Após encontrar Lunatone e decidir retornar para o Hotel, Amorina acabava pegando alguns atalhos entre vielas que conectavam os quarteirões, já que a linha reta tornaria a passagem muito mais rápida e efetiva. Enquanto fazia aquilo, ela acabava se deparando com algumas latas de lixo solitárias e relativamente cheias. A magnata já tinha superado o começo de sua jornada, onde averiguou uma lata e acabou atacada por inúmeros Rattata. Mas agora era diferente.

- Acho que não faz mal dar uma olhada, não é? Consegui uma receita uma vez... - ponderou para Brionne, que fez um sinal de "vai logo".

Se preparando para correr caso algum roedor ou criatura venenosa surgisse, ela abriu a tampa e deu dois pulinhos para trás. Por sorte, havia apenas um acumulado de folhas mortas, galhos e um punhado de terra ressecada jogada fora. Provavelmente era alguém trocando as coisas do jardim, não tendo nada verdadeiramente útil, não fosse uma pequena semente com bulbo à mostra que germinava lentamente, resistindo à precariedade de sua atual situação.

- Ora, se você não foi uma lutadora até esse momento. Vou guardá-la para quando for útil - comentou para a sementinha, fazendo Brionne rir.
- Tá aí uma coisa que não se vê todo dia - comentou uma voz masculina, fazendo a adolescente gelar. - Que apreço pelas coisas que jogaram fora você tem, Amorina.
- Grant! - exclamou, animada por encontrar mais um líder naquela gloriosa cidade. - Espera... sabe o meu nome?
- Você já é quase nossa queridinha de Pewter. Acredite, muitos representantes te conhecem e tem maravilhas para falar de sua integridade. É um exemplo a ser seguido, é sim!

Amorina reconhecia com facilidade o especialista Rock, pois além de ser um GYM Líder, Grant era modelo e alpinista, surgindo tanto em capas de revistas quanto em programas de testar limites na PokeVisão. Ele era mais alto do que aparentava também, porém seu carisma e humildade não era mero truque de câmeras.

- Confesso que fiquei bem animado quando surgiram suas fotos nos uniformes de aprendizes. Eu assisti de camarote sua apresentação no Hall, embora Brock tenha insistido que era a vez dele tomar a frente. É uma pena que não tenha se juntado permanentemente à nós.
- Lamento, ainda não estou pronta pra me limitar. Mas, de qualquer forma, é uma honra pensar que ficaram animados com a ideia. Nunca diga nunca, certo? - brincou, recebendo um aceno satisfeito de Grant.
- É assim que é bom... mas agora, poderia me explicar o que faz revirando lixos? - questionou, cruzando os braços e assumindo uma pose séria.
- Oh... isso. Bom, não tem muita explicação - começou, envergonhando-se em cada motivo bizarro que passava na cabeça. - Só achei que poderia encontrar algo útil. Consegui uma receita uma vez.
- Tô brincando com você - gargalhou Grant, desmontando a pose séria. - Se jogaram fora, pode ser o ouro de outras pessoas. De qualquer forma, eu estava pensando se você não gostaria de caminhar comigo. Imagino que multiplicar sua fama como coordenadora pode te render pontos, já que os jurados adoram quando o público faz barulho dentro dos palcos.

A magnata considerou o convite por um tempo, não sabendo se era algo sério ou não, porém acabou aceitando a proposta. Recolhendo Brionne, ela foi orientada à fazer alguns alongamentos e preparos para aquecer o corpo, já que a noite em si estava num clima agradável e provavelmente o corpo dele estaria relaxado demais para se esforçar. Depois disso, eles começaram uma corrida leve, onde puderam conversar brevemente sobre o que Pewter achava dela atualmente. Contudo, quando o especialista pediu para que acelerassem o passo, eles tiveram que fica em silêncio para não sentirem nenhuma pontada na barriga por engolir ar. Quando encerram a maratona, próxima à área de frente para o mar, eles se sentaram numa pedra mais lisa e beberam água.

- Não olhe agora, mas tem dois paparazzi nos perseguindo desde a Rua Graveler - comentou baixinho, rindo.
- Devíamos nos preocupar?
- Eu diria que não. Eventualmente eles surgem de todos os lados, cada vez mais invasivos e sedentos por um furo. Você aprende a lidar com eles, afinal, nem todos estão só querendo destruir sua imagem - explicou. - Mas acho que sua mãe entende melhor disso do que eu.
- Estava me questionando quantos de vocês sabiam - retrucou, olhando para a água na garrafa. - Como se conheceram?
- Infelizmente, apenas em Pokégea. Se soubesse quão genial sua mãe era, tinha tentado me aproximar dela mais cedo. Acho que sabe que ela já foi para Kalos eventualmente - ponderou. - Mas ela foi uma excelente mentora. Depois de conhecê-la, notei que mesmo a fama e título de modelo não importava nada pro amadorismo que eu apresentava. Você tem um gigantesco legado nas mãos, Amorina. Mas admiro que você esteja nessa jornada como qualquer outra pessoa.
- Meu pai e minha mãe foram as pessoas que mais tive contato durante anos. Eles eram, são e serão eternamente minhas pessoas favoritas... porém preciso descobrir quem eu sou além do que eles me ensinaram - retrucou. - Acho que sair de casa gelou minha barriga tanto quanto subir nos palcos, mas eu estou feliz com a Amorina que conheci nessa estrada. Talvez ela seja uma pessoa melhor do que aquela menina que ficava presa em casa, temendo descobrirem sua existência.
- Acho que ainda não está pronta para contar ao mundo quem é, então.
- Quando conhecerem Amorina, a Coordenadora, poderei enfim apresentar que também sou a herdeira das Corporações Dourado. Até chegar lá, darei um passo por vez - respondeu, encarando o especialista nos olhos.
- É realmente uma pena você não ser minha aprendiz.

Amorina assustava quando, de uma só vez, todos os Pokémon se soltavam da pokébola, famintos. Grant dava uma gargalhada, depois se levantava para convidar a adolescente para comerem na conta dele. Guiada até o restaurante mais próximo, ela ficou desconfortável de estar suada, mas se aliviou quando viu que era basicamente um restaurante de comidas em palitinhos, como salgados, queijos em cubos e espetinhos.

Na sobremesa, os donos do restaurante ofereciam um delicioso sorvete de creme, que era consumido com naturalidade por todos os outros, exceto Jangmo-o, que realmente odiava coisas frias. Com pena, Grant acabou retirando um docinho azulado e entregou para o Pokémon, dando uma piscadela pra Amorina.

- Vou sair antes de você para que consiga retornar ao hotel sem ser parada. Aproveite a refeição e... nos vemos qualquer dia - comentou o homem, dando um abraço lateral na adolescente antes de partir para fora do estabelecimento, onde só se ouviram os passos dos paparazzi tentando acompanhá-lo.

Após ter um jantar pela conta de Grant, Amorina retornava para o hotel e curtiu uma excelente noite de sono. Isso pois, naquele sonho, ela se imaginou desfilando numa passarela cravejada de joias preciosas multicoloridas, com os demais especialistas aplaudindo sua entrada triunfal enquanto o povo de Pewter gritava seu nome. Tudo era tão palpável que ela sequer queria acordar, por isso quando despertou, abraçou um travesseiro e ficou emburrada por um tempo, imaginando como sua mente pregou uma peça maldosa daquelas.

Quando decidiu se levantar, ela tomou um banho relativamente demorado, apenas saindo pois o RotomPhone começou a gritar *Bip bip bip! Bip bip bip!* e assim permaneceu durante três minutos, mesmo com a adolescente gritando para ele ficar em modo silencioso.

- Ei! Eu falei pra entrar no modo silenci... - comentou, olhando na tela do aparelho as mensagens de Roxanne subindo.

Amorina se calou imediatamente, segurando o aparelho para verificar o conteúdo delas, se animando em ver que a especialista da cidade tinha lhe convidado para conhecer um parque de exploração sediado bem perto da cidade, mais próximo aos caminhos que levam às montanhas. Segundo ela, era apenas um local comum para ensinar as crianças sobre o trabalho nas minerações e o valor dos recursos naturais geológicos. Contudo, graças à animação que a menina era capaz de trazer, ela decidiu convidar a adolescente para um retiro especial, além de ganhar passe livre para explorar continuamente o local, na segurança de uma cidade.

Parte do problema de longas expedições em cavernas era justamente o fato de que o uso de itens curativos e planejamento era importante para não ficar só, acabando por desmaiar para um selvagem. Além disso, já fazia um tempo desde que a adolescente fez uma procura por minerais, então não faria mal somar o útil ao agradável. Para se preparar, ela recorreu à maleta para pegar sua mochila mais grossa e com mais compartimentos, guardando mais itens, embora reservasse parte para os novos que ela esperava encontrar.

Fora do hotel, ela libertou Mudsdale e acoplou algumas mochilas na sela dele, nada que fosse pesado demais, principalmente porque o alazão evoluído dela agora já sustentava mais de cem Amorinas em suas costas. Por fim, ela subia no cavalo e começava a guiá-lo até o parque de exploração, que era ao ar livre, com uma cratera e diversas rochas espalhadas. Roxanne abriu um sorriso quando viu a adolescente se aproximando, apontando-a para as crianças que correram para cumprimentá-la.

A magnata não era muito boa com crianças, mas público sempre foi seu forte, então bastava tratá-los com a mesma gentileza. Se juntando na roda dos alunos, ela ouviu o discurso de Roxanne sobre a importância de respeitar as formações geológicas para evitar desabamentos e danos irreversíveis à locais históricos, como era o Monte Lua. Amorina já conhecia aquelas instruções pelo curso de mineração que fez, mas notava que a especialista tomava muito cuidado para não usar termos "rebuscados" demais para a idade de seu público-alvo.

- Bom... agora que já estudamos a teoria e revisamos alguns pontos, por que não experimentamos um pouco de prática? - perguntou Roxanne, animando a turma. - Para isso, nossa nobre ajudante Amorina irá fazer uma demonstração, certo? - emendou, com um risinho de quem pegou a outra de surpresa.
- Claro! Por que não? Né? - disse rindo, mas com um tom sarcástico que a especialista visivelmente captou.

Amorina tratou de se levantar e ir em direção à uma formação rochosa mediana, revirando a mochila para encontrar o Ride Pager. Através desse aparelho, ela conseguia uma pokébola especial e temporária que libertava um imponente Tauros, que saudava a menina antes de receber a orientação para esmagar as pedras em sua frente. Conforme a poeira voava para todo o lado, Amorina imediatamente notou que algo reluziu entre as pedras, sendo normalmente fragmentos de pedras evolutivas.

- Oh! - comentou, atraindo a atenção das crianças. - Estão vendo aquilo? Não se enganem com todas as pedras, pois algumas podem ter... moradores dentro - explicou a adolescente, apontando para uma rocha desuniforme e escura que permanecia intacta quando a poeira baixou.

