✄ Cidade de Pallet - (Noite)
Media da Equipe: 07
(7,8,6,12,6,6) [7,5]

O sol já estava se pondo quando Albedo atravessa os portões do parque. Ele não pretendia chegar tão tarde no local, mas acabou não tendo escolha. Como estava com um slot a mais no time e iria dar uma volta no parque, o garoto decidiu incluir Happiny na equipe. Assim, a pequena poderia se divertir também no passeio e brincar com outros pequenos que viviam por ali. Pelo menos era o que queria, já que Happiny poderia ser de excelente ajuda no futuro. Essa pequena ideia o fez desviar de volta para o Centro Pokémon e então refazer todo o caminho, lhe custando um bom tempo, mas que talvez pudesse valer a pena no final.

Logo após entrar na grande cúpula de vidro, o pesquisador faz um carinho em Pidove que repousava em seu cabelo e então liberta o Pokémon cor de rosa. Os olhos de Happiny brilham quando percebe que estava em um novo ambiente e a pequena rapidamente começa a caminhar animada pela estrada de terra. Albedo seguia a pokémon normal por onde ela ia, apenas garantindo que não fosse sair da estrada principal e nem que fosse mexer com qualquer selvagem potencialmente perigoso. Devido ao horário, o garoto sabia que não encontraria muita coisa para fazer e nem ninguém importante. Por um lado aquilo seria bom, Happiny teria todo o tempo para brincar, enquanto por outro, aquela viagem só se resumiria a apenas aquilo.

Conforme o tempo ia passando, mais e mais pessoas iam indo embora, até o pesquisador ficar praticamente sozinho ali dentro. Aquilo não o incomodava e tão pouco parecia incomodar seu pokémon baby. A bolinha parecia estar ainda mais feliz por ter menos pessoas ao redor, principalmente por poder correr de um lado para o outro sem esbarrar em ninguém. Em uma dessas corridinhas da pequena, Albedo aproveita para acompanhá-la em um canteiro de flores e pegar um pouco de néctar que as plantas produziam. Mesmo o vento do lado de fora indicando que o inverno estava próximo, a temperatura do parque permanecia bem amena, possibilitando a coleta do néctar o ano todo.

Após guardar o frasco, Albedo fica observando Happiny colher algumas flores e se senta no chão dando todo o tempo que a Pokémon precisasse. Depois de pegar algumas, ou melhor, de pegar todas que conseguia carregar, a pequena as entrega ao seu treinador, o surpreendendo. O garoto sorri e faz um carinho na pokémon como forma de agradecimento pelo presente. Enquanto guardava as flores na mochila, um flash de luz passou por eles, cegando o pesquisador por alguns segundos. Visto que o parque é uma reserva ecológica, era natural que não houvesse lâmpadas espalhadas, tendo apenas algumas localizadas. Aquela movimentação fez tanto o Albedo quanto o Pidove se alertarem, pelo menos até perceberem que se tratava de um patrulheiro ranger. O rapaz uniformizado desliga a lanterna e se aproxima lentamente.
— Desculpe… o parque acabou de fechar… não esperava ver ninguém… por aqui! — Diz ele quase que tremendo na voz. — Ha… você tem autorização para estar aqui… certo? — Quanto mais ele falava, mais Albedo percebia o medo que ele estava sentindo.
— Claro… — Responde sem muita emoção no tom. O pesquisador pega sua documentação de pesquisa, juntamente do distintivo da polícia e mostra para o agente.
— Oh! Um pesquisador policial! — Exclama o ranger com bem mais confiança. — Realmente sinto muito por te assustar e claro, atrapalhar! — A voz do agente volta ao que seria seu estado normal em um misto de alívio. — É a primeira vez que patrulha a noite por aqui e já recebi uma ocorrência de invasão hahaha! — Ele volta a ficar nervoso mas tenta contornar com uma risada antes de olhar ao redor.
— Relaxa, caso eu veja algo anormal eu te aviso… Ou melhor, o que acha de ajudar-lo? — O pesquisador olha para cima em direção ao seu companheiro pombo.
Pidove emite um piado mais animado e com uma batida de asas sobe ainda mais ficando bem acima deles, mas rapidamente retorna pousando no cabelo de seu treinador.
— Boa tentativa, mas você não vê direito no escuro… — Diz Albedo tirando sarro do voador e rapidamente é respondido tendo uma mecha do cabelo puxada pelo bico do pássaro. — Ai! Calma, calma… — O garoto faz carinho na ave até ela soltar os fios.
A situação faz o agente ranger rir, tirando um pouco a tensão que estava sentindo.
— Agora, você sabe onde exatamente começou essa ocorrência? — Pergunta o pesquisador já com um tom mais sério.
— Claro! Só me seguir! — Fala bem mais confiante.
Ligando novamente a lanterna, o ranger aponta a luz para o meio do mato e começa a seguir na mesma direção. Albedo rapidamente pega Happiny, que permanecia se escondendo atrás de suas pernas, e a coloca no colo. O agente espera o pesquisador se aproximar e então juntos eles caminham por entre as árvores em uma direção mais ao leste.

Tirando pela visão preta que tinham do parque por conta da lanterna os ter desacostumado com a luz natural. O resto do caminho acabou sendo bem tranquilo. Visto que a população da área era controlada, eles não avistaram muitos Pokémon e por consequência não tomaram tantos sustos. Diminuindo a velocidade dos passos, o Ranger para ao lado do que seria restos de comida. Ele aponta o feixe de luz para as frutas meio comidas e depois começa a girar a lanterna ao redor enquanto explicava.
— Essas frutas não fazem parte da dieta dos Pokémon daqui e simplesmente surgiram… a outras pilhas semelhantes em outros pontos. O que mais chama atenção é que estão praticamente todas meio comidas…
Antes do agente poder continuar, Albedo pega a mão dele e retira a lanterna, a desligando logo em seguida.
— Um, assim você literalmente mostra sua localização para quem quer que esteja perseguindo… Dois, a luz artificial só faz você focar em um ponto, podemos estar perdendo detalhes muito mais importantes aqui… — Fala o pesquisador tentando ao máximo manter sua voz calma e baixa, mesmo estando claramente bravo com toda aquela dança de luzes.
O Ranger pede desculpas e recebe o item de volta, dessa vez pelas patinhas de Happiny que segurava o objeto enquanto seu treinador falava. Voltando a se focar na situação, o garoto tenta se acostumar com a luz natural mais uma vez e começa a procurar algum tipo de pista ao redor. De cara ele já encontra perto de uma árvore um pequeno bulbo fresco, não era exatamente um pista, mas sim um item interessante. O pesquisador colhe o item com a ajuda de Happiny e o guarda para olhá-lo com mais calma mais tarde.

