> Anteriormente... - Laboratório Laventon.

Ao ter recebido certos itens pelo Professor guardei-os imediatamente em minha bolsa sendo cuidadoso com os objetos e, por fim, agradecia pela confiança dada a mim mesmo estando um pouco acanhado diante toda situação recorrente, me retirei do local singelamente.

— Encontra-lo não será fácil, honestamente preferia não ter puxado essa responsabilidade pra cima de mim, quanta pressão em meus ombros, me preocupo se serei capaz de dar conta de tudo isso... — murmurei observando novamente a paisagem daquele lugar, estranhando a coisa num contexto geral.

Com toda certeza não estava em casa - longe disso, não saberia qual a proporção daquela região, se dependesse de mim levaria décadas para encontrar o real treinador de Rowlet, tentaria ser o mais objetivo possível, embora fosse muito apegado a pequenas ações e detalhes, enfim, deixaria a vida me levar, acreditava se uma força maior me desse um objetivo, de um jeito ou do outro atingiria.

Precisava criar um vinculo com Rowlet caso precisasse de sua ajuda poderia recorre-lo. Liberei o Pokémon da esfera bicolor e como esperado o mesmo se assustou novamente. — Que foi? não se acostumou com a minha cara ainda? — falei olhando o Pokémon se afastar aos poucos. — Não me obrigue a te aprisionar de volta pra Pokébola. — chantageei a criatura tentando faze-la parar.

Mas nem isso adiantou.

Então não teria outra opção, não tinha paciência e Rowlet não queria colaborar, prestes a retorna-lo pra Pokébola uma coisa atravessou o caminho do Pokémon gramíneo que fez com que parasse de voar, e do lado oposto um Pokémon um tanto ofegante, parecia uma batalha entre dois selvagens, era raro de ver pois um sempre atacava e o outro logicamente fugia. — Não fique aí parado, se não o próximo é você. — alertei Rowlet por estar no meio de um confronte.

Um Pokémon laranja estava visivelmente em vantagem mesmo estando aparentemente cansado, com um certo orgulho estampado em sua cara ele andava em direção a outra criatura que estava bem machucada, com os punhos fechados Buizel concentrou seu poder criando uma esfera de água que era lançada fortemente contra o Pokémon elétrico - Shinx que revidava tal movimento com uma descarga elétrica que era capaz de colidir com o golpe de água criando um atrito razoavelmente forte... — Para selvagens... Nada mal.

Buizel não se intimidava com as faíscas que saiam do corpo de Shinx e muito menos com essa desvantagem, pois parecia conhecer muito bem seus movimentos. A criatura elétrica então novamente liberou uma quantidade de eletricidade do seu corpo em direção a Buizel que por sua vez, se cobriu por uma quantidade de água e se atracou como um míssil desviando em uma velocidade impressionante para a esquerda.

Buizel pousou no chão e girou seu rabo pra frente surgindo estrelas brilhantes dele que iam até Shinx, que ao ver o movimento tentou escapar em um pulo pra trás mas falhou miseravelmente sendo pego pelo golpe causando ainda mais dano. Ainda mais confiante, Buizel sorriu, só não esperou o contra golpe de Shinx de uma maneira tão rápida, usando Quick Attack, o elétrico conseguiu ferir o aquático com uma investida simples mas potente, usufruído de uma agilidade invejável foi capaz de lança-lo metros pra trás...

— Devo ficar parado só olhando? Ah... que se dane, não vou me meter.

Os dois Pokémon estavam empenhados, nenhum deles cediam, parecia que perder não era opção para nenhuma das criaturas, era irritante ver, insistiam, estavam com aquele olhar pegando fogo, pura sede de vitória. Aproveitei o momento de bagunça pra observar atenciosamente Rowlet para tentar entende-lo, não era bom em decifrar os outros só olhando para elas, esse não era meu dom atenar infelizmente... Algo me dizia que Rowlet ainda tinha esperança de encontrar com seu treinador, mesmo achando que não.

Batendo as asas e ao mesmo tempo imóvel, o gramíneo estava tão espantado que permanecia no mesmo lugar mesmo querendo sair dele, sem ter nenhum direcionamento. Um Pokémon que não sabe se defender acaba se tornando uma vítima, assim como Shinx que estava levando a pior naquela batalha, não era isso que eu queria para Rowlet, e sim que visse isso acontecer para que tomasse nota do que acontecia quem não sabia usar seus poderes para ao menos se proteger.

— Agora vai parar de bancar o coitadinho...

Era sério, mas para Rowlet as coisas não funcionavam daquela maneira, porém com o tempo a criatura se acostumaria com o ritmo frenético do mundo a fora.

— É só ele permanecer com golpes rápidos e síncronos, ele vence sem hesitar.

Ao ouvir minha sugestão, o aquático seguiu atacando Shinx não dando nem tempo para o elétrico respirar, era uma sequência rápida de movimentos e ações que traria ainda mais vantagem.

[ ... ]

Era de se esperar que Buizel venceria o quadrupede elétrico, não tinha nem o que comentar, não me surpreendia com o resultado da batalha embora quisesse ver um pingo de emoção - o que infelizmente faltou, antes de sumir pela região, Buizel encarou meus olhos e não pude não encara-lo de volta, ele tinha um grande potencial, realmente...

Seguindo uma rota alternativa, pude notar uma leve desordem pelo caminho, algumas folhas e troncos de árvores estavam bloqueando a passagem e visivelmente Buizel era o responsável por tudo aquilo. Comecei a segui-lo e perceber que o mesmo estava recolhendo tais materiais e os separando conforme o tipo de material encontrado, e era desgastante vê-lo ferido e carregar troncos pesados...

— Nestas condições não irá a lugar algum... — bradei chamando a atenção do Pokémon aquático. — Como parte do seu primeiro treinamento, Rowlet, você vai carregar esses troncos menores pra juntos daqueles que estão encostados ao lado da árvore. — dava as devidas instruções para a criatura já se acostumar com a vida fora do laboratório, mostrando a ele que não seria nada fácil.

Timidamente Rowlet voou em direção ao primeiro e ganho e sem nenhuma dificuldade levou ele pra perto dos demais. — Pra quem parecia uma mosca... Só que você precisa ser mais rápido, vamos! — ordenava o Pokémon a melhorar sua agilidade. Entre idas e vindas, o caminho ficava livre de folhas, Rowlet pegava o manejo de junta-las usando suas asas para deixa-las concentradas num lugar só enquanto Buizel sequer usava seus movimentos para facilitar o trabalho, nem sempre o mais fácil é o indicado, todo seu trabalho era construído de forma manual e duradora...

Rowlet acabou separando um tronco e folha pra levar consigo, como explorador de vários lugares era de suma importância ter materiais desse tipo em mãos, úteis para criação de fogueiras e forma de esquentar água ou mantimentos, as presas me despedi do Pokémon selvagem e me reuni com Rowlet...

Ao ver que eu mesmo teria que escrever um relatório sobre as criaturas encontradas murmurei. — Uma Pokédex seria muito bem vinda agora...