Não demorou para que duas garrinhas laranja surgissem de dentro do orifício da concha de pedra, revelando se tratar de um Dwebble escondido dentro daquela formação. Ele também carregava uma volumosa Hard Stone em seu casco, simbolizando que tinha mais afinidade com os golpes Rock graças ao efeito dela.

- Afastem-se crianças. Deixaremos que ela faça toda a demonstração - disse Roxanne, liberando um Probopass para colocar as extensões do corpo separando a batalha dos alunos.

Amorina então sacou a pokébola de Brionne, sabendo que a artística aquática seria provavelmente um show à parte para as crianças, além de entregar à ela o Lucky Egg para que aumentasse seus ganhos. Por fim, ela reativou o Exp Share conectado à Jangmo-o, esperando compartilhar a experiência daquele combate.

vs

- Brionne vamos tentar tornar isso... divertido. Pegue leve para não assustá-las - explicou, recebendo um aceno positivo do leão marinho. - Water Pledge!

Brionne começava a cantar com um tom suave e bem afinado, emergindo uma poça d'água nos pés de Dwebble antes de invocar um pilar de água que o impulsionou com força para cima. Assustada com a força envolvida, a leão marinho controlou um outro pilar d'água para amortecer a queda dele, se aliviando quando ele permaneceu em pé mesmo com a força do golpe. Em resposta, o inseto bateu com a pinça da mão no chão rochoso e forçou para cima, atirando uma pedra que bateu bem na cabeça de Brionne, atordoando-a.

- Você está bem querida. Continue assim! Mas finalize com Aqua Jet!

Colocando a mão na frente do rosto, a leão marinho tentava se focar para criar sua orbe d'água e se imbuir nela para que se disparasse como um míssil. Porém, teatralmente ela dançou pelos ares, lançando algumas gotículas que fizeram as crianças rirem antes de ir de encontro com seu alvo, desmaiando-o de vez.

Batalha:

- E é assim que se controla uma situação com selvagens! - argumentou animada.
- Bom trabalho, Amorina. Lembrem-se crianças: estamos todos juntos num mesmo ambiente, por isso respeitar os selvagens também é uma medida importante. Vocês estão liberados para pegarem o lanche agora, mas não se afastem demais de Probopass - explicou, deixando que a bússola de bigode acompanhasse as crianças até uma Aprendiz que chegava com um cooler.

Amorina olhou para Dwebble por alguns minutos, imaginando se valeria a pena ou não capturar aquele Pokémon. Se aproximando dele, ela optou por primeiro recolher a Ice Shard e a Pearl que também estavam presas na formação rochosa. Por fim, ela assistiu quando o inseto recobrou parte da consciência, batendo a pinça das mãos contra a Hard Stone até ela se soltar de seu casco, depois se deitou desanimado.

- Ora, não fique assim. Você foi ótimo em combate - comentou, mas não parecia surtir efeitos.

A magnata então olhava ao redor, notando que aquela era a única rocha em um raio relativamente longo do parque de escavações. Talvez o insetinho estava se sentindo solitário e para piorar, tinha perdido a casa graças à ação dela. Amorina então retirou uma Premier Ball e encostou no casco do Pokémon, que pouco relutou até ser devidamente capturado e guardado.

- Eu conheço alguém que sabe lidar muito bem com situações de solidão. Espero que você consiga encontrar um novo lar quando chegar a hora - ponderou, imaginando que Grace poderia conseguir um novo lar e família para o pequenino selvagem.

- Brionne está em ótima forma, preciso assumir - elogiou Roxanne quando se reaproximou.
- Consegue ouvir a oscilação na voz dela? Estamos quase lá na próxima e última etapa dela. Não sei se estou pronta para me despedir de minha fofa leão marinho e saudar uma elegante Primarina.
- Não se culpe. Tive a mesma sensação com Nosepass. Basta imaginar que a evolução é como um próximo passo deles, um que precisa ser dado para o caminho que estão trilhando - ponderou. - Humanos mudam a todo momento, talvez não fisicamente, mas você me entendeu. No fundo, somos mais próximos do que pensamos.
- Ora, se não é a Professora Roxanne com um glorioso discurso - provocou rindo.
- Ei! Não se junte aos outros. Há muito valor na vida acadêmica - retrucou, corando. - De qualquer forma, você está como aluna hoje. Pode pegar um lanchinho também.

Amorina então acompanhou Roxanne até uma das aprendizes, que serviu um embrulho em papel alumínio contendo um pão saudável dentro dele. Agradecendo junto com as crianças, ela começou a comer sem preocupação, até que Brionne começou a fazer olhos de quem caiu do caminhão de mudança, forçando a coordenadora a dividir o pedaço. Quando finalizaram a refeição rápida, Roxanne ainda pediu que todos ficassem parados alguns minutos para não sentirem tontura por remexer a barriga. Com isso, Brionne foi rodeada e paparicada pelas crianças, que faziam perguntas que nem mesmo Amorina sabia responder.

- Sim, ela é minha inicial. Não, ela não é Rock type. Sim, ela evoluiu comigo enquanto nos apresentávamos em Santalune. Não, ela não é um Pokémon tão comum de se encontrar pelas rotas - respondia, quase ficando sem fôlego com as indagações sequenciais.
- Professora Roxanne! Olha! - gritou uma das crianças mais longe do grupo, apontando para uma oscilação formando entre a terra.
- Henry se afaste! Probopass! - ordenou a líder.

Num movimento rápido, o Pokémon metálico fez suas divisões corporais rodearem o garoto e o elevou no ar, deixando que a trilha de poeira passasse sem problemas. Contudo, ao notar o aceno discreto de Roxanne, Amorina se levantou e convidou Brionne para averiguarem se era apenas um monte de gemas preciosas ou se haveria alguma criatura forçando aquela movimentação suspeita. Interceptando a poeira com os pés, a magnata sorriu ao ver duas Ice Gem se formarem.

- Acho que está seguro! - gritou para Roxanne.

Contudo, quando ela se agachou para recolher o item, viu dois buracos nascerem do chão, um de cada lado das pedras para revelar um Drilbur e um Dugtrio aloliano. Eles pareciam estar num duelo para ver quem ficaria com a pedra, porém como a coordenadora se intrometeu, agora ela seria o alvo principal antes de finalizarem a disputa. Dando pulinhos para trás, Brionne interveio pela treinadora.

- Jangmo-o! - solicitou. - Pegue o Lucky Egg!

Brionne concordava com a coordenadora, esperando seu aliado se aproximar para passar à ele o item que segurava, acabando por ficar sem nenhum. No fim, ela sabia que estava mais experiente e que o dragãozinho precisava daquilo mais do que ela.

vs

- Um Dugtrio é mais complicado que o Digglet. Sejam cautelosos! - alertou a adolescente, que tinha certa afinidade com aquela espécime. - Brionne use Water Pledge em Dugtrio! Jangmo-o puxe combate com Drilbur num Headbutt!

Como era esperado, a toupeira metálica de três cabeças era mais ágil, tratando de forçar os corpos dentro do buraco para invocar um abalo sísmico que se espalhou por todas as áreas, golpeando inclusive seu "aliado", comprometendo a velocidade de todos os afetados. Mesmo irritado, a segunda toupeira selvagem simplesmente bateu com as patas dianteiras no chão e mergulhou num buraco profundo.
Brionne então começava a sentir o lençol freático abaixo da terra, cantando para forçar as águas a emergirem do solo e implodirem do buraco em que Dugtrio dividia com suas três cabeças, causando um gravíssimos dano, além de bagunçar os cabelos estilosos deles. Jango-o, que já tinha começado a correr para a cabeçada, acabou batendo no ar por Drilbur sumir de vista.

- Não deixe que ele ataque novamente! Aqua Jet em Dugtrio! - comandou. - Jangmo-o fique alerta! Quando ele atacar, iremos retaliá-lo com Headbutt!

A cantora aquática então remanipulo a água com sua canção para invocar uma esfera na frente do rosto, que logo se expandiu pelo seu corpo ao torná-la num míssil de água cristalina que se mexia com tamanha agilidade que nocauteou a toupeira tripla imediatamente. Infelizmente alguns fios metálicos grudavam no corpo de Brionne, tornando dolorosa sua movimentação.
Alguns metros de distância, Drilbur abria o buraco atrás do dragãozinho e o golpeava com as garras imbuídas numa energia marrom-claro, causando um dano considerável pela defesa baixa que a forma inicial de Jangmo-o exibia. Mesmo assim ele não temeu, endurecendo a escama na cabeça, ele golpeou o alvo e conseguiu deixá-lo exposto o suficiente.

- Ele vai tentar mergulhar novamente... estaremos prontos pra isso! Brionne use Baby-doll Eyes e Jangmo-o use Work Up!

Com a velocidade comprometida, Brionne teve que se aproveitar do golpe prioritário para agir antes da toupeira, lançando um olhar fofo e inocente na direção do Pokémon, que relaxava os músculos e enfraquecia sua ofensiva. Balançando a cabeça para sair daquele controle, ele mergulhou novamente num buraco e desapareceu de vista. Para a sorte do dragãozinho, ele agora rugia para os céus, ganhando uma confiança misteriosa que fortaleceu sua ofensiva geral.

- Acho que pegamos ele! Jangmo-o use Protect! Brionne quando ele emergir, use Water Pledge!

Amorina contava que, como a toupeira viu a ordem de fortalecimento, Jangmo-o estaria pronto para atacar mais uma vez quando ele saísse. Contudo, invocando a bolha protetora, Drilbur foi surpreendido quando bateu nesse escudo, não causando nenhum dano ou efeito extra com seu golpe. Por outro lado, os pilares aquáticos de Brionne já estavam à postos, colidindo na posição do selvagem para nocauteá-lo igualmente.

Batalha:

As crianças aplaudiam e começavam a rodear os Pokémon, começando ainda mais perguntas sobre as criaturas. Roxanne tomava a frente para dar algumas explicações, aliviando a adolescente para coletar as Ice Gem, bem como a Tumblestone e Iron Chunk que os selvagens seguravam. Com tudo reunido, a coordenadora se juntou inocentemente entre os alunos, esperando pela próxima lição.

- Certo, certo. Acho que já chega de puxar Brionne - decretou Roxanne. - Vamos fazer uma caça ao tesouro. Enquanto estávamos aqui, pedi que alguns dos meus aprendizes escondessem pedras ao redor do Ginásio. Quem encontrar mais receberá um prêmio especial. Cuidado ao atravessarem a rua, pois estarei logo atrás de vocês - explicou.

Amorina e Roxanne assistiram quando dois aprendizes começaram a correr atrás das crianças, que estavam eufóricas com a possibilidade de encontrar coisas valiosas e ainda receber algo extra.

- Preciso ir antes que criem problemas. Mas, você está livre para aproveitar esse pequeno parque de escavações o quanto precisar. Só... tente não deformá-lo demais.
- Sim professora! - brincou. - Desculpa. Força do hábito. Vou recuperar os Pokémon no Centro e com certeza voltarei! - retrucou.