Eles passaram quase trinta minutos andando pela área e embora tivessem encontrado algumas migalhas espalhadas, nada parecia levar a algum lugar. Albedo se senta encostado em uma árvore enquanto Pidove pousava em um dos galhos. Não muito longe deles, o Ranger e Happiny andavam juntos enquanto a pequena parecia se divertir com a situação toda. Ela pulava o tempo todo, até que em um momento, a mesma apenas retorna até seu treinador e simplesmente deita para dormir. Quase como se a bateria tivesse acabado do nada. O garoto acaba não contendo uma risadinha e então retorna a Pokémon Baby. Ele para alguns segundos para olhar a pequena pelo visor avermelhado e isso acaba lhe dando uma ideia. Rapidamente ele guarda a esfera da monstrinha e pega outra do bolso. Levantando-se e indo em direção aos restos, Albedo liberta Growlithe para tentar uma última coisa. Assim que o canino tem a noção de onde estava, o garoto lhe pede para tentar rastrear os responsáveis usando o olfato. De imediato, o pokémon de fogo começa a cheirar ao redor da comida tentando localizar, no meio do odor da comida, algum rastro que pudesse ser útil. Mais alguns minutos se passam com o cachorro rondando até que finalmente ele aponta com o focinho para uma direção e começa a caminhar.

Growlithe aos poucos ia acelerando os passos conforme iam avançando, quase como se dissesse que o alvo estava se movendo. Pelo menos era o que dava a entender, até o canino saltar sobre alguns arbustos e começar a latir para duas pequenas sombras. O ranger vai na frente abrindo espaço por entre a folhagem para que o pesquisador pudesse se aproximar de seu pokémon e assim conseguir ver do que se tratava. Era apenas uma dupla de pokémon composta por um Teddiursa e um Morpeko que estavam comendo uma pilha de frutinhas. Atrás deles era possível ver um vidro quebrado da estrutura do parque, indicando por onde os delinquentes haviam entrado.
— Foi menos complicado do que eu imaginei… — Fala o pesquisador praticamente desapontado. — Mas, pelo menos achamos um pokémon migratório, o que significa que eu posso assumir daqui!
Revirando seus bolsos, Albedo pega a Pokéball de Pidgey e então liberta o voador. Sua movimentação faz a dupla de selvagens entrarem em alerta, até que ambos se veem de frente com outros dois Pokémon.



— Growlithe foca no Morpeko primeiro, use Double Kick! Pidgey ataque ambos com Swift!
Sem perder tempo, o canino de fogo avança para perto do roedor elétrico e salta para trás dele. Enquanto o pequeno se virava, o cachorro se apoiava nas patas dianteiras e com as duas traseiras da uma sequência de chutes no oponente. (Double Kick) As duas pancadas fazem Morpeko cambalear para trás o desnorteando por alguns segundos. Assim que o ratinho se recupera, ele mira no pássaro cor de rosa e claramente sabendo da sua vantagem, libera uma boa carga de energia na direção dele (Thunder Shock) O clarão não só fez todos ali ficarem cegos brevemente, como também causou um bom dano no Pokémon voador.

Uma leve corrente de eletricidade percorre pelo corpo de Pidgey, mas ele logo a dissipa batendo as asas mais fortemente e voando ainda mais alto. Estando mais estabilizada no céu, a ave invoca uma boa quantidade de estrelas ao seu redor e com um único movimento das asas, dispara todas contra os dois oponentes. (Swift) O golpe acerta de forma certeira os Pokémon enquanto desviava com maestria de Growlithe. Graças ao primeiro golpe do canino, Morpeko não resiste ao dano e cai no chão inconsciente, sobrando apenas o ursinho. Teddiursa por sua vez, aproveitava que todos estavam olhando o ratinho cair e sobre em uma das árvores próximas. No momento em que consegue a sua oportunidade, ele salta para cima de Pidgey e depois de piscar para ele no meio do salto, usa seu corpo para jogar o voador no chão causando ainda mais dano no pequeno. (Covet)


— Rápido Growlithe, finalize ele com Double Kick! — Devido a experiências anteriores com aquele urso, Albedo sabia muito bem que só mais um ataque resolvia.
O pokémon de fogo corre até os dois recém caídos e com o corpo afasta Teddiursa da sua companheira. No momento em que se afastaram o suficiente, o cachorro novamente se equilibra nas patas dianteiras e chuta o oponente duas vezes. (Double Kick)
Assim como tinha previsto, o ursinho cai no chão desmaiado logo após receber o golpe. Albedo não perde tempo e tirando duas Pokéballs da mochila, as lança contra ambos os Pokémon caídos. As duas esferas sugam seus respectivos alvos e depois de balançarem por um tempo brilham em tom de verde, concluindo assim as capturas.



No momento em que ambas as esferas param, o garoto rapidamente retorna Pidgey para que a mesma pudesse ter um breve descanso até chegarem ao Centro Pokémon. Vendo a pequena dormindo pelo visor da Pokéball, Albedo começa a se acalmar, pela primeira vez quase perdeu um de seus membros do time. Ele então a guarda no bolso e recolhe os outros dois novos monstrinhos. Como Growlithe nem havia sofrido um único arranhão, o canino permaneceu livre para que pudesse fazer companhia tanto a seu treinador quanto a Pidove.

Enquanto o pesquisador guardava tudo o que havia conseguido do combate, o Ranger ligava para a central informando sobre o buraco na estrutura. Agora que a situação estava controlada, o rapaz parecia bem mais calmo e tranquilo para seguir adiante com a vigia. A ligação dura por um bom tempo, mas assim que percebe que Albedo já estava pronto para seguir seu caminho, o agente faz uma pequena pausa na chamada e ambos se despedem.

....

✄ Cidade de Pallet - (Noite)
Media da Equipe: 08
(7,10,6,12,6,6) [7,8]

Agora que o mistério do monte de comida estava resolvido, Albedo se vê novamente na escuridão do parque, sem muito rumo. Growlithe lhe acompanhava, mas não demora muito para o pequeno começar a dar sinais de cansaço. O pesquisador o retorna para a sua esfera permitindo que o canino pudesse ter seu devido descanso e adormecer tranquilamente. Pelo horário, era normal que todos fossem dormir, até Pidove já estava aconchegado no cabelo do garoto, prontinho para apagar. Nessa hora, ele se lembra do Noibat que lhe acompanhava na base policial, o morcego passava a noite toda fazendo companhia e só ia dormir quando o resto do time acordava. Era rara as vezes em que ficava sozinho naquele lugar.