Depois de ter passado o dia e o tardecer ajudando Buizel a recolher matérias orgânicos pelo caminho via o resultado final com um certo orgulho principalmente no desenvolver de Rowlet que aos poucos pegava o jeito, agora a noite já dava seus indícios, tinha que me abrigar ou começar a montar uma fogueira se não quisesse passar frio a noite inteira. — Deve estar cansado, venha, volte pra Pokébola. — falei recolhendo a criatura pra dentro do objeto.

Ficará mais seguro aqui...

Não tinha muito o que ser feito durante a noite, não tinha movimento, as criaturas pareciam sob vultos, estava tarde para investigar sobre qualquer coisa... — Fazia tempo que não me sentia assim... Sozinho, e sozinho. — dizia encarando o céu estrelado. Era uma sensação estranha você ver um Pokémon idêntico ao seu mas não ser igual, era como tivesse uma barreira entre a gente, impedindo cada um de se conhecer melhor.

— É melhor eu me abrigar... — falava enquanto buscava com meus olhos um tipo de alocação de preferencia segura para passar a noite que se continuasse a cair a temperatura seria preocupante à minha saúde...

Me sentia invasivo, não queria apossar-me da casa de outros para fins próprios, e o pior de tudo não ter vestimentas adequadas para aguentar/suportar o frio que fazia ou que estava por fazer. — Uma criatura de fogo seria o ideal... — visando aquecer ou ter uma fonte de calor próxima de mim, teria que usar meu dom atenuar para trazer um Pokémon que me aquecesse durante esse período.

Estendendo a língua contra os molares nos dois lados da boca criando uma passagem de ar pelo céu da boca - impedindo que o ar escape pelas laterais - um assobio era criado emitindo um som que atrairia Pokémon próximos dali em questões de minutos, diante disso, veria quais criaturas estavam aptas ou que fossem úteis para o meu principal problema.

Certos Pokémon apareciam de fato - não todos, pelo que conhecia nenhum deles podiam me ajudar por não emitirem fogo ou criarem tal elemento, era uma pena esperar que um lugarzinho desse teria algo utilizável. — Voltem da onde que vieram. — desapontado pela pouca variedade que as redondezas tinha, dispensei o grupo de criaturas que se instalaram.  

Quando aquele grupo ia se dispersando todas levantaram as orelhas e se ajustaram suas posturas como se ouvissem um grande predador, bem assustadas elas correram para a direção contrária com toda agilidade que possuíam, algumas delas até caíam mas voltava a correr rapidamente, sabia o que aquilo significava pois vivi bastante em tempo em selvas... — Parece que temos um valentão por aqui... — os matos se movimentavam grotescamente e de lá, saia um Bidoof, não um qualquer Bidoof e sim um que tinha o quadruplo do seu tamanho.

- Bidoof

Spoiler:

— Esse cresceu até demais... — dizia encarando o Pokémon roedor...

Ele estava com uma cara de poucos amigos,  suas presas eram tão grandes que poderia  me aniquilar facilmente, não mostrava nervosismo diante Bidoof - pelo contrário mantinha minha calma embora escondesse meu medo muito bem. — Não me faça apelar... — com um sorriso no rosto levantei as minhas mãos como um sinal de paz.

Bidoof continuou a avançar enquanto rosnava...

Não tinha outra opção, ao assobiar tentando que a criatura pelo menos se acalmasse parecia que meu dom não surtia efeito nenhum sob Bidoof, continuei tentando mantendo minha calma exterior. Droga... Porquê que não funciona?

Dando mínimos passos para trás implorava por pensamento que meu dom começasse a funcionar, se não seria meu fim.

— A culpa não é sua, você nunca teve intenção de feri-lo! — invadiu uma voz aguda rasgando o clima tenso...

Bidoof parou imediatamente de andar em minha direção e olhou fixamente pro chão, em determinados segundos se acalmou numa expressão confusa, dando tempo para a garota falar uma frase... — Sempre se encrencando né, maninho! — uma garota de cabelos verdes se aproximou com um doce sorriso estampado no rosto. — Não vai conseguir conquistar essa criatura desse jeito... Tolinho. — concluiu a menina.


Quê? Eu tenho uma irmã?

Um frio na minha espinha, não pude sequer esconder minha surpresa, me senti totalmente estupefato. — Viu um fantasma foi?! — retrucou a menina...

— Perdeu o jeito? Porque não usou seu dom nesse bicho?

— Eu-eu tentei mas não funcionou... — retomava minha postura desfazendo minha expressão alarmante, contornando a situação.

— Esse Bidoof se odeia tanto por não ter conseguido defender seu amigo, agora traumatizado imagina que qualquer humano é o mesmo que causou a morte dele. Meu Deus, que trágico. — a menina parecia conhecer o passado de Bidoof como ele próprio, era estranho...

— Você o conhece? — indaguei confuso...

— Claro que não, haha! É o meu dom, se esqueceu? — rindo da minha cara a menina me dava um tapa nas minhas costas seguido de um abraço reconfortante.

Pensei que fosse o único filho, não tinha o que falar com ela, tão repentinamente, sempre fui sozinho familiarmente quer dizer, meu Pokémon era a minha única família até então, um peso saia dos meus ombros e eu a abracei de volta, era como se estivesse prestes a desvendar tudo que precisava e saber de tudo que aconteceu comigo, eram um misto de sentimentos que mal conseguia descreve-los com clareza.

Entre carinhos e ações afetuosas, o maior problema estava ainda ali, Bidoof, não tinha condições de vence-lo numa batalha Pokémon mesmo se quisesse, pela pouca experiência que tive em combates, não era viável essa opção. — Sobre traumas, é isso o que eu devo falar com ele? — nunca tinha encontrado uma criatura desta magnitude ou nessa proporção, desconhecia seu poder ofensivo. — É obvio que não, deve falar com ele sobre confiança, amor, laços e como a vida pode ser injusta com os mais desprovidos de segurança, e sentir-se culpado o afoga ainda mais... — discursava a menina com palavras concertantes.

— Ok, certo!

Não sabia se daria certo mas colocaria meu coração pra fora e mostraria a Bidoof tudo que havia aprendido no decorrer da minha jornada pelo mundo a fora.

— Ei, Bidoof, me escute, não tente resistir que será ainda pior... Você não tem culpa, se seu amigo ainda tivesse vivo ele com certeza iria querer que seguisse em frente, o passado não pode te assombrar a ponto de interferir com o rumo da sua vida, essas feridas que carrega são pra sempre mas depende de você o quão vão cicatrizar, se deixa-las abertas é ainda pior...

O Pokémon roedor se debatia contra a própria vontade, não sabia se daria certo usar essa estratégia até Bidoof se cansar ou acalmar-se.

— Cuidado, ele vai te atacar! — alertou a menina prevendo tal ação selvática.  

"Como ela sabe? Está tão na cara assim?"

Bidoof avançou a frente sem olhar pra onde ia e infelizmente estava em sua direção, num impulso saltei jogando meu corpo para o lado ligeiramente enquanto cambaleava pela grama me certificava que a criatura selvagem não voltaria a me atacar naquele instante. Levantei-me lentamente para evitar movimentos bruscos e não alarmar mais meu caso, e, estranhamente, Bidoof parou seu ataque e ficou imóvel...

— Eu devo continuar? — sussurrei pra garota com as mãos levantadas.