Com aquela deixa, Roxanne assoviava para Probopass e escalava nas costas da pedra flutuante, seguindo na mesma direção em que as crianças desapareçam. Amorina não podia deixar de ter um pouco de inveja delas, por terem contato tão próximo e frequente com uma representante e figura importante. Contudo, ela também se lembrava que nem todos almejavam fama e fortuna, então no fim, talvez não fosse grande coisa para elas. Somente quando Brionne e Jangmo-o se aconchegaram entre os pés da adolescente é que ela voltou para a realidade.

- Certo! Centro Pokémon, estamos indo!

O último duelo de Amorina com os selvagens deixava tanto Brionne quanto Jangmo-o em situações complicadas, forçando a adolescente à ir diretamente para o Centro Pokémon. Enquanto deixava os parceiros sob cuidados da enfermeira, ela se aconchegou num dos sofás e começou a ver o RotomPhone por novas notícias. Com as diversas fotografias de treinadores encontrando Pokémon raros do tipo Dragon, batia uma pequena frustração de não ter tido nenhum encontro excepcional nos últimos dias.

- Ora, ora, se não é a jovem Amorina que se tornou famosa demais para interagir com meros mortais - comentou uma voz feminina, que fez Amorina reconhecer de início, mas só ter a certeza quando encarou frente a frente a amiga.
- Titânia! A quanto tempo. E não venha com essa... eu não estava fugindo só de você, estava fugindo de todo mundo.
- Minha casa ainda é um bom esconderijo e você sabia o endereço - retrucou, cruzando os braços e se fingindo de ofendida. - Mas não é disso que eu vim falar. Não esperava te ver aqui mas... já que está aqui... o que aconteceu para você estar com o uniforme de Roxanne?

A coordenadora dava uma risada leve de imaginar a curiosidade da amiga, depois começou a explicação detalhada do ocorrido. Titânia não parecia tão surpresa quanto Amorina pensava que ela ficaria, porém se lembrava que ela tinha contato com Roark, então possivelmente tinha contato com todos os GYM Líderes locais. Ainda na espera da recuperação dos Pokémon, elas colocaram outros papos em dia, onde a pesquisadora compartilhou que tinha encontrado um fóssil completo finalmente, mas que devido à necessidade de complementação, não haveria uso imediato para ele.

Após alguns minutos, a enfermeira chamou a magnata para o balcão, lhe devolvendo Brionne e Jangmo-o fora da pokébola. No mesmo instante Titânia surgiu por cima dos ombros da adolescente, averiguando a espécime.

- Você não tinha esse quando nos encontramos pela última vez. É um Jangmo-o, certo?
- Sim. Um dragão aloliano. Um verdadeiro presente do Catching Contest. Infelizmente não tive a mesma sorte esse mês, porém consegui um outro músico para essa harmonia.
- Não me surpreende. As linhas de ônibus de Novus estavam lotadas com esse evento. Eu queria apenas consultar pesquisas na Aether Paradise e fui tendo que me espremer entre treinadores discutindo sobre dragões - elucidou, com uma feição desgostosa ao lembrar do ocorrido.
- E como vão as pesquisas? Ainda não estou apta a te patrocinar, mas atualizações podem ser úteis para que eu converse com outros interessados.
- Suspenso por tempo indeterminado. Meu orientador disse que faria uma viagem temática para Pallet ao comemorar o Ano do Dragão, dizendo que eu deveria também aproveitar a chance pra relaxar. Mal sabe ele que é justamente nas teses que eu encontro minha calma - retrucou. - Mas sem baboseira sobre coisas que você não entenderia. Sua equipe parece ter se alterado um tantinho... talvez eu devesse pedir minha revanche!
- Não sei quão animada a enfermeira ficará de me atender duas vezes no dia mas... tudo bem! - confirmou, animada em pensar que as batalhas com treinadores tendiam a ser mais desafiadoras.

Seguindo até a área externa do Centro, elas encontravam uma arena de batalha delimitada e num chão com muita areia e pedras espalhadas. Amorina gastava os minutos iniciais para ativar o Exp Share, porém ao invés de concentrar todos os fios em uma só pokébola, ela dividiu entre Haunter, Brionne e Jangmo-o.

- Não tenho mistérios dessa vez... Servine! - ordenou a pesquisadora ao libertar a serpente gramínea.
- Compreensível... nesse caso... Haunter! - comandou ao libertar a fantasma.

vs

- Já que apresentou seu Pokémon... Haunter use Icicle Spear!
- Neutralize com Leaf Tornado!

A fantasma gélida fazia um movimento com as mãos, invocando três fractais de gelo bem pontudos, que eram atirados em direção à serpente e lhe causava graves danos conforme cortavam seu corpo. Em resposta, Servine balançou a cauda de forma provocativa, recebendo um brilho verde que logo produziu um tornado de folhas, que sugava até mesmo um pouco da areia do chão para comprometer a visibilidade adversária.

- Temos um pouco de vantagem agora. Mais um Leaf Tornado!
- Ice Shard para finalizar! Concentre-se no alvo!

Num movimento mais rápido, Haunter reunia as mãos para fabricar uma esfera de gelo enfraquecida que foi lançada, se fragmentando no ar para que múltiplas pedrinhas de granizo finalizassem as energias restantes, rendendo um riso satisfeito de Haunter.

- Esse é forte... mas vamos lá Sableye! - ordenou ao liberá-lo.
- Movimento inteligente... mas isso ainda vai doer! Haunter use Shadow Punch!
- Shadow Sneak!

vs

Enquanto o fantasma frígido se preparava com os punhos numa energia roxo etéreo, Sableye não tardou em mergulhar nas sombras e arranhar sorrateiramente o alvo, causando-lhe graves danos pelas defesas baixas. Por sorte, Haunter ainda fazia bom uso da proximidade, desferindo enfim seu soco fantasmagórico que lançava o Pokémon sombrio para o próprio lado do campo.

- Manobra evasiva Haunter! - gritou ao recolhê-la, libertando Brionne em seu lugar.
- Ai está sua princesa então - comentou Titânia. - Vamos ver se a sorte estará à seu favor uma vez mais... Night Shade!

vs

Enquanto o fantasma era recolhido e a leão marinho assumia seu posto, Sableye tratou de se concentrar num feitiço que usaria sua própria experiência para causar danos, sendo liberado num disco fantasmagórico que causou alguns danos.

- Continue com Night Shade!
- Que sua música contenha o alvo! Disarming Voice!

Com sua agilidade e movimento em distância, Brionne começava a cantarolar para os ares enquanto criava uma distorção rosada no ar, acompanhada de notas musicais com brilho feérico que rodeavam e finalmente explodiam na posição do adversário, causando graves danos. Ainda resistindo, Sableye refazia seu feitiço fantasmagórico e o lançava contra o adversário, causando um dano direto em sua constituição.

- O tom dela... está tão doce. Será que? - questionou a pesquisadora.
- Sim! Ela está quase lá e você ajudará nesse processo... Aqua Jet!
- Shadow Sneak!

Num teste de agilidade, tanto Sableye preparava o corpo para mergulhar nas sombras quanto Brionne preparava sua orbe de água para se disparar como um míssil em direção ao adversário. Com maior conhecimento e afinidade com o movimento, a leão marinho se projetou adiantado, golpeando o alvo e esgotando o restante de energia que ele possuía.

- Acho que sabe quem virá a seguir. Espero que tenha se preparado pra ele - emendou ao libertar a bússola de pedra.
- Veremos se ele também está melhor preparado pra mim! Water Pledge, Brionne!
- Nosepass use Spark! - ordenou, esperando pegar uma paralisia.

vs

Amorina estava contente com o desempenho de seus Pokémon, que eram mais experientes que os de Titânia graças à sua segunda fita. Contudo, ela tinha pleno conhecimento de que a pesquisadora poderia mudar o jogo com um pouco de sorte. No combate, Brionne cantou mais uma vez docemente, invocando as águas que conseguia sentir para invocar uma poça seguida de pilares de água que se chocavam entre o pedregulho orientador. Em resposta, o nariz de Nosepass reluziu amarelo, disparando uma orbe elétrica que fez a leão marinho se contorcer de dor, mas resistir à paralisia de seus músculos.

- A sorte ainda está ao seu favor... mas vamos ver se está do meu! Rock Blast!
- Aqua Jet, finalize isso!

O combate entrava num dos momentos mais complicados, já que Brionne invocava sua esfera de água para se disparar no mesmo tempo em que Nosepass invocou quatro pedras ao redor do rosto. Com o encontro dos movimentos, uma nuvem de poeira tomou conta da arena, atraindo atenção de alguns treinadores que estavam desdenhando da possibilidade das duas darem um show. Quando a poeira abaixo, os dois combatentes estavam caídos no chão, mexendo com extrema dificuldade. Mas como bons guerreiros, ambos se levantavam.

- Bom trabalho, minha princesa! Agora vamos terminar isso! - animou, vendo um sorriso se formar, apesar do cansaço da leão marinho. - Aqua Jet!
- Rock Blast, Nosepass! - comandou, mas com tristeza na voz de já saber o resultado.

Com as últimas energias que lhe restavam, Brionne invocava sua orbe d'água e se imbuía nela para avançar contra o Pokémon bússola, desmaiando-o imediatamente após o impacto. Exausta, ainda que estivesse consciente, ela descansou a cabeça no chão.

Batalha:

- Obrigada pelo seu esforço... retorne! - agradeceu ao recolher Brionne.
- Bom, você pelo menos está fazendo jus à sua nova fita - comentou Titânia. - Em breve irei conquistar meu próximo diploma... então estaremos equiparadas para o desafio.
- Vou esperar ansiosa por isso - retrucou, esticando a mão para um aperto.

Titânia torcia os olhos e finalizava o aperto, seguindo com a amiga para dentro do Centro Pokémon para recuperar as energias dos Pokémon mais uma vez. O olhar da enfermeira não mudou, sendo provavelmente uma atividade normal dos treinadores daquela área. Amorina aproveitou a oportunidade para atualizar a amiga sobre os próximos planos, já que diferentemente de procurar avançar mais, ela agora retornaria para conseguir algumas chaves a mais de cidade.

- Sabia que você era ambiciosa, mas isso é loucura. De qualquer forma, espero que consiga o que quer. Mas saiba que se ficar pra trás, não terei pena de pedir minha revanche!
- É uma medida necessária para meu sucesso. E não se preocupe, no nosso próximo encontro, estarei mais uma vez preparada!

Assim, a magnata assistia a amiga pesquisadora seguir em direção ao Monte Lua, onde provavelmente estava à caminho de seu próximo desafio como uma entusiasta do ramo científico. Amorina ainda tinha muito que provar para Pewter antes de seguir em frente, por isso apenas colocou no GPS o mini parque de escavações dentro da cidade e seguiu até ele.

Após o dia em que batalhou contra Titânia, Amorina não conseguiu grandes feitos além de ter uma aventura pelas lojas de joias, embora não comprasse nenhuma por querer manter uma reserva robusta para quando precisasse comprar mais itens de captura, notadamente as caríssimas Great Ball.  Ao menos a recuperação do Centro Pokémon era gratuita. Com isso, os dias foram bem monótonos até que finalmente Pewter começou a se mexer para comemorar o Ano do Dragão, sendo provavelmente um reflexo do comércio ao notar que havia muito entusiasmo jovem sobre o tema.

