que as pessoas percam os seus pertences numa frequência muito maior. Eu preciso que você, por favor, encontre os donos dos três itens mais urgentes pelo menos. As informações deles estão contidas nos chips e irão te direcionar com o GPS.

Eu concordei e peguei os saquinhos indicados na prateleira, separados dos demais. Eram itens importantes, como coisas pessoais que com certeza alguém estaria louco procurando. Antes de sair naquele tempo horrível, substituí Mantine, Deerling e Minior no PC por alguém que me pudesse ajudar a lidar com aquela situação de frio extremo. Trouxe Gyarados, Tsareena e Cetoddle para me ajudar. O ovo de Venonat também ameaçava estourar naquele momento de correria e eu acabava sendo obrigada a usar as máquinas do Centro Pokémon. Pude então depositá-lo na BOX e colocar o ovo de Fuecoco para chocar. Algo me dizia que aquele seria mais lento.

Busquei utilizar o GPS do telefone para localizar os donos dos objetos, porém a iminência de uma nevasca começava a afetar os sinais e atrapalhava o meu trabalho, dificultando em poder fazer o rastreamento e me fazendo recorrer ao boca a boca. Espalhei um Repel em mim para afastar Pokémon selvagens e me auxiliar a não perder o foco agora que as coisas começavam a piorar.

Entre um e outro na multidão do centro da cidade, eu achei uma moça de vestido branco e cabelos castanhos, que eu vagamente conhecia. Eu a perguntei se ela era a dona de um dos itens e ela assentiu negativamente com a cabeça. — Não, não. Eu não perdi nada, não, ainda bem! Você está trabalhando na Casa da Lareira? A propósito, me chamo Jasmine.

Eu confirmei com a cabeça e estendi a mão para um aperto. — Prazer, me chamo Riley, mas pode me chamar de Rae! Por acaso você também está trabalhando por lá?

— Então, na verdade eu tenho outros assuntos para tratar, Rae. Se a Joy confiou em você, provavelmente eu também posso fazer isso. É... há um Pokémon que aparece por aqui todos os anos e garante desejos. Ele é do tipo do qual sou Especialista, o tipo Aço, e eu estou procurando por ele durante a noite. As pessoas que dizem ter encontrado com ele me disseram coisas incríveis, como ele salvando pessoas de avalanches e também fazendo pessoas perdidas acharem o caminho de casa. É um verdadeiro milagre de Natal, eu acredito, mas estou com vontade de ver com os meus próprios olhos.

— Espera! Jasmine... Pokémon tipo Aço... Você é a LÍDER DE GINÁSIO? — Exclamei, boquiaberta.

Ela confirmou, com os braços pedindo para abaixar o tom. — Calma, Rae, não quero causar alarde com a minha presença, tem um povo que é inconveniente e eu não quero atraí-los. Eu posso contar com a sua ajuda para achá-lo?

— É claro que pode! Eu posso fazer isso em paralelo, na verdade. Acredito que o que estou fazendo irá demorar, mesmo.

— Então, eu gostaria de te dar um presente que pode ser útil. — Disse ela, fuçando a bolsa e pegando duas gemas prateadas. — São Steel Gems, trate como um presente de boa sorte! Eu sinto que você conseguirá, Rae.

Eu a agradeci pela confiança e continuei na minha jornada de procura pelo dono dos objetos, agora com essa nova missão junto. As pessoas desse lugar meio que colocam a gente como cabide, mas se há recompensa não deve ser ruim. Assim, permaneci na estrada em busca de realizar os meus trabalhos.

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Informações:

O que Jasmine havia comentado era confirmado pelos veículos de notícia: uma forte nevasca chegava naquela noite e os meus trabalhos eram forçados a parar até o próximo dia. Apesar disso, eu havia tentado bastante achar pelo menos um dos donos, sem sucesso. Apertei o passo e me embrenhei pelas estradas da cidade até achar a Casa da Lareira, realizando a coleta de uma Rabuta Berry no caminho.