A menina fez um sinal positivo com o polegar.

Ok...

— A vida nem sempre é justa com quem é justo, olhe pra mim, estou aqui longe de casa, do meu amigo, é difícil quando penso neles mas todos os dias penso que um dia verei eles e estarei perto deles, feliz novamente. Veja o que tem ao seu arredor e ajude aqueles que precisem da sua ajuda, você é forte e valente, uma das criaturas mais fortes que encontrei ao longo da minha vida, não deixe a escuridão te consuma... — dizia me aproximando cada vez mais de Bidoof...

— Agora capture-o, aproveite essa chance para ter um Alpha. — sutilmente falou a garota optando pelo melhor desfecho...

"Captura-lo? um Alpha?"

Tudo estava estranho pra mim, não iria discordar da garota pois até agora estava tudo indo bem graças a ela, peguei uma das Pokébolas e joguei em cima da criatura que rapidamente era absorvida pelo objeto, esperei por longos segundos enquanto a esfera balançava de um lado ao outro, era uma tentativa de Bidoof sair do objeto a todo custo e, isso me causava um desconforto ainda maior a pensar que teria essa chance...

"Só falta ele sair ainda mais bravo..."

Esperei até que a Pokébola por fim parasse de mexer, ficando imóvel bem ali no chão, ao caminhar para pegar a esfera, agachei e a segurei, encarando-a com seriedade... Quando levantei senti um objeto cortante e frio a pousar sob minha garganta...

— Quem é você e o que fez com meu irmão? — falou a garota num tom arrogante...

— Um passo falso e você nunca mais assobiará. — continuou a garota mantendo o objeto ainda mais pressionado sob minha garganta... Como um bom tagarela queria falar, porém nenhum som saiu de mim, acabava por me sufocar pela minha própria saliva, que desleixo o meu.

Conseguia sentir gotas de suor escorrendo lentamente pela lateral do meu rosto chegando até o queixo, onde com o acúmulo de suor fazia com que aquela gota ficasse devidamente pesada, entrando numa queda livre aonde cairia num chão sem esperança e angustiado...

— Vamos! Não cortei sua garganta ainda! — ameaçou a garota puxando a minha roupa com mais firmeza.

Permaneci em silêncio com medo de piorar as coisas...

— Já que quer assim... Assim será.   — dizia a garota já sem paciência.

Apoiando a sua outra mão na região temporal da minha face e uma energia cresceu a partir dela, antes de qualquer coisa  não deixaria que entrasse na minha cabeça de tal forma ou virar sua marionete, coibiria seu movimento instantaneamente... Por autoreflexo ou não, a  minha mão foi de encontro com a da menina e uma energia estranha se instalou em instantes, um feito imaginável, tudo ao nosso redor sumiu e um clarão se formou trazendo átona  um ambiente calmo e limpo, podia olhar nos seus olhos e ver a tristeza que carregava e ela conseguia ver os meus e decifrar muita coisa, certos segundos calados pudemos descobrir pequenos detalhes, um tanto que, importantes e satisfatórios...

— Você é um... um... Usurpador!    — gritou a menina com os olhos cheios de lágrimas...

Ainda sem palavras certas para dizer a menina não abri sequer a boca para absolutamente nada. Não queria desaponta-la ainda mais, tudo o que estava sentido era uma emoção reprimida por anos que não poderia ser consertada de uma hora pra outra, respeitaria seu momento e a sua dor, que acabava se tornando a minha dor também.

Fintei meu olhar e assenti com o rosto, dando a permissão para que entrasse e acessasse as minhas memórias... A menina foi direto ao ponto chave, colocou sua mão na região que a interessava do meu cérebro, o hipocampo, aonde teria proximidade maior das minhas lembranças...

[...]

— Rowlet, seremos uma dupla incrível! Viajaremos para todos os lugares juntos, independente do que aconteça! — a dupla sorriam esporadicamente num lindo flash de memória.

Tanto Chinamura e Rowlet sempre se olhavam antes de tomar qualquer decisão, e um não precisava dizer nada ao outro pois já conseguiam se comunicar através dos olhares, era uma conexão profunda que ambos possuíam, haviam muitos momentos felizes dos dois juntos por lugares marcantes e um tanto inusitados/estranhos, e é claro, haviam momentos tristes que o mesmo queria que fossem apagados de sua memória...  

Ela me fazia relembrar do momento em que conheci Rowlet e como essa cena me marcou existencialmente, me vendo, era só alegria que importava, nunca imaginei ter passado tanto tempo na companhia desta pequena coruja.

Tinha uma memória, uma somente em específica que, preferia que não fosse acessada... Mas pelo jeito ela cutucaria a minha maior ferida, sem dó e piedade...

— Rowlet, estamos prontos para irmos? — disse o rapaz de cabelos verdes com os mantimentos preparados e armazenados numa mochila cinzenta simples que embora fosse pequena, cabia muita coisa.

— Pode ser que esse seja o nosso último momento juntos, quer dizer, permaneceremos juntos, até o fim! Independente do que aconteça! — com um sorriso no rosto Chinamura olhou para o gramíneo com um brilho no olhar...

[...]

...A minha última promessa que havia feito a Rowlet antes de aparecer nessa região ultrapassada...

Quando as lembranças se cessaram, uma lágrima caiu espontaneamente dos olhos da garota ao mesmo tempo que caiu uma dos meus - numa perfeita sincronia, tendo acontecido uma partição de sentimentos que resultou em uma tremenda dor para ambos, um sofrimento que seria curado com o tempo, se terminaria ou continuaria, não sabia ao certo o que me mataria primeiro.

— Eu fui uma insensível... M-me desculpe. — proferiu a garota inexpressiva, um tanto sentida.

Me aproximei dela encarando seus olhos verdes cintilantes, não tinha a menor noção do que tinha acontecido comigo para ter assumido esta forma, se pudesse reverter tudo, eu reverteria. No entanto, precisava de ajuda, toda ajuda necessária para prosseguir com o meu objetivo premeditado, e ela... Parecia conhecer muito bem esse mundo, me facilitaria muito a compreensão da mesma.

Encarava o chão um tanto perdido, totalmente deslocado - e tudo isso ela conseguia sentir de volta, de uma maneira estranha mas conseguia...

— Ah, você não deve conhecer nada por aqui. — voltando ao seu tom de voz de antes, a menina comentou sobre mas também não ofereceu ajuda alguma. — O que foi? o gato comeu a sua língua? não disse nada desde que quase cortei seu pescoço... Se recomponha, isso não foi nada! — finalizou a menina.

Nunca tinha sido ameaçado de morte, não de uma forma tão direta assim, escapei da morte várias vezes e pretendo continuar vivo e sã.

— Não... Claro que não... Eu estou perdido, só isso. Preciso que me diga tudo que sabe... — a partir em diante, teria mais cautela em quem confiar, me precipitei erroneamente.

— Espere, ouviu isso?   — a menina parou de andar ficando imóvel e concentrada. — Estávamos sendo seguidos... — disse a garota enquanto procurava o seguidor num desespero, começava a ficar aflito por desconhecer o perigo, nem passava por minha cabeça o que poderia ser mas fui pro lado mais obvio: — Deve ser alguma criatura selvagem, elas me adoram...