As típicas ruas e faixadas marcadas por tons variados de marrom e cinza agora dividiam espaço com fitas e lanternas vermelho e dourado, que davam um ar luxuoso e requintado de um festival que estava se comemorando globalmente. Como a cidade entre as montanhas, eles não economizavam em esculturas de pedra, embora reconhecessem se tratar do ano do Dragão da Madeira.

Não querendo ficar de fora das festividades, a coordenadora sacou o RotomPhone e enviou uma mensagem para estilista da família, recebendo um mero "Ok" da mulher sobre o pedido de roupa personalizada. Amorina não sabia quanto tempo demoraria para o traje estar pronto, mas achou que não precisava esperar demais para aproveitar o festival, por isso apenas colocou um dos antigos vestidos vermelhos que tinha e saiu pelas ruas.

Graças à fama em Pewter, alguns comerciantes insistiam para que ela pegasse uma amostra grátis de cada petisco, fazendo-a se sentir culpada, até notar que era uma prática comum para atrair clientes. Por sorte, de pouquinho em pouquinho, a coordenadora lotou a barriga que nem precisou fazer pausa para o almoço quando chegava a hora. Numa momentânea pausa na praça, ela ouvia os relatos de outros treinadores dizendo terem encontrado um Exeggcute que tinha um chapéu de dragão na cabeça, sendo o famoso fenômeno terastal. Aquilo transportava a adolescente para os coqueiros de Alola, que por vezes podiam ser Alolan Exeggutor disfarçados ou em migração pelas praias. Eles possuíam a tipagem dracônica especial, o que atiçou a curiosidade da adolescente para ter um deles.

Não muito longe daquela praça, voltando à caminhada, ela encontrou uma criatura verde dançando em cima de uma pedra, imitando um grupo que se apresentava na outra rua. Amorina não sabia se era mais surpreendente ele conseguir ver daquela distância ou ele conseguir replicar os golpes com maestria. Mas o que realmente chamou a atenção dela foi o fato de que, uma parte inconsciente de seu cérebro lhe alertava que já conhecia aquela espécime, por mais diferente que estivesse. Retirando o RotomPhone, o aparelho se ativou sozinho na função de PokéDex.

Drampa, o Pokémon plácido. As montanhas que chama de lar têm quase três quilômetros de altura. Em raras ocasiões, descem para brincar com as crianças que moram nas cidades abaixo. Em sua forma bebê, eles gastam toda a energia antes de assumirem sua forma original calma.

- Drampa - disse em voz alta, fazendo o dragãozinho a encarar, mas depois voltar a dançar. - Ora, não está com medo? Nesse caso... será que podemos dançar juntos?

O selvagem não pareceu entender a proposta de primeira, depois voltou a dançar, sorrindo apenas quando viu a adolescente tentar imitá-lo. Com isso, ele diminuía o ritmo para ensiná-la, sendo uma dança de quatro movimentos antes de se repetir. Aos poucos, Amorina foi se acostumando ao ritmo, replicando a dança conforme a batida de tambores que acontecia na rua principal. Quando o público começou a aplaudir a apresentação, ela também aplaudiu Drampa, que apenas ficou saltitando animado.

- Sua disposição está ótima! É um ótimo dançarino - comentou, mesmo que ele não entendesse. - Poderíamos fazer bom uso disso... sabe, te colocando em evidência igual aqueles dançarinos - emendou, apontando para a multidão.

Drampa ainda estava confuso, mas sentia que a garota queria lhe dizer algo. Ele era um bebê, portanto exigir demais compreensão era difícil. Mesmo assim, ele pareceu animado com a oportunidade de estar no meio, pois quando Amorina apontou para o local de apresentações, ele recomeçou a dançar. Contudo, ele olhou para os céus como se esperasse alguma resposta divina, depois desceu da pedra em que estava e fez uma pose típica de sua forma evoluída, unindo os braços ao se defender.

- Oh... um combate - disse levemente frustrada. - Bom, presumo que seja inevitável. Muito bem então... Haunter! - comandou ao libertar a fantasma gélida, que apanhou o Lucky Egg e o escondeu com sua força fantasma.

vs

- Não é por você ser um bebê que pegaremos leve! Haunter use Icicle Spear!

A fantasma de gelo era mais ágil, tratando de mexer as mãos na frente do corpo para criar estacas de gelo pontudas com o gás criogênico que escapava de sua máscara, formando três ao todo, que eram disparadas sequencialmente e explodiam em contato com a pele do adversário, causando-lhe graves danos. Sem perder a animação, Drampa dançou um pouquinho antes de abrir a boca e disparar um feixe roxo etéreo, que assumiu a forma de um dragão no ar até explodir no rosto de Haunter (Dragon Breath).

- Ok... parece que você também não está de brincadeira - comentou assustada com a força do dragão ainda em sua forma bebê. - Ice Shard!

Num movimento rápido, Haunter fabricou uma orbe de gelo enfraquecida e lançou com força pelo ar, fragmentando-a em pequenos granizos que golpeavam de uma só vez Drampa, fazendo-o desmaiar.

Batalha:

Amorina sabia que Haunter não era de comemorar, pois sua natureza fantasmagórica a fazia se animar com o mero ato do combate e abate de um adversário. Assim, ela poupou esse tempo para lançar uma Great Ball contra o Pokémon, capturando-o com muito sucesso graças à baixa relutância do Pokémon. Com mais um Pokémon de sua terra natal registrado oficialmente, ela ficava contente em conseguir fazer o que não teve coragem na antiga Alola.

- Quer me seguir pelas sombras ou prefere descansar? - questionou à Haunter, que entregou o Lucky Egg, apontou para o sol e imediatamente se recolheu para a esfera. - Bom descanso então.

Com a única pretensão sendo encontrar o fatídico Exeggcute com o chapéu dracônico, Amorina prosseguiu sua caminhada pela gloriosa e festiva Pewter, torcendo para que a aura dessas criaturas místicas a ajudasse a conquistar o Pokémon que busca. Contudo, antes que ela avançasse grandemente, Carbink se libertava para um valioso anúncio para sua treinadora: as gemas estavam prontas.

- Você tem sido muito atencioso comigo. Obrigada! - disse ao recolher as gemas de tom oliva e acariciá-lo, por mais que sua superfície fosse robusta. - Isso me lembrou das frutinhas!

Amorina realizava uma pausa emergencial naquele momento, desacoplando o Berry Pot da mochila para recolher as quatro frutinhas que nasciam na mini árvore do objeto. Recolhendo tudo, ela ajeitou como conseguia naquela hora, já que sua mochila para conservação de berries estava em casa.

- Espero que não estrague até eu poder guardá-la - disse preocupada para Carbink, que apenas saltitou e decidiu seguir a dona fora da pokébola.

Depois de uma batalha complicada com o Ancient One no Monte Lua, Amorina retornava correndo para dentro de Pewter para recuperar sua equipe e se acalmar. Enquanto aguardava a recuperação das criaturas, ela recebeu elogios e comentários de outros treinadores locais, que até pediam dicas para a adolescente de como ela encontrou a figura famosa e misteriosa que habita aquelas redondezas. A magnata disse que é um acontecimento natural, que basta perseverar e ter coragem que as coisas acontecem.

Quando recebeu uma folga de todos, notadamente pelo chamado de Joy até o balcão, Amorina recebeu uma caixa da estilista da família, sendo claramente camuflada embora a escritura no cartão era muito característica. Pedindo acesso ao banheiro e vestiário do Centro Pokémon, a adolescente utilizou aquele mesmo lugar para tomar banho e trocar de roupas, onde aproveitaria a animação dos últimos dias do Festival Lunar para comemorar.

O traje encomendado pela adolescente eram um qipao longo e vermelho, com detalhes em dourado que replicavam dragões dançando na mais refinada técnica manual de costura que apenas a estilista da família Dourado era capaz de fazer. Havia também uma fenda na perna esquerda da coordenadora, garantindo que ela conseguisse se mexer sem parecer um robô pela roupa delineada em seu corpo. Por fim, ela colocou uma sapatilha de salto médio e branca, com detalhes em ouro. Antes de sair, ela pegou uma escova emergencial da bolsa e penteou os cabelos, depois amarrou num coque e deu uma leve. Enquanto o cabelo dela estivesse molhado, tudo ficaria perfeito.

Saindo do banheiro para a recepção, a coordenadora não passou despercebida com seu novo traje, atraindo os mais variados olhares dos frequentadores da área. Alguns deles estavam com trajes típicos, acabando até mesmo por se reunirem ao redor dela para fazer uma foto final, levantando lanternas, dangos e algumas lembrancinhas feitas de minerais preciosos para comemorar a festividade.

- Ora, quem diria que uma celebridade tão importante estaria no meu último dia em Pewter agraciando nossos olhos - comentou Grace quando se aproximou, vestindo apenas uma echarpe vermelha com a estampa de um Dragonair. - Será que eu ousaria chamá-la para uma caminhada?
- Não seja assim, madame Wonder. Estou bem longe de sua fama... é claro que podemos caminhar juntas!

Assim que a magnata recebeu a pokébola de seus parceiros, ela deu as mãos para Grace e seguiu para a rua principal de Pewter, onde diversos grupos faziam apresentações especiais com danças e teatros retratando a natureza e exuberância do Ano Lunar do Dragão. Altaria, Dragonite, Kommo-o e tantos outros eram homenageados em estampas de pipas, cobertores, outdoors, globos festivos e tantos outros objetos que era nítido o amor que Pokégea nutria pelo festival em si e sua representação.

Amorina se surpreendeu quando uma vã do Centro de Acolhimento se aproximou, abrindo as portas para deixar que os Pokémon Rock à espera de adoção se unissem às festividades, dançando entre os humanos. Eles eram tão bem recebidos e comportados, que não raras eram as vezes que a adolescente pegou alguns treinadores trocando Tickets para poder pegar um deles definitivamente. A cena era doce e simbolizava a renovação dos ciclos, sendo que cada Pokémon teria uma nova oportunidade. A magnata então se lembrava que tinha alguns repetidos guardados e que, olhando daquele jeito, era preciso que eles também pudessem se reinventar.

- Você não pode ter pagado tão caro nessa roupa para ficar se esgueirando pela calçada - comentou uma voz feminina, revelando ser de Roxanne. - Vamos lá... você já conquistou Pewter com seu modo de ser. Agora vamos aparecer mais!
- Eu... só tenho que concluir uma coisa - comentou, ainda animada.

Amorina correu até Grace e explicou a situação, explicando que possuía um Nacli, um Stonjourner e um Dwebble esperando por uma nova oportunidade. Para não tomar muito o tempo da adolescente, Grace apenas pegou o registro da Pokédex de Amorina e seguiu rumo ao Centro Pokémon para realizar a tarefa de pegar as criaturinhas e levá-los com ela para festejar entre os demais treinadores. Com aquela deixa, a coordenadora não se continha e saia correndo na direção dos líderes de Pewter, saudando principalmente Roxanne, Grant e Roark por serem pessoas que ela já tinha encontrado antes.