Ao chegar lá, uma figura de cabelos roxos se encontrava rodeada de pessoas perto do balcão da enfermaria. Ele era carismático e tentava dividir o seu tempo entre todos, sem transparecer a sobrecarga que era aquele tipo de situação. Eu não dei tanta importância para a situação, afinal ainda precisava entregar para Joy o reporte da tarde do lado de fora e chegar para ajudá-la em outra tarefa em que eu pudesse ser necessária.

A minha feição de descontentamento era um tanto nítida, mas eu não tinha conseguido completar o que ela havia me pedido. Ela, então, me pediu para ajudar Leon — o rapaz de antes — a entreter as crianças numa partida de exibição no campo de batalha interno.

Quando voltei, o campeão de Galar de alguma forma tinha conseguido se desvencilhar do público e tomar um pouco de chocolate num canto, enquanto observava o vai e vem de pessoas ali dentro. Eu o abordei um pouco envergonhada, afinal não queria atrapalhar seu momento de solitude. — Boa noite, tudo bom? Eu sou a Riley, estou como voluntária por aqui, mas pode me chamar de Rae. Joy me pediu para ver se pudéssemos fazer um combate amigável no campo aqui dentro para tirar a atenção das crianças da nevasca lá fora.

— Ah, tudo bem, Rae! Me chamo Leon, fui convidado pela prefeitura com o objetivo de conseguir mais investimento para cá. — Bom, julgando pela sua fala, aparência e popularidade, com certeza deve ser alguém bem famoso (e forte). — Bom, já terminei o meu chocolate. Vem, vamos lá!

O rapaz puxou minha mão, com um sorriso no rosto. Parecia animado para se esquentar mais durante um combate. Depois de alguns minutos de corrida, uma multidão já seguia o nosso rastro e enchia a arquibancada do campo. Ele lembrava muito um ginásio sem tipo, com uma arena de batalha de madeira polida, que contava com algumas barreiras para os ataques não atingirem o público. Havia uma cadeira mais alta e afastada para o juiz do combate, uma moça ruiva um pouco mais velha que eu, que se prontificou a praticar esse breve ofício apenas para estar mais perto do seu ídolo. Ao seu sinal, iniciamos.


— Darumaka, em posição. É hora do show! — Gritou ele, fazendo o público delirar.

— Trubbish, se segura! — Reagi, equipando-o com um Lucky Egg.

— Olha, um Pokémon que não se vê o tempo todo por aí! Esse Trubbish de doces combina muito bem com a época de natal, hehe. Preciso me focar! Darumaka, vamos começar com o seu mais forte Bite!

— Atrapalhe sua visão com Poison Gas!

Trubbish iniciava o turno saltando para trás, expelindo uma fumaça arroxeada e com o cheiro extremamente doce, direcionada ao Pokémon de gelo, fazendo-o se enjoar. Essa condição o deixava meio atordoado, o que o fazia também errar a mordida. Leon se sentia surpreso, assim como aquela situação incomodava as crianças.

— Venoshock!
— Não se preocupe com o ataque anterior, só o atinja com Avalanche!

O doceiro materializava, então, uma espiral de líquido arroxeado no entorno do seu corpo, que se juntava num só jato acima da sua cabeça e era descarregado contra o oponente. Darumaka, no entanto, se focava em soterrar o oponente numa quantidade enorme de neve. A tempestade era criada sobre o nosso lado do campo, tornando complicado para Trubbish escapar. O veneno se fazia presente outra vez, arrancando mais da vitalidade do Pokémon gelado.

Trubbish L. 17 - 11%


Darumaka L. 15 - 34%
[]

— Continue em cima, mande outro Avalanche.
— Finalize com Sugar Rush!

Uma quantidade anormal de açúcar começava a se criar em torno dos pés do Pokémon, como algodão doce. Ele começava a comer aquele excesso de doce e sentir-se animado a ponto de mexer nos seus sentidos, mas não esquecendo do seu objetivo maior: num encontrão, ele terminava com o oponente que Leon havia escolhido, dando aquela vitória para o nosso lado.

Trubbish L. 17 - 11%


Darumaka L. 15 - 0%
[]

— Bom trabalho, Rae e Trubbish! — Disse ele, batendo palmas. — Da próxima não terão a mesma sorte!

