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Última edição por Bacco em Dom Jan 14, 2024 12:58 pm, editado 2 vez(es) (Motivo da edição : Bacco)
Viveiro Xanadu
:: Fim de Tarde
Naquele céu pré-alaranjado, a neve já não daria mais sinais.
O inverno estava para se despedir essa noite cumprimentando o clima diverso da primavera. Ainda era frio, fato, mas a neve que caía constantemente através da noite agora vinha vagarosamente, pequenina, quase imperceptível, dentre um espaço e outro de tempo sem nem dar volume para a cobertura esbranquiçada sobre as plantas daquele Viveiro. Aspen seguia com a sua iniciação por Pallet esperando por algo que nem mesmo ele sabe o que é, talvez estivesse almejando algum tipo de crescimento espiritual ou mesmo social, quem sabe. É para o Viveiro que ele tem servido nos últimos dias, é nele onde encontrou refúgio do ambiente caótico que a cidade estava. Togepi também amava estar naquele ambiente natural, considerando que parte de sua personalidade travessa é gatilhada pela multidão do centro urbano. Nessa época do ano o estabelecimento recebia muita ajuda dos civis para evitar o sufocamento pela neve pesada, mutirões de limpeza e controle de ameaças se formavam para um trabalho voluntário. Aspen era um deles, orgulhava-se por manter as planas num constante conforto longe dos blocos gélidos sobre elas, ocasionalmente era auxiliado pelos próprios pokémon que vivem por lá.
— Está tudo tão... Glorioso! — expressava o mais sincero sorriso ao perceber que todo o trabalho estava concluído. Togepi o acompanhava feliz por ter ajudado também.
Essa noite o Viveiro estará em festa, não só por mais um inverno sem acidentes, como também pela comemoração do ano que termina. É tradição passar a virada do ano em festa no Viveiro, uma comemoração organizada pela proprietária do local e seus mais fiéis sócios como uma forma de retribuir pelos esforços do público. No fim da tarde já estava praticamente tudo arrumado, algumas pessoas retornariam mais tarde, outras ficavam pela companhia. Então, Aspen decidiu ficar. Estando longe de casa ele aceitou o convite de passar o réveillon por lá, basicamente seria a sua primeira virada do ano com estranhos e sem requintes. Ele não pode dizer que está cem porcento confortável com a ideia, mas também não quer assumir a solidão. Repensava sobre como sua iniciação estava sendo demorada demais... até quando teria que ficar naquela cidade?
— Se pensar demais, vai acabar esquentando a cabeça... — solenemente a voz doce e feminina de Erika rompeu seus pensamentos. Previamente o característico perfume dela já tinha invadido o cenário, mas ele estava ocupado demais divagando para perceber. — Está tudo bem, Frei Aspen?
— Hm?! A- ah sim, é claro! E a senhorita, como vai? — respondeu de seu sono acordado. — Pois é, eu acabei me lembrando de umas coisas... Mas não se preocupe, eu estou bem!
No fundo ela sabia que ele estava mentindo, mas preferiu aceitar o que ele disse. Togepi ia de encontro a Erika sem cerimônias, ela adorava o perfume exalado pela moça, era um cheiro confortável e que a alegrava de alguma forma. A líder de ginásio recebia a pequenina com o mesmo entusiasmo pegando-a no colo à sua altura.
— N- não precisa se incomodar... — Aspen tentou interceptar a comoção da Togepi, mas Erika parecia não se importar.
— Hihi, está tudo bem, Frei Aspen. Eu amo fazer carinho nessa fofinha.
"Fofinha?", Aspen espera que Erika nunca possa vê-la em batalhas ou brincando... Togepi realmente costuma ser adorável, mas quando se empolga ela mostra sua faceta mais ardilosa. Não era a personalidade esperada por Aspen, na primeira vez que viu os olhos dela encandecestes, ele receou que pudesse usá-la novamente em combates até que ela seja comportada.
— Você vai trazê-la para a queima de fogos, certo? — perguntou Erika indiscretamente.
— Queima de fogos? ...
— Sim, essa noite. Na virada...
— AH! M-mas... isso não é perigoso?
— De fato. Mas não aqui. Todo ano fazemos esse evento com muita segurança e os pokémon adoraram os espetáculos de luz sobre o céu. — pausou e olhou nos olhos do Frei — Talvez ela também goste. Parece que explosividade a deixa feliz... — Concluiu com um comentário cirúrgico. Erika, com a pouca convivência que tinha com a Togepi, talvez já tivesse sacado que a sua personalidade não é como as demais.
A perfumada ficou ali por uns instantes entre afagos com a pequena oval. Aspen não sabia como se portar diante da presença de Erika mesmo depois de todo esse tempo ajudando o viveiro. Seu coração ficava disparado e a boca secava instantaneamente. Gotas de suor teimavam a profanar sua face minuciosamente cuidada. Ele não sabia dizer o que era, então interpretou como respeito; apenas isso, respeito. Isso até o momento em que o perfume se despedia de suas narinas. Erika deixava a dupla com o desejo de poder revê-los mais tarde na celebração. Completamente sem palavras, Aspen só acenou com cabeça, enquanto Togepi desmanchava lentamente o semblante de serenidade.
:: Noite de Réveillon
Trajando clássicas vestes brancas, Aspen voltava ao Viveiro maravilhado pela beleza do lugar à noite. Toda equipe tinha feito um belo trabalho de ornamentação, estava tudo tão iluminado que mesmo os insetos ficavam hipnotizados. Havia uma mesa repleta de comidas típicas e outra com alimentos para os pokémon. Do lado de fora do Viveiro estavam as mesas para a ceia e contemplação dos fogos de artifício mais tarde. Ao perceber o ambiente festivo, Togepi não pode se conter no colo do seu treinador e saltou diretamente para onde estava a multidão. Aspen estava ansioso e nervoso, nunca passou a virada com desconhecidos e também não tinha feito muitos amigos. Ele buscava por alguma coisa, entre cada passada de olho via rostos carismáticos celebrando uns com os outros, convidativos, embora ele não tivesse a coragem de se entreter.
Até que...
O perfume. Sim, aquela deliciosa fragrância voltava a invadir suas narinas sem permissão, mas nesse sentido ele gostava de ser violado. Sua boca mesmo seca, sorria. Agora sim ele exibia aquele típico sorriso largo e aconchegante como de costume. Seguindo os rastros do perfume não foi difícil reencontrar a maravilhosa Erika. A mulher estava cercada por outras pessoas ansiosas por vê-la também, daí a timidez do frei atacou. O sorriso se desmanchava e os pés caminhavam lentamente para trás. Aspen parecia ter desistido da ideia de se aproximar, ou talvez ele só precisava de um empurrãozinho divino... Pois ao passo em que ele temia, Togepi, por outro lado, se encorajava correndo em direção a moça e rompendo toda conversa presente; ela queria ser o centro das atenções. Ainda que o jovem Light tivesse tentado impedir, sua pequenina foi mais ligeira que seu desejo. Desse modo, com Togepi sendo acariciada, Erika notava a presença de Aspen e o recebia com um sorriso que ele classificaria como no mínimo "Glorioso!".
— O-- Oi senhorita Erika... — cumprimentou claramente envergonhado;
— Que bom que veio, Frei Aspen. E você também, fofinha.
Conforme Togepi tomava toda atenção, as pessoas iam se dissipando pela festa deixando apenas Aspen e Erika ali conversando. O Frei, ainda nervoso, não dizia muita coisa além de acenar com a cabeça, mesmo assim imaginava não estar sendo desinteressante demais. Então, passou a falar de Arceus nas entrelinhas. Erika parecia não se importar em ouvir o papo religioso dele, o que não significa que tenha feito isso só por educação. Ela claramente em algum momento dava mais atenção aos afagos da Togepi do que ao próprio treinador dela. Ele tinha que mudar de estratégia caso quisesse soar mais interessante.
— ... Escuta, Frei Aspen. Vamos só aproveitar o momento, o que acha? Estamos numa celebração, acho que todos aqui já sabem seus valores, suas crenças e seus desejos. Eu aprecio a sua tentativa e confesso que até estava empolgada no começo, mas não gostaria de mentir e dizer que não me sinto sufocada. Então... vamos só celebrar, tudo bem?
Ela soube partir seu coração educadamente. Sinceridade como uma arma nem todos sabem manusear, mas Erika deu-lhe um tiro certeiro. Bom, talvez tivesse sido necessário. Aspen voltou ao status quo e manteve-se calado. Ela teria adorado ouvir sobre sua trajetória de vida, seus sonhos e ambições, o que planeja para a Togepi no futuro... mas ao invés disso ele colocou a frente sua crença, de novo. Quantas vezes mais Aspen terá de perceber que nem todo mundo é ou estará adepto as suas ladainhas? Arceus pode ter diversos significados e convenhamos que talvez descobri-los seja parte de sua verdadeira jornada, afinal.
No entanto, a apatia se tornou orgulho.
Aspen recolhia Togepi dos braços da mulher e disfarçando todo o arrependimento retirava-se educadamente dando um pretexto para que ela não pudesse perceber a sua amargura. Pobre Aspen... quem dera se sua vida não fosse servir fielmente a uma vertente Arceísta tão medieval. Remover a pokémon do seu colo fez com que Erika captasse que, naquele momento, Togepi estava fadada a virar tamanho instrumento de fé tanto quanto o próprio treinador. Ela só não podia sentir até que ponto a pequenina estaria feliz fazendo isso; "infelizmente não é problema meu", imaginou receosa do destino final.
Naquela noite Aspen teve apenas a companhia da Togepi. Seu coração amargurado vivia refém da sua mente doutrinadora, mesmo assim exibia o clássico sorriso no rosto esperando que todos acreditassem na figura de bom menino. Quando os fogos de artifício estouraram no céu, Togepi os celebrava com muita alegria e confirmava o palpite de Erika, afinal. Após as festividades os convidados foram lentamente indo embora, não antes de Aspen que depois da queima de fogos se despediu dali sem que ninguém tivesse percebido, ou ao menos foi o que ele imaginou. De longe, Erika o observava partir, não era possível definir o que sentia naquele momento, mas ela o acompanhou com os olhos até que sua figura sumisse no horizonte. Curiosamente, enquanto saia, Aspen ainda podia sentir aquele maravilhoso perfume como se estivesse o acompanhando numa doce, porém dolorosa possível despedida.
— ... Glorioso.
- Spoiler:
- Notas: Bom, eu usei o dado de NPC pra fazer um evento mais slice of life pq sim. Acho que para a Felicidade da Togepi conta como um "momento especial" o que dá 10 pontos de Happyness, mas posso estar enganado, whatever.
- Dado NPC
Ártemis
Aprovado
Acho que é a primeira vez que leio um evento seu, admito que estou encantada com sua escrita, você consegue descrever o cenário e as emoções perfeitamente bem. Lamento pelo encontro talvez meio desajeitado com Erika, terá outra oportunidade mais pra frente, certeza. Boa sorte jovem arceista!
Última edição por Ártemis em Sáb Jan 13, 2024 9:04 pm, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Ártemis)
Ayla Akatsu
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