As celebrações duraram por horas a fio, até quando a noite caiu e todos começaram a compartilhar comida para que se mantivessem firme até a hora certa. Amorina acabou reencontrado os Pokémon que tinha doado naquele momento, se aproximando deles com uma das lanternas do festival em mãos, com um Kommo-o estampado nela.

- Ei, pequenos - comentou, levemente culpada em abandoná-los, mas ciente de que deixá-los eternamente em sua coleção particular seria pior. - Eu espero que tenham gostado do tempo que passamos juntos, ainda que não tenha sido muito. Com essa lanterna eu desejo que vocês encontrem um novo local para chamar de lar, tal qual eu me reencontrei aqui em Pokégea. Cuidem-se e cuidem de quem vocês se importam. Vocês merecerem a felicidade que vão ter... eu tenho certeza - completou, lacrimejando.

Os antigos Pokémon da adolescente tentavam tocar como conseguiam a lanterna, transferindo os próprios sentimentos antes que a magnata acendesse o objeto e com a contagem regressiva da população, finalmente liberasse a lanterna em rumo ao céu escuro. Amorina tinha conseguido participar dos momentos finais da celebração, além de ter dado uma nova chance para os Pokémon que até então fizeram parte de sua jornada.

- Histórias são escritas todos os dias. As vezes, a beleza do mundo é deixar as coisas fluírem com naturalidade - comentou Olivia, quando se aproximou de Amorina.
- Não sabia que estava aqui!
- Me encarregaram de uma missão especial. Eu espero que goste... pois estou muito orgulhosa de poder te entregar isso.

Amorina dilatou as pupilas quando viu a chave nas mãos da Kahuna, não se contendo em dar um apertado abraço na mulher. Olivia dava uma risada e retribuía o abraço, por fim entregava oficialmente a chave para a adolescente, com as escrituras talhadas no nome da cidade e cravejado de alguns minerais preciosos.

- Um símbolo de reconhecimento... e o desejo de que volte mais vezes - completou Olivia.

Quando as lanternas ficaram apenas como brilhos alaranjados nos céus, todos os moradores começaram a agradecer uns aos outros e se dispersaram lentamente. Amorina foi até o meio-fio e se sentou, admirando a conquista árdua, mas muito valiosa da Chave de Pewter. Ela sabia que voltaria milhares de vezes para aquele local, mas também tinha objetivos em outras terras, por isso decidiu que retornaria para o hotel e organizaria tudo para seus próximos passos.

Amorina tinha conquistado a Chave de Pallet e conquistado um novo objetivo ao conhecer pela primeira vez Lisia: o Autograph Book. O item prometia entregar boas recompensas para treinadores que perdessem a vergonha e fossem conversar com algumas figuras relevantes, como GYM Líderes, Elites, Kahunas e Campeões, buscando obter suas respectivas assinaturas para completar o livro. A magnata não perderia a oportunidade de ter uma deixa perfeita para conversar com gente importante e também lucrar com presentinhos pela tarefa simples.

Contudo, se ela quisesse dar o ponta pé em sua busca pelas assinaturas, precisaria começar por algum local em que conhecia muita gente, portanto, decidiu retornar para Pewter por ter familiaridade com os diversos representantes Rock. Graças as Chaves de Cidade que possuía, ela pegou um Flying Taxi particular que a levou direto de Pallet até Pewter. Durante o trajeto, Amorina aproveitou para revirar a bolsa, encontrando o TM Aura Sphere e pensando que poderia ser útil ensiná-lo para Hakamo-o, que passou a viagem toda assistindo a reprodução do ensinamento do golpe no RotomPhone.

Embora fosse o transporte mais rápido de Pokégea, ainda era bem longa a travessia entre as cidades que ela estava, portando na altura em que chegou à Pewter, o céu já estava numa mescla de laranja embaixo e azul-escuro onde os raios solares já não mais tocavam. Com isso, ela pensou que era melhor procurar o hotel em que tinha se hospedado anteriormente para garantir sua vaga antes de procurar os representantes, que poderiam estar ocupados em outros afazeres.

Contudo, antes que chegasse em seu objetivo, Amorina se assustou com um brilho azulado vindo de trás de um muro, dando uma espiada por cima do muro para notar que havia uma batalha acontecendo. O treinador utilizava um Galarian Darumaka contra um Alolan Geodude que vestia um luxuoso chapéu azulado, mas parecia estar levando a pior, pelo estado ofegante que o travesso gélido estava comparado ao selvagem. Apenas pela garantia, a magnata deixou seu amuleto de Lucky Egg a postos, caso precisasse lançar alguém para a luta.

Como esperado, isso acontecia quando Geodude nocauteava o Darumaka do jovem com um Rollout certeiro. Pela feição de espanto do garoto, ele provavelmente estava em apuros e seria atacado diretamente. Amorina então libertou Hakamo-o em cima do muro, lhe passando o amuleto e deixando que o dragãozinho se colocasse entre os combatentes, assumindo a liderança pelo novo combate.

- Afaste-se! - gritava a coordenadora, tentando subir no muro. - Eu cuido dele!

vs

- Hakamo-o vamos enfraquecê-lo! Breaking Swipe para começar!

O dragão era mais rápido e portanto iniciava a troca de golpes, aumentando o tamanho de sua cauda num tom azul-roxeado e lançando-o como se fosse um chicote contra o adversário, que sofria um incômodo que reduzia sua ofensiva física. Em retaliação, a pedra eletromagnética brilhava algumas faíscas por seu corpo, depois se disparava dando um encontrão no adversário (Spark), deixando um lindo rastro azul-amarelo para trás, que fez os olhos da coordenadora brilharem.

- Essas cores... esse contraste! - divagava, retornando a si quando Hakamo-o deu um rosnado. - Perdoe-me, querido. Vamos agora testar seu novo golpe! Aura Sphere!

Amorina não sabia quão familiarizado Hakamo-o estaria, mas decidiu arriscar. Esticando os braços na frente do corpo, uma esfera azul brilhante surgia entre as mãos do dragão e era disparada em direção ao adversário, crescendo de tamanho conforme se expandia no trajeto. Ao entrar em contato com Geodude, a esfera explodia e criava uma fumaça branca mediana, mas que se dissipava rapidamente, fazendo o chapéu em formato de floco de neve do selvagem partir por ter desmaiado.

Batalha:

- E-Eu não sei o que aconteceu. Esse Pokémon simplesmente ficou irritado, brilhou e ganhou esse chapéu de repente! - explicava o garoto assustado.
- Tudo bem. Você não fez nada errado - argumentou, ciente de que sensações negativas eram perigosas durante o ataque do Titã. - Algumas criaturas despertam dessa forma. É natural, mas bem incomum. Você está bem?
- Sim. Obrigado. Não pensei que fosse perder pra um Geodude comum - murmurava, olhando para baixo como quem tivesse muita vergonha.
- Esse não era um comum. É um Alolan Born! Ele possui a tipagem Electric, que pode ser bem complicada de lidar, principalmente se seu Pokémon for paralisado - retrucou. - Se importa se eu ficar com esse aqui? Você achou primeiro, afinal.
- Mas você ganhou. É o justo. Pode pegar.

Amorina sacava uma de suas Great Ball, notando que em breve precisaria reabastecê-las. Assim, ela lançava a esfera contra o selvagem e o sugava, fazendo o item tremer três vezes até confirmar a captura com a atualização do RotomPhone. Antes de prosseguir, a magnata também coletava uma Cell Battery que o selvagem estava carregando, mas que não lhe acompanhou durante a captura.

Por fim, a coordenadora ofertava seu serviço de escoltar o garoto de volta até o Centro Pokémon, apenas para garantir que ele não seria pego por nenhum selvagem ou ficasse mergulhado em sentimentos ruins pela derrota sofrida. No trajeto, ela lhe explicou sobre o que era o fenômeno Terastal, que ele tinha presenciado, mas não tinha conhecimento do que se tratava. Amorina também lhe deu dicas de como se fortalecer, buscando conhecer todos os Pokémon que encontrar para que tenha melhor preparo em reencontros.

- Mas seu Hakao-o é fraco contra Ice, por ser Dragon. Você não temeu? - perguntou o garoto, já na porta do Centro.
- Bom... as vezes precisamos ousar um pouco para garantir a vitória. Eu aprendi bastante com outros amigos que são policiais, como minha madrinha, que é uma treinadora!
- Oh... vou ter isto em mente então. Tenha uma boa noite... melhor do que a minha.
- Certo. E você... levante a cabeça e foque no que aprendeu hoje. Sem vergonha ou medo - incentivou, dando um sorriso caloroso que o fez também sorrir.

Amorina não sabia que seus pequenos atos de apoio poderia salvar as pessoas da corrupção, mas no fim do dia, ser um Coordenador era justamente explodir a plateia de alegria, então praticar isso em seu dia a dia não poderia ser tão difícil.

Retornar do Concurso de Captura foi difícil para a coordenadora, pois acabara de perder a chance de pontuar. Embora tentasse manter a positividade, ela ainda estava triste pelas três geminhas grátis que poderia ter ganho se só tivesse atacado o Pokémon que encontrou. Ela não queria ceder à influência do Titã Sombrio, mas com a negatividade se espalhando por todos os lados, difícil era se manter firme. Mas ela não ia desistir.

Apesar disso, Amorina não tinha energia suficiente para sair de casa no período diurno. Não queria ver pessoas, pelo menos não agora. Contudo, ela sabia que não podia ficar definhando na cama, pois assim seu tédio tomaria conta e tudo ficaria pior. Quando ela espiou pela janela e viu que já era noite, ela puxou sua mochila de viagens rápidas com o essencial e seguiu para fora.

Litten e Primarina provavelmente sentiram que a treinadora estava cabisbaixa e resolveram se libertar sozinhos para acompanhá-la. O felino cheirava dentro da mochila da garota, puxando o compartimento em que ficavam conservados os Pokéblock, fazendo a coordenadora sorrir pela primeira vez desde que saiu do Concurso.

- Fome ou ganância? - perguntava, vendo os olhinhos de seus parceiros brilharem para os cubos coloridos. - Vocês realmene gostam das de Starf Berries, né?

Cedendo, Amorina abria o objeto e entregava uma dupla de Pokéblocks pra cada um. Embora Primarina fosse maior e tivesse mais facilidade para engolir os docinhos, ela ainda os mastigava quando Litten já tinha concluído o dele. Assim, a coordenadora chegava à beirada da cidade, onde podia encarar diretamente os céus. A chuva de meteoros realmente estava acontecendo, tendo alguns rastros extremamente rápidos pintando os céus. Aquilo dava a nostalgia na coordenadora, de quando ela também deixava seus rastros sendo uma Magic Sibling.