Tínhamos feito barulho suficiente para despertar qualquer criatura que dormisse próximo dali...

— Ei, se abaix-. — num grito a menina me agarrou e puxou-me pra baixo num instinto ágil, um tronco médio passava por cima de nós numa força formidável, acabava por colidir numa outra árvore metros atrás e se estraçalhando... — Se isso é amar eu não sei o que é odiar. — zombou ela se posicionando para a direção de origem, na qual foi lançado o tronco. — Vem, corre! — puxando a minha roupa seguíamos para atrás de um arbusto...

— Tem alguma ideia em mente? — perguntou ela puxando uma Pokébola do seu bolso... — Tenho... — sai do arbusto chamando a atenção da criatura com as mãos levantadas - mostrando a ele que não carregava nada que o ferisse, completamente indefeso, em busca de uma rendição? Mas pelo visto não seria tão fácil assim...

Um tronco havia sido atirado rapidamente na altura dos meus olhos, sem tempo de reagir, um flash vermelho se evocou a minha frente e parou aquele tronco usando apenas suas presas, interceptando-o. — Muito bem, Bidoof. — o gigante roedor destroçava o tronco com a força dos seus dentes.

Do arbusto saia um Bidoof um tanto nervoso, grunhindo constantemente e não eram direcionados a mim, e sim ao meu Bidoof, podia estar errado mas algo me dizia que já se conheciam. — Elas precisam desse momento para resolver isso de uma vez por todas. — surgia a garota utilizando novamente seu dom para entender o que estava acontecendo entre os dois Pokémon. "Elas? são fêmeas?"

A Bidoof menor encarou a outra e voltou a gritar num tom altíssimo.

— A Bidoof está chamando a outra de traidora. — riu perdendo a postura.

- Bidoof

Spoiler:

A Bidoof maior tentava se explicar pelo seu ponto de vista enquanto a outra não engolia a tal desculpinha...

—  De quase morto você virou um destruidor de famílias, meus parabéns. E você achando que eu era uma pessoa perigosa, sendo que sou eu que estou correndo perigo ao seu lado. — proferiu a garota sempre querendo tirar proveito de qualquer momento para lançar suas velhas piadas.

Acompanhar discussões entre dois Pokémon era esperar que um dos lados perdesse a paciência e fosse logo ao ataque, demorou até.

— E o que estão falando agora? — perguntei curioso. —  Eu não sei, pelas memórias dessa Bidoof deduzi que fosse isso, meu dom não é entender a língua deles. — rebateu num tom sarcástico.

—  Eu só sei que é melhor comandar a sua Pokémon antes que receba um ataque inesperado.   — completou sugerindo um início de combate.

A Bidoof selvagem iniciou uma corrida na mesma direção que a Alpha se encontrava, não era bom em combates mas era nítido que viria um golpe de investida pra cima da minha Pokémon... — Mostre que você sempre foi a mais forte! Tackle também! — ordenei sem muito o que pensar, pela lógica e  pelo tamanho, se ambas fossem colidir quem sairia mais ferida com certeza seria a menor... Ou não?  

A Alpha Bidoof correu também, indo de encontro com a outra Bidoof que ao perceber a investida abrupta da mesma decidiu se esquivar rolando por debaixo da roedora num impasse traiçoeiro, ao perceber o ato, a Alpha parou sua investida imediatamente, ficando sem campo de visão e dando uma brecha para um ataque. — Ela está atrás! — gritei avisando a Pokémon que ao ouvir meu aviso tentou localizar a criatura mas havia sido tarde demais, O Pokémon selvagem tratou-se de comprimir-se seu corpo todo tornando uma esfera perfeita que rolaria pela superfície atingindo tudo a sua frente, ao atingir a sua forma maior, a Alpha se desequilibrava e caia no chão lentamente...

— Isso não foi nada Bidoof, temos mais a dar ainda! Tente usar o Bite para interromper esse movimento! — ordenei.

A Pokémon se levantou mostrando um pouco sentida do que estava acontecendo, nunca imaginou ter que lutar contra uma criatura que já liderou um dia, via hesitação em seus olhos... Não preciso de mais incertezas... pensei assobiando e despertando o lado irracional da criatura para que ela se esquecesse seu laço familiar que tinha com a outra Bidoof.

—  Isso foi baixo.    — comentou a menina rindo da providência tomada.

A ponto de acerta-la com outro Rollout, a Alpha mostrou suas presas e numa abocanhada parou o movimento giratório da roedora ficando instalada entre seus dentes, desesperada a Pokémon tentou se soltar utilizando movimentos bruscos e um tanto forçados, acabava por ficar afobada e desistindo posteriormente. A Alpha com toda agressividade lançou-a pra cima como um brinquedo de pelúcia, enquanto o corpo da mesma rodopiava no ar a Bidoof maior a encarava libertando um bramido entalado.

Primeiro Turno escreveu:

Alpha BIDOOF Lv. 15 [89%]

 
BIDOOF Lv. 10 [64%]
Rollout ^(1/3)

 
Em posição de ataque a Bidoof menor encolheu seu corpo novamente e iniciou um novo ciclo do seu golpe e em pleno ar conseguia rotacionar seu corpo depressadamente para que quando chegasse ao chão fosse num embalo maior contra o corpo da Alpha, e assim foi, mas desta vez a Bidoof permaneceu em pé sem se importar muito com os danos causados. —  Vai Bidoof! Acabe com ela!   — sendo ambígua, não sabia pra qual Bidoof a menina torcia, do pouco que conhecia certamente era para a selvagem.

A Alpha aproveitou a curta distância para abocanhar novamente a pequena Bidoof que ficava bastante fragilizada pelos danos recebidos e pela diferença de força que tinha comparado a ela,  ela tentava se reerguer e continuar dando tudo de si naquele combate mas permanecia no chão razoavelmente ferida, entre tentativas e caídas ela conseguiu manter-se mas pelo visto não por muito tempo... — Encerre essa batalha, Bidoof.

A Pokémon em passos firmes se direcionou a outra roedor e num golpe fatal atingiu-a sem hesitação nenhuma finalizando com o combate naquele instante, depois que aquilo se encerrou, não precisei manter uma ligação ativa em Bidoof e seu olhar de hesitação havia voltado... Ouvi palmas altas vindo da menina.


—  Me agradeça depois, ririh.   — disse ela se aproximando de mim e de Bidoof, acariciando a roedora no intuito de diminuir sua dor mesmo que não lembrasse do que acontecido.

— Foi por sua causa que tudo isso aconteceu!  — sussurrei tentando evitar brigas ou farpas da garota.

—  Capture ela também, será de grande ajuda... 

Sacando uma Pokébola lancei na criatura desmaiada que era absorvida pelo objeto e sem sufoco desta vez, era capturada sem dificuldade... A Alpha caminhou até a Pokébola e a cheirou, empurrando ela com seu focinho, antes que pudesse pegar a Pokébola uma névoa invadiu o cenário e um barulho seguido de gritos me pegou de surpresa...

ψ ????????????????????????

Lv. 05 - 100%

Lv. 15 - 89%

Lv. 10 - 0%

Os gritos cessaram.