Caminhando por uma das estradas do parque, o pesquisador aproveita o silêncio da noite para relaxar um pouco. Dando um leve suspiro, ele retira o pombo quase adormecido da sua cabeça e o aconchega entre os braços. Não demora muito para a ave adormecer e Albedo usa o seu tempo, praticamente sozinho, para observar algumas plantas do local. Tirando as plantas que encontrou anteriormente, não parecia ter mais nada que pudesse colher ou pelo menos pegar uma amostra para levar ao laboratório. Sem muito sucesso em sua busca, ele desiste e decide tentar novamente para o dia seguinte quando houvesse mais luz na estufa. Por enquanto seria apenas perda de tempo.

Albedo se dirige para uma das zonas mais fechadas e repletas de árvores enquanto ponderava se deveria ou não sair do parque e voltar quando amanhecer. Mesmo que a ambientação fosse mil vezes melhor durante a noite por conta do silêncio, a falta de iluminação e até movimentos dos Pokémon era um problema. Se ele quisesse estudar os monstrinhos, os mesmos deveriam pelo menos aparecer. Felizmente, seus olhos acabaram localizando um item interessante em alguns galhos de árvore. Colocando Pidove dentro da mochila com o zíper aberto, o pesquisador começa a escalar uma das plantas. Assim que consegue chegar na altura que queria, ele observa o ninho vazio e solta um suspiro frustrado por não encontrar nada além de uma pena. Apanhando o item, ele se senta no galho e guarda o item próximo ao pombo adormecido.


Tomando cuidado na descida, o garoto joga seu próprio corpo para baixo e geme de dor no momento que sente o impacto do chão em suas pernas. Ele estremeceu ao lembrar que ainda precisava se exercitar mais antes de sair se aventurando, seu corpo não estava muito acostumado com o esforço e não suportava muito mais que segurar algumas caixas de amostras. Levando alguns segundos para se recompor, Albedo congela ao ouvir algumas plantas serem quebradas bem próximo a ele. Um feixe de luz é apontado para ele, quase o cegando e ele escuta uma voz agradecendo por não ser um pokémon selvagem.
— Céus, que susto… — A luz pisca algumas vezes e ia diminuindo de intensidade até revelar que sua fonte era um Magnemite usando seu olho. — Jovem, você tem permissão para estar aqui? — A voz vinha do homem loiro ao lado do Pokémon elétrico.
Colocando a mão no bolso, o pesquisador retira tanto o seu distintivo quando o Pokéradar sem dizer uma única palavra, sabendo que aqueles itens seriam o suficiente.
— Ah! Um novato! Bem vindo! — A expressão do homem muda completamente para um estado mais alegre. — Meu nome é Ren, sou um dos responsáveis pelo local! E esse é François, meu assistente! — Ele aponta para Magnemite na última parte e o imã praticamente dá de ombros com a apresentação.
— É um prazer, eu sou Albedo! — Com uma mão no peito, o garoto faz uma reverência e então se vira apenas o suficiente para que Ren percebesse o pombo em sua mochila. — Esse é meu assistente, Pidove. — Mantendo a voz baixa, ele apresenta o pokémon e então ajusta sua postura.
— Oh! Desculpe. — Ren abaixa seu tom de voz assim que percebe o monstrinho adormecido. — Eu ficaria muito feliz em te levar para o laboratório do parque, mas eu tenho algumas tarefas para terminar ainda… — A voz do pesquisador morre quando ele parece se lembrar de alguma coisa e seu corpo estremece antes dele continuar. — Mas se você seguir pela estrada principal e passar o morro do centro, vai achar a construção, lá é bem mais iluminado então não vai ser difícil encontrar.

Albedo agradece pela informação e já ia se virando quando reparava em uma mancha branca, não muito longe deles. O ser repara que estava sendo observado e lentamente começa a se aproximar. Ren percebe a para brunca do garoto e lhe toca o ombro, assustando o mesmo. Ambos os pesquisadores vêem uma figura branca andando em sua direção e assim que saí do meio da mata, a silhueta de um Absol fica clara. Um frio passa pela espinha do homem loiro e o jovem pesquisador podia sentir isso por conta do contato em seu ombro.
— Vamos garoto, ontem eu já tive muito azar… não dá pra me dar uma folga hoje? — Choraminga o mais velho, indicando que conhecia o Pokémon.

A criatura noturna apenas fica encarando os dois como se só estivesse em vigia. A beleza de Absol deixava Albedo fascinado, ele nunca tinha visto um pessoalmente, apenas em livros e lendas. Ignorando Ren tremendo ao seu lado, o pesquisador se aproxima lentamente do Pokémon. Para a sua surpresa, o monstrinho branco permanecia parado e começou a olhar nos olhos do garoto quando ele se abaixou para terem a mesma altura.
— Qual o problema? O que você veio avisar? — Perguntou mantendo sua voz baixa.
O Pokémon olha para Ren brevemente e então retorna a encarar Albedo nos olhos. A movimentação de Absol parecia querer comunicar alguma coisa, mas como não conseguia falar ficava difícil adivinhar apenas com aquilo.
Ciente das lendas e do tabu que circulavam o monstrinho, Albedo se oferece para acompanhar o pesquisador mais velho. Alguma coisa dentro dele sabia que a constante vigia do noturno significava que ele estava tentando alertar alguma coisa. O garoto só não sabia dizer o que era ainda.

Seguindo na frente, Magnemite usava seu olho para iluminar o caminho enquanto Ren andava atrás dele. O homem claramente tremia e ficava repetindo para si mesmo que “eram apenas Misdreavus”, claramente apavorado com o que quer que fosse fazer. Levando em conta o nome do Pokémon que o colega vivia repetindo, não foi muito difícil para ele entender o medo do pesquisador pelos fantasmas, era só uma questão saber o motivo para aquele pânico. Albedo olha para Absol que os seguia a uma boa distância, mas que estava sempre ali. O garoto se questiona se os dois casos não estavam conectados, mas não fez nenhuma pergunta e só acompanhava o representante do parque.