- Não recuem agora! - exclamava uma voz, não muito longe da magnata, lembrando perfeitamente Magic Purple. - Nosso poder... é... mais forte - continuava, porém agora o som ficava esganiçado, não repetindo tão bem o tom da antiga líder dos Magic Sibling.

Amorina se virava e encarava uma figura assustadora em sua frente, parecendo vestir roupas circenses, além de ter uma pintura no rosto que lhe fazia ter um sorriso sádico medonho. A criatura misteriosa parecia farejar a incerteza, vergonha e medo na menina, tentando amplificar isso com sua presença. Felizmente, Litten pressionava o rosto no de sua treinadora, dando-lhe a força que precisava para resistir à influência da corrupção. Irritada, a criatura mexia agilmente sua foice, mas não para cortar a coordenadora, mas para acertar uma formação de pedras.

De lá, um Alolan Geodude surgia, sucumbido por um manto translúcido e escurecido, além de ter os olhos vermelhos de ódio. Ele então batia seus punhos contra o chão, chamando mais dois aliados que também pareciam temê-lo, mas que não estavam dispostos a tentar contrariar seu líder. Amorina retirava o amuleto de Lucky Egg do bolso e lançava ao alto, junto com a pokébola de Hakamo-o, que agarrou o objeto e já se colocou à postos para a luta.

vs

- Sei que você poderia pegá-los - dizia a coordenadora para Primarina. - Mas precisamos fortalecer nossos aliados, assim estaremos mais seguros. Hakamo-o use Aura Sphere no Geodude da esquerda!

Amorina torcia para que nenhum deles tivesse a habilidade Sturdy, ou a situação ficaria complicada, mas queria acreditar que seu dragão dava conta. Por ser mais ágil, ele já carregava a esfera azul brilhante entre a palma das mãos e disparava uma esfera que cresceu durante o trajeto, explodindo certeiramente no alvo escolhido e causando seu imediato desmaio. O líder corrompido, que estava no meio do trio, avançava primeiro com seu corpo imbuído em faíscas elétricas amarelas, mas que também emitiam alguns rastros sombrios, dando um encontrão no dragão (Spark). Seguindo o passo de seu superior, o segundo Geodude também executava o mesmo golpe, mas não era tão efetivo quanto o primeiro.

- Eles são mais fracos, mas podem ser problema. Aura Sphere no da direita agora!

Seguindo a estratégia de diminuir a vantagem numérica, a coordenadora comemorava brevemente quando a segunda esfera foi disparada e explodiu no capanga do corrompido, desmaiando-o de uma só vez. Contudo, aquelas ações só deixavam o líder irritado, que absorveu ainda mais faíscas eletromagnéticas e avançou contra Hakamo-o, causando um choque tão poderoso que afetou a musculatura do dragão (Spark). Além de mais lento, ele poderia ficar completamente imóvel por este feito.

- Você ficará bem. Não esforce muito seu corpo e seus músculos não falharão! - comentava para inspirá-lo. - Agora Aura Sphere!

Surpreendentemente, apesar de ter sua mobilidade comprometida, o dragão ainda conseguia ser mais ágil que o líder corrompido, gerando mais uma esfera de uma energia que Amorina não compreendia totalmente e disparando-a contra o adversário. Infelizmente, ele resistia ao golpe, tendo apenas algumas rachaduras em seu corpo que evidenciavam o ferimento sofrido. Em resposta, o Pokémon "se abraçava", virando uma bolota imperfeita e avançava para mais uma colisão com o adversário (Rollout).

- Ele ficará mais forte com o tempo. Hakamo-o use Breaking Swipe para contê-lo!

Geodude ainda não tinha parado de rolar quando Hakamo-o estava pronto para o próximo ataque, esticando a cauda num brilho azul-roxeado e golpeando o adversário como se utilizasse um chicote, que dava um estralo alto, que também deixava um ferimento no selvagem, mas que resistia ao ativar a habilidade, reduzindo sua ofensiva física. Dessa forma, apesar de estar mais rápido e a colisão ser naturalmente mais forte, o segundo Rollout não tinha tanta efetividade graças à redução sofrida.

- Só mais um pouco, querido! Aura Sphere!

Hakamo-o começava a sentir seu corpo querer falhar, vendo algumas partículas elétricas exalarem de sua pele. Felizmente, ele conseguia as forças para um último movimento, gerando a esfera azulada entre as mãos para dispará-la de longe, onde o projétil perseguia o Geodude que rolava mais rápido que anteriormente, mas se chocava com ele e explodia, nocauteando o último adversário.

Batalha:

- Não resista ao MEDO! - dizia a voz da criatura que invocou a corrupção, sendo que a frase final surgia como um grito.
- Errado, Fiddlesticks! - dizia uma voz feminina, surgindo num feixe e com uma aura rosa ao redor do corpo. - O medo é apenas um obstáculo a ser vencido. Resistir é exatamente o que precisamos fazer!

Amorina abria a boca ao notar que estava frente à frente com uma Star Guardian, que movimentou o cetro e se preparou para disparar um feixe de luz estelar contra a criatura corrompida, mas ele rapidamente invocou uma chuva de penas escuras e sumiu de vista quando ela se dissipou. A guardiã então se acalmou, fazendo um aceno rápido com seu cetro para afastar a névoa corrupta, condensando-a num Fragmento.

- Você lutou bravamente, me lembra uma amiga - disse a garota, ao se virar para Amorina. - Mas vejo que já tem um histórico - emendou, sorrindo ao ver Litten surgir no ombro da garota. - Sou Lux. É um prazer conhecê-la!
- E-Eu... s-sou...
- Amorina. Seu Litten já lhe denunciou - retrucou, esticando o dedo para afagar o familiar da garota. - Bom... parece que você lidou sozinha com o pior. Continue assim! E... aqui. Fique com um Fragmento extra, como recompensa por sua ajuda com a purificação. Além disso, não se esqueça de sorrir. Afinal... se você puder sorrir, pode também iluminar!

Lux dava uma piscadela e ganhava um contorno rosado ao redor do corpo, disparando-se em direção aos céus e deixando um rastro na direção em que seguiu. Amorina ainda precisou de algum tempo para se recuperar do choque que era conhecer tão de perto uma guardiã. Além disso, se ela foi notada, significava que algo bom ainda poderia fluir dela. Quem sabe, ela poderia despertar a magia em Litten e ganhar novamente todo seu brilho.

- Vou sorrir... vou iluminar... vou combater com todas as minhas forças a corrupção. Esta é uma promessa - dizia, encarando o céu estrelado, sentindo como se de fato algo ou alguém apreciasse seu comprometimento.

Amorina então tratou de recolher os itens deixados pelos Pokémon e checar duas vezes se não havia nenhum rastro de corrupção neles. Ela já tinha conseguido um Fragmento ao derrotar o Pokémon, mas recebia outro de Lux, então agora já tinha dois para eventualmente trocar por presentes. De qualquer forma, ela não podia perder o foco: destruir a corrupção, melhorar o ânimo da população e finalmente permitir que os Star Guardians saiam vitoriosos do duelo contra o Titã.

Depois de voltar da Base Star Guardian e abastecer sua mochila no PokeMart, Amorina retornou para o quarto de hotel para dar um cochilo diurno, pois queria explorar o mundo à noite. O principal motivo para isto era a chuva de meteoros que continuavam sendo noticiadas, embora algumas foram esclarecidas serem apenas a migração dos Minior, sendo especificamente os rastros coloridos, mas não deixavam de ser um show da natureza para quem simplesmente olhasse para cima.

Quando pegou no sono ao lado de Litten, Amorina teve um emocionante sonho onde era uma Star Guardian, tendo seus poderes devolvidos e seu rastro dourado pintando os céus enquanto seu felino familiar usava um terninho branco com fios de ouro. Ela se sentia viva novamente em poder saltar pelos prédios, iluminar o mundo e fazer pessoas sorrirem apenas de olhar para a aura brilhante que ela exalava. Contudo, num pulo em falso, ela fugia da beira de uma construção e caía.

A coordenadora então despertava tendo um tique repentino com as pernas, que fazia Litten despertar e ficar com os pelos arrepiados. Embora ele tivesse recuperado a capacidade de falar, ele apenas semicerrou os olhos repreendendo a treinadora, depois deu um longo bocejo e deitou novamente. Amorina, por outro lado, se levantava e ia checar pela janela, notando que o céu já estava alaranjado, simbolizando o fim da tarde e começo da noite em breve.

Enquanto tomava banho para tirar o suor que acumulou do sono à tarde, Amorina se lembrava do sonho que tivera. Tirando a queda, tudo era perfeito e mágico, exatamente como da última vez. Ela não precisava temer sentimentos ruins daquele momento, pois abria um sorriso largo e honesto. Estava de fato feliz, pois já tivera a oportunidade de experimentar tudo aquilo. Se tivesse uma nova chance, seria grata, mas jamais poderia ficar triste por não ser convocada.

Depois de se vestir, a coordenadora acordou lentamente seu parceiro felino e já tratou de oferecer dois Pokéblocks para ele. Aquela altura, ele já era um Pokémon mais exuberante e chamativo que os demais, porém o docinho nunca era recusado. Assim, Amorina permitia que seu familiar subisse em seu ombro para a caminhada que fariam.

- Agora que você voltou a falar... é estranho conversarmos novamente? - sussurrava para Litten.
- Você quem me diz. Já conversava comigo antes. A diferença é que você tem mais clareza na resposta.
- Justo. Me diga... sente... algo diferente desde que voltou a falar? - perguntava pausadamente, para não evidenciar nada.
- Sinto muito, Amorina. Não há magia suficiente em mim para te transformar - retrucava o felino, com pesar nas palavras ao identificar o jogo da garota. - Presumo que se você quiser se transformar, terá que ser abençoada sozinha e talvez eu recupere meu poder. Ou... - começou, mas ficou quieto.
- Ou? - insistiu.
- Poderiam designar outro familiar pra você. Não é impossível. Mas... quem sabe - pensou o felino, olhando pro céu. - Fui enviado para você pois tinha uma lição para lhe ensinar sobre sua bondade irrefreável. Talvez você tenha aprendido todas as lições... ou precisa aprender novas.
- Acho que você aprendeu mais comigo do que o contrário - provocou, recebendo a torcida de olho do felino.

A coordenadora então caminhava até a beira da cidade, tendo uma visão ampla da montanha em que ficava sediada a cidade, além do céu límpido. Amorina voltava a sorrir quando algumas estrelinhas cortaram rapidamente o céu, deixando um rastro que não era duradouro, mas que não deixava de ser bonito. Fechando os olhos e sentindo o vento sob seus cabelos, ela comentava:

- Ainda me lembro de quando você rompeu os céus para vir até mim. Foi um dia confuso no começo, mas fluiu bem. Nunca pensei que seria um dos dias mais felizes da minha vida. Mas talvez seja isso, certo? Bons dias começam comuns - pensava. - E sou grata por ele ter ocorrido. Sou grata por ter escolhido ficar comigo...
- Amorina... - interrompeu Litten.
- Sou grata por ser um de meus parceiros mais fiéis...
- Amorina... - voltou a interromper, agora mais firme no tom.
- Não seja orgulhoso. Deixe eu terminar minha fala!
- Não! Amorina, abra os olhos!