De fato, a mordida havia encurtado muito o tempo de batalha e as crianças tinham se sentido entediadas de verem o seu ídolo passando por aquela situação chata. Leon, então, sugeria a mim que fizéssemos uma revanche, agora com Pokémon mais fortes. Descansávamos brevemente, sem sair do campo de batalha, prendendo os telespectadores ali e trazendo mais gente ainda para ver aquele segundo combate. A moça dava o sinal e um novo combate iria iniciar.


— Pronto? — Preguntei. Ele assentia com a cabeça, expandindo uma Poké Ball em sua mão e enviando um belo e majestoso Pokémon para o campo.

— Este é Lapras. Estou ansioso para ver a sua resposta, Rae!

Eu considerava um pouco as minhas opções de Pokémon para aquele combate, mas sabia que quem iria se sair melhor era Tsareena. Eu quis equipá-la com uma Life Orb naquele momento, pois eu sentia que deveria acabar com Lapras o mais rápido possível, mas decidi não fazer isso e troquei o Lucky Egg para as suas mãos.

— Tsareena, eu quero que você use o seu Trop Kick agora, logo no início, para a enfraquecermos logo!

— Lapras, controle a velocidade com Icy Wind agora!

Tsareena saltava, infundido as suas pernas num tom de verde brilhante, que num rastro de velocidade desferia um chute sobre a carapaça de sua oponente. Lapras sentia a dor daquele ataque de grama, liberando de uma vez só uma rajada de vento gelado em torno do seu corpo, lançando a primeira longe. O público ia à loucura por causa de Leon, apesar das coisas estarem perigosas para o meu lado.

— Agora, dispare um Ice Beam!

A aquática levantava a sua boca, materializando um orbe de energia branco-azulada à sua frente, disparando um raio de energia congelante no campo de batalha agora repleto de névoa. Tsareena sentia a dor dos seus membros congelando e era deixada arfando, cansada. Não dava para ver nada, mas eu conseguia perceber a silhueta de Tsareena aos poucos sobressaindo no meio do branco. Aquilo acendia uma faísca de esperança.

— Trop Kick, não a deixe sequer respirar!

Da mesma forma que ela aparecia, ela se metia entre o campo de visão debilitado e, por trás, desferia um novo chute em Lapras, dessa vez conseguindo derrotá-la quando a poeira nevada baixava.

Tsareena L. 30 - 9%
[-1 Speed]


Lapras L. 28 - 0%
[-2 Atk]

O combate mais justo, dessa vez, acabava com a nossa vitória de novo. Algumas crianças aceitavam bem aquele resultado, mas outras ficavam emburradas ou corriam para os seus pais. De certo que conseguíamos capturar as suas atenções por um breve momento e, por isso, Leon me agradecia. Ele falava que aqueles dois combates também faziam parte de uma série de testes que ele estava aplicando pela Vila Natal, e eu tinha conseguido passar por dois deles, conseguindo assim algumas Christmas Coins e dinheiro.

Eu não queria roubar muito do seu tempo, assim como Joy me chamava para realizar outro trabalho para ela e eu precisava deixar os meus Pokémon descansarem. Com certeza ficaria para depois.

Caminhando pela área, depois do combate, tentando o máximo limpar a sujeirada que criança faz, eu achava um envelope de stickers. Como não havia dono, decidi abrir e acabei achando um do Torterra, que colei no álbum de Hatenna.

Atualizações:

Informações:

Apesar do Inverno rigoroso, o Sol despontava tímido entre as nuvens cinzentas naquela manhã. Já do lado de fora do chalé de madeira, eu me preparava para mais um dia. Para ser sincera, eu rezava para que já tivessem encontrado os donos dos itens.

Eu caminhava na direção da Casa da Lareira quando parei para coletar uma Yache Berry e me deparei com um acidente ocorrendo, mas não conseguia evitá-lo: um Pokémon estrangeiro tentava se alimentar com uma frutinha, mas se envenenava e eu me via na situação de ter que levá-lo ao Centro Pokémon o mais rápido possível.

Tentei uma aproximação, mas o bebê se irritava pela dor que o veneno causava e me atacava. — Infelizmente, vai ter que ser do jeito difícil. Vaporeon, use um Water Pulse bem fraco.