Tirando a tremedeira de Ren, nada parecia anormal por onde passavam, pelo menos até o Pokémon noturno pular na frente deles. O pesquisador mais velho dá um pulo com a movimentação repentina, mas assim que se recupera, ele começa com um sermão contra Absol. A criatura branca fixa seu olhar para o garoto atrás dele e imediatamente o treinador entende seu apelo.
— Vamos Ren, se acalme… — Fala em tom baixo, se aproximando deles. — Ele está tentando dizer alguma coisa…
Albedo olha a floresta a sua frente e nada parecia de diferente.
— O que exatamente você precisa fazer? — Pergunta para o outro pesquisador.
O homem abre sua mochila e retira dela uma caixa com ração e berrys.
— Alimentar as Misdreavus, mas desde ontem eu não consigo me aproximar… — Ele suspira antes de olhar para Absol. — Primeiro é esse daqui que não me deixa avançar, depois que passo dele um monte de coisa começa a voar contra mim me impedindo de continuar. — Olhando para o chão envergonhado ele prossegue. — Chrysa diz que eu estou louco por achar que as coisas só estão flutuando, mas eu tenho certeza que tem algo paranormal aqui! — Completa indignado e apontando para a floresta à frente.
Albedo levanta uma sobrancelha e luta para conter uma risada.
— Ali é a área das Misdreavus? — Pergunta apenas para confirmar sua hipótese. Assim que Ren lhe responde sim, ele continua. — Então não tem nada flutuando… são só as Misdreavus ou lhe pregando uma peça… — Ele olha para Absol. — Ou estão pedindo para você ficar longe.
Alguma coisa parece fazer sentido na cabeça do pesquisador mais velho. O garoto aproveita que o homem digeria o que lhe foi dito e se abaixa para ficar na frente do Pokémon noturno. Novamente os dois se encaram e ficam assim por alguns segundos.
— Eu sei que você quer falar alguma coisa, mas não adianta só seguir a gente… Tem alguma coisa que você possa nos mostrar? Alguma dica?
O pokémon corta o contato visual e assentiu com a cabeça. Lentamente ele se vira e segue para dentro da floresta em uma outra direção. Antes que pudesse sair de vista, ele olha para trás esperando os dois pesquisadores. Olhando rapidamente para Ren, ambos concordam com a cabeça e seguem a criatura branca por entre a mata.

Fazendo um longo contorno pela área das Misdreavus, Absol seguia cauteloso e sempre se afastava quando percebia que algo se aproximava, ou era pelo menos o que Albedo deduzia. Ele só conseguiu alguma prova quando libertou Poochyena, o canino farejava o ar e rosnava sempre em direção ao centro antes de se afastar junto do outro noturno. Quase chegando a outra extremidade da área, o Pokémon branco para e fica encarando uma direção. O pesquisador tenta encontrar o que o monstrinho indicava, mas seus olhos não pareciam potentes o suficiente. Felizmente, Ren tira um binóculo da mochila e enfim eles encontram o que estava acontecendo.
— Arceus… são ovos! Não é atoa que estavam sendo tão territoriais… — Exclamou o loiro pegando o celular e largando o item de observação. — Vou avisar Chrysa!
Deixando ele fazer o seu trabalho, o garoto acaricia Poochyena lhe agradecendo a ajuda e lhe entrega um dos doces que tinha na mochila. Assim como da outra vez, a hiena devora o item e se sacode toda, completamente feliz com a guloseima. O pesquisador também faz um agrado no peludo branco e o mesmo apenas se senta ao seu lado.

Finalizando seu relato para a outra pesquisadora, Ren se senta no chão já exausto de tanto caminhar. Ele pega a caixa de comida e começa a resmungar que teria que distribuir os itens ao redor da área para que os fantasmas pudessem pegar sem se sentirem ameaçados. Albedo apenas se senta ao seu lado lhe dando tapinhas nas costas e tenta o encorajar a terminar o trabalho. De repente, tanto Absol quanto Poochyena entram em um estado de alerta, mas eles logo relaxam quando um Misdreavus se revela no ar. O fantasma se aproxima lentamente do grupo, como quem dizia que estava em paz. Ele vai até o pesquisador loiro e ignorando a tremedeira do homem, ele pega a caixa que ele segurava. O pokémon azulado se afasta deles indo em direção ao ninho e some no ar fazendo a caixa parecer apenas flutuar.
— Como eu disse, Misdreavus assim como todo fantasma consegue sumir no ar, nunca teve itens voando do nada. — Dizia enquanto tranquilizava o companheiro.
— Você realmente é bem esperto para um iniciante… — Fala Ren enquanto olhava a caixa ia sumindo de vista.
— Minha mãe é cientista e meu pai explorador… sempre tive acesso não só a livros como a laboratórios e pesquisas… — A voz dele ia sumindo conforme ia lembrado dos dois e o peso de não saber onde estavam.
Ren fica alguns segundos em silêncio antes de tentar puxar outro assunto.
— E o que você sabe sobre Absol’s? Sempre me foi dito que atraiam azar e desastres… mas você não parece ter medo deles.
Albedo sorri quando se recorda do livro de lendas antigas que tinha lido, uma delas falava justamente sobre o pokémon noturno. Se encostando na mesma árvore que Ren estava, o pesquisado pega com cuidado seu caderno de anotações na mochila, evitando ao máximo tocar no Pidove adormecido.

Relatório - 03 ✄

Titulo: Origens do Azar - Absol
Data: 19.06.2024
Espécie Estudada: Absol
Pesquisador Responsável: Albedo Caramel - Ren
Campo de Pesquisa: Origens Pokémon

Por muitas vezes eu já ouvi diversas pessoas afirmando que um simples Pokémon dark poderia causar os mais diversos desastres, ou simplesmente atraí-los. Absol é um monstrinho muito majestoso e que carrega consigo uma grande quantidade de mitos e mentiras, a maioria delas inclusive, já sendo desmentidas por diversos pesquisadores ao longo dos anos. Mas é claro que uma má notícia se espalha muito mais rápido do que uma boa e isso deixa a criatura à mercê de um pré julgamento, que sejamos honestos, bem injusto e precipitado. A forma mais simples de explicar esse mal entendido, é voltando no passado, analisando sua lenda e qual o caminho percorrido por ela para o fazer ter essa fama. Lentamente tudo ficará fácil de entender tanto a lenda em si quanto o peso atual dela, conforme os pontos forem surgindo.

Um Mal Olhar

Originário da região de Hoenn, Absol é um Pokémon com uma aparência bem peculiar, não é atoa que sempre chama muito a atenção. Seu rosto fino quase sendo uma fusão de humano com besta, olhos extremamente vermelhos e um longo chifre sendo exibido na cabeça. Sua pelagem é completamente branca com um grande volume em seu pescoço e peito. Tem uma pequena cauda azulada que se parece muito com seu chifre, seguindo até o aspecto de foice. O corpo se assemelha muito ao de um felino, tendo suas movimentações graciosas e precisas. Em contraponto, suas três grandes garras azuis são sempre exibidas como as de um canino, além é claro de seus pés grandes e robustos. O Pokémon em si parece ser uma grande mistura de várias partes e como sabemos, aquilo que é diferente e mal definido é visto com maus olhos. De longe o que mais se destaca nas lendas antigas é justamente sua mancha na testa, muitos a confundem com algum pedaço do símbolo do equilíbrio (ying-yang), mas na real, ele acaba tendo outro significado muito mais profundo do que só uma referência.