A garota atendia o pedido do felino, mas não via nada de diferente em seu familiar, contudo, no horizonte do céu escuro, um feixe azul rompia os céus e parecia cair. Amorina arregalou os olhos quando notou que ele vinha em sua direção, ficando cada vez mais claro, mais brilhante e mais nítido a cada segundo. Em determinado momento, era até impossível encarar o cometa mágico, forçando-a a cobrir os olhos até que ele se estabilizasse. Retornando a encará-lo, a coordenadora estava de frente pra outro familiar, parecendo uma lontra azulada, com uma pintura vermelha próximo aos olhos, que estavam fechados.


- Sou Oshawott, uma criatura mágica abençoada pela Primeira-Estrela para lhe tornar um guardião ou guardiã. Antes que eu conheça sua aparência física, devo alertar que estou à anos na luta contra a corrupção em diversas dimensões. Inúmeros humanos tiveram a honra de serem meus portadores e hoje esta honra será sua. Que juntos, sejamos tão fortes e poderosos quanto meu legado - dizia o novo Familiar, com uma voz masculina grossa, como se fosse um homem formado. - Sem mais delongas. Deixe-me avaliar sua formação física - completou, abrindo os olhos.

Os olhos de Oshawott então se abriram, viajando de cima à baixo para a coordenadora. Em seguida, ele olhou ao redor, flutuando alguns metros em todas as direções como quem buscava algo. Depois, cruzou os braços e ficou com a sobrancelha franzida.

- Humana... indique onde está meu portador! - decretou.
- Não reparou? Ela é sua portadora - comentou Litten com um riso contido. - Olá, Oshawott.
- Littten?! Mas... mas... - ele olhava incrédulo para a garota. - Você já é familiar dela, não é?
- Portadores duplos não são raros. Mas, de qualquer forma, eu abandonei meu laço com a magia.
- Não me diga que... abriu mão da honra da batalha por... ela? - perguntou, novamente fiscalizando-a de cima para baixo. - Todos os meus portadores eram poderosos! Imponentes! Tinham força em sua estrutura física ou social. Garota... ao menos me diga que é poderosa como... filha de um prefeito?
- E-Eu... sou herdeira de uma fortuna - sussurrou. - Mas ainda não tenho acesso a ela.
- Francamente... a Primeira-Estrela me enganou. Mas, não fujo à minha atribuição - disse, em evidente frustração. - Você... jovem...
- Amorina.
- Amorina. Hoje te darei a honra de me ter como seu familiar. Como minha portadora, você terá acesso à um poder único e deverá fazer bom uso dele, em desfavor da corrupção. Acha que está apta ao trabalho? - questionou, dando uma eloquência e evidência para o final, como se quisesse plantar uma dúvida na garota.
- Sim. Nunca estive mais pronta! - retrucou.

Oshawott puxava um pedaço da armadura que estava acoplada em seu braço e disparava no chão entre as pernas da coordenadora, fazendo um pilar de água se elevar. Amorina era levada para uma dimensão brilhante e azulada, onde bolhas d'água cobriam seu corpo antes de começar sua transformação. A coordenadora recebia uma blusa lisa e branca, com um cristal azul contornado de ouro em formato estelar no peito, seguido de uma saia em três tons de azul, sendo a primeira camada mais escura e as internas mais claras. Nas pernas, surgia uma bota de cano alto branca com detalhes dourados na sola, além de uma estrela azul enfeitar na altura da canela. Um laço também se agarra no final das costas da menina. Amorina ganhava luvas brancas com uma estrela azul na costa da mão. O cabelo dela então ganhava uma aparência molhada, surgindo uma tiara de ouro com asas brancas. Em complemento, os olhos da garota ganhavam um delineado vermelho-escuro, semelhante à seu familiar.

Num brilho de luz para quem não foi transportado para a dimensão do Familiar, Amorina ressurgia em Pewter com sua aparência totalmente alterada. Litten sorria ao vê-la brilhar, porém ficava ainda mais animado quando recuperava seu próprio brilho mágico e conseguia brincar nos ares como fazia antes de abdicar de seus poderes. Sem se conter nem mesmo por mais um segundo, a coordenadora de apoiava na beirada da montanha e pulava, dando um impulso inumano em direção aos céus, superando até mesmo a altura do Planalto Lunar. Litten brincava no ar enquanto a acompanhava, já Oshawott criava uma bolha d'água resistente para que ela se apoiasse nos ares.

- Não se esqueça quem é seu familiar agora - disse Oshawott ofendido, quando Amorina deu um abraço no felino. - E não se esqueça de sua missão.
- Obrigada! - disse ao puxar Oshawoot pro abraço. - Não vou te decepcionar. Pokégea é meu palco... e agora estou pronto para fazer meu público sorrir mais uma vez!

Após conquistar sua tão sonhada transformação como Star Guardian, Amorina era impedida de atender ao chamado da Primeira-Estrela ao resolver algumas pendências. Felizmente, algumas delas rendiam uma evolução de sua Larvesta, que agora era uma majestosa Volcarona, com um corpo que exalava um calor quase maternal ao redor de quem ficava próxima a ela. A coordenadora ainda teria que se acostumar com essa nova e poderosa integrante, por isso tratou de começar seus laços entregando um par de Pokéblocks.

- Isso deve fazer você ficar ainda mais bela! - elogiava, vendo o inseto mastigar lentamente os docinhos coloridos.

Quando essa parte estava concluída, a Amorina se virava para Oshawott e solicitava mais uma transformação. Felizmente, como guardiã ela não precisava esconder sua identidade, então poderia realizar todo tipo de atividade pela cidade. Parando na sacada de um hotel, ela olhava em todas as direções para buscar algum rastro da corrupção, já que seus poderes também lhe permitiam ver auras negativas se manifestando. Em meio aos transeuntes de Pewter, uma pessoa com uma pequena fumaça roxeada chamava atenção da guardiã, que num salto deixava um rastro de luz até a posição esperada.

A princípio, o homem quase enfartava com o surgimento repentino da guardiã, mas conseguia se conter e, principalmente, segurar firme a caixa de papelão que segurava. Amorina então travou os olhos no rosto do homem com rastros negativos, se surpreendendo ao reconhecê-lo.

- Professor Birch?
- Amorina?! - dizia o homem, ao ver os traços da coordenadora não tão escondidos na nova roupa e aura brilhante. - Você está... brilhante! Radiante! Ahm... me faltam adjetivos para representar o que estou vendo.
- Tudo bem, professor. Obrigada. Mas, por que não me conta o que vem fazendo?

Amorina convidava o homem para uma conversa, mas não citava sobre ter visto nele uma aura negativa, temendo que piorasse alarmá-lo. Assim, Birch explicava que estava em sua pesquisa de campo, como usual, mas que tinha também recebido uma caixa de câmeras  tecnológicas, que apenas precisavam ser acopladas em um poste para filmarem o ambiente. Segundo ele, ela seria útil para a segurança da população, identificação de criaturas migratórias em Pewter e com os eventos nos céus, também poderiam captar a chuva de meteoros.

- Câmeras? Acha que elas podem pegar as Star Guardians também? - perguntava, pensando que a imagem das ações das guardiãs poderia levantar o ânimo geral.
- Bom... a menos que tenha algum bloqueio específico, não vejo como não poderiam. Mas, não quero lhe atrapalhar com essas coisas.
- Não se preocupe, professor. Ajudar pessoas em momentos difíceis foi o que me permitiu ser uma guardiã. Então... deixe-me fazer valer meu posto!

Birch aceitava o pedido, mas dizia que ainda pediria que Poochyena encontrasse um selvagem para retribuir o favor à garota com o encontro de um Pokémon novo. Desfazendo sua transformação mágica por não sentir o perigo, a magnata seguiu o canídeo até duas ruas para baixo de onde estavam, onde o Pokémon levantava a orelha e rabo ao apontar com o focinho para um punhado de concreto numa caçamba de entulho. Lá, havia algumas pedras que não pareciam fazer parte dela, mas ficaram evidentes quando se mexeram e dispararam uma pedra contra ela.

- Eita! - dizia ao se agachar na última hora. - Obrigada, Poochyena. Mas acho que este não é tão amigável - dizia, puxando o RotomPhone.

A suspeita de que o Pokémon era um Rock type se confirmava, mas Amorina ficava surpresa em ser um Stonjourner bebê. Era curioso pensar que aquele pilar solitário se tornaria o portal de pedra, mas antes dela divagar mais, ela sacava a pokébola de Hakamo-o e o colocava em campo, dando-lhe o amuleto de Lucky Egg para trazer boas recompensas daquele encontro.

x

- Não é um corrompido... mas posso te ajudar - dizia Oshawott. - Apenas diga para eu usar Burning Bright, você vai gostar!
- O que? - perguntava, tendo que desviar de outra pedra lançada pelo bebê. - Hakamo-o use Aura Sphere!
- Rápido! Peça para eu usar Burning Bright: Poison!

Amorina estava confusa, mas repetia as palavras da criatura, que começava a reluzir em multicolorido, antes de parar numa aura roxo-vívido e disparar um feixe de brilho contra Hakamo-o, que recebia um aprimoramento em suas forças psíquicas. Graças a isso, a esfera que o dragão gerava entre a palma das mãos era ligeiramente maior, sendo disparada contra o selvagem e explodindo em seu contato, desmaiando-o de uma só vez.

Batalha:

- Tinha me esquecido que vocês tem poderes auxiliares... mas nunca ouvi sobre o Burning Bright - comentava animada.
- Uma benção da Primeira-Estrela. Mas prefira usar isso contra os corrompidos. Não temos magia para desperdiçar na luta contra o Titã - retrucava, cruzando os braços.

Amorina concordava com o falado, mas não deixava de pensar em quão divertido poderia ser ter o dom dos familiares ao seu lado na luta contra a corrupção. Felizmente, aquele Stonjourner bebê estava irritado, mas não corrompido, então só precisou ser deixado em paz até se recuperar sozinho e voltar a caminhar até encontrar sua família, caso ainda estivesse por perto.

Finalizando a promessa que tinha feito para Birch, ela encontrou um local com visão privilegiada de algumas ruas e do céu, posicionando a câmera para filmar tudo naquela direção. Ela também se preocupou em não deixá-la coberta, já que parecia ter um painel solar pequeno na parte superior, provavelmente a fonte de energia para o objeto. A magnata só torceu para também ser um aparelho à prova d'água.

Por um breve instante, quando se virou para os céus, Amorina pôde ver um rastro verde vívido cruzando-o, depois fixou os olhos para identificar Lulu. Aparentemente a guardiã também tinha notado ela, já que acenou animadamente antes de dar um "turbo" em seu cetro mágico e sumir como uma estrela cadente nos céus.