A raposa aquática espreguiçava-se assim que tocava no chão, canalizando um orbe de água pressurizada na frente do seu corpo. A esfera não congelava apesar do frio e era lançada contra Bonsly, deixando para trás um rastro de anéis azulados que desapareciam. Graças às ordens, o bebê conseguia suportar o ataque d'água, retaliando com um chute nas patas do Pokémon [Low Kick]. No fim das contas, ele sentia os efeitos de seu enjoo.

Vaporeon L. 30 - 87%


Bonsly L. 28 - 9%
[]

Eu via aquela como uma oportunidade perfeita e lancei logo a Great Ball da minha mochila na sua direção. Parecia um tanto difícil de ele querer entrar, mas na última hora a tecnologia prevalecia.

Feito isso, corri para a cabana, assim ele poderia ter um tratamento melhor pela equipe médica do lugar. Eu ficaria mais tranquila, também. Ao me ver no balcão, a moça de cabelos rosados apertava o passo e minha me cumprimentar. Com o seu semblante preocupado de sempre, Joy dividia comigo o motivo: apesar de ter conseguido uma quantidade enorme de ajudantes para o lugar, a comida que o povo estava preparando na cozinha não era suficiente para alimentar a todos. Ela sabia que podia contar comigo, então pediu que eu pudesse dar uma força para as cozinheiras e também para as pessoas que ela havia recrutado para a mesma tarefa.

Ao chegar lá, a chefe da cozinha me ordenou que eu pegasse um avental, para que não ocorressem acidentes com a minha roupa, e que também prendesse o cabelo debaixo de uma touca sanitária, para assegurar que não caísse cabelo na comida. Lavei as mãos na água quente da torneira e me prontifiquei a ajudar. Eu não era a melhor cozinheira do mundo, mas eu sabia me virar fazendo uma coisa ou outra. Mesmo assim, a senhora era generosa, pegou um papel plastificado com a receita e me colocou para fazer uma receita de rabanadas.

Peguei uma baguete enorme, de mais ou menos trinta centímetros. Cortei-as mais ou menos em dois dedos de espessura, banhei uma por uma na mistura de ovos, leite e açúcar e coloquei para dourar em óleo fervente. Depois de prontas, passei as rabanadas em açúcar e canela e as servi na mesa de jantar enorme ao centro da sala de jantar, organizando ao seu lado alguns pratos, guardanapos e talheres caso assim a pessoa gostasse. Eu fui a primeira a provar, claro, eu queria saber se a minha criação estava boa. O doce derretia em minha língua de tão gostoso e eu agradecia por ter seguido rigorosamente a receita que a chefe havia me dado. Daquela forma, até um desastre total devia se sair mediocremente bem. Era uma boa forma de permanecer com a barriga cheia, no fim das contas.

A chefe me agradecia, mas dizia que Joy queria me ver. Ao chegar, comentou comigo que a lenha estava prestes a acabar e era crítico que alguém fosse na floresta próxima retirar lenha para a Casa da Lareira permanecer aquecida. Sem isso, o seu funcionamento estaria em perigo e até mesmo alguns Pokémon com hipotermia poderiam ser prejudicados. Eu me prontifiquei a ir, mas expressei meu receio sobre não ter como carregar a quantidade de lenha necessária. Claro, eu, uma moça magrela desse jeito não conseguiria carregar tanta madeira nos ombros até aqui. Ela me confortou dizendo que iria chamar uma pessoa vizinha com um caminhão que sempre a ajudava e, então, verificaria se ele poderia emprestar o seu tempo para me levar até lá. Enquanto isso, esperei no lobby recepcionando as pessoas atrás do balcão principal.

Tempo depois, Joy surgia da área restrita aos funcionários e dizia que a pessoa chegaria para me buscar em cinco minutos. Terminei de atender um dos treinadores e me prontifiquei com uma roupa pesada, nem me preocupei muito, só peguei um dos casacos que estavam no vestiário e saí ao encontro do motorista.