A lenda se passa justamente em sua região natal, no arquipélago de Hoenn. Em um passado muito antigo, onde humanos e Pokémon lutavam entre si para sobreviver e garantir seu próprio espaço. Numa época em que as cidades nem eram vilas ainda e o pouco que a humanidade conseguia se estruturar não durava muito antes de ser devastada por brigas de território, tanto entre si quanto com os próprios monstrinhos.

Lendas Passadas
A história começa com uma líder de clã chamada Emerald. Seu pequeno grupo vivia de forma nômade por toda a costa da região e raramente ficavam muito tempo em um só lugar. As constantes mudanças eram feitas justamente por conflitos, em sua maioria entre os Clãs Ruby e o Clã Sapphire. Os dois grupos lutavam muito entre si por espaço, cada um defendendo seu ideal e se glorificando quando pegavam um pedaço do outro. Emerald fazia o possível para evitar estar no meio do confronto entre eles, mas às vezes era inevitável, forçando todos de seu próprio clã a saírem da área de conflito.
Com o passar do anos, essas lutas se intensificaram ao ponto de seu clã se desmanchar, com cada membro seguindo para um outro lado e se unindo a causa que mais lhe fosse benéfica. Foram poucos os que permaneceram ao seu lado e com toda a coragem que tinham se colocaram à disposição para lutar por terras também. Mas Emerald não desejava guerras, ela apenas queria a paz, não só entre humanos como também com Pokémon.
Em uma noite, a líder sem muito rumo se dirigiu em direção a uma montanha próxima, pensativa em como poderia resolver aquilo, ela implorava para que Rayquaza pudesse a ajudar. Para a sua surpresa, ou enviado como um sinal, um Pokémon completamente branco surge entre as pedras, no meio de seus pedidos. Seus olhos vermelhos brilhavam mais que a lua, mas por mais ameaçador que parecesse, seu rosto mostrava calma. A criatura não parecia agressiva apenas de sua aparência e sua postura era elegante demais se comparada a de outros selvagens.
Emerald se aproximou do ser, quase como se ele a chamasse e de fato ele estava. Com os olhos fixados na garota, o Pokémon parecia passar informações para ela e inúmeras informações começavam a passar pela mente da jovem. Por alguns segundos ela jurou ver um terceiro olho vermelho na testa da criatura, mas assim que desviou para ver melhor, o membro pareceu sumir, como se nunca estivesse ali.

Já era de manhã quando Emerald desceu da montanha até as poucas cabanas que seu povo tinha. Juntando todos que podia, eles começaram a reunir alguns materiais e principalmente frutas. Começando dos menores para os maiores e mais poderosos, o clã Emerald começou a crescer e a tomar força graças ao seu trabalho conjunto com diversos Pokémon. Ela demorou muito para escolher um nome digno para aquele Pokémon misterioso, mas ela precisava que todos soubessem. Se não fosse por Absol, ela nunca teria tido a coragem e nem o conhecimento para começar a fazer amizade, tanto com os Pokémon a sua volta quanto com os próprios humanos.

Desde então, é dito que os céus mandam seus mensageiros para guiar as pessoas e garantir sua segurança. A aparição de um Absol só significa que algo irá acontecer e ele está ali para alertar. Ele por si só não causa nada, ele apenas sente. Sente o vento alterando, a natureza falando, os Pokémon se movendo. Ele apenas sente e tenta avisar todos. Embora a maioria não saiba de sua origem e sua aparência não ajuda em nada em sua reputação. Absol é um Pokémon extremamente calmo e protetor, ele apenas faz o seu trabalho da melhor forma que consegue, mesmo que ele pegue para si essa fama de atrair o azar. Desde que as pessoas saiam do local, ou fiquem em alerta, ele já considera que seu trabalho está feito.

E talvez, só talvez… as asas de sua mega sejam uma forma que os céus conseguiram de o fazer parecer o que ele realmente é…

Palavras: 997
✄

— Uau! — Exclama Ren pegando o caderno que lhe é oferecido. — Primeiro, olha esses desenhos! Segundo, isso daqui é perfeitamente um relatório! E você o fez rapidinho enquanto explicava! — A empolgação do homem era tanta que ele nem se preocupou em falar baixo.
Absol e Poochyena que estavam deitados na frente deles, erguem a cabeça em um estado confuso, mas logo voltam a se aconchegar quando percebem que era apenas um sinal de felicidade.
— Aqui! — Fala retornando o volume da voz a um sussurro. — Considere como um relatório oficial!
Ele entrega os itens comuns de recompensa e mais duas gemas noturnas, além é claro do caderno já sem as páginas do report. A felicidade dele era tanta que ele mal repara na caixa sendo devolvida e só se dá conta quando uma Persim Berry lhe é entregue por uma Misdreavus. O homem olha confuso para o item mas o agradece antes do fantasma retornar para os outros no ninho.
— Acho que é só um pedido de desculpas. Algo como “Desculpa pela confusão” — Fala Albedo já se levantando
Ren começa a rir pelo trocadilho que o garoto fez e também se ergue para o acompanhar até o laboratório.

Enquanto eles caminhavam mais tranquilos pela floresta de volta para a estrada do parque. Albedo não consegue evitar de olhar para trás, dando um último adeus silencioso para Absol.  O noturno permanecia parado, tendo apenas sentado, os olhando ir. Algo em seu olhar parecia confortar o pesquisador, quase como se dissesse “obrigado”.

....

✄ Cidade de Pallet - (Dia)
Media da Equipe: 09
(7,10,8,12,6,12) [9,1]

Assim que havia conseguido resolver tudo o que precisava em Novus no dia anterior, Albedo rapidamente retorna para o Parque com uma pequena alteração no time. Desde que tinha feito o reporte de Absol, o pokémon não saía de sua cabeça. Felizmente, uma de suas novas aliadas, que conheceu na grande cidade, tinha um filhote desse monstrinho noturno e prontamente eles fizeram uma troca. Agora, era só uma questão de tempo e muito carinho para que a bola de pelos brancos pudesse crescer e se tornar um magnífico Absol.

Comprimentando os Ranges do portão, o pesquisador sente Pidove pousar no seu cabelo. Embora o teto do parque fosse alto, o pombo ainda não gostava de ficar voando por ali, preferindo ficar ao lado do garoto o tempo todo, no conforto de seu quase ninho. Diferente da sua última visita, o ambiente estava bem mais movimentado por conta do horário. O que antes era tranquilo e escuro, agora era agitado e banhado pela luz solar. Dessa vez Albedo fez questão de acordar cedo e ir direto para o parque, garantindo estar com o time certo para não ter qualquer desvio.