— O que é isso? — disse a garota tampando as vias aéreas para inalar o mínimo de fumaça possível.

Não tinha visão nenhuma a minha volta, podíamos estar nervosos/preocupados atoa, respirei fundo e mantive a calma observando atentamente  quaisquer detalhes relevantes.

Da névoa, uma imagem se formou a partir dela numa construção imperfeita de uma criatura humanoide.

— ELE VIRÁ... ATRÁS DE TODOS VOCÊS! — uma voz forte rugiu estremecendo minha confiança e calmaria, dando lugar a uma leve palpitação...

"Uma transmissão elementar? China me disse um tempo atrás... Será que ela m-...? Bem, espero que não." pensei tentando decifrar a mensagem arrastada pela névoa, embora não tivesse sido avisado de nada infelizmente não conseguia conectar as peças daquele quebra cabeça... "Algo está em total desordem."

A névoa era levada pelas brisas noturnas, tonalizando o clima escuro e pouco iluminado.

— Você vai me explicar tudinho amanhã cedo. — proferiu a menina bocejando. — Vamos descansar, teremos um dia longo ao amanhecer. — terminou a garota.

Assenti confirmando a decisão da menina, mal conseguia me manter em pé para ser honesto, precisava recompor as minhas energias...


— Ei, acorde. Vamos, estamos atrasados!

"Não... Não, só mais um pouco..." pensei enquanto me virava para outro lado, não gostava de ser acordado de tal maneira e muito menos com ordens, honestamente preferia estar viajando solitariamente, em partes.  — Que noite difícil, quando finalmente consegui pegar no sono você já estava acordada. — falei enquanto me espreguiçava.

— E você? como passou a noite? — perguntei a garota...

—  Foi ótima.

"Que garota maldita"

Prestes a seguir em diante com a nossa jornada, percebi que havia capturado três Pokémon e como esse feito era raro já que mantive-me exclusivamente com um Pokémon via que a minha equipe estava aumentando, nunca pensei em maximizar a família.

—  Temos muita coisa para conversar, vamos! Te conto tudo pelo caminho. — falou a menina apressando as coisas.

[ ... ]

—  Você veio do futuro então? Como isso é possível? — questionou a menina tentando esconder a risada boba.

— Deve estar me achando um maluco, eu sei. — abri um sorriso de canto para não deixa-la sem graça. — Eu sei que é bem confuso, mas eu acredito que deva estar aqui por uma razão que sinceramente desconheço.

—  E vai ficar andando por Hisui até que do nada essa razão surja?   — retrucou ela.

Sua fala fazia com que refletisse sobre meu destino e coisas importantes pra mim, nas quais não queria abrir mão para perdê-las. Eu precisava descobrir o motivo de estar ali, e se, minha vida seria essa a partir de agora? seria capaz de me adaptar e viver sem olhar para trás?

— Ontem, aquela névoa que apareceu do nada me alertou de algo... Foi muito estranho. — ainda pensativo dizia a garota que me olhou de volta com uma expressão interrogativa.   —  Que névoa?   — disparou ela mostrando-se confusa. — Você não se lembra? Óh céus... — desacreditado murmurei ao perceber que estava sozinho nessa jornada.

Respirei fundo antes de tomar a minha decisão.

— Permaneça aqui, esse é seu lugar... Não posso deixar que continue seguindo esse caminho. — num tom firme e certeiro disse a menina que parecia ter entendido a minha escolha. — Fique aqui, segura, por favor. — não queria aborrecê-la e para isso não continuar precisávamos partir.


— O que esse garoto está fazendo? Ele não vê que precisa dela para concluir sua missão? Que idiota... — proferiu uma voz indignada.

— Talvez o sinal enviado por ti não significou nada à ele... — mostrando imparcialidade a pessoa tentava amenizar e talvez apaziguar as coisas...

— Não devia ter confiado nele. — finalizou.

... DE VOLTA A HISUI!

—  Não vai me dar um abraço?  — perguntou a menina com uma cara de choro. — É claro. — falei me aproximando da garota, que por sua vez me abraçou num aperto forte e aconchegante... — Obrigado por tudo, baixinha. — acariciava seu cabelo enquanto ela mantinha grudada em mim.

Ela havia me ajudado bastante naquele inicio caótico, me contou tudo que tinha que saber sobre essa região e como as coisas funcionavam por lá, com certeza foi uma peça chave para conseguir me amparar, nunca esqueceria da sua simplicidade e companhia.  

— Bem, já chega. — falei tirando os braços da menina da minha cintura. — Siga seu caminho... Com a sua vida. — falei me despedindo da garota enquanto a mesma me olhava com um certo brilho nos olhos.  

Aos poucos me afastei dela e me virei, sem olhar pra trás comecei a andar em linha reta...

Depois de minutos andando pude notar que estava amanhecendo, era um bom sinal pois precisava da luz do dia para me manter acordado. — Se eu pudesse sair daqui... — era tarde demais para choramingar mas batia uma saudades do que eu tinha na minha outra vida...

"Um som atípico de água..."

Quando me deparei havia um riacho por lá que corria tranquilamente seguindo a descida do lugar. Aproveitei a água gelada para lavar meu rosto e ingerir um pouco por estar com um pouco de sede, aproveitei para liberar Bidoof e Rowlet de suas Pokébolas para beberem a água do riacho.

Os dois Pokémon bebiam da água desconfiados, parecia dias que não bebiam algo, não precisou de muito tempo para isso, decidi que deixaria ambos um pouco pra fora da Pokébola para tomarem um ar fresco e caminhar um pouco, manter a forma era bom. — Não vão para muito longe. — falei pra ambos enquanto observava alguns pássaros voarem pro leste.

— Um deles está ficando para trás... — comentei ao avistar que cada vez ficava mais próximo do solo...

O pássaro pousou no chão perto do riacho e bem cansaço, a criatura então bebeu água para recompor sua energia embora aparentasse exausto, devia ter voado muitos quilômetros sem uma pausa sequer, seus companheiros nem ligaram ou nem notaram a sua falta, era uma criatura com poucos amigos ou nenhuma. Rowlet se incomodou com a presença do pássaro e bateu suas asas liberando uma corrente de vento mínima ao ponto de chamar sua atenção que o ignorou por completo, com certeza não queria arrumar encrenca logo cedo. — Ei, pare com isso! — chamei a coruja com o intuito que parasse sua implicância.

Não sabia qual era desse Rowlet que não mostrava interessado em nada, não se importava com nada além de querer tirar proveito de criaturas como Starly que tentava arrumar um lugar para se acomodar, e isso me incomodava nele, ele era totalmente diferente do meu Rowlet de verdade, só queria mantê-lo afastado de mim, não queria substituir minhas memórias felizes com as tristes dessa coruja.

"Um Rowlet problemático, onde eu fui me meter."

Era um clima estranho e explosivo, só precisava de um motivo para as coisas saírem do controle, era isso o que achava ao analisar seus comportamentos, até Bidoof em momentos oportunos mostrava uma raiva incontrolada, minha vontade era de abandona-los no meio do nada e seguir plenamente sozinho, só faziam perder meu tempo com intrigas fúteis.

"Dispensei a garota antes da hora, com certeza ela daria um jeito de trazer paz."