Do lado de fora, um snowmobile, totalmente adaptado para o terreno nevado, com uma caçamba atrás para a movimentação de pequenas cargas. Um senhor estava me esperando, Joy cumprimentou-o da porta acenando enquanto eu entrava no veículo pelo banco do carona. No caminho, ele comentava que fazia isso de tempos em tempos e que gostava de poder fazer isso; quando mais jovem, ele conseguia carregar com seus Pokémon daqui até a cabana principal, mas hoje ele não tinha mais resistência para poder fazer isso. Viajamos por uma estrada e logo paramos numa clareira. Abri a porta e meus pés imediatamente afundaram na neve. Meu companheiro da vez também fez a mesma coisa, retirando a lona da caçamba para não a encher de neve. Liberei Tsareena da Poké Ball apesar do terreno ser terrível com Pokémon de grama, mas ela estava disposta a ajudar. Conversei com ela e avisei que precisava do seu Razor Leaf para podarmos alguns troncos e então conseguir uma quantidade boa de lenha.

Eu perguntei se ela estava preparada e então pedi. — Tsareena, use o Razor Leaf nos galhos e então o Rapid Spin para expandir a zona de ação do ataque.

Como numa transformação de garota mágica, um furacão de folhas envolvia o seu corpo, totalmente controlado por ela, mas numa cadência mais acelerada e num número acima do normal de folhas cortantes, potencializada por um balé em meio a neve. Elas viajavam pela copa das árvores, cortando tudo no caminho, até mesmo o tronco de árvores mais magras e fracas, espalhando tudo pelo chão. Eu ia coletando com o senhor que nos acompanhava, que também tinha liberado um Cetoddle para ajudar-nos. Pouco a pouco, a caçamba ia enchendo. Eu a retornava logo depois, porque não queria que perdesse os seus nutrientes e o seu trabalho já tinha sido completado.

Após idas e vindas pela clareira, conseguimos providenciar uma quantidade de lenha que duraria por mais alguns dias ou uma semana. O motorista cobria a carga para não pesar o veículo e então retornamos para descarregar aquela madeira ao lado da lareira, coisa que, graças a Joy, não foi necessário fazer. Ela havia mobilizado mais gente para carregar a madeira para dentro. Cansada, eu podia finalizar meu dia ali, que havia sido cheíssimo. Eu precisava demais de um banho extremamente quente para não sair mais. Me despedi de ambos, recebi meu pagamento e me recolhi pelo dia.

Atualizações:

Informações:

Na próxima manhã, eu acordei e logo fui para a Casa da Lareira. Eu havia observado a lista de afazeres do dia e decidi não esperar as ordens de Joy para começar a trabalhar. Primeiro, eu pedi que o senhor do dia anterior pudesse me levar pelas estradas para retirarmos os detritos acumulados durante a noite. As avalanches estavam sendo frequentes naquela altura do mês e, realmente, no caminho de Kiloude para cá, havia bastante neve densa que acumulou na estrada durante a madrugada. Ele me disse que traria um outro veículo, dessa vez um maior, próprio para realizar esse tipo de trabalho.

Após tomar um delicioso café da manhã, nós viajamos brevemente pela estrada principal até chegarmos no primeiro obstáculo: logo na saída da cidade, uma espessa camada de neve havia se formado, e era necessário limpá-la antes que o movimento começasse. O caminhão passava por cima do monte, deixando o terreno completamente nivelado ao remover tudo com a escavadeira. Eu saltei do veículo em minhas vestes de frio extremo, própria para aquela atividade e comecei a fazer a limpeza dos cantos da estrada com uma pá, deixando-a um pouco mais apresentável. Assim que conseguíamos fazer toda a retirada, o excesso de neve era jogado na caçamba traseira.

No entanto, chegávamos no nosso segundo e último destino justamente no momento em que ele acontecia: a avalanche descia uma das montanhas em toda velocidade, sendo necessária uma freada brusca da parte do motorista. Se não fosse o cinto de segurança, algo sério teria acontecido. Recuperamos do susto, bebemos um gole d’água e continuamos recolhendo toda a neve da estrada e, enfim, liberando a passagem para Kiloude outra vez. Sendo assim, nosso trabalho estava finalizado. No meu caso, este.