Amorina ainda ajudava Birch, visando impedir que a corrupção pudesse afetá-lo por estar sobrecarregado de trabalho. Felizmente, a nova atribuição era apenas espalhar algumas câmeras para registros migratórios, captura de fenômenos celestes e segurança da população. Dessa forma, a coordenadora utilizava seus dons mágicos concedidos pelo Familiar para subir no estádio em que ficava o Ginásio, pois teria visão privilegiada da área.

Enquanto nada surgia em seu radar, Amorina se dava uma folga para colher o Berry Pot, considerando que suas frutas já estavam maduras, além de libertar Carbink para recolher as gemas preciosas que ele produzira. Curiosamente, eram as Dark Gem, mas a coordenadora não queria pensar que era por conta da corrupção se espalhando no mundo. Ainda naquele tempo, ela liberava Volcarona para consumir mais um par Pokéblocks, que parecia ter se tornado o favorito da mariposa, que exalava pequenos pólens laranja-brilhante de suas asas batendo.

- Fique alerta, Amorina. Sinto a presença de corrupção - alertava Oshawott.

A coordenadora então guardava as coisas na mochila e usava sua magia para fazê-la flutuar ao seu lado, assim evitando peso desnecessário. Com os olhos e ouvidos apurados, ela observava por cima da casas e ruas, mas não conseguia ver nada. Seu familiar insistia de que a corrupção estava presente, porém talvez estivesse escondida pelas paredes, então ela precisaria checar mais a fundo. Contrariada, Amorina desceu do telhado do ginásio para ficar bem na porta de entrada.

- Lá! Está ali dentro! - dizia o familiar, lançando uma bolha mágica que rapidamente ficou escurecida. - É uma corrupção forte. Ou a pessoa contaminada é forte. De todo jeito, temos que ficar alertas!
- Pode ser um dos Líderes. Vamos averiguar!

Amorina tinha um incômodo leve no peito, temendo quão poderoso poderia ser um Líder corrompido, mas não podia recuar depois de seu juramento. Assim, ela se aproximava da porta, testando-a e não se surpreendendo quando ela se abriu, destrancada. Oshawott lançava mais uma bolha mágica, que era corrompida e seguia os rastros do portador da negatividade, liderando o caminho até a arena de batalhas. A coordenadora então viu uma aura dançante entre algumas cadeiras da arquibancada, se aproximando para encontrar:

- Grant?! - exclamava, reconhecendo o modelo e um dos Líderes do Ginásio.
- Eu não quero ir... - sussurrou, mas em sua voz havia um eco de voz grossa assustadora.
- Não quer ir pra onde?
- Eu não quero! Não quero! NÃO QUERO!

A aura sombria do homem se espalhava, gerando um campo circular que empurrou Amorina para trás. Felizmente, sua transformação garantia que colisões não fossem tão dolorosas, permitindo que se recuperasse rápido. A coordenadora pensava que lutar entre os bancos da arquibancada não era inteligente, então deu um pulo e se posicionou na arena central do estádio. Enquanto Grant se aproximava caminhando até o interior, a magnata libertou Hakamo-o e Haunter.

- Ele não está na melhor condição... mas ainda podemos ter coisas a aprender com essa luta! - explicava para a dupla, entregando o Lucky Egg para o dragão e o Exp Share para a fantasma. - Você não entra nesse combate... eu espero.

Grant saltava da arquibancada até a arena, sendo uma altura considerável para ferir a perna de pessoas comuns, mas ou o líder era bem mais resistente do que parecia, ou sua corrupção também tinha lhe dado resistência sobrenaturais. De qualquer forma, ele puxou uma pokebola do bolso, apertando-a na mão para também infundi-la com sua corrupção, depois libertou uma tartaruga fóssil para o combate. Com a confirmação de Amorina, Hakamo-o tomava a frente como oponente.

vs

- Vamos cuidar de você... quando isso acabar! - dizia ao acalmá-lo. - Oshawott precisamos de reforços... Burning Bright: Poison! Hakamo-o você também irá se aprimorar mais... Work Up!
- Eu não quero ir... por que você não desiste? Tirtouga use Razor Shell!

O familiar da coordenadora não tardava em invocar sua aura arco-íris, parando num tom roxo vívido para lançar uma benção de fortalecimento especial sobre o dragão, que também dava um rugido forte que elevava sua moral, aumentando fortemente suas capacidades ofensivas. Contudo, a tartaruga fóssil não ficava para trás, fazendo uma de suas nadadeiras reluzir num tom azul e depois avançou para dar um golpe cortante, de modo que a pressão da água na ponta do golpe fosse tão forte que criava um corte em Hakamo-o, reduzindo sua defesa.

- Aqua Jet!
- A mentalidade estratégica dele está intacta - ponderava. - Hakamo-o agora Aura Sphere!

O golpe de Tirtouga lhe garantia uma agilidade excepcional, fazendo uma esfera de água na frente do rosto que logo se apossou de seu corpo, disparando-o como um míssil em direção ao dragão, que sofria danos no impacto. Felizmente, quando o dragão conseguiu projetar uma esfera de aura em meio à palma das mãos e disparar contra o adversário, a explosão causava o imediato desmaio dele. Amorina sentia seu coração partir quando Grant recolheu seu parceiro e ficou cabisbaixo, trocando-o por um caranguejo de exoesqueleto extremamente resistente.

vs

- Aura Sphere!
- Klawf use Rock... Blast! - comandava Grant, se agachando e colocando a mão sobre os ouvidos.

Todos os aliados da coordenadora se surpreenderam quando o caranguejo de pedra bateu com as pinças no chão, elevando duas rochas que eram rebatidas e lançadas em direção ao dragão. Hakamo-o colocava os braços na frente do rosto para se proteger, mas ainda sofria danos consideráveis pela sequência de ataques que sofria, mas conseguia devolver com mais uma esfera de luz azul, que perseguiu o adversário e explodiu certeiramente em contato com ele. Quando Grant apenas permaneceu no chão, sem ordens e sem falar, Amorina entendia que venceu a luta.

Batalha:

- Vamos expurgar a corrupção dele. Junte suas mãos assim, depois use sua mão dominante como se puxasse algo! - explicava o familiar mágico, fazendo gestos.

Amorina atendia o pedido da criatura, vendo um brilho azul-prateado surgir entre seus dedos. Quando sua mão direita começou a puxar, ela sentiu algo nascer em suas mãos, formando uma reluzente espada de prata, com o cabo azul-escuro e desenhos de estrelas na lâmina. Até mesmo Litten, que já fora uma criatura mágica ficava boquiaberto com a nova arma da menina.

- Certo... agora você usa a espada nele!
- O que?! Eu vou matar ele! - dizia Amorina, abaixando a arma.
- Armas estelares não ferem o que é físico, somente a corrupção, que é abstrata. Vamos... corte ele! - dizia o Pokémon, suspirando frustrado quando a menina continuou hesitando. - Esta espada também cria cortes mágicos. Então... pelo menos faça um movimento com a arma!

A magnata ainda temia o que podia acontecer, mas respirava fundo ao se lembrar que estava do lado certo daquela briga contra o Titã. Levantando a espada, ela fazia um movimento rápido, diagonal e ascendente, lançando uma lâmina etérea em tons azul-prateado que seguiu em linha reta até atingir Grant. Embora não quisesse ver caso o golpe matasse o homem, ela não conseguiu desprender os olhos dele, mas se aliviou quando o brilho simplesmente o atravessou, retirando a névoa sombria que estava ao redor dele. Infelizmente, Grant ainda caía de costas, inconsciente.

- Não foi tão formidável para um Líder de Ginásio. Esperava mais, pelo título - desdenhava Oshawott.
- Não. Tivemos sorte - interrompia Amorina. - A maioria deles utiliza Pokémon que possam oferecer algum aprendizado para os treinadores que os enfrentam. Se Grant estivesse com seus Pokémon mais fiéis...
- Teríamos ganho igualmente. Você coloca pouca fé em suas habilidades, Amorina. Mas não deixe que Oshawott a faça se sentir incapaz!

Amorina passou alguns minutos ao lado de Grant, esperando ele acordar até que de fato acontecia. O especialista dizia ter dor de cabeça, mas disse que estava acentuada pelo brilho que a coordenadora exalava da roupa. Quando foi alertado de que fora corrompido, ele ficou alguns segundos em silêncio, depois se levantou num salto e recolheu Klawf. A magnata não sabia o que aquilo queria dizer, mas achou melhor contar a ele o que ouviu enquanto o homem estava sob influência da corrupção.

- Você... dizia que não queria ir - disse, temerosa. - Mas eu não tinha te chamado pra lugar algum, então temo que seja o motivo de sua corrupção.
- É bobagem. Pode ficar tranquila e seguir com... bom, o que você fez comigo - retrucou Grant, mas Amorina ainda estava lá. - Fui convidado pra um evento de gente rica mas... não estava a fim de ir. Eles sempre me tratam como se eu fosse um troféu na sala, onde quem depositar mais dinheiro em mim leva a melhor. Não foi pra isso que eu me tornei quem sou...
- Você não podia só recusar?
- Podia mas... é uma excelente oportunidade pra Pewter. Não quero deixar essa cidade na mão. Mas também não queria me sentir desconfortável - explicou o homem. - Como eu disse... é bobagem - assumiu em seguida.
- Meu pai me dizia que se fazemos o que não gostamos para beneficiar pessoas que amamos, o sacrifício sempre vale a pena - retrucava Amorina, lembrando perfeitamente da feição do pai enquanto dizia isso. - Você ama o que faz. Ama esta cidade que te acolheu. E eu sei que é duro pensar no que pode viver com pessoas desagradáveis mas... pense na recompensa que terá ao ver o rosto de quem for beneficiado por você. Estamos em tempos difíceis com o Titã, então... se você puder ser a luz na vida de alguém... acho que não tem razão pra se preocupar.
- Agora eu entendo - disse Grant, bem rápido, depois que ficou em silêncio por segundos. - Por que se tornou uma guardiã. Você é luz, Amorina. Obrigado.

Amorina aproveitava a deixa para perguntar a Grant se poderia instalar uma das câmeras que recebeu do Professor Birch no exterior do Ginásio. O especialista disse que com a condição de que ele mesmo instalasse, como um pedido de desculpas mais formal pelo combate repentino e agradecimento pelo conselho valioso sobre como lidar com momentos desagradáveis. Para isso, a guardiã utilizou seus poderes sobre-humanos para levá-lo até o telhado, onde Grant trocava a câmera antiga pela nova, dizendo que provavelmente ninguém se importaria com o upgrade.

- Bom trabalho! - elogiava Lulu, vendo Amorina segurar Grant por equipamentos de proteção enquanto ele consertava as coisas. - É com pequenos atos que o mundo fica melhor. Beijinhos e... não olhe para as tulipas! - dizia a mística, sumindo tão rápido quando apareceu.

A dupla de treinadores ria com o acontecimento, depois voltava ao solo e se despedia. Amorina aproveitava a oportunidade para pegar a primeira assinatura de seu Autograph Book com Grant, que deixava uma linda dedicatória na primeira página: "Que seu mundo seja cercado da luz que você emana. Com carinho, Grant".