Um pouco arrependido? Sim, não nego.

— Starly? Não se preocupe com ele, na verdade, ignore-o por favor, é o melhor a se fazer. — dizia sobre as provocações que Rowlet fazia.

Starly #396:

— Não se sinta ameaçado. — já estava começando a falar igual a garota...

As coisas fluíam com uma tensão envolvida, invés de relaxar estava preocupado com tantas coisas que me encontrava perdido nos meus próprios objetivos, muitos deles sem fim ou previsão para acabar, um recomeço não me fez bem, nem um pouco... Era o mesmo em outro mundo.   — Porque eu? justo eu...

O que tinha que acontecer estava demorando e isso me matava por dentro, essa angustia toda era fatal... Não era possível... E, se não fosse acontecer? essa era minha maior preocupação, estar num lugar que não pertencia era como estar invisível, perdidamente. Minha preocupação estava afetando o meu relacionamento com os meus novos Pokémon percebia claramente isto pelo fato de cada um seguir suas próprias decisões.

Starly voou pra direção do roedor pousando sob suas costas, se acomodando... Bidoof achou a atitude do voador estranha, afinal nem o conhecia direito, tentou tira-lo imediatamente de suas costas chacoalhando para todas as direções, Starly manteve-se firme, com suas garras bem fixas não se moveu do lugar, irritando Bidoof ainda mais, fazendo-o enrolar e girando seu corpo como um rolo, não era propriamente o movimento Rolo Compressor mas era similar.

— Tanto tempo desperdiçado...

A beira da depressão e melancolia? por partes sim... — Quem me trouxe pra cá deve ter falhado... Ou me esqueceu. — disse sentindo um nervosismo descontrolado consumir meu corpo.

— Bom dia, rapaz. Tudo bem com você? posso ajudar em algo? — uma voz que exalava tranquilidade se apropriou da minha mente me fazendo esquecer dos meus problemas.

Ao direcionar minha atenção a moça, olhei no fundo dos seus olhos e eu vi... Eu senti, coisas reais... Inexplicáveis.

Eram flashes de acontecimentos tão reais, e pelas imagens obtidas ela poderia estar em perigo futuramente, isso me desordenava, não sabia ao certo o que tinha visto, eram momentos aleatórios, de pessoas que nem conhecia ao menos. — É você.

— Você... Me conhece? — indagou a moça largando sua cesta de roupas sujas no chão.

— Não? — devia estar ficando louco, inventando quaisquer motivos para ter algum objetivo concreto naquele lugar. — Ér... Esquece. — falei revirando os olhos e dando as costas para a mulher quando a Starly notou a presença da moça e numa ligeira investida ele foi em sua direção rapidamente, levantando minhas suspeitas. — Intercepte-o usando Bite! — ordenando o roedor a usar tal movimento para que com suas presas prendesse uma das asas de Starly, evitando que conclua seu ataque surdino.

— O que deu em você, Starly? — tentando achar alguma explicação plausível para entender a ação inesperada do voador infelizmente não encontrava...

Starly tentava se soltar das presas de Bidoof a qualquer custo, mostrando até um lado mais agressivo, se rebatia muitas vezes enquanto gritava desesperado. — Solte-o. — com o Pokémon livre ele não pensou duas vezes em atacar a mulher... "Que raios..." — Proteja! — ordenava o Pokémon que se colocava a frente da moça onde era recebido por fracas ventanias feitas por Starly - Gust que não trazia tantos danos a Bidoof.

— Não temos outra opção a não ser ataca-lo... Bidoof, volte a usar outro Bite!

Starly aproveitou para usar outro Gust, e aos poucos ia ferindo Bidoof que estava pronto para realizar o movimento ordenado. O roedor saltou rapidamente na direção dele evidenciando suas presas que ganhavam um destaque entonando seu poder, Starly era mordido seriamente desta vez, deixando a criatura numa condição mediana. "Ele consegue ser mais rápido ainda, que desperdício." O olhar de Starly era complemente diferente do qual conhecia anteriormente e, isso me preocupava, optando por usar um outro movimento - e visivelmente mais forte, a criatura voou e num impulso maior sua velocidade triplicou a intensidade, era possível vê-lo cortar o ar e ainda deixar rastro de energia para trás... "Pra piorar..."

— Aguente firme, Bidoof! Revide com outro Bite! — comandei insistindo neste movimento de mordida.

O Aerial Ace foi o bastante para levantar uma nuvem de poeira depois da colisão, o voador passava pela lateral de Bidoof mas era pego sorrateiramente por seu golpe, deixando Starly numa situação bem precária. — Não acredito que um passarinho está me dando tanto trabalho. — comentei ao ver as versatilidades que Starly possuía.

Alpha Bidoof Lv. 15 - 54%

Vs...

 
Starly Lv. 10 - 12%

Era evidente quem cairia primeiro, era só questão de tempo. Percebia que a mulher ainda estava apavorada diante da agressividade apresentada por Starly de uma forma tão repentina, não era de esperar que ela fosse uma peça importante para o descobrimento do meu objetivo em Hisui.

Não desistindo do seu principal alvo, Starly juntou suas últimas forças para lançar-se em direção a mulher numa agilidade incrível. — Bidoof, o pare-.... — em instantes ele alcançou-a, era tarde demais, o roedor nunca conseguiria protege-la nesta circunstâncias. A mulher era acertada em cheio na região do seu abdômen, por uns segundos ela ficava sem ar caída de joelhos... — Desgraçado! Finalize com ele, Bidoof!

Bidoof o agarrou o par de asas de Starly numa mordida só, lançando-o contra o chão que fazia o cambalhotar metros pra trás, desmaiado.

— Ei moça, precisa de ajuda? — aos poucos ela se recuperava do golpe recebido...

Pegava uma das Pokébolas que carregava comigo e usufruindo dessa oportunidade a lançava na criatura voadora que era pega pelo objeto facilmente, agora era só esperar o decreto final.

Ao término da batalha, Bidoof começou a brilhar inundando o ambiente com sua energia que circundava seu corpo trazendo a tona aspectos diferentes das quais estava acostumado, era a primeira vez que presenciava uma evolução de tão perto. Com o processo finalizado, Bidoof havia evoluído para Bibarel, aparentando uma criatura mais forte e pelo meu conhecimento uma nova tipagem era adquirida, também sendo um Pokémon aquático.

— Alpha Bidoof derrotou Starly selvagem e recebeu  473 de experiência. Subiu para nível 16 (455/585). Bidoof evoluiu para Bibarel aprendendo o movimento Water Pulse. Starly foi capturado com sucesso na primeira tentativa.

ψ ????????????????????????

Lv. 05 - 100%

Lv. 15 - 54%

Lv. 10 - 0%

Alguns Anos Depois... escreveu:— RAYQUAAAZA!! — gritei mostrando ao Pokémon dragão que seu golpe não foi capaz de tirar a minha vida.