Retornei para a base, a Casa da Lareira, e me despedi do velho. Mais uma vez ele tinha sido extremamente útil e confiável e eu decidi pedir para que a cozinheira o deixasse fazer uma refeição lá. Joy não se opôs, afinal ele também parecia ajudá-la há um bom tempo. Reportados os resultados, parti para a minha próxima atividade.

Agora, eu tinha que procurar por um pinheiro selvagem enorme nos arredores da cidade para transformá-lo em algo natalino. Sim, eu entendo que é algo temático, mas quando li aquela missão eu achei um tanto estranho. Liberei Cetoddle para ser minha fiel companheira naquela tarefa e, de alguma forma, ela parecia saber o que fazer. Estava preparada. A baleia terrestre me levou para fora e desembestou pela cidade procurando a floresta de pinheiros. Era tão fofo ver aquela bolinha saltitando de um lado para o outro, não deixando de realizar o que tinha que fazer, mas observando tudo o que a Vila Natal estava oferecendo para nós, turistas.

Quando Cetoddle descobriu um pinheiro selvagem que a agradava, parecia que a própria árvore a havia escolhido para passar pela transformação. Cetoddle começou a dançar um balé ao redor de uma pedra azulada, criando uma ventania utilizando a sua boca, que enchia o nosso redor com um pó de neve prateado, diferente do Powder Snow normal. Aquele pó mágico iluminava todo o perímetro, me deixando surpresa, e passava pela árvore em forme de espiral. Quando isso acontecia, o pinheiro era banhado pela atmosfera natalina e, então, começava a ser decorado pela magia da época com uma poda característica e acessórios condizentes com o que se esperava do Natal, tudo feito de gelo. Cetoddle parecia satisfeita, mas ainda faltava o principal: ela materializava, então no topo da árvore com o seu Ice Shard, uma estrela cadente perfeita. Eu só pensava na facilidade que seria se eu soubesse disso mais cedo. Ela se cansava, mas estava satisfeita com o resultado. Porém, havia um presente para si também: a pedra azul ressoava com o seu próprio corpo, banhando-a na essência do tipo Gelo, proporcionando ali uma evolução inesperada, mas muito bem vinda. Agora, Cetoddle havia se tornado uma Cetitan madura e eu não podia conter a minha animação após ficar maravilhada com aquela cena.

O pinheiro, assim como vários outros, agora estava pronto. Eu me perguntava qual havia sido o ritual utilizado pelos Pokémon que o fizeram. Assim, logo retornei à Casa da Lareira para a tarefa final do dia: limpar as áreas comuns.

Aquela situação havia deixado o Pokémon de gelo com uma explosão de energia, então decidi que seria melhor ela comigo, para me ajudar na limpeza mais difícil. As áreas comuns e internas eram mais tranquilas, poderiam ser resolvidas apenas retirando a poeira, arrumando algumas almofadas ou coisas retiradas do lugar e algum lixo que tenha escapado das lixeiras. Primeiro começamos por ali, vasculhando a Casa da Lareira de cima abaixo para poder deixá-la impecável como sempre estávamos acostumados. Apesar de um tanto lenta, Cetitan era muito mais cuidadosa que eu e arrumava as almofadas espalhadas, os tapetes fora do lugar e algumas toalhas de mesa desalinhadas. Eu me encarreguei de usar os meus olhos para poder varrer os cômodos e recolher o pouco lixo que achei para as lixeiras mais próximas.

O nosso real trabalho estava era nos fundos da cozinha. Quando saímos para retirar o lixo recolhido do café da manhã, Cetitan e eu vimos um Deerling tentando arrebentar o cadeado que protegia a porta da área onde ficavam os mantimentos. Ao nos perceber, o Pokémon de grama imediatamente deu voz à sua natureza Shadow e atacou a primeira coisa que viu: veio direto para um encontrão em mim, mas minha companheira mal conseguia ser mais rápida e interceptava o ataque. Dei-lhe o Lucky Egg para dar sorte no combate.

— Cetitan, use o Avalanche e então Ice Shard! — Ordenei, enquanto me recuperava desse segundo susto e descarregava os sacos de detritos na caçamba de lixo.