Evitando ficar muito tempo nas áreas comuns, ele segue em direção ao laboratório, que Ren lhe havia mostrado da última vez. Não era sua ideia ficar na construção, apenas sabia que a zona ao redor dele era mais tranquila, principalmente para observar os Pokémon selvagens e quem sabe encontrar outros pesquisadores. Aproximando-se da instalação, o pesquisador desacelera o passo já percebendo a diferença ao seu redor. Estava muito mais silencioso ali do que na entrada e já era possível avistar alguns monstrinhos passeando sem serem assustados pelos turistas.

Tirando a estrada principal, todo o resto do parque era bem mais calmo e o fato do ambiente ser controlado, dava um ar ainda mais agradável por conta da temperatura estável. Agora que estava tudo tranquilo, Albedo liberta seu novo Pokémon, o Baby Absol. O pequeno olha ao seu redor e dá algumas cheiradas no ambiente, ainda confuso com sua localização. Não percebendo nenhum perigo, ele se virou para o seu treinador, mas ainda parecia confuso com seu chamado. O garoto afaga o monstrinho, lhe garantindo que aquilo era só um passeio e que não tinha nada para o noturno se preocupar. Absolzinho abana o rabo, mas não dava outros indícios de felicidade. O pesquisador apenas conclui que aquilo fazia parte do charme do Pokémon, embora ele quisesse muito ver um lado mais animado e fofo do noturno.

O som dos outros Pokémon sempre pareciam muito distante deles, os poucos que estavam próximos, eram bem mais silenciosos e eles só percebiam sua presença quando os avistavam. Felizmente todos eles eram amigáveis e não demonstravam nenhum sinal de agressividade ou de ataque, permitindo não só um passeio tranquilo, como também deixavam Albedo se aproximar o suficiente para fazer algumas anotações. Ele estava bem contente em finalmente poder observar os Pokémon em um estado mais selvagem sem nenhum risco.

Enquanto anotava o máximo que podia em seu caderno, ele nem repara em Pidove saindo de sua cabeça. A ave voa até a raiz de uma árvore e começa a cavar alguma coisa. O pequeno Absol observa o pássaro e o segue, curioso para ver do que se tratava. Com um puxão usando seu bico e com a ajuda do noturno cavando o resto de uma forma bem mais rápida, o pombo retira um bulbo fresco da terra. Os dois monstrinhos retornam para o seu treinador e entregam o item recém colhido. Albedo fica bem orgulhoso por eles terem achado o item, ele já estava acostumado com Pidove recolhendo recursos, não era atoa que era seu melhor assistente, mas Absol havia sido uma surpresa. O garoto sorri quando começa a pensar na possibilidade da ave influenciar o filhote e quem sabe futuramente ter dois Pokémon lhe ajudando na busca de encontrar ingredientes e amostras.


Enquanto sonhava com aquela possibilidade, o grupo de Oddish que observava, se retira do local indo todos para uma mesma direção, quase correndo. O baby Absol entra em estado de alerta ao sentir o cheiro de algo novo se aproximando de forma rápida. Albedo volta à realidade percebendo a agitação dos monstrinhos e olha na direção que o noturno encarava.

No meio da vegetação, uma mulher de cabelos vinho começa a emergir. Seu rosto claramente demonstrava preocupação enquanto seus passos mostravam estar com pressa. O pesquisador não precisava de mais sinais que esses para saber que tinha alguma coisa errada com a moça. Ele desliga um pouco esse seu lado investigativo quando ela se aproxima.
— Com licença, você não viu um pequeno pokémon marrom com um crânio na cabeça, passando por aqui? — Pergunta dando uma breve olhada ao redor deles.
— Cubone? — Albedo reconhece rapidamente a descrição, mas pergunta apenas para garantir.
Assim que a mulher lhe confirma a criatura, o garoto responde honestamente que não o tinha visto por ali. Ela suspira um pouco triste e depois de agradecer volta a caminhar apressada, virando a cabeça para todos os lados tentando localizar o Pokémon. Albedo retorna sua atenção para os seus próprios companheiros e ele pega Absol encarando o meio do mato. No momento em que percebe o contato visual do pesquisador, o noturno olha para ele nos olhos. Como já teve experiências anteriores com aquela espécie, o garoto já sabia dizer o que aquilo significava. Pegando o Baby no colo e deixando Pidove voltar para o seu cabelo, ele chama a moça tendo a certeza de que eles tinham pelo menos uma pista.

Andando por entre as árvores, Albedo contava com a visão de Pidove e os sentidos de Absol para encontrar qualquer sinal do Cubone perdido.
— Tem certeza? Não quero tomar mais do seu tempo. — Perguntava Talia.
Eles já estavam procurando há um tempinho e nesse período já haviam se apresentado. Talia cuidava dos Pokémon do Parque junto com Ren e outra pesquisadora. Seu foco era cuidar dos monstrinhos menores, os alimentando e brincando com eles para que crescessem saudáveis. Algo extremamente carinhoso na visão do pesquisador e isso era rapidamente explicado quando ela disse ser mãe.
— Não se preocupe, estou aqui mais a passeio do que a estudo. — Ele tenta tranquilizá-la mais uma vez depois de ter que responder quase a mesma pergunta algumas vezes.
Seguindo um pequeno rastro de lama em formato de patas eles adentram ainda mais na parte florestada do parque. De acordo com a moça, Cubone era o típico Pokémon que vivia se sujando, pulando em toda poça que via e se enfiando em montes de folhas. Isso fazia com que o pequenino precisasse ainda mais de banhos que os outros, principalmente porque as coisas viviam grudadas em seu corpo. Foi em uma dessas limpezas, quando o pequenino estava de olhos fechados e levando um jato de água, que ele levou um susto com um grito de algum Pokémon que voava acima deles. O espanto foi tanto que a criatura marrom apenas correu do local enquanto chorava de medo. Tirando a parte cômica, afinal eles estavam em um ambiente controlado, não tinha como ter predadores ali dentro. Albedo entendia o pânico do Pokémon, para a maioria dos seres, o momento do banho é praticamente uma forma de ficar vulnerável. Levar um susto nesse momento era muito mais apavorante do que em qualquer outra situação normal.

Percebendo a rigidez de Absol em seus braços, ele olha para o baby e repara que ele estava de olhos fechados. Emitindo o que parecia ser uma tentativa de rugido, o pequeno aponta para a direita, sinalizando que tinha localizado alguma coisa. O pesquisador nem discute e caminha na direção apontada, sabendo que o noturno era bem sensível às alterações do ambiente mesmo que não vivesse naquela área, ele saberia dizer quando alguma coisa estava diferente.

