Em uma explosão esverdeada, Koharu surgiam em Novus. O som alto de um trovão ecoava por toda a região, enquanto a garota aparecia juntamente com um forte cheiro de enxofre e metal queimado. Suas roupas estavam ligeiramente queimadas devido ao pequeno incidente no dia anterior. Ela segurava Lickitung com uma mão e com a outra procura a alça de sua mochila. Tristemente, a garota descobria que havia deixado todos os seus pertences em Pallet durante o ato do teletransporte. A única coisa que ainda estava com a mesma, seria um gentil medalhão esverdeado e moldado com muita fé.

Sobre o telhado de uma construção já muito abandonada, Yoshino e seu Lickitung surgiam em um novo cenário moderno. Uma cidade viva recheada de cores, luzes e pessoas. Um ambiente partido ao meio, um lado apagado sem vida com poucos transeuntes e outro moldado como um grande cassino. Era como o glamour e a mão de obra se encontrassem em só uma dimensão, um lugar rico mas ainda muito pobre.

Precisamos sair dessa... — Disse enquanto colocava seu pequeno parceiro sobre sua própria cabeça. Ela se aproximava do parapeito do edifício calculando a altura de onde estava até o chão. Era de dar tremeliques ao perceber o quão desesperador parecia aquela situação. Com o artefato em seu pescoço, e um Pokémon sobre seu crânio. Yoshino subia sobre a plataforma, a segurava do outro lado e ficava suspensa no ar enquanto segurava pela outra beirada. Atlética, a desempregada se balançava para frente caindo sobre uma varanda que estava logo abaixo.

Alguns cacos de vidros cortavam as coxas da garota e também algumas partes de seus braços, os inofensivos arranhões causavam uma dor momentânea ao mesmo tempo que liberava uma pequena quantia de sangue sobre os arranhões. Enquanto estava no ar ao colidir pela porta de vidro, Lickitung era arremessado para frente pela cabeça da garota de cabelos rosa. Ambos ficavam bem apesar dos ferimentos da manobra arriscada.

Enquanto Pallet o dia raiava entre duas ou três da tarde, em Novus a noite já dava inicio as seis da tarde. Um fim de tarde ameno, tranquilo mas com algumas ventanias que causavam certo frio. Yoshino se sentava ao chão sujo de porcelana, agarrava o Pokémon linguarudo que ia até seu colo e por alguns minutos ambos deslumbravam o céu que estava em sua frente. Não havia luz no interior do prédio, a falta de iluminação deixava que com as luzes do sol morto entrassem pelo ambiente. Um caleidoscópio de cores fúnebres surgiam, a noite era tomada por um azul abissal semelhante aos oceanos enquanto em seu limite um tom laranja acinzentado se despedia em torno do astro já em seu fim. O vento balançava as cortinas do cenário fazendo-o mover como água de um rio apodrecido, a treinadora e seu único amigo naquele instante assistiam o que os rodeava. Uma cidade desconhecida mas ainda muito festeira. Como podia ser tão desesperador encarar o desconhecido?

Yoshino rapidamente enxugava algumas lágrimas que desciam de seu rosto, ela pensava que não devia demonstrar suas fraquezas ao seu único Pokémon como também um filhote. Ela se levantava com a criatura ainda agarrada em seu peito, e então caminhava para fora do apartamento sem mobília. O prédio rangia com cada passo, a madeira torcia para não ser despedaçada com o pisar dos tênis da guria. O corredor escuro onde eles estavam não havia luz, mas dava a passagem para uma escada que descia quase que infinitamente em um breu tristonho.

Tic... tic... Patoon! — Balbuciou o bebê com medo, Yoshino o cobria com seu braço tentando lhe dar um conforto. Só haviam duas escolhas, passar a noite na escuridão coberto pelo abandono e mofo ou atravessar a poeira coberta por uma escuridão jamais vista. Ela engolia seco, segurava Lickitung e então tomava coragem para descer as escadas sem saber o que poderia acontecer.


O silêncio era tanto que a própria Yoshino e o seu amigo conseguiam ouvir seu coração. O ritmo cardíaco dominava o negrume, o "tum-tum" característico só aumentava a cada passo que era dado. A ansiedade começava a surgir e ela já não conseguia prosseguir. Assustada, Yoshino apenas ajoelhava sobre a sujeira e abraçava Lickitung com toda sua força... enquanto ouvia sua mente assobiar pensamentos assustadores. Era sufocante tanta poeira como também tanta escuridão, o prédio parecia assombrado mesmo que estivesse vazio e solitário.