Deerling, possuída pela energia das sombras, recebia uma quantidade ainda maior de velocidade a ponto de superar sua oponente. Ela corria, terminando em dois coices na carapaça rígida da baleia, que respondia simplesmente com uma enxurrada de neve e detritos que soterrava o nativo e acabava com o combate logo ali.

Cetitan L. 30 - 86%


Deerling L. 28 - 0%
[+2 Vel]

Então, eu capturei o Pokémon selvagem com uma das minhas Great Balls recém-adquiridas e finalizei a limpeza daquela área externa com Cetitan. Pela janela, as pessoas haviam presenciado a luta e sorriam com aquele final.

Retornamos ambas para o prédio principal da Casa da Lareira e Joy estava contente com o meu trabalho, vindo me pagar as Christmas Coins prometidas por todas essas tarefas. Cinco, para ser exata. A moça cozinheira também me premiou com mais uma daquelas. Elas me agradeceram por tudo e disseram que as portas estavam sempre abertas para a nossa visita. Além disso, aguardariam o meu retorno no próximo ano. Agora, eu estava oficialmente liberada.

Apesar de estar na reta final da época natalina, eu me senti tentada em explorar um pouco mais da Vila Natal e me divertir um pouco. Aquela havia sido uma experiência incrível, apesar de ter trabalhado bastante em prol do funcionamento da Casa da Lareira na maior parte do tempo. Eu queria fazer uma única coisa antes de poder retornar para Pokégea e para a minha vida normal: poder patinar no lago congelado pela primeira vez.

Descansei durante toda a tarde e à noite me dirigi até um estúdio de patinação numa cabana repleta de janelões de vidro. A neve caía fina sobre a minha roupa de frio e também proporcionava uma bonita visão da área externa. Eu finalmente iria realizar aquele pequeno sonho.

Cheguei ao balcão e uma moça loira bem simpática me pediu um valor — meio salgado — para entrar. Assim que a transação havia sido realizada, ela me emprestou os patins e me colocou sob a tutela de um instrutor de patinação. Era um rapaz mais ou menos da minha idade, um pouco mais velho, com cabelos também loiros e uma feição angelical. Com toda a paciência do mundo, ele trocou os meus sapatos pelos de patinação enquanto conversávamos sobre toda essa situação e nos conhecíamos um pouco mais. Então, ele pegou na minha mão e, naquele momento, o trem daquela breve paixonite passou na minha estação. Não teve outra: eu só me esborrachei pelo chão e vi um Pokémon batendo palma debaixo do gelo com a minha queda.

Eu não tinha cara para observar o rosto do rapaz. Geralmente eu era tranquila a respeito disso, mas ele me parecia um tanto interessante. “Ok, Riley. Você consegue!”, disse a mim mesma, me sustentando outra vez com a ajuda dos braços magrelos, mas fortes do instrutor, trombando em seu peitoral com o impulso. Só finja que você não leu isso, mas imagine como a minha cara avermelhou. Separei-me rapidamente, com uma precisão inédita dada a circunstância, com os pés chumbados. Ele pegou minha mão outra vez e me pediu para ir com calma pela pista. Com algumas tentativas e prática, eu consegui até mesmo patinar um pouco mais rápido e sem a ajuda das suas mãos. No final da aula, eu estava tão maravilhada em poder ter patinado que eu nem lembrava mais do que havia acontecido antes, apenas do meu próprio momento.

Me despedi cordialmente de ambos, apesar de eu ter notado o rapaz um tanto mais balançado que eu. Ou talvez era só coisa da minha cabeça. Quando saí, um Delibird apareceu e enfiou uma Christmas Coin na minha mão. Dessa forma, eu caminhei na direção do chalé de minha avó para acabar meu dia com um bom banho quente e uma cama também quentinha.

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Na manhã seguinte, eu estava quase me despedindo da Vila Natal quando recebi uma ligação de Joy, que afirmava ter achado um dos donos dos itens perdidos. Eu fui até a Casa da Lareira e caminhei direto para o endereço marcado no Rotom Phone. Chegando lá, uma moça de mais ou menos uns trinta anos me atendia, pegava o pacote e verificava se os seus óculos estava ali dentro. Ela agradecia e então eu pude retornar para a reportar à Joy.