Não foi necessário andar muito na nova rota, eles rapidamente escutam um choro baixinho junto de algumas fungadas. No caminho a frente deles, Cubone andava de cabeça baixa enquanto ainda chorava, às vezes ele olhava ao redor dele como se procurasse alguma coisa.
— Vamos, não chore, você não está perdido! — Fala Albedo em um tom suave para não assustar o Pokémon.
Apesar da tentativa, o monstrinho ground pula ao ouvir uma voz atrás dele, mas sua expressão muda rapidamente assim que ele vê Talia. Largando seu ossinho no chão, ele pula no colo da moça e se desfaz em lágrimas. Albedo deixa os dois terem o seu momento de reencontro e aproveita para pegar o item deixado pelo pequeno, apenas para garantir que seria devolvido e não perdido. Depois de alguns minutos acalmando o Pokémon, ele finalmente adormece nos braços da mulher.

Retornando pelo mesmo caminho que vieram, o garoto já não sabia dizer exatamente onde eles tinham começado aquela busca, mas também não ligava muito. Agora que o Pokémon Ground estava com eles, ele pretendia apenas acompanhar a moça até a área que ela cuidava dos Pokémon e depois iria voltar para as suas observações. Ou pelo menos era o que pretendia até perceber que estavam indo para uma zona bem mais oculta do parque.

— Não sei como agradecer vocês pela ajuda… mas como você é pesquisador, acredito que vá gostar de ver isso! — Diz Talia enquanto se aproximavam de um cercado baixo.
A área era bem mais aberta que o resto da cúpula de vidro, sem muitas árvores ou pedras. Uma pequena cerca de madeira delimitava o espaço quase como um cercadinho e fazia bastante sentido visto o que tinha dentro. Vários Pokémon babys brincavam entre si e com alguns brinquedos simples, era possível ver também algumas de suas versões adultas apenas observando e cuidando dos filhotes. O local parecia um playground e possivelmente era, porém focado apenas nas espécies que viviam no parque.

Absol começa a abanar o rabo ainda nos braços de Albedo e embora a expressão no rosto do monstrinho fosse neutra, era óbvio que ele queria brincar também. O garoto solta ele no chão e o noturno fica apenas ao seu lado. A natureza do Pokémon não o permitia se juntar aos outros. O pesquisador cutuca Pidove no seu cabelo e a ave rapidamente entende o sinal. Voando até o baby, ele o toca com o bico e depois segue até o cercado. Absol permanece imovel, mas abandonado ainda mais o rabo. Com um piado do pombo, o noturno toma coragem e o segue para o meio dos outros Pokémon. Finalmente deixando sua teimosia de lado, a criaturinha branca rapidamente começa a se enturmar e junto do voador, eles começam a brincar com os outros Pokémon.

Talia retorna a sua rotina de cuidados com os pequenos e começa dando atenção para o que pareciam ter se machucado enquanto brincavam. Perto de onde ela deixava os equipamentos e os sacos de ração, Cubone estava adormecido em uma caminha redonda, feita sob medida para o seu tamanho. A cena fofa aquece o garoto que rapidamente pega seu caderno de anotações e começa a desenhar a cena, querendo mantê-la eternizada. Junto do monstrinho marrom, havia outra caminha que também estava ocupada. Um Magby dormia todo esticado com seu cobertor verde quase saindo da estrutura. O contraste do Cubone enroladinho e do pokémon de fogo to folgado fez o pesquisador estender o registro. Ele tomava todo o cuidado para desenhar os dois Pokémon sem acordá-los e sem faltar nenhum detalhe.

Acenando para Talia, Albedo se despede depois de uma longa tarde. Baby Absol já adormecia em seus braços e Pidove estava sonolento em seu cabelo, os dois praticamente passaram o tempo todo correndo e brincando. Com uma última olhada em Cubone ainda adormecido, o pesquisador coloca o ossinho dele por cima do cobertor com todo o cuidado. Assim o pequeno o acharia assim que abrisse os olhos e não iria precisar se preocupar em ir buscá-lo depois.

....

✄ Cidade de Pallet - (Dia)
Media da Equipe: 09
(7,10,8,12,6,12) [9,1]

Vendo que tanto Baby Absol quanto Pidove estavam exaustos, porém felizes, depois de passarem a tarde toda brincando com os Pokémon do Parque. Albedo se vê em um dilema, ele não sabia se deveria ir até o Centro Pokémon e encerrar o dia ou se continuava no parque enquanto deixava os dois dormindo na mochila. Felizmente, ele se lembra que o local contava com um laboratório e graças a Ren, ele teria permissão para entrar.

Usando uma das trilhas como guia, o pesquisador retorna para a estrada principal. Diferente do período da manhã, a tarde era bem mais tranquila. Haviam algumas famílias fazendo piqueniques pelas áreas comuns, mas já não estava com tanta gente assim andando de um lado para o outro. A energia de euforia foi alterada por uma mais calma e até os Pokémon do parque aproveitavam a folga para tirar uma soneca e comer.

Depois de caminhar bastante e de seguir as placas até o laboratório, o garoto finalmente conseguia ver a construção branca. Só pela quantidade de antenas e aparelhos do lado de fora, já dava para entender que o local era usado com muita frequência, além é claro das luzes internas estarem acesas mesmo com o sol ainda no céu. Ele se aproxima com certa cautela, não sabia exatamente o que esperar dos pesquisadores que estavam por ali ou se ao menos fossem o receber. Do outro lado da área externa repleta de equipamentos e barracas, Albedo reconhece o Absol selvagem que tinha avistado com Ren. O noturno estava sentado no meio de algumas plantas e percebe sua presença, ele o olha, mas permanece no lugar.