O talismã esverdeado tomava um brilho neon em tom jade, a coisa iluminava ao redor da garota. Yoshino por sorte sentia suas lágrimas descendo seu rosto, notando que as mesmas brilhavam no tom verdejante. Assustada mas ainda surpresa, ela se levantava agarrando-se no gorducho. O Amuleto de Novus brilhava no escuro, transformando a dor em conforto e afastando as trevas. Aquela era a chance para atravessar a escuridão e dar o fim aquela odisseia tão macabra. Yoshino tomava coragem ao sentir o tom verde, aquela cor transmitia tanta coragem e tanta sabedoria que a encantava. Ela estava pronta para seguir sua missão e assim descia cada degrau da escada.

Ela estava no hall de entrada do antigo e abandonado hotel, já seria esperado que as portas estivessem trancadas por barricadas de madeira na parte interna. Koharu colocava Lickitung ao chão e com apenas um comando — Amiguinho, utilize Lick em cada tábua! As agarre e as puxe para trás. — e assim era feito.

Apesar de pequena, a iguana azul enrolava usa imensa língua em cada pedaço de madeira os partindo no meio e até os lançado para suas costas. Foi apenas questão de segundos até que a porta se desabasse para trás com a falta das tábuas de apoio e consequentemente sua barricada. O som amadeirado e alto revelava o fim daquele pesadelo, sujos os dois heróis partiam para fora do edifício. Yoshino e seu Pokémon finalmente estavam livres daquela situação tão deprimente.  


Em Novus City, ou melhor na Ala Leste, a vida era um espetáculo de luzes e sons, uma metrópole pulsante que nunca descansava. Seus arranha-céus reluzentes se erguiam como colossos de vidro e aço, refletindo as cores vibrantes de neon que iluminam as ruas movimentadas. As fachadas dos cassinos e dos hotéis de luxo eram um convite ao entretenimento constante, onde o brilho das máquinas caça-níqueis e o riso dos visitantes se misturam em uma sinfonia inebriante de Jazz. À medida que a noite se aprofunda, a cidade ganhava vida com uma energia contagiante. Shows deslumbrantes atraem multidões para os palcos ao ar livre, enquanto artistas de rua encantam os passantes com performances inesperadas. Restaurantes de renome mundial ofereciam uma experiência gastronômica diversificada, desde pratos exóticos até delícias locais, tudo envolto em um ambiente de glamour.

No coração da cidade, uma enorme roda-gigante girava lentamente, oferecendo vistas deslumbrantes da cidade iluminada. As pessoas se reúnem em bares e lounges elegantes, onde coquetéis sofisticados seriam servidos sob luzes suaves, criando uma atmosfera de exclusividade e celebração. Entretanto, por trás do brilho e da ostentação, havia um lado mais sombrio. Ruas laterais e becos estreitos abrigavam segredos e histórias não poderiam contadas, onde a busca por fortuna poderiam levar a caminhos inesperados. A vida noturna, cheia de excessos, escondia desafios que apenas os mais audazes se atreviam a enfrentar.

A parte Leste de Novus, onde Koharu estava, era um lugar injusto. Um lado era abandonado pelo luxo, pelo entretenimento e pelas luzes enquanto o outro ignorava o cinza que estava a sua sombra. Yoshino fechava seus olhos e tomava um longo ar de cinco segundos. Ela batia em suas coxas e fazia uma concha com seus braços, o pequeno Lickitung entendia o comando e saltava para cima do colo da garota. A treinadora então o agradeceu, assim como ao amuleto que havia servido como lanterna anteriormente. A propósito, o artefato havia perdido seu brilho ao entrar em contato com as luzes da cidade.

Encontrar a Igreja Arceus e sair fora... encontrar a Igreja Arceus e sair fora... — Repetia o plano em sua mente várias e várias vezes, atravessando as diversas festividades que ocorriam nas ruas. Muitas pessoas dançavam, brincavam e até apostavam. As mulheres estavam trajadas com vestidos caros, fendas mostravam suas coxas enquanto seus pés eram decorados com saltos maravilhosos. Os rapazes eram sensuais, alguns tinham corpos largos e musculosos decorados com ternos que moldavam seus músculos como obras de artes. Muitas distrações tomavam a cabeça de Yoshino, mas ela permanecia no centro de seu plano arriscado.