Ao sair da Casa da Lareira, eu encontrei Skyla, uma famosa líder de ginásio. De alguma forma, ela havia ficado responsável por uma Raid temática de Natal e eu estava doida para participar. Eu sou suspeita, adoro instâncias, então aquela era a minha vez de lutar. Eu a cumprimentava e então ela recolhia 10 das minhas moedas e me pediu que eu me concentrasse e entrasse pelas folhas do maior pinheiro da cidade. Quando eu a adentrei, uma luz brilhava fortemente e eu estava num domo cristalino em diversos tons de azul, que imitava a caída de neve no lado de fora. Ao centro, no pedestal, um Delibird cristalino me fitava com uma energia do que parecia ser a do tipo Fogo.

— Essa é uma Tera Raid, então. Vaporeon, Florges, Gyarados e Cetitan, vamos todos juntos! Vaporeon, use Surf! Florges, Acid Spray, Gyarados, Waterfall e Cetitan, Avalanche! — Ordenei antes de começar. Dei a Vaporeon um Life Orb, a Gyarados um outro Life Orb e Cetitan um Never-Melt Ice. Para Florges, fiquei em dúvida e acabei não pondo nada.

Ao entrar no combate, Gyarados logo utilizava o seu poder de intimidação para abaixar o ataque do oponente. Delibird se sentia um tanto acuado, sinal que tinha funcionado. O dragão prosseguia, invocando o poder do tipo água e disparando a si próprio contra o Pokémon natalino. Agora, era a vez do próprio pinguim agir, retirando um presente de seu saco e o atirava em Vaporeon, causando um dano bem pequeno. Logo era a vez de Florges e, então, ela tinha a oportunidade de utilizar o seu ácido para diminuir as suas defesas no futuro e apenas isso já era o suficiente para ele subir as suas barreiras. Vaporeon e Cetitan, com os seus esforços conjuntos, disparavam uma enxurrada de água e gelo na sua direção que esfarelava grande parte daquela barreira. Apesar disso, Vaporeon atingia Gyarados no canto. No final, Delibird ainda ia atrás e disparava outro presente no mesmo alvo.


— Certo, vamos para o próximo turno! Gyarados, agora use Brine para quebrar a barreira de uma vez por todas! Florges, Dazzling Gleam! Cetitan, Avalanche outra vez! Vaporeon, caso necessário, Water Pulse!

Gyarados era o primeiro e conseguia quebrar a barreira com o seu Brine bem utilizado. Porém, o pássaro não estava disposto a deixar Vaporeon utilizar o ataque anterior para acabar o combate e o atingia com alguns dos seus presentes, pondo os seus objetivos na frente. Dali, as coisas estavam prontas para acabar: Florges estendia os braços e gritava, emitindo um clarão que machucava os olhos do pinguim e o desestabilizava, abrindo a sua guarda, que possibilitava a baleia terrestre a soterrar Delibird numa montanha de neve pesada. De alguma forma, ele ainda tinha forças para reagir e limpar aquele gelo com o próprio calor corporal, fazendo uma cascata d'água varrer o campo de batalha. O golpe final, como a ave temia, vinha de Vaporeon: suas barbatanas ao redor da face tremiam e um pulso d'água visível a olho nu retirava o pouco de energia restante daquele chefão, acabando ali o combate.


Eu ouvia o barulho de cristais se quebrando e Delibird também sumia, mas deixava prêmios endereçados a mim.Repleto de recompensas, eu as peguei antes de finalmente retornar ao pátio principal. Eu realmente parecia ter sido transportada para outra dimensão. Eu chegava para Skyla com um semblante um tanto cansado e ela me perguntava se eu tinha visto um Drifblim. Eu disse que não, mas Delibird tinha chegado bem perto disso. Parecia que as instâncias solo eram ainda mais perigosas que com outras pessoas, mas ainda eram divertidas. Eu agradeci pela oportunidade e finalmente me preparei para seguir em frente. Segui para a estação de Kiloude e retornei para Novus City.

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