O Pokémon que sobrevoava os céus lançava seu olhar de desprezo enquanto seu corpo era emanado por uma tremenda energia que acabaria se tornando o seu golpe mais poderoso de todos. Estava indefeso, me via perdido ao ver meus companheiros quase mortos no solo banhado a sangue, mal me aguentava em pé, o frio que sentia era avassalador e, meu corpo lutava para manter-se funcionando, o desgaste era tanto físico quanto mental - não tinha nada a se fazer, e mesmo assim meu cérebro tentava bolar algo que me pudesse me tirar dali com vida, uma explosão de sinapses que fazia minha cabeça latejar e nada, absolutamente nada vinha com clareza, nenhuma ideia abstrata... Tinha feito tudo para que pudesse voltar a minha dimensão mas pelo visto seria o meu fim...

— Venha o que vier... — comentei ao ver Rayquaza mergulhar numa velocidade estrondosa em minha direção.

Era impossível um ser humano sobreviver a um golpe destes, principalmente eu que já estava na minha finitude, em uma linha tênue entre desistir e resistir, e o que importava afinal? se tudo terminaria da mesma forma que começou... Em CAOS!

Se um dia sonhei em encontrar com Rowlet novamente, estava profundamente enganado.

CONTINUA...

— Natures Pantry é um dos melhores lugares para treinar seus Pokémon, pelo menos é isso que dizem.   — dizia a moça me levando para um lugar novo embora não fosse tão diferente dos quais conhecia. — Você vai gostar, mude essa cara de adolescente emburrado!   — dando um tapinha nas minhas costas a moça tentou me ajudar a esquecer meus problemas mesmo que lembrasse deles a todo tempo.

— É... A senhora tem toda razão... — pouco sem graça um sorriso forçado aparecia para tentar tirar aquela cara desajeitada de mim.

— Senhora não... Pode me chamar de Missiles, se quiser. Não te conheço de vista, é novo por aqui?  — indagou a mulher passando a mão em seus cabelos...

— Digamos que... Sim? Acho que sim... E você, o que faz da vida? Planta, colhe e vende as agrícolas? — tentando manter um diálogo rotineiro queria extrair um pouco de suas informações, me parecia inteligente...

— Não. Trabalho em pluviais de toda região, levo água para aqueles povos isolados que não possuem acesso a eles... Bem, é só isso.  — se encheu de orgulho ao falar do que fazia, pelas palavras diria que a moça era apaixonada pelo seu trabalho. — E você? O que era? ou melhor, o que é?  — disse a moça de cabelos lisos.

— Eu sou um desbravador! Eu e meu Rowlet conhecemos grande parte da minha região natal... — a respondi com a mais pura verdade, era estranho a forma em que me abri com a moça... Nunca tinha acontecido algo parecido. — E a sua família? Eles não ficam preocupados com você?  — questionou a moça encarando o fundo dos meus olhos.

Que família ela estava se referindo?

— Eu e o Rowlet já somos uma família, uma não convencional mas é isso, temos um ao outro, é só uma questão de tempo para reencontra-lo... — retrucava honestamente... — Sente falta de uma família de verdade... Está tudo bem em admitir isso, não tem problema. Espero que consiga reencontrar seu Pokémon, ele deve ser muito importante pra você, não será fácil isso posso te garantir, não desista dos seus objetivos!  — concluiu Missiles.

— Obrigado. — agradeci pelas palavras positivas que havia me falado.

Andando por Natures acompanhado da moça percebi que uma criatura amarela dormia profundamente embaixo de um galho de árvore, dava para escutar os seus roncos de longe inclusive. — Um Pikachu? — não me recordava muito bem do seu nome por ter visto rapidamente em uma única ocasião.

— Isso mesmo.  — confirmou a minha dúvida.

- Pikachu

Spoiler:

Vejamos, o que seria mais de útil escrever sobre esse Pokémon? um roedor que adora atirar raios pelas bochechas vermelhas? além de ser um sanguessuga de eletricidade? ah sim! era rápido, sua velocidade era impressionante. — Não é um belo Pokémon? O que está esperando? Vai pega-lo!  — proferiu a mulher toda boba e sorridente.

Ela tinha toda razão embora não fosse uma das minhas opções mais favoráveis, precisava ter uma quantidade boa de criaturas ao meu lado afinal tudo dependeria do meu rendimento durante essa jornada. — Vai Pokébola! — peguei o objeto e atirei na direção de Pikachu que era pego de surpresa pela mesma sendo levado pra dentro dela.

A Pokébola de Bibarel se abriu por conta própria ou pela vontade da criatura Alpha, que se mostrava protetora a todo custo, prevendo circunstâncias inesperadas até por mim.

— Se ele escapar você só corre, ouviu?  — disse a mulher com a mão na boca para esconder o sorriso.

— Que? — um frio na espinha me fazia suar...

Meus olhos se arregalavam enquanto a esfera balançava de um lado para o outro até que parou, simplesmente parou de mexer.

"Não conseguiria correr nem tivesse risco de vida."

— Hm, que cheiro desagradável... Na verdade ruim, bem ruim...   — sentindo um odor que fazia arder seus olhos a moça reclamava. — E está vindo de você... Olhe pra suas calças!  — terminou tampando as narinas e se afastando de mim.

— Que calúnia!

Pela atitude heroica da criatura aquática entregava um doce de experiência para que pudesse ainda ficar mais forte e com isso facilitaria no seu desenvolvimento visto que era o Pokémon mais forte da minha equipe atualmente.

ψ ????????????????????????

Lv. 05 - 100%

Lv. 15 - 54%

Lv. 10 - 0%

Lv. 15 - 0%

Lv. 15 - 100%

Alguns Anos Depois... escreveu:— Li-llie... — um som quase inescutável saia da minha boca sucintamente...

Lilligant me chacoalhava desesperada, e eu não conseguia mover nenhuma parte do meu corpo apenas sentia um frio incomparável circundar meu corpo, era a morte vindo me pegar? então é essa sensação de pré-morte? sinceramente não era tão ruim, a Pokémon desaparecia do meu campo de visão e isso dava chance de observar o céu cinzento ou também a presença do lendário Dragão entre as nuvens.

— Vá... — juntamente minhas últimas energias para dizer algo a criatura de grama.

A Pokémon se aproximou da minha boca para ouvir melhor... — Encontre a China... — disse olhando para baixo, para minha cinta que continha as Pokébolas dos meus Pokémon, e Lilligant parecia ter entendido após pegar o objeto redondo - ou seja, a Pokébola dela mesmo - e com uma caricia de despedida a Pokémon olhou de uma forma tão lustrosa que senti na alma seu sentimento.

CONTINUA...

— Foi tão fácil essa captura...    — comentou Missiles surpreendida com o resultado final.

Toda captura de um certo modo era difícil pra mim, principalmente quando tinha uma batalha envolvida, mas pelo poucos dias que estava naquela região começava a ter certas noções que me ajudaria a dar passos mais longos, me deixando mais esperto sobre alguns aspectos.

— O que vai fazer com essa Pikachu agora? Treine ela, é um ótimo Pokémon, vai te ajudar contra os Pokémon voadores... — me aconselhando a ficar com a criatura elétrica, ela se mostrava experiente no assunto, quem sabe se não poderia me ajudar nesse inicio de jornada... — Tudo bem... — concordei na mesma hora.

Pikachu então saiu da Pokébola e com isso suas orelhas longas mexiam-se, seu focinho rastreava alguém que ela conhecia, mas quem? A roedora olhava para as mais diversas direções tentando encontrar alguém... — O que foi? — perguntei pra mesma.