De longe, a menina já notava problema ao perceber um homem elegante alcoolizado vindo em sua direção. Ao longe, o cara parecia apenas mais um louco bêbado assim como muitos que Yoshino havia encontrado naquela multidão. Mas... aquele, era extremamente bonito. Seu corpo era magro, mas definido. Estava usando uma camisa formal de manga curta, um colete preto e uma calça social bem ajustada. O cabelo do estranho era bem cuidado, liso e escorrido partido em duas franjas que caíam lateralmente. Seu rosto era de um canalha, um sorriso apaixonante que ia de ponta a ponta. Ele possuía muito dinheiro, seu modo de andar mesmo com bebida no lugar de sangue era encantador. Koharu tomava a sentir seu coração batendo, mas dessa vez por um sentimento caloroso e bastante chamativo. Seu rosto corava.

É nova por aqui? Suas roupas são horríveis e estranhamente queimadas. — Ele notava a situação da desempregada. A olhava como uma presa indefesa, a circulava como uma Arbok em torno de um Buneary. Enlouquecido e sem noção, o pervertido se aproximava do pescoço da garota a cheirando com uma fungada agressiva — Você tem cheiro de poeira, mofo e muito desejo... é sexy. — Deslizava seus dedos sobre as pontas dos curtos cabelos de Yoshino, até que ele continuava seu caminho deixando a garota para trás.

Yoshino o gritava denunciando a situação que havia passado, estressada e oprimida, ela o perseguia pela multidão que gargalhava da confusão. Lickitung se segurava na camisa da garota, ele sentia que algo estava errado mas parecia cansado demais para intrometer. Não demorou muito para que Koharu alcançasse o estranho em uma Loja de Roupas festivas. Ele se quer havia corrido como ela, mas na verdade, o mafioso havia cortado caminho por aquela ruas que conhecia como sua mão.

Devo... cuidar de você? — Ele estava com uma faca afiada em sua mão, o item assustava Yoshino mas parecia que o estranho não queria rouba-la. Apontava ao vestuário que estava ao seu lado, e então ia embora pela porta da frente deixando a treinadora para trás.

Aquela atitude estranha deixava a guria confusa, mas ela não recusava sua curiosidade. No vestuário, Yoshino encontrava um curto vestido rosa e saltos altos que combinavam com a vestimenta. Ela colocava Lickitung deitado sobre a cadeira de plástico que estava presente no pequeno espaço, o gordinho dormia aproveitando a noite fria ao mesmo tempo em que sua treinadora tentava resolver os dilemas que estava vivendo. Ela explorava a cabine rapidamente procurando por câmeras ou outros artigos pervertidos, mas graças a Arceus o perímetro estava seguro. Com um suspiro aliviado, a mulher se sentava no chão ao lado de Lickitung que estava no banco. Pensava em silêncio, até que no fim se vestia com os presentes para se disfarçar naquele povão. Em troca? Koharu deixava suas roupas velhas para trás e seguia seu caminho ainda com o amuleto no pescoço e Lickitung em seu colo.


O glamour era viciante e encantador, uma aura que envolvia tudo ao redor. Yoshino percebeu que, apesar de sua beleza natural, não havia aplicado sequer uma camada de maquiagem, o que a desanimava um pouco em meio àquelas luzes brilhantes. Mas, estranhamente, o destino parecia ler sua mente, trazendo um grupo de acompanhantes de luxo para seu redor. As mulheres, deslumbrantes em suas roupas elegantes, não poupavam elogios — Mulher! Adoramos seu estilo! — diziam, seus olhares radiantes de admiração. Com um gesto ágil, elas organizaram rapidamente um assento acolhedor para Yoshino, colocando-a no centro de sua atenção.

Com risos e entusiasmo, as acompanhantes se uniram para transformar a garota em uma visão deslumbrante. Elas tiraram de suas bolsas luxuosas uma variedade de produtos de maquiagem: sombras cintilantes, batons vibrantes e pós iluminadores. Com habilidade, aplicaram cada item em seu rosto, realçando seus traços e conferindo um ar de sofisticação. Os olhos de Yoshino ganharam destaque com uma sombra básica cor de pérola que realçava o brilho de seu olhar, enquanto um toque de iluminador na maçã do rosto a fez brilhar como uma estrela. Seus lábios foram adornados com um batom de um tom brilhante que combinava com seus cabelos, um rosa virgem que parecia capturar a essência da noite.


As estranhas gritavam com o trabalho feito, beijavam as bochechas da menina sem marcar seu trabalho incrível. Elas se despediam dando dicas a garota e em poucos minutos, Yoshino havia se transformado em uma das mulheres mais lindas de Novus.

Encontrar a Igreja Arceus e sair fora... encontrar a Igreja Arceus e sair fora... — Ela continuou repetindo, pegava Lickitung adormecido do chão e continuava na multidão.

Em uma rua de luzes roxas, o prazer corria solto. Pessoas se beijavam sem descrição, rapazes com rapazes e moças com moças. Yoshino sentia que estava no lugar errado e na hora errada, mas sentia que estava indo para um lugar certo. Animada com algumas cenas, colocava sua coluna no lugar formando um "S". O que encontrava se resumia em becos sem saída, casas que gemiam, lugares escurecidos e muitas coisas que aconteciam. Não era desesperador, mas um pouco assustador... ela atravessava os amantes, saindo da confusão enquanto mantinha sua mão pressionada contra o rosto do pequeno Pokémon poupando-o de ver algumas cenas.

Você é linda. Garota. — Uma voz familiar surgia, uma mão passava pelo decote em suas costas fazendo-a sentir um frio confortável —  Não é pecado, treinadora. — A silhueta agarrava em seu pescoço, o apertava em excitação, a garota recusava —  Se divirta um pouco garotinha... — A carne... se tornava fraca com tanta tentação. O homem loiro não sabia seu nome, e todo o sigilo deixava a situação ainda mais sensual. Ele a apalpava no quadril e a beijava de forma quente. Ela sentia o toque dos lábios dele, e sabia o quão bom era. No momento de fraqueza, a irresponsável soltava Lickitung de seu colo fazendo com que o filhote fosse ao chão. O casal de amantes continuava se beijando enquanto caminhavam e rodopiavam ao som de uma música envolvente.

Em um mar de púrpura e romance, Lickitung se via perdido em meio à multidão vibrante da festa. As luzes brilhantes refletiam em sua pele azul, criando um espetáculo colorido ao seu redor. No entanto, a alegria do ambiente não conseguia compensar a ausência de sua treinadora, Yoshino. Com um som característico e fofo, Lickitung chamou por ela, sua voz ecoando suavemente entre os murmúrios e risadas dos convidados — Lickitung! — o grito soava quase como uma súplica, um eco de saudade. Ele se movia de um lado para o outro, suas grande língua se agitava enquanto tentava localizar aquele toque especial que sempre o guiava.


Já eram vinte e três horas com cinquenta minutos, nossa amiga de cabelos rosa jamais havia ficado tanto tempo acordada. Acompanhada de seu bem querer, ela aproveitava a noite um pouco mais enchendo seu corpo com Drinks e outros destilados. Os Onigiri que teria comido no almoço aguentavam bem a sensação de bebedeira, o estômago aguentava copos e taças de líquido colorido que entrava no corpo de Koharu. A cada entornada, um beijo molhado ia até em seu lábio. O rapaz que a acompanhava tomava conta da situação, embebedando-a cada vez mais e a colocando cada vez mais abaixo. O controle já estava perdido.

Koharu beijava o loiro várias vezes, até que ele sumia de sua frente para conversar com outras festeiras. Ela nem tinha tempo de sofrer pois logo surgia outro rapaz. Este parecia ser menor que ela mas mais parrudo, ele também estava vestido como um apostador. O cabelo daquele era castanho e mais desarrumado, mas seu beijo era tão quente quanto o do anterior. Ele beijava lento com vontade, como se a garota fosse a última do mundo. Ela gostava de sentir os movimentos que ele fazia, como se houvesse paixão naquele beijo lento. Seus corpos se encontravam e o romântico até levantava uma das pernas de Yoshino até sua cintura. Mas o momento quente logo se encerrava, pois ele perdia interesse na mesma com certa facilidade.

Confusa, um pouco deprimida e com muitos sentimentos na cabeça. Yoshino limpava o beijo de seu rosto, apertava seu pescoço sentindo o Cordão de Novus em seu pescoço — Encon... e-encontrar a i-igreja... Arceus... encontrar... — Sua mente estava perdida e seu olhar estressado, seus olhos cor de rosa tentavam focar em apenas um ponto mas tudo parecia rodar cada vez mais. Ela não conhecia aquelas pessoas e nem sabia o que estava fazendo ali  — Hik... Hikaru... Ryo..ta.. — Tentava fugir da festa correndo até um dos becos, mas... alguém a recolhia pela cintura dando-lhe um confortável beijo na bochecha.

Dessa vez era um garoto mais novo, entre três ou dois anos mais jovem que ela. Mas era incrivelmente alto e seus cabelos eram escuros como a noite. Yoshino o abraçava sem desviar o olhar, ela sacava um beijo em sua boca e eles encaixavam com um só giro. Beijava-o sentindo seu peitoral, sua altura e seu corpo. Estudava o corpo do desconhecido sabendo o quão bonito poderia ser.

O estranho a encostava em uma parede beijando com violência, era delicioso para ambos. Eles permaneciam nos movimentos por vários minutos, até que lembranças puras começavam surgir na mente da garota — Some... some... some daqui moleque, tenho idade para ser sua tia. — Exagerava para afasta-lo. O rapaz não entendia o porque daquele gesto tão rude, mas era claro que Koharu já não estava a vontade. Ele apenas afastou pedindo-lhe desculpas e ela negava como se não houvesse culpa na mesma.

Passava a mão sobre seu próprio pescoço, sentia que o Amuleto já não estava lá. Ela olhava preocupada para seu par mais recente e não encontrava nada de diferente com o homem. Ela corria errando seus passos no salto alto, olhava na mesa onde teria sentido seu pescoço anteriormente e o artefato também não estava lá. De longe, uma criaturinha rochosa corria com outros dois parceiros, as pedrinhas apesar de pesadas eram bem rápidas só que Yoshino não desistia de ir atrás das mesmas.

- Baby Stonjourner

Stonjourner #874:

O som dos sapatos elegantes de Yoshino ressoava na calçada, um ritmo marcante que atraía a atenção dos Ladrões Pokémon. Desesperados, eles saltaram em direção a um bueiro aberto, escapando da garota com o amuleto em suas posses. Sem pensar, em um momento de impulso, ela se atirou na calçada, tentando recuperar seu pertence perdido, mas já era tarde demais.

A cena atraiu a atenção de alguns festeiros próximos que notaram sua queda e se aproximaram, ofereciam ajuda à jovem desiludida que se encontrava no chão sujo e com uma expressão marcada pela frustração. Yoshino sentia uma onda de desespero a envolver, como se estivesse presa em um ciclo de falhas. Não era possível, teria ela falhado também com Ryota? Assim como havia falhado com sua família e amigos? Ela para sempre seria aquilo? Uma mulher de rua? Suja? Sensual mas sem esperança ou emprego? Ela se sentia uma fracassada.

Aquela sensação de derrota a consumia. Era difícil distinguir se era o efeito da bebida ou se o peso de um novo fracasso que já a acompanhava há algum tempo. As memórias de suas desilusões se misturavam com a realidade, formando um turbilhão de emoções que tornavam cada respiração mais pesada. A escuridão da noite parecia refletir seu estado de espírito, enquanto ela lutava para encontrar sentido naquelas frações de segundo que se arrastavam, sentindo-se mais sozinha do que nunca.

Mesmo que estivesse bêbada, Yoshino tentava manter o senso. Colocava uma de suas mão na testa, até que se lembrava de um detalhe importante — Lickitung! Lickitung! Cadê você? — Falava de forma aberta e rápida, ignorando os efeitos da bebedeira.


As duas da manhã, uma pequena bola de borracha azul rolava pelas ruas de pedra em busca de sua pessoa favorita. O bebê desenrolava-se de sua forma engraçadinha, revelando seu verdadeiro eu. Seus olhos e sua grande boca tremiam de uma tristeza que ele não compreendia, como um filhote enfrentando uma nova emoção. A frustração por sua treinadora não lhe dar ouvidos se misturava ao desespero de estar sozinho em meio a uma rebelião de festeiros, deixando-o à beira da loucura.

Lickitung caminhava com a boca fechada mantendo sua imensa língua protegida. Ansioso, ele deslizava as mãozinhas uma na outra enquanto sentia o tempo passar com certa lentidão. A cada segundo que permanecia no beco envolvido com uma festa sem limites, o pequeno aprendia algo novo e novas emoções. Aquela carga de aprendizado rápido estavam o sufocando, enquanto seu cérebro inocente passava a ser corroído com tanta informação. Os Lickitung já não eram muito inteligentes por natureza, eram lentos para processar imagens e tinham muita dificuldade em aprender. Ao ver tanto sobre muito, o bebê se desesperava e corria sem olhar o que tinha em seu caminho.

Ele se via cercado por pernas apressadas, saltos altos e sapatos apinhados, que batiam contra ele como ondas em uma praia tumultuada. O desespero tomava conta, e tudo o que desejava era um pouco de ar fresco. Mas, em um passo desajeitado, ele perdia o equilíbrio e despencava em um bueiro, alheio ao perigo iminente. Por sorte, sua queda o conduzia diretamente a uma galeria de esgotos, onde aterrissava em uma plataforma feita com grades de metal, que rangia sob seu peso. Abaixo de Lickitung, a água turva e contaminada se aglomerava, repleta de detritos e infestada por uma infinidade de Pokémon venenosos, suas silhuetas ameaçadoras se moviam como sombras de cadáveres submersos. O cheiro forte e a atmosfera opressiva deixavam claro que o filhote havia caído em um mundo completamente diferente, onde a sobrevivência exigiria mais do que sorte. Para ele era como um pesadelo infantil. Sua sorte é que o lugar ainda era iluminado por luzes de LED brancas que produziam um som irritante, como de um Beedrill fêmea produzindo mel.


Lickitung percebia que as paredes eram revestidas por uma camada viscosa e esverdeada. Elas emitiam um cheiro nauseante de mofo e podridão. O piso parecia uma mistura de lodo e água suja, com resíduos de lixo espalhados por toda parte, fazendo com que cada passo fosse uma luta. Enquanto ele explorava, via sombras que dançavam nas paredes enquanto a luz fraca e esverdeada de fungos bioluminescentes iluminavam o ambiente de maneira sinistra. Ecos distantes de gotejamentos e murmúrios inquietantes reverberavam, fazendo o seu coração acelerar. De tempos em tempos, um grito distante de um Pokémon perdido ecoava, aumentando a sensação de desespero tomava o pequeno coração do azuladinho.

Vários Pokémon do tipo venenoso, como Grimer e Muk, se moviam pelas sombras, seus olhos brilhavam com uma malícia estranha. Um Zubat, com suas asas desgastadas, voa baixo, quase raspando o piso, enquanto um Koffing flutuava, exalando uma nuvem de gás nauseante que se misturava com o ar pesado. Em um canto sombrio, uma ossada animalesca servia de morada para alguns Rattata que pareciam ser criaturas malévolas. A galeria não era apenas um lugar abandonado,  mas um lar para o horror que o mundo havia esquecido. A única saída parecia ser seguir em frente, enfrentando o desconhecido e os horrores que habitam naquele cenário esquecido.

Com poucos minutos de caminhada e saltitos, Lickitung se deparava com um bando de pedrinhas de rostos alegres. Eles se assustavam com a presença da criança, nunca haviam visto uma criatura tão pequena e tão diferente em suas vidas. As pedras, ou melhor, os Stonjourner fugiam deixando o líder do bando para trás. Aproposito, o pequeno tirano usava um medalhão que dominava quase todo o seu corpo. Aquele artefato parecia familiar para Lickitung, não só o artefato quanto o brilho que ele emitia.

Sutung! Licki! Licki! — Ele saltava na frente do outro filhote tentando explicar a ele a situação e procurando entender onde ele havia pego aquele amuleto — Patoon! Tung! Paton! Paton! — Batia palmas, saltava no mesmo ângulo e coaxava. Stonjourner entendia as informações, liberava sons rochosos de sua casca respondendo as acusações e explicações. A pedra parecia ser um bichinho legal, mas não queria devolver o item ou falar sobre o mesmo. Eles não podiam permanecer parados naquele lugar por muito tempo, o esgoto sinistro começava a produzir sons que não faziam parte daquela realidade.

Truckle, trumple, trucplem. — Ele falava na linguagem dos granitos e das montanhas, só que Lickitung conseguia entender tudo que ele dizia — Stontonton. — Afirmava que havia pego o amuleto de uma garota magricela de cabelos cor de rosa. Checkmate, as suspeitas estavam corretas. Ele havia roubado da treinadora de Lickitung e aquilo o irritava mas ele mantinha um sorriso boboca em seu rosto inocente.

O filhote linguarudo mantinha sua língua dentro de sua boca, sorria para seu novo "amigo" com um sorriso meio sem noção. Seu rosto era como dois pontos e um parêntese direito. Ambos continuavam sorrindo um para o outro, os dois com cara de idiotas... até que Lickitung sacava sua língua e tentava socar Stonjourner com a mesma. A pedra era imprevisível, apesar de pesada ela era muito rápida e desviava com um salto para o lado.

Com suas coxas pequeninas, a pedra chutava seu pequeno oponente tentando joga-lo na água envenenada e ele conseguia com sucesso. Só não contava com uma placa de metal enferrujado que ali passava. Lickitung conseguia se equilibrar no ar e cair sobre a plataforma improvisada, e com sua língua ele puxava seu oponente na arena deformada. Uma batalha aconteceria ali e o ganhador poderia levar o medalhão.

Wild Battle

Vs. Stonjourner

Dois pequenos campeões se encontravam no esplêndido mas quase radioativo Esgotos de Novus City, um lugar de arquitetura gótica acabada e cheiro de peixe podre. Poderia parecer engraçado, se não fosse trágico e abandonado pelos governos da região. O cenário da arena da vez era como um filme de terror, um lugar escuro e que se "movimentava" com as calmas águas fedidas. A batalha não ocorreria sobre as grades ou concreto seguros do bueiro, mas sim sobre uma placa de metal grossa que era levada sem destino dentre a escuridão do imenso calabouço.  

As águas eram bem calmas, lentas e grossas como um mingau de aveia. A plataforma velejava com lentidão enquanto os duelistas se encaravam com xingamentos e projeteis difíceis de acertar. Protegidos pela sorte e por Arceus, os Pokémon ignoravam os vários selvagens evoluídos que os observava... os grandalhões estavam prontos para preda-los mas por algum motivo pareciam estar envolvidos com a pequena batalha que ocorria. Aquela séria briga de nanicos, quem iria perder isso?

Stounjorner

Level: 10 | Speed: 18 | P. Spot | HP: 37 / 37 - 100%

.:Vs:.

Lickitung

Level: 10 | Speed: 10 | Obliv. | HP: 14 / 34 - 40%

A pedra iniciava seus "passos de dança", ele se jogava de cabeça no chão equilibrando-se na parte plana do seu cabeçote e girando suas pequenas pernas em torno de si mesmo como um tornado de pedras vivo. Ele girava e girava sem medo de cair do metal. Com uma precisão assustadora, o pedregulho acertava vários chutes contra o rosto de seu rival linguarudo fazendo-o sentir um pouco de dor. O movimento só se encerrava na hora que ele notava que Lickitung estava desnorteado pela seção de golpes que o gorducho havia recebido. Rapidamente, Stonjourner tomava fôlego e com minerais fazia surgir em sua boca um pedregulho afiado. Aproveitando a oportunidade, ele criava uma pedra e moldava lá mesmo um Rock Throw que acertava o outro bebê em cheio fazendo-o cair na água podre.

(Rock Throw  = 40 - 38% = 2%)

Stonjourner se sentia vitorioso, ele pensava que havia acabado com aquela situação por ali mesmo. Só que Lickitung estava sendo criado por outro Lickitung malandro e cor de rosa. Ele se lembrava de algumas tarefas que havia aprendido, nadava até o fundo do esgoto e se equilibrava em um tolete de lama. O pequeno sugava o máximo de lixo que conseguia enquanto sua boca tomava proporções imensas. Com o corpo mergulhado em lixo, água e lama a iguana nadava como se ainda estivesse dentro de seu ovo. Demorou alguns minutos até que ele alcançasse a plataforma mas isso havia se tornado uma vantagem, pois a pedra não esperava que fosse atacada tão repentinamente.

Em um instante, Stonjourner só teve tempo de observar seu inimigo emergindo das águas, voando em sua direção com a boca cheia de lixo. Lickitung se equilibrava sobre a pedra viva, bem próximo ao rosto do líder rocha, e despejava tudo que havia em sua garganta em um Muddy Water repugnante. Afogado em sujeira, lama e detritos, Stonjourner não viu outra saída a não ser se entregar ao nocaute.

(Muddy Water = 113 - 100% = 0%)

Lickitung enfiava a mão na pilha de lixo, ele sentia a gema lisa do cristal de Novus e o puxava sem pena. Ele arrebentava o cordão do pescoço do Stonjourner afogado no lixo, mas não se preocupava, sabia que a criatura ficaria bem.

Stounjorner

Level: 10 | Speed: 18 | P. Spot | HP: 00 / 37 - 00%

.:Vs:.

Lickitung

Level: 10 | Speed: 10 | Obliv. | HP: 01 / 34 - 2%

Como um super herói ele lançava sua língua até um cano e a enrolava no mesmo, amarrava o cordão em um de seus braços com várias voltas e então se lançava até a estrutura. Olhava ao redor do esgoto e não encontrava nenhuma fissura na construção. Ele novamente lançava sua língua até um dos passeios de pedra da galeria sendo arremessado com segurança novamente até um ponto seguro. Ele entrava em sua forma favorita, a de bola e rolava como um pneu com alta velocidade. Estava procurando uma saída até que encontrava uma escadaria limpa feita de ferro.

Ele seguia a escada rolando até ela e subindo seus degraus com rapidez. A bolinha batia com força contra um portão de enrolar, aquela seria a saída do esgoto mas infelizmente estava fechado por ser de madrugada. A criatura voltava a sua forma normal, colocava a mão na boca e chupava seu dedo até que uma ideia surgia em sua mente. Ele voltava a forma de bola e girava até o centro do esgoto procurando por fissuras ou bocas de lobo.

O repolho ouvia com atenção os sons tentando ignorar todo o alvoroço que ele emitia enquanto rolava. Com dez ou mais minutos explorando o que restava daquela área tão fedorenta, Lickitung finalmente encontrava o buraco de drenagem no qual havia caído anteriormente. Tornava a olhar ao seu redor encontrando alguns pedaços de madeira e sacos de lixo, ele se perguntava como aquelas coisas haviam entrado lá pois não sabia o que era despejo ilegal de lixo. Ele empilhava tudo que encontrava como se fosse rampa, então se transformava novamente em uma bola. Ele tomava energia em torno de si mesmo rolando apenas no mesmo espaço, o pneu cantava como um carro de luxo e assim ele soltava o freio adquirindo uma velocidade que nunca havia visto.


Como uma bala, ele estourava a boca do bueiro quebrando o concreto e voando até um muro de tijolos vermelhos. Como um desenho infantil ele quicava como uma bola de demolição feita de borracha, os civis que estavam por lá curtindo a festa fugiam com os sons achando que se tratava de uma troca de tiros. Demorou um pouco para que ele retomasse o controle e voltasse ao seu normal, mesmo que ainda estivesse um pouco tonto.

Ao ver o céu de alvorada, ele tomava um susto pois não sabia que havia perdido tanto tempo. A sexta-feira havia se tornado sábado, ele precisava encontrar Yoshino imediatamente. O pequeno fazia uso de suas pequenas coxas para correr no meio da multidão de festeiros, as pessoas começavam a dar adeus a sexta e estavam retornando para suas casas para que pudessem descansar no fim de semana. A festa finalmente havia acabado e ele torcia para que pudesse encontrar sua Yoshino... de preferência a inocente que não mostrava os tornozelos e era doce como mel.  

O sol nascia enquanto ele descia os corrimões de uma escada pública, ele tomava a história como o verdadeiro protagonista. Corria em um cenário urbano, sendo acompanhado por um grande lago alaranjado que refletia o sol em seu nascer. Preocupado com sua dona, Lickitung era guardado pelo astro rei que acordava em um novo dia. Seu pequeno coração ardia de ansiedade, ele estava tão preocupado com sua amiga que sentia seu peito apertar. Lágrimas surgiam em seu rosto infantil, e assim ele tomava ainda mais velocidade em suas coxinhas. Desesperado ele coaxava com medo e pressa, sua língua fugia de sua boca enquanto voava no vento em conjunto com o medalhão que quase estava se soltando de seu braço.

Ele pausava a corrida chegando a praça da cidade, olhava para uma fonte e lá estava.

Susu?
L-Li... Lickitung!

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Baby Lickitung está fora da Pokéball recebeu 1 de Happiness. Contagem de eventos reiniciada, podendo receber 1 de Happiness após 2 Eventos [0/2].
Eu me perdi na contagem de Happiness, me ajude?

Explicações:

Baby Stonjourner foi derrotado. Baby Lickitung Recebeu 212 de exp, subiu para nível 11 [135/231].
* Ícones estranhos? Passe o Cursor por cima.