Tomando coragem, ele entra no que seria um acampamento de pesquisa e ignora os olhares dos poucos pesquisadores que estavam ali. A maioria deles eram claramente novatos, havia apenas dois mais velhos ali, Ren, que já tinha conhecido e estava orientando uma dupla a observar um grupo de Venonat, e saindo da construção, estava Chrysa. A mulher percebe a chegada do pesquisador quase que instantaneamente.
— Poderia lhe chamar de novato se Ren não soubesse descrever bem as pessoas! — Fala a pesquisadora se aproximando. — Meu nome é Chrysa! Responsável por aqui!
— É um prazer conhecê-la! — O garoto sorri ao cumprimentá-la — Eu sou Albedo, mas acho que isso você já sabe por conta de Ren.
— Hahahaha! Sim, Ren me contou tudo sobre o que vocês passaram! — Ela se vira em direção ao Absol que só observava o local. — Desde então, Absol não para de o seguir, mas vem ajudando com seus avisos… é um bom Pokémon. — Ela volta sua atenção para Albedo e repara no Baby que ele segurava nos braços. — E pelo visto, você já deu um jeito de conseguir um… — Implica ela.
O pesquisador apenas sorri em resposta e faz um carinho no noturno. O Baby olhava ao redor abanando o rabinho, completamente curioso com as coisas à sua volta, mas mantinha sua expressão neutra e lutava para manter sua cauda parada.
— Bom, o que podemos fazer por você? — Pergunta Chrysa sorrindo ao ver o pequeno pokémon se controlando nos braços do treinador.
— Só de passagem… — Admite o garoto sem muitas ideias do que poderia fazer por ali sem incomodar. — Apenas pensei em fazer alguma coisa mais tranquila, esses dois já gastaram muita energia hoje mais cedo.
— Entendo. — Ela olha pros dois monstrinhos que o acompanhavam. Pidove se mantinha aninhado no cabelo do rapaz e Absol em seus braços. — Sinta-se livre por aqui! Ren já me informou que você não é tão novato assim, mas cuidado quando for usar as máquinas, chame sempre que tiver dificuldades com elas. Ah! Lá dentro tem uma mini biblioteca caso queira um lugar mais silencioso! — Ela indica a direção do laboratório com a cabeça.
Albedo agradece a hospitalidade e assim que ela se afasta, o garoto começa a olhar o que tinha por ali.

Tirando os equipamentos de análise de solo e clima, o resto por ali era bem simples. Algumas máquinas também estavam desmontadas, mas pelas peças era possível identificar que seriam apenas medidores e algumas estufas destruídas. Tinha também alguns equipamentos menores e até pokeballs desmontadas, mas o mais comum por ali eram folhas, muitas folhas por todo o lado. Enquanto exploravam, o pesquisador sentia o olhar do Absol adulto os seguindo e assim como a última vez ele sabia que era apenas uma forma amigável da criatura lhe comprimentar.

Passando por um dos canteiros de flores plantadas, Albedo percebe com seu olhar mais técnico de herbalista, que tinha algumas ervas daninhas. Deixando o pequeno Absol no chão, ele pega uma das pás que tinha por ali e já tira as pragas, não custava nada ajudar com aquilo, principalmente por não ter nada melhor para passar o tempo. Ele também já aproveita para pegar um pouco de néctar que se acumulava em algumas flores e o guardava na mochila quase como uma auto recompensa.


Devolvendo o equipamento que tinha pego emprestado, o garoto olha para o lado e vê o pequeno monstrinho branco sentado. Ele fixava seu olhar para o horizonte no meio das árvores e mal percebe a movimentação de seu dono até o mesmo ir até ele. Com um salto, Absolzinho nem esconde o susto que levou, mas também não tem muito tempo para ficar bravo com o pesquisador. Bem na direção que estava olhando, um estrondo aconteceu. Pelo volume, não era muito longe dali. Chrysa rapidamente aparece do lado de fora e verifica se todos estavam bem. Recebendo uma resposta positiva dos outros pesquisadores, ela segue em direção ao barulho, afinal era de sua responsabilidade verificar o que estava acontecendo. Ren instrui os novatos a retornarem ao que estavam fazendo, tentando manter o foco deles ali dentro do acampamento. Deixando sua curiosidade o levar, Albedo pega Baby Absol no colo e segue na direção que a pesquisadora responsável tinha ido.

Como a fonte do ruído não era tão longe, o pesquisador consegue alcançar a moça e ambos andam juntos até um pequeno espaço aberto entre as árvores. No centro um Pinsir travava uma luta de pinças contra um Scizor, os dois claramente bem irritados um com o outro. Assim que percebe do que se tratava, Chrysa já começa a chamar a atenção dos dois. Para a surpresa de Albedo, ambos os insetos param a briga e ficam de cabeça baixa para a mulher, apenas ouvindo o sermão.

O pokémon noturno do garoto, chama a atenção do mesmo e com uma de suas pequenas patinhas, aponta para uma moita que tremia. Lentamente eles se aproximam e assim que o rapaz se abaixa, ele percebe uma mancha marrom quase vermelho no meio das folhas. Afastando a vegetação com uma das mãos, um Trapinch é revelado, o mesmo tinha uma machucado em forma de pinça na cabeça, mas não parecia nada sério, sendo só alguns arranhões.

Com cuidado, o pesquisador deixa Absol ao seu lado e retira a formiga de terra do meio das folhas. Tomando o máximo de atenção que conseguia para que ela não se arranhasse mais e para que sua ferida não tocasse em mais sujeira. Assim que o pokémon estava seguro, o garoto se senta no chão ao lado do monstrinho e coloca sua mochila de lado. Abrindo o zíper de uma vez só, ele vasculha seus itens em busca do kit de primeiros socorros que sempre carregava. Graças a suas experiências anteriores e aos anos ajudando seus pais com outros Pokémon feridos, Albedo faz rapidinho o curativo em Trapinch e em poucos minutos ele já estava bem de novo.

— Uau! Realmente, a última coisa que você é, é um novato! — A voz repentina de Chrysa logo atrás dele dá um susto no pesquisador. — Aqui, consegue ajudá-los também?
O herbalista se vira e encara os dois insetos gigantes. Ambos tinham marcas de luta e Scizor parecia estar bem pior. De repente, o pokémon de terra toma a frente e fica cara a cara com os maiores. Ele começa a emitir um tipo de ruído e pela sua expressão estava bem irritado, descontando sua raiva no que parecia ser uma bronca nos dois Pokémon. O garoto deixa o pequenino terminar e enquanto isso já se levantava. Pidove saia do seu cabelo e já pegava um tufo de algodão que estava no Kit. Depois de indicar para os dois Pokémon grandes se sentarem, Albedo começa a cuidar dos ferimentos de ambos. Com a ajuda do pombo lhe entregando o que precisava, ele consegue terminar rapidamente tanto de limpar quanto de enfaixar o que era preciso.


Retornando ao acampamento do lado de fora do laboratório, Chrysa volta a novamente a agradecer o pesquisador mais novo e lhe entrega alguns itens que tinha ido buscar do lado de dentro. Agora que estava tudo sob controle, a mulher retorna aos seus demais afazeres garantindo mais uma vez de que Albedo era bem-vindo ali para ficar o tempo que precisasse. E embora a ideia fosse tentadora poder se enfiar em um laboratório fechado de novo, ele sabia que precisava seguir viagem, do contrário nunca iria avançar.

Com algumas despedidas, o pesquisador se retira da área de pesquisa e volta a caminhar pela estrada do parque. O sol já estava se pondo e mesmo sabendo que o clima ali a noite era agradável, ele precisava passar no Centro e então seguir para seu próximo destino.

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