De um arbusto saia uma Combee que ia de encontro com a Pikachu balançando suas asas de forma mais rápida e desta forma liberava rajadas de ventos pra cima da criatura amarela. — Desvie disso! — disse num tom alto...

Combee #415:

Numa agilidade invejável, a Pikachu usufruiu deste meio para movimentar-se do ataque da inseto e assim esquivar-se com sucesso. Não entendia o que as duas tinham em comum, mas algo tinham ou pelo menos parecia se conhecerem. — Não deixe isso barato, Pikachu. Use seu Thunder Shock! — ordenei para que a Pokémon revidasse da melhor maneira possível.

De suas bochechas vermelhas faíscas se formavam e a partir delas um choque médio era expelido delas em direção a Combee que era acertada em cheio trazendo a ela danos graves por ser fraca a golpes deste tipo, mas bastou um momento de descuido que Combee revidasse o golpe na mesma moeda, usando Struggle Bug uma explosão avermelhada expandiu numa energia potente para todas as direções acertando inclusive a roedora elétrica...

Piachu Lv. 15 - 88%
[-1 Sp. Attk & Attk]

Vs...

 
Combee Lv. 15 - 57%

— Esse movimento reduz o poder dos golpes ofensivos de Pikachu, entendeu?   — explicou a mulher.

— Não terei outra escolha a não ser... Vai Pokébola! — falei pegando o objeto circular e lançando em direção a Combee que era rapidamente pega desprevenida pela Pokébola sendo capturada logo em seguida... — Ufa, consegui mais uma vez. — proferi com um leve sorriso no rosto.

Para comemorar a primeira vitória de Pikachu diante de uma batalha tradicional, entreguei a ela um doce de experiência que faria ficar ainda mais forte...

— A noite já está a caminho... — comentei ao notar a posição do Sol... Ao pegar a Pokébola, notei que perto dela havia 4 Medicinal Leeks, não pensei duas vezes em pegar esse item para fazer novos futuramente.

ψ ????????????????????????

Lv. 05 - 100%

Lv. 15 - 54%

Lv. 10 - 0%

Lv. 15 - 0%

Lv. 15 - 100%

Lv.15 - 57%

Alguns Anos Depois... escreveu:Quando embarquei nessa jornada para encontrar o meu verdadeiro eu não achei que fosse tão difícil, quer dizer, ainda estou me descobrindo, nunca imaginei que fosse encontrar com Pokémon que mudassem meu jeito de pensar sobre eles, cada esforço, cada pingo de suor que escorreu pelo meu rosto, tudo valeu a pena mesmo que tenha passado tudo tão rápido aproveitei todos os minutos de forma persistente, principalmente nos meus últimos dias, não sabia que seriam os últimos se não teria aproveitado ainda mais...

— Vem, conheço um lugar seguro para nos abrigar durante a noite, não é nada seguro ficarmos aqui, confie em mim. — sugeriu a mulher.

Ela tinha razão e com seu conhecimento seria melhor ainda, nesses dias em que estive aqui não encontrei nenhum abrigo decente, pelo contrário, passei frio todas essas noites. — Vamos. — concordei em ser guiado por ela.

No meio do caminho escutávamos barulhos comuns, sons que conhecia bem, não tinha nada fora da normalidade mas a sensação era estranha mesmo tendo feito isso praticamente a minha vida toda. — Praticamente não há iluminação, estou enxergando quase nada... — falei olhando para o horizonte e me deparando com a escuridão... — Só não se perca, me acompanhe. — bem preocupada a moça dizia enquanto passávamos por uma vegetação alta e densa.

— Pra onde você está me levando, hein? — questionava a decisão da mulher ao ver sua cara...

A mulher não respondeu nada e ainda por cima apertou os passos me deixando mais preocupado ainda.

De relance senti uma leve corrente de ar fruindo na direção contrária, não podia ser do clima pois não estava ventando e não parecia que fosse mudar o tempo tão rápido, não dessa forma. "O que foi isso?" me perguntei enquanto seguia a moça... Um som característico me chamou a atenção, exclusivamente por me remeter a algumas lembranças... — Estamos correndo de um... Zubat? — dizia ao lembrar do barulho que faziam...

— Não é qualquer Zubat... É um-
— Alpha?
— Sim.

- Alpha Zubat

Zubat #041:

— Não tem problema... Ele é mais rápido que nós dois juntos, temos que enfrenta-lo! Pikachu, vai! — disse pegando a Pokébola da criatura elétrica e liberando ela para fora dela.

Pikachu ficava assustada por não ver Zubat com clareza, com as faíscas que saiam de suas bochechas ela tentava fazer uma fonte de iluminação para ver ou ao mesmo tentar ver sua posição mas o morcego era bem veloz... Antes que pudesse fazer qualquer coisa um ataque em surpresa atingiu Pikachu derrotando-a facilmente, destruindo a vantagem que tinha... — Missiles? Está aí? — chamei a mulher pois precisava de sua ajuda...

Não era respondido, nem sabia se a moça ainda estava por perto... Recolhi Pikachu pra dentro da Pokébola e depois disso corri sem parar, se a minha única arma contra aquele Zubat já tinha sido derrotado não poderia correr mais riscos.

— Acho que despistei. — falei com dificuldade.

Comemorando a fuga, a criatura então surgiu em minha frente dando as caras, o que me assustava pelo seu tamanho, acho que nunca iria me acostumar com o tamanho desses Pokémon Alphas... — Um Alpha contra o outro então... Venha, Bibarel! — soltei a criatura para ver se Zubat intimidasse.

Sendo mais rápido que o castor aquático o morcego simplesmente cobriu suas asas com um tipo de veneno e formando um "X" desferiu seu golpe tóxico em Bibarel que acabava por não resistir a potência deste movimento e caia inconsciente, nenhum dos meus Pokémon era capaz de detê-lo e a fuga não era opção pra mim, tentaria até o final... Retornando a Bibarel, soltei dois Pokémon desta vez, Combee e Rowlet.

Os dois saiam de suas Pokébolas e se prontificavam a combater aquele morcego.

Zubat balançava suas asas rapidamente e delas começavam a sair discos cortantes feitos de massa de ar que iam contra a dupla de Pokémon, eles permaneceram firmes até o último momento em que eram acertados pelo movimento efetivo que acabavam instantaneamente com ambos, de uma vez só. — Você... você feriu todos os meus Pokémon! — dizia chamando sua atenção.

Um barulho de cavalgada surgiu em minha direção e um fogo majestoso emanou sua luz para todas as direções e um cavalo pomposo apareceu bem na minha frente inexplicavelmente, eu encarei seus olhos vermelhos que por sua vez chacoalhou a cabeça e rinchou... — Retornem. — com todas as minhas criaturas dentro da Pokébola pulei nas costas daquele Pokémon mesmo que estivesse prestes a me queimar, aquilo era a minha deixa...

— Me perdoem, eu tentei...

ψ ????????????????????????

Lv. 05 - 0%

Lv. 15 - 0%

Lv. 10 - 0%

Lv. 15 - 0%

Lv. 15 - 0%

Lv.15